quinta-feira, 2 de julho de 2020

De TAP em TAP é que o macaco faz o que faz à mãe... e aos pagantes


O negócio da TAP é a vedeta de hoje. Claro que os milhões e milhões de pertença dos portugueses são o que a sustenta e a sustentará, sejam os colarinhos brancos de quem forem para a má gerir. Assim tem sido no passado, assim no presente e assim será no futuro. É da TAP que o Curto carrega de palavras a abertura do Expresso dito Curto. Miguel Cadete escreve...

Tome-se em consideração que da negociata falta muito para saber o que significa de facto o "assunto estar resolvido e ter-se chegado a acordo. Certo é que vai doer a todos nós. O costume. A seguir eo Curto pode ler o mais recente desenvolvimento sobre a "novela TAP", também com o rigem no Expresso e aqui no PG.

Optamos por nem adiantar mais na escrita. Salte para o Curto de hoje e depois a seguir embrenhe-se no título "Acordo na TAP: nacionalização ‘forçada’ é evitada à última hora, David Neeleman vai sair".

Bom dia e boas TAPadas, que é o que merecemos na lusa pátria dos aldrabões, vigaristas, esclavagistas, racistas, corruptos, ladrões e muito mais numa lista infindável. De TAP em TAP lá vamos indo... sem vaselina.

Leia, ganhe coragem e saiba interpretar o quase ininterpretável negócio. De resto tem prosa com interesse.

SC | PG



Bom dia, este é o seu Expresso Curto

A novela da TAP e as tensões que crescem no governo

Miguel Cadete | Expresso

Bom dia!

Não deve passar de hoje o impasse em torno da TAP. O mais tardar, no Conselho de Ministros que se realiza esta quinta-feira ficará decidido o futuro da companhia aérea portuguesa. O seu destino ficará ligado às decisões que conduziram à sua privatização, durante o governo de Passos Coelho, à reentrada do Estado no capital, quando António Costa já era primeiro-ministro, e, claro, à crise aberta pela pandemia que transtornou decisivamente a vida das companhias aéreas em todo o mundo devido ao corte abrupto no turismo e demais ligações. O caso português, porém, tem várias particularidades.

Nas últimas horas, ficou claro que dentro do governo existem duas fações: aquela que defende a manutenção de privados, apesar do descalabro económico-financeiro, e que é defendida pelo próprio líder do executivo, e uma outra que aposta na nacionalização e que será representada por Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, que tem a tutela daquela empresa. N amanhã de ontem, o Expresso noticiou que a TAP seria nacionalizada devido à falta de entendimento entre o Estado e os privados, isto é David Neeleman e Humberto Pedrosa, quanto ao empréstimo de 1,2 mil milhões de euros necessário para salvar a companhia. A ausência de acordo quanto às condições em que seria aprovado esse empréstimo – e quem ficaria realmente com o poder – estiveram na origem de uma notícia que, ao longo do dia foi conhecendo inúmeros desenvolvimentos no sentido de evitar a drástica decisão. No Parlamento, Pedro Nuno Santos confirmou que a proposta do executivo foi chumbada devido à abstenção dos privados, que detêm 45% do capital. “Não vamos ceder nas nossas condições e estamos preparados para intervencionar e salvar empresa”, disse.

Ainda não tinha chegado a hora do almoço e, em Elvas, onde se encontrava para celebrar a reabertura das fronteiras com Espanha, António Costa declarava aos jornalistas que ainda aguardava um acordo com os privados.

A porta mantinha-se aberta e podia depender da venda dos 22,5% da participação de David Neeleman: ou até à meia noite havia acordo para a venda dos 22,5% da TAP detidos por Neeleman ou avançava a nacionalização forçada daquela participação. O último obstáculo a um acordo, noticiou o Expresso, prendia-se com “o empréstimo obrigacionista que a companhia aérea brasileira Azul, da qual Neeleman é acionista, fez à TAP em 2016. São 90 milhões de euros e o Estado queria que este crédito fosse convertido em capital, abatendo assim a dívida da TAP. Este empréstimo dura até 2026 e tem associada uma taxa de juro de 7,5%. A Azul só admitia transformar este empréstimo em capital se tivesse uma garantia pública. Exigência que o Executivo de António Costa rejeitou liminarmente. A Azul, em caso de insolvência da TAP ou nacionalização, perderia esses 90 milhões de euros”.

Esse desentendimento, no entanto, foi sendo alimentado pelas posições muito divergentes que existem para a TAP defendidas tanto pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, como por Lacerda Machado, representante do Estado na empresa e amigo pessoal de António Costa. O primeiro preconiza a nacionalização, o segundo apostava numa reprivatização da TAP, mas o clima entre ambos azedou. Como nota Ângela Silva em artigo publicado nos Exclusivos do Expresso, “desde a polémica dos prémios, em fevereiro, as relações entre os dois homens fortes do Estado na empresa nunca mais foram produtivas, tendo chegado a haver troca de azedas mensagens e mails entre ambos”.

Às primeiras horas desta quinta-feira, a Sic Notícias anunciava porém um recuo na posição de David Neeleman, ou da Azul na qual também tem uma participação quanto ao empréstimo sobre a TAP. “Companhia brasileira Azul prestes a ceder direitos de transformação em ações do empréstimo que fez à TAP em 2016”, lia-se em notícia publicada por Filipa Crespo Ramos à 1h15 da manhã.

No mesmo canal, o diretor do Expresso, João Vieira Pereira, defendeu que “a insolvência da TAP seria o pior cenário, porque Portugal precisa de uma companhia aérea forte”. “Toda a agente preferia uma solução que não fosse a nacionalização”, disse, alertando para o pior cenário, que seria a insolvência da TAP. Na sua coluna de opinião no Expresso, Ricardo Costa, diretor da SIC Notícias, cuidou de avisar que a nacionalização seria um “problema com asas” para o Governo que, ao contrário do que sucede com as sucessivas injeções de capital no Novo Banco, não teria um privado para o salvar das culpas.

Caso não exista acordo nas próximas horas, o veredicto será a nacionalização, decidida no Conselho de Ministros que tem lugar esta quinta-feira. Porém, o acordo parece estar cada vez mais próximo, segundo as notícias publicadas nas últimas horas.


OUTRAS NOTÍCIAS

António Costa ao meio (parte II). O primeiro-ministro disse ontem compreender as críticas de Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, quanto aos resultados menos bons no controlo da pandemia na região de Lisboa e Vale do Tejo. Porém, manteve o apoio à ministra da Saúde, garantindo que a política do governo continuará a ser “testar, testar, testar”, isolando os infetados. “Não escondemos dados”, disse em Évora, no que pode ser entendido como uma provocação à estratégia de divulgação de informação relativa à covid-19 por parte de Espanha. A tensão está no ar, até porque Carlos César, presidente do PS, criticou Medina.

Orçamento Suplementar aprovado sem coligações negativas. A ameaça de alianças entre os vários partidos da oposição não se concretizou e as medidas foram sendo aprovadas com consensos com o PS. Os sócios-gerentes vão poder entrar em lay-off. Uma medida consensualizada entre PS e PSD.

Sporting volta a vencer. No dia do seu 114º aniversário, o Sporting derrotou o Gil Vicente por 2 – 1 e somou mais três pontos, distanciando-se do Braga que segue em 4º lugar mas agora a cinco pontos. A distância do clube de Alvalade para o Benfica passou a ser de nove pontos quanto ainda faltam realizar-se cinco jornadas.

Alemanha na presidência da União Europeia. Começou ontem um novo ciclo na EU, com Angela Merkel novamente ao comando. Para já, tem que fechar o orçamento comunitário e as normas do fundo de recuperação. Entretanto mete-se agosto e só depois virá a negociação da saída do Reino Unido.

Segurança Social tem mais 80 mil inscritos. Lê-se na manchete do “Público” que a pandemia levou a uma corrida à Segurança Social.

Cartão de cidadão demora cinco meses. No “Jornal de Notícias” nota-se que o levantamento só pode ser feito por marcação e que existem balcões que só têm disponibilidade em novembro.

FRASES

“Esperemos que estas fronteiras jamais tenham de voltar a ser encerradas como consequência de uma pandemia”. Pedro Sánchez, primeiro-ministro de Espanha, em Évora, durante a reabertura da fronteira com Portugal

“Não percebo porque é que a saúde pública há de ser gerida com este amadorismo”. Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, em entrevista ao jornal “i”

“Não se pode falar em descontrolo”. Marta Temido, ministra da Saúde, sobre a pandemia na região de Lisboa e Vale do Tejo, em entrevista à RTP3

O QUE ANDO A LER

Não são propriamente livros para se levar para a praia, durante as férias, ou para cair nos braços de Morfeu, à noitinha. Mas tratam-se de excelentes exemplares que visam a preservação do património e da memória.

A edição de “The Lost Library of the King of Portugal” não mereceu eco na pátria, talvez por não ter tradução, mas devia ribombar pelo país fora. É uma sólida investigação de Angela Delaforce, publicada pela Ad Ilissum, em que se averigua o que foi e o que sucedeu à Biblioteca de Dom João V que, como se sabe, foi destruída pelo terramoto de 1755. Alimentada ao longo de quatro décadas, situava-se no Paço da Ribeira. Pretendia ser a maior Biblioteca Régia da Europa e, muito provavelmente, conseguiu. Não era apenas uma biblioteca pois do seu acervo faziam parte, além dos livros, manuscritos, mapas, gravuras, desenhos, um “cabinet” de história natural, coleções de medalhas e relógios. Passou da glória ao esquecimento, de que agora foi resgatada com esta edição.

Por sua vez, a coleção Ph, da Imprensa Nacional Casa da Moeda, continua a publicar antologias dos mais conceituados fotógrafos portugueses. O quinto volume, depois de edições dedicadas a Jorge Molder, Paulo Nozolino, Helena Almeida e Fernando Lemos, apresenta a obra de José Manuel Rodrigues, outro dos grandes da fotografia contemporânea portuguesa, vencedor do Prémio Pessoa nos anos 90.

Por fim, não queria deixar passar o tratado de Juanjo López, “La Sencilla Desnudez”, que no meio de tanto ruído sabe afirmar como pouco a importância da gastronomia honesta. Guru do produto e de uma ética inabalável, deixou a direção de uma companhia de seguros para, aos 40 anos, se dedicar ao restaurante do pai. Fica em Madrid, numa rua de má fama e chama-se La Tasquita de Enfrente. Lugar de peregrinação, reaberto ontem, nutre o mesmo respeito pelas coisas cultivadas na terra ou no mar que o rei de Portugal dedicava ao conhecimento.

Por hoje é tudo, tenha um bom dia

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