quarta-feira, 22 de julho de 2020

Morreu o realizador e radialista, voz do 25 de Abril, Luís Filipe Costa


Figura do cinema e da rádio, Luís Filipe Costa é também reconhecido pela intervenção nas ações que vieram a desencadear a Revolução dos Cravos.

Morreu o antigo diretor do serviço de noticiários do Rádio Clube Português e também pai do cineasta Pedro Costa, durante esta madrugada, aos 84 anos. Luís Filipe Costa foi jornalista e realizador, bem como radialista e argumentista, tendo iniciado a carreira no extinto Rádio Clube Português e como rádio-ator da Emissora Nacional.

Foi no Rádio Clube Português que Luís Filipe Costa interveio na Revolução do 25 de Abril, ao ler comunicados do Movimento das Forças Armadas. Os ideais revolucionários levaram-no a integrar, desde muito cedo, o Grupo Surrealista de Lisboa e o movimento político MUD Juvenil.

Já na RTP, passou a exercer funções de jornalista, realizador e argumentista. Entre as suas obras, constam "Happy End" (telefilme, entre os 30 que assinou) e "Era Uma Vez Um Alferes", adaptado a partir de "Mistérios de Lisboa", de Camilo Castelo Branco. Séries como "Uma Cidade Como a Nossa", "Arroz Doce", "Polícias", "Estúdio Um" e "Esquadra de Polícia" são também da sua autoria.

O documentário "Raul Solnado - O Estado da Graça" também marca o percurso de Luís Filipe Costa, voz fundamental da rádio e do jornalismo português, bem como um pioneiro do cinema português, da televisão e do jornalismo. Na carreira na sétima arte, também se destacam os diálogos de Camarate.

Em 1988, venceria o Grande Prémio do Festival de Cinema para Televisão de Chianchino - italiano - e o 2.º Prémio do Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz, com o telefilme "Morte d"Homem", em que participavam Francisco Moita Flores e António Capelo.

Luís Filipe Costa foi ainda galardoado com o Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores e com a distinção de melhor radialista nos anos de 1966 e 1974, atribuída pela Casa da Imprensa.

Nascido a 18 de março de 1936, em Lisboa, foi também na capital que o radialista morreu, aos 84 anos.

Marcelo destaca o seu "estilo inovador" como jornalista de rádio

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do jornalista e realizador Luís Filipe Costa, considerando que será sobretudo lembrado pelo seu "estilo inovador" no Rádio Clube Português.

Numa nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado descreve Luís Filipe Costa, que morreu esta terça-feira aos 84 anos, como um "profissional exigente e cidadão empenhado" e apresenta "sinceras condolências" à sua família.

"Luís Filipe Costa, realizador, argumentista e escritor, será lembrado, antes de mais, como jornalista de rádio, nomeadamente pelo estilo inovador que emprestou ao Rádio Clube Português, emissora de que foi uma voz destacada na década de 1960 e através da qual, em 1974, leu ao país os comunicados do Movimento das Forças Armadas", refere Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República acrescenta que Luís Filipe Costa passou depois pela RTP, "onde dirigiu séries, telefilmes e documentários", e salienta que, "além de diversos prémios e reconhecimentos, recebeu, em 2011, as insígnias de comendador da Ordem da Liberdade".

TSF | Catarina Maldonado Vasconcelos, Nuno Domingues e Lusa -- 21 Julho, 2020 • 13:12

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