Paulo Baldaia | Jornal de Notícias | opinião
Se há regras para o funcionamento
dos restaurantes e eles podem estar abertos; se há regras para a realização de
espetáculos com lugares marcados e eles acontecem; se não é necessária
autorização para fazer manifestações antirracistas e manifestações de racistas
a dizer que Portugal não é um país racista, só defendendo a dualidade de
critérios como uma coisa boa, se pode defender igualmente a proibição da Festa
do Avante!.
É que a festa anual dos
comunistas portugueses é um encontro político de militantes e simpatizantes,
mas não só, em que também entra a música e a restauração. É evidente que não se
trata de um mero festival de verão, proibidos até ao final de setembro a pedido
dos próprios promotores.
Recapitulemos. Se até num estádio
de futebol, onde não pode haver adeptos para assistir a um jogo, se podem
realizar concertos, porque não se poderia ouvir música ao ar livre no Seixal,
cumprindo-se todas as regras determinadas pela DGS? Se até em espaços fechados
como os centros comerciais, dezenas de restaurantes servem milhares de pessoas
diariamente, porque não poderiam as habituais "tasquinhas" da Quinta
da Atalaia fazer o mesmo ao ar livre, cumprindo-se todas as regras determinadas
pela DGS?
Só por preconceito
político-partidário e algum populismo se pode querer que a Festa do Avante!
seja, pura e simplesmente, proibida. Fazer a festa como sempre se fez e com a
mesma lotação, argumentando com mais espaço disponível, seria, por outro lado,
uma teimosia inaceitável. A pandemia não suspendeu a Democracia, mas os nossos
direitos também nunca puderam ser exercidos independentemente dos nossos
deveres e dos direitos dos outros. Não andaria mal a DGS, agora que a polémica
regressou e faltam menos de três semanas para o evento, se comunicasse ao PCP,
em particular, e ao país, de uma forma geral, as condições em que vai permitir
a realização da Festa do Avante!.
Tudo aconselha que a festa se
faça com bastante menos pessoas que nos anos anteriores, aumentando o espaço
disponível para cumprir as distâncias e, assim, reduzir os riscos ao mínimo
possível. Seja por determinação da DGS, seja por receio de muitos que não
costumam falhar, parece-me certo que este ano haverá menos gente. Usar máscara
e higienizar com frequência as mãos são regras que já entraram na nossa vida e
devem ser rigorosamente respeitadas por todos os que forem ao Seixal.
*Jornalista
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