terça-feira, 11 de agosto de 2020

Portugal | Avante com a Festa (em formato revisto e reduzido)


Paulo Baldaia | Jornal de Notícias | opinião

Se há regras para o funcionamento dos restaurantes e eles podem estar abertos; se há regras para a realização de espetáculos com lugares marcados e eles acontecem; se não é necessária autorização para fazer manifestações antirracistas e manifestações de racistas a dizer que Portugal não é um país racista, só defendendo a dualidade de critérios como uma coisa boa, se pode defender igualmente a proibição da Festa do Avante!.

É que a festa anual dos comunistas portugueses é um encontro político de militantes e simpatizantes, mas não só, em que também entra a música e a restauração. É evidente que não se trata de um mero festival de verão, proibidos até ao final de setembro a pedido dos próprios promotores.

Recapitulemos. Se até num estádio de futebol, onde não pode haver adeptos para assistir a um jogo, se podem realizar concertos, porque não se poderia ouvir música ao ar livre no Seixal, cumprindo-se todas as regras determinadas pela DGS? Se até em espaços fechados como os centros comerciais, dezenas de restaurantes servem milhares de pessoas diariamente, porque não poderiam as habituais "tasquinhas" da Quinta da Atalaia fazer o mesmo ao ar livre, cumprindo-se todas as regras determinadas pela DGS?

Só por preconceito político-partidário e algum populismo se pode querer que a Festa do Avante! seja, pura e simplesmente, proibida. Fazer a festa como sempre se fez e com a mesma lotação, argumentando com mais espaço disponível, seria, por outro lado, uma teimosia inaceitável. A pandemia não suspendeu a Democracia, mas os nossos direitos também nunca puderam ser exercidos independentemente dos nossos deveres e dos direitos dos outros. Não andaria mal a DGS, agora que a polémica regressou e faltam menos de três semanas para o evento, se comunicasse ao PCP, em particular, e ao país, de uma forma geral, as condições em que vai permitir a realização da Festa do Avante!.

Tudo aconselha que a festa se faça com bastante menos pessoas que nos anos anteriores, aumentando o espaço disponível para cumprir as distâncias e, assim, reduzir os riscos ao mínimo possível. Seja por determinação da DGS, seja por receio de muitos que não costumam falhar, parece-me certo que este ano haverá menos gente. Usar máscara e higienizar com frequência as mãos são regras que já entraram na nossa vida e devem ser rigorosamente respeitadas por todos os que forem ao Seixal.

*Jornalista

Sem comentários:

Mais lidas da semana