segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Perdoem-se, pela primavera colorida de Minsk


Curto atrás das cores berrantes de Minsk, capital da Bielorrússia. Mais uma revolução colorida com produção de alinhamento CIA e outras secretas tenebrosas do Reino Unido, da UE, e etc. 

O joguete é o povo da Bielorrússia, com destaque para a capital, Minsk. O modelo, com adaptações, tem laivos da Líbia, da Ucrânia, e de tantos outros países onde a máquina do ocidente e do império-capital se empenha. A partir de 1974, em Portugal, também a Revolução de Abril assistiu a colorizações. Estamos a ver os resultados dos objetivos das primaveras e revoluções coloridas, em Portugal, há quase 50 anos, como na Líbia e em tantos outros países. 

O Expresso não refere isso. Encosta-se à espontaneidade (ingenuidade) do povo contra o regime Lukashenko – que não é flor que se cheire – ocultando o que pode vir a seguir, como na Líbia, no leste europeu, e noutros países do pós-revoluções coloridas. Era útil que em adenda descrevesse as manipulações a que o povo da Bielorrússia está exposto e que a democracia podre que lhe vão apresentar será fruto e inscrição programada do guião alinhado pelos EUA, um país que tem tanto de racismo e fascismo, que não falha um dia em que não seja protagonista de triste notícia. 

Não a Lukashenko, muito bem, mas também não à manipulação que o império do ocidente exerce sobre o povo da Bielorrússia. Olhem o Iraque e as mentiras e manipulações para o invadir e por lá se manterem. Olhem a Líbia, caso flagrante das intenções e práticas tenebrosas do império norte-americano e de países da UE, da NATO. Olhem o que vos aguarda no futuro, mais tarde ou mais cedo. Caminhamos para uma guerra global já iniciada pela NATO, e quem diz NATO está a referir-se a EUA, UE e Reino Unido, entre outros nefastos aliados.

Perdoem-se, pela primavera e revolução colorida que estão a exibir no palco de Minsk…

Todos estamos entre a espada e a parede, a Bielorrússia também, às portas da Rússia... Era muito bom que os povos se movimentassem por eles próprios, sem serem manipulados pelas centrais  da especialidade "revolucionária" americanas, russas ou outras... Oxalá um dia os povos saibam agir assim. Não consentir interferências de interesses avessos aos seus objetivos, por países melhores, por vidas coletivamente melhores, pela paz, pela liberdade, pela soberania... Justiça.

O Curto do Expresso a seguir. Bom dia, se conseguirem e merecerem.

MM | PG




Bom dia, este é o seu Expresso Curto

"Não perdoamos! Não esquecemos!"

Cristina Peres | Expresso

Há imagens e vídeos filmados este domingo que mostram a violência das forças de segurança bielorussas, polícia à paisana, envergando bastões, que aproveitaram o dispersar da multidão para prender alguns manifestantes isolados, atirando-os para carrinhas, pelo menos uma pessoa foi transportada numa ambulância. As autoridades tinham prevenido que qualquer tipo de manifestação seria ilegal, quatro semanas depois de os bielorrussos insistirem na demissão de Aleksander Lukashenko, “o último ditador”, que eles alegam ter roubado os alegados 80% dos votos à candidata da oposição. Sentem-se defraudados e não dão sinal de abrandamento nem desistem de convocar manifestações para o centro das cidades pela quarta semana consecutiva.

Este domingo, mais de 100 mil pessoas desfilaram pela Avenida da Liberdade de Minsk, uma extensa artéria ao estilo soviético, e em pelo menos mais três cidades do país, Brest, Vitebsk e Grodno, os cidadãos bielorrussos saíram à rua agitando a bandeira vermelha e branca da oposição e exigindo a revolução com slogans como “Não perdoamos, não esquecemos”. “Um mar de gente”, como lhe chamou a Al-Jazeera. A polícia de choque isolou o centro de Minsk com barreiras e fileiras cerradas de polícia de choque, em contraste com o ar descontraído dos manifestantes, entre jovens e algumas famílias com mais de uma geração representada.

Além de Svetlana Tsikhanouskaya, que tem um encontro marcado com o primeiro-ministro polaco na próxima quarta-feira, outras figuras da oposição têm fugido do país. No sábado passado, a ativista Olga Kovalkova declarou ter procurado refúgio na Polónia cedendo às ameaças de prisão que recebeu.

O Ocidente - União europeia e Estados Unidos - tem de revelar onde é que Lukashenko esconde o seu dinheiro fora da Bielorússia se quiser ajudar a revolução no país, afirma um líder da oposição.

Vários jornalistas têm sido presos em atos isolados, há poucos jornalistas estrangeiros no país e os que lá estão correm perigo. Para que se saiba o que escrevem os cidadãos bielorussos sobre a situação do seu país e como ela evolui, o Instituto de Ciências Sociais de Viena está a fazer uma resenha de escritos de manifestantes e ativistas, que pode ser consultada aqui.

“O envenenamento de Alexei Navalny e os protestos na Bielorússia fundem-se numa história sobre governação autocrática, à medida que o regime de Vladimir Putin vai assumindo controlo sobre Lukashenko, desmentindo acusações no ataque contra o líder da oposição russa”, escreve a correspondente do Expresso em Moscovo.

OUTRAS NOTÍCIAS

Entre 14 e 17 de setembro, as aulas reabrem em Portugal. Com base nas orientações do Ministério da Saúde e da DGS, as escolas preparam a reabertura com as novas regras e rotinas anti covid-19. Um manual elaborado pelo Expresso incluindo turnos de cantina, número de alunos por aula e delimitação das áreas com circulação permitida.

Covid-19. “Estudo prevê 20 mil casos diários da doença em dezembro”, manchete de hoje do jornal i. Reuniões do Infarmed regressam hoje e em direto. “Doentes não-urgentes regressam em força aos hospitais”, escreve o Público (já são 45% do total, centros de saúde com consultas maioritariamente à distância não respondem à procura). “Pandemia mata cada vez menos” - doentes mais jovens e conhecimento médico ajudam a explicar a tendência, escreve o JN. Quase 3.000 casos no Reino Unido, que atinge o mais alto número de infetados desde maio. França também sobe.

Altas temperaturas põem o país em alerta. Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil alerta para um “aumento muito grande” do risco de incêndio ao longo do dia de hoje, em especial a norte do Tejo.

Balanço de uma festa mais triste e mais vazia do que em anos anteriores. O “Avante” 2020, um êxito político para o PCP só por ter existido.
Presidenciais. Ana Gomes diz que “ainda não encerrou totalmente a reflexão” relativa a uma eventual candidatura.
Desemprego. Acentuada subida nos meses de junho e julho. Segundo o INE, chegou aos 8,1%, o valor mais alto desde 2008.

Comboios. Lisboa e Madrid continuam sem ligação de comboio. Porto e Vigo já têm, mas ninguém a procura.

Perto de 300 pessoas foram presas ontem durante a maior manifestação de protesto em Hong Kong desde que foi imposta a nova lei de segurança nacional, em junho passado. As pessoas saíram à rua para protestar pelo adiamento das eleições legislativas pelo governo da cidade, que deveriam ter sido ontem. O coronavírus serviu para reduzir as reuniões em Hong Kong a um máximo de duas pessoas.

Presidenciais II. Não se vê o fim aos protestos nos Estados Unidos. Washington, Louisville, Portland, Rochester… A cacofonia do caos e porque é que o resultado das presidenciais americanas é mais incerto do que nunca.

Dois guardas foram esfaqueados num ataque na cidade tunisina de Sousse e um deles morreu. Antes de os três atacantes terem esfaqueado as forças da autoridade, atiraram-lhes o carro que conduziam para cima. Os três foram prontamente perseguidos, apanhados e mortos pelos polícias.

O Governo italiano mandou transferir de ferry centenas de imigrantes da ilha de Lampedusa para aliviar os centros sobrelotados da ilha, que terão de cumprir 14 dias de quarentena antes de desembarcar.

Protestos pelo clima regressaram às ruas das capitais europeias. A chamada dos ativistas foi feita pelos Extinction Rebellion e, só em Londres, foram detidos 600 manifestantes.

200 mil pessoas foram transferidas para outros locais para evitar a violência dos ventos e chuvas à passagem do segundo dia mais violento tufão da última semana no Japão, o tufão Haishen. O país escapou ao pior com a tempestade a dirigir-se para a Coreia do Sul.

Um homem fez explodir parcialmente a casa em França enquanto perseguia uma… mosca.

Portugal volta a ser campeão europeu, agora de futebol de praia.

O jovem piloto francês Pierre Gasly venceu ontem o Grande Prémio de Fórmula 1 de Itália, em Monza.

FRASES

“E as pessoas que estão a protestar pelo clima estão a ser presas enquanto falamos. Desafio os responsáveis a explicarem isto aos seus filhos e netos”, Greta Thunberg, na sua conta de Twitter, comentando a investida da polícia durante as manifestações convocadas pelos Extinction Rebellion nas capitais europeias

“Estamos otimistas, vamos continuar!”, Barys Goretsy, membro da associação bielorrussa de jornalismo ao Guardian

“Tem de ser mais Presidente da República e menos comentador”, Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP referindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa

“Estamos a entrar na fase final das nossas negociações com a União Europeia”, Boris Johnson, primeiro-ministro britânico antecipando o discurso que fará esta segunda-feira, perante a possibilidade de não se alcançar acordo para a saída em meados de outubro “Temos de aceitá-lo e avançar”

O QUE ANDO A LER

Entre os podcasts, aulas gravadas e vídeos do historiador norte-americano Timothy Snyder e os livros e tweets da autora, historiadora e redatora da revista “The Atlantic”, também norte-americana, Anne Applebaum. Terminei “Twilight of Democracy - The Failure of Politics and the Parting of Friends”, o último, que já foi aqui sobejamente referido noutros Curtos, e a Book Depository fez-me chegar há dias “Gulag Voices - An anthology”, uma edição de 2011 da Yale University Press uns bons anos posterior ao grande livro da Applebaum intitulado “Gulag, a History” (Prémio Pulitzer de 2004). Um passo atrás no tempo para rever o modus operandi dos regimes totalitaristas com o de Estaline faz sentido neste tempos em que se anda a brincar ao perigoso jogo da falência da democracia e a achar graça, o que é ainda pior.

A maioria dos ensaios publicados nesta coletânea data dos tempos dos campos de prisioneiros de Estaline, altura em que eram mais numerosos. Depois de a autora sublinhar, na introdução, a variedade de pessoas que eram atiradas às centenas e aos milhares para aquele sistema, impressionou-me que Applebaum me tenha obrigado a pensar no facto de só existirem testemunhos daqueles que quiseram, tiveram meios e e possibilidade para conseguir escrever. É sempre assim, mas é obrigatório lembrá-lo. Além do analfabetismo ou falta de eloquência, muitos não teriam sequer estabilidade mental para testemunhar o abuso e a violência a que eram sujeitos.

Acabo este Curto desejando-lhe uma ótima semana. Encontra-nos 24/7 em www.expresso.pt. Beba água e mantenha-se à sombra porque as temperaturas não vão dar trégua.

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