quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Pitons quebrados


No Expresso a hecatombe dos do anticomunismo primário, primatas do antigamente, é categórica no título:  “Tribunal rejeita providência cautelar para travar Festa do “Avante!”. Que senhores das touradas anticomunistas, depois de milhentas faenas e investidas viram-se com os pitons quebrados. Não saberão os tais primatas que malhar em ferro frio origina quebras?

Deviam saber, pois que as tentativas e atos de marração já vêm de há muito, de há décadas, e os resultados têm sido sempre os mesmos: quebram-se os pitons. E os pseudo-possantes reacionários, fascistas que na modernidade preferem o termo de neoliberais, lá partem para outras investidas após pitons reparados, pretendendo ignorar que os que pensam e afirmam Avante estão mesmo determinados a Avançar. Avancemos.

Nada há mais a dizer ou a escrever. Os cães ladram e a caravana passa, afirma o adágio com toda a propriedade. Cumpra-se.

Bom dia, se conseguirem. O Curto do Expresso está postado a seguir. Dispensemos aplicar mais tempo para gastar mais palavras com os senhores e senhoras do “antigamente”. Os atentos sabem ao que eles vêm. Sempre a mesma choldra, irremediavelmente bolorenta nas vestes repletas de nódoas de salazarismo nauseabundo.

Avante!

MM | PG






Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Meia-volta e "Avante!"

João Cândido da Silva | Expresso

Bom dia,

O sector do turismo arrisca-se a sofrer esta quinta-feira um novo revés. As autoridades do Reino Unido vão decidir se mantêm aberto o corredor aéreo com Portugal ou se fazem meia-volta e incluem novamente o país entre os destinos de risco. Neste caso, os cidadãos britânicos que queiram viajar para território português serão forçados a observar uma quarentena de 14 dias no regresso a casa, incentivo suficiente para repensarem os planos para as férias.

Elidérico Viegas pinta um cenário negro quando antecipa a pior das hipóteses. "Significa prejuízos enormes, não só para os hotéis e empreendimentos turísticos, mas para toda a economia da região e do país", afirma o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve. O motivo para este pessimismo é óbvio. "Se voltarem a impôr a restrição das quarentenas aos britânicos, muitas reservas efectuadas para Setembro e Outubro são canceladas, à semelhança do que aconteceu em Julho e Agosto".

Os receios sobre uma decisão negativa já estão a provocar efeitos. Há casos de clientes do Reino Unido "a pedir para antecipar o regresso a Inglaterra", revelou João Soares, representante da Associação da Hotelaria de Portugal no Algarve. E também se verificaram cancelamentos de reservas em "número considerável". Numa conjuntura dominada pelas expectativas de curto prazo ao sabor da evolução dos surtos de covid-19, tudo poderá ser revertido se as portas não voltarem a fechar-se.

Se o Governo britânico olhar especificamente para o Algarve e não fizer o julgamento com base nas estatísticas relativas ao estado da pandemia na totalidade do país, talvez se justifique alguma esperança de que a região não suba ao cadafalso. Mas os riscos são evidentes. Os dados totais denunciam que a quantidade de novos casos de infecção está a subir há uma semana, nalguns períodos com os contágios diários a rondar quatro centenas, como sucedeu nesta quarta-feira. Marta Temido, ministra da Saúde, reconhece que se está a verificar "uma maior transmissão da doença". E isto sucede nas vésperas do grande desafio da reabertura das escolas.

O contexto actual não é o mais indicado para concretizar eventos que atraiam multidões. Mas a arrogância do PCP, a atitude timorata da direcção-geral da Saúde e a cumplicidade do Governo, que não quer hostilizar um parceiro com quem ainda pretende dar uns passos de dança, foram os ingredientes que criaram uma nova excepção às regras elementares de prudência e bom senso que cancelaram a época dos festivais de Verão e esvaziaram os estádios de futebol.

A "Festa do Avante!" arranca esta sexta-feira, com a possibilidade de acolher mais de 16 mil pessoas por dia e vendas de bilhetes que vão para além daquele limite. Os complexos de "cerco e perseguição" dos comunistas, palavras usadas por António Barreto em "Três Retratos: Salazar, Cunhal, Soares" para caracterizar o quadro mental prevalecente num partido intolerante ao normal escrutínio democrático, deram origem a reacções descabeladas perante as críticas pela concretização da iniciativa. Discordar seria um sinal de ódio e uma manifestação assanhada de perigosos reaccionários.

Pedir que o PCP aprenda a conviver com pontos de vista diferentes daqueles que subscreve será inútil. Mas talvez possa, durante os três dias da festa, desviar a energia que costuma gastar em indignação gratuita para o cumprimento das regras destinadas a evitar que o recinto da Atalaia se transforme num novo foco de contágios. Não deverá ser difícil. O controlo apertado dos cidadãos é uma das características dos regimes totalitários em que o partido se revê.


OUTRAS NOTÍCIAS

A escolha de Mário Centeno para desempenhar o cargo de governador do Banco de Portugal iria, mais tarde ou mais cedo, suscitar episódios que deixam escassa margem para dúvidas sobre as incompatibilidades que aconselhavam outra solução. O relatório de auditoria sobre a resolução do Banco Espírito Santo, que António Costa afirmou ter “curiosidade” em conhecer nos tempos em que Centeno era ministro das Finanças, vai permanecer em segredo. O banco central recusou, agora, enviar o documento ao Parlamento, como tinha sido pedido pelo Bloco de Esquerda. Divulgação? Só com ordem judicial.

Tudo parece encaminhar-se para que venha a ser lançada uma nova comissão parlamentar de inquérito ao tormentoso processo do BES e do seu sucessor, o Novo Banco (NB). O Bloco de Esquerda exige-a e quer escrutinar a actuação de Mário Centeno que, enquanto titular do Ministério das Finanças, validou a operação de venda do NB e as cláusulas que impõem ao Estado a obrigação de financiar o Fundo de Resolução de forma a que este disponha de meios para capitalizar a problemática instituição financeira. O PS admite apoiar a iniciativa se o objecto se estender ao período da gestão ruinosa de Ricardo Salgado.

Vinte e duas mil candidaturas que abrangem 240 mil pessoas. Este é o balanço das novas medidas extraordinárias de apoio às empresas divulgado pela ministra do Trabalho Ana Mendes Godinho. Os números são inferiores àqueles que se verificaram com o ‘lay-off’ simplificado, que antecedeu os actuais instrumentos: envolveu 890 mil trabalhadores e cerca de 112 mil empresas.

Um simples envelope almofadado, enviado por via postal e sem qualquer informação adicional. Lá dentro estão sementes provenientes de países asiáticos. Começaram a chegar aos Estados Unidos, depois a diversos destinos europeus e agora a Portugal. O Ministério da Agricultura alerta quem tenha recebido estas “encomendas” para que não plante as sementes, nem as deposite em contentores de lixo. Conceição Antunes conta o que se passa.

A Universidade Católica vai ser o primeiro estabelecimento privado de ensino superior em Portugal a incluir um curso de Medicina entre a respectiva oferta. “É um grande dia para o ensino superior e para o sistema científico nacional”, afirmou a reitora Isabel Capeloa Gil.

Uma rede de instituições internacionais em que se incluem a Faculdade de Economia e Gestão da Universidade do Porto e a Universidade de Saint Gallen, na Suíça, realizou um estudo com o objectivo de avaliar a qualidade das elites em 32 países. Portugal surge em 14º lugar na classificação, mas desce na tabela, para a 25ª posição, quando em análise está apenas a classe política.

A partir desta quinta-feira, atirar uma beata para o chão vai passar a envolver o risco de pagamento de uma multa. Os valores oscilam entre 25 e 250 euros, de acordo com a legislação que entra em vigor. Estabelecimentos comerciais, empresas de transportes públicos, autarquias, concessionárias das paragens de transportes, instituições de ensino superior, actividades hoteleiras e de alojamento local que não disponibilizem cinzeiros ou não procedam à limpeza dos resíduos gerados pela prática do vício, também serão tratadas com mão pesada. A lei qualifica estes actos como contraordenações e ameaça com coimas situadas no intervalo entre 250 e 1.500 euros.

A possibilidade excepcional de as agências de viagens emitirem vouchers ou procederem a reagendamentos tem os dias contados. Ainda que os cancelamentos pedidos pelos clientes se devam à pandemia da covid-19, as empresas terão de efectuar o reembolso dos valores recebidos num prazo de 14 dias, de acordo com uma resolução do conselho de ministros noticiada pelo "Público".

Para o Governo alemão não restam dúvidas. Alexei Navalny, opositor de Vladimir Putin que está internado num hospital de Berlim, foi envenenado com Novichok, o mesmo agente químico usado contra o antigo espião russo Sergei Skripal e a sua filha, na cidade inglesa de Salisbury, em 2018.

A propósito, “Laboratório de Venenos”, de Arkadi Vaksberg, é um livro esclarecedor para quem queira saber mais sobre a tradição soviética e russa, inaugurada por Lenine no início dos anos 1920, de eliminar os “inimigos do povo” sem necessidade de recorrer a facas, armas de fogo ou picadores de gelo.

Em Espanha, prossegue o acerto de contas com a História, neste caso, com os herdeiros de Francisco Franco. Um tribunal da cidade da Corunha acolheu uma queixa apresentada pelo Governo e considerou que o "Pazo de Meirás", residência de Verão do ditador, foi adquirido através de uma venda "fraudulenta" realizada em 1941.

Com 18 facções religiosas oficialmente reconhecidas, o Líbano é o protótipo de um Estado confessional, onde o poder político é distribuído de forma proporcional pelas várias comunidades consoante o seu peso demográfico. “A maioria dos clubes de futebol está associada a diferentes grupos sectários. Há clubes sunitas, xiitas, drusos e cristãos. Poucos são neutros, só encontrei dois”, diz Yehuda Blanga, professor na Universidade Bar-Ilan, com quem Margarida Mota conversou.

FRASES

“Alguns jornalistas que me chamavam sempre pirata ou hacker ou espião informático agora chamam-me whistleblower. Antes todos tratavam o Football Leaks como uma guerra tonta entre clubes de futebol. Mas quando apareceu o Luanda Leaks, todos perceberam que havia muito mais que isso. Até os procuradores acabaram por perceber que isto era maior do que o que esperavam. Este projeto acabou por me ajudar a finalmente sair da prisão.” Rui Pinto

“Do lado do Bloco e do PCP há uma ingratidão total em relação ao PS. Aquele PS que os tirou da cave da oposição constante e os colocou no centro da vida política, com direito a Louçã ser conselheiro de Estado, conselheiro do Banco de Portugal, conselheiro… (ia a dizer Acácio, mas posso ser tomado por exagerado), tem como paga a sua recusa em alinhar num Orçamento que obviamente é de crise”. Henrique Monteiro

“As facções radicais dos democratas, dominantes nos meios intelectuais, desprezam Biden, desprezam a sua capacidade para encontrar pontos de contacto e de apoio junto de republicanos clássicos como Colin Powell (político) e Bret Stephens (jornalista). Tal como o Tea Party, tal como o trumpismo, este radicalismo de esquerda é a negação da política de uma república, só vê inimigos internos, não vê adversários legítimos com quem é possível e desejável conversar.” Henrique Raposo

“Quando vejo um político de extrema-direita a chamar parasitas aos que fazem o trabalho que mais ninguém quer, aos que enchem os comboios às cinco da manhã com um tom de pele que eles teimam em colar ao crime, que limpam as casas, limpam as empresas, erguem os prédios e fazem as estradas, estão nas estufas no Alentejo ou nos campos agrícolas da Apúlia, sinto nojo.” Daniel Oliveira

O QUE ANDO A LER

O plano era simples. A noite de 19 para 20 de Agosto de 1989 seria de festa. Até à 1h46 de domingo, as expectativas corresponderam à realidade. Os relatos indicam que 130 convidados embarcaram no ‘Marchioness’ meia hora após a meia-noite, dispostos a festejar o 26º aniversário de António de Vasconcellos, o “guru” financeiro que, sob o chapéu do grupo espanhol Torras, liderado por Javier de la Rosa, administrava na capital britânica uma fatia larga dos milhares de milhões de dólares do Kuwait Investment Office (KIO). Dançaram ao som de ‘Rock the Boat’ enquanto o ambiente aquecia e a tragédia flutuava no rio Tamisa, no centro de Londres.

A noite era de boa visibilidade, mas os dados oficiais indicam que o número de vigias em cada uma das embarcações que se envolveram no acidente era insuficiente para garantir condições de segurança. Pouco antes das duas horas da madrugada, o barco de lazer foi abalroado, primeiro na popa, depois a bombordo, pelo ‘Bowbelle’, um possante navio de dragagens que descia o curso de água na mesma direcção. Em trinta segundos, a pista de dança do ‘Marchioness’ encheu-se de água e foi empurrada para o fundo do rio. A festa terminou entre gritos, pânico, mortes precoces e actos de heroísmo.

Cinquenta e uma pessoas, na maioria com menos de 30 anos, pereceram, afogadas nas águas frias e lodosas do Tamisa. António de Vasconcellos, ícone português do ‘jovem profissional urbano’ de finais dos anos 1980, foi uma das vítimas mortais. O seu corpo foi o último a ser resgatado das águas, a 1 de Setembro, e a demora chegou a suscitar especulação. Poderia estar vivo, mas teria aproveitado a tragédia para desaparecer, quando as suspeitas sobre fraudes e desfalques praticados por Javier de la Rosa já estavam a despertar a atenção das autoridades e principalmente do KIO.

Não houve inquérito público para apurar responsabilidades e os procedimentos para a identificação das vítimas mortais incluíram pormenores macabros e desnecessários, como a decisão de decepar as mãos de 25 cadáveres para facilitar o acesso às impressões digitais. Só 11 anos depois foi lançada uma investigação. Deu em nada.

O comandante do ‘Bowbelle’ confessou ter passado o serão de 19 de Agosto a beber cerveja em diversos ‘pubs’ londrinos, mas a questão foi descartada. Contra as regras da navegação, não deteve a marcha do navio que dirigia para prestar socorro aos náufragos, mas nem por isso foi alvo de sanções. O facto de António de Vasconcellos trabalhar na ‘City’, com um salário estrondoso de 900 mil libras anuais, equivalente a 2,5 milhões de euros actualmente, somado ao preconceito da homofobia, terão contribuído para que os media e os investigadores se tivessem aliado e alheado da questão.

Magda Allani, assim como muitos outros sobreviventes, tem memória. Era amiga do ‘yuppie’ português e esteve na festa. Conseguiu salvar-se e tem histórias para contar. Em busca de justiça, de apaziguamento e da humanização de quem perdeu a vida, escreveu “Dark Waters: Chronicle of a Story Untold”. É um testemunho sobre os sonhos e as expectativas daqueles jovens que embarcaram numa viagem maldita. Mas é, também, um manifesto pela verdade, contra a burocracia incompetente e a intolerância, armas indignas que matam a empatia entre os seres humanos.

O QUE ANDO A OUVIR

“Mothership”, Dwight Trible. Soul-jazz e jazz espiritual? Pouco interessam os carimbos. Com uma voz grave e por vezes rouca, mas doce e a transbordar de emoção, Dwight Trible faz o pleno neste álbum ao acrescentar uma banda de belíssimos instrumentistas, suficientemente inteligentes para abrirem o espaço de que o líder necessita para se expressar. Está tudo próximo da perfeição e Trible é a grande estrela.

“Infection in the Sentence”, Sarah Tandy. Pianista com formação clássica, Sarah Tandy, nascida em Londres, chegou aos vinte anos com vontade de se libertar da amarra das pautas. Não se sabe se o mundo da música ‘erudita’ terá registado uma grande perda. Mas há pelo menos uma certeza: a de que este álbum, que cruza várias tradições, é uma estreia prometedora.

10”, Helge Lien Trio. A banda liderada pelo pianista norueguês Helge Lien lançou o primeiro álbum há 12 anos e tem mantido uma notável regularidade na edição de nova música. Com Johannes Eick no contrabaixo e Knut Aalefjær na bateria, Lien regressa com uma obra extensa e ambiciosa, melódica, mas também abstracta. Em 20 temas percorre diferentes atmosferas, sem trair o registo límpido que caracteriza os trios de piano vindos de paragens nórdicas.

“Ironside”, Ruby Rushton. Sob a liderança de Edward ‘Tenderlonious’ Cawthorne, este quarteto londrino não dá descanso. Recua aos anos 1960 e 1970 e reinventa a roda, num álbum que segue a tradição dos anos dourados da música de fusão. Flauta, trompete e piano eléctrico, tudo ao molho para deleite de quem escuta.

E é tudo. Acompanhe a actualidade no ExpressoTribuna e Blitz e encontre sugestões No Boa Cama Boa Mesa para desfrutar de um excelente dia.

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

Imagens: © Sara Matos/Global Imagens, no DN | Fernando Tordo "A Tourada" - Youtube

Sem comentários:

Mais lidas da semana