Deve ser contágio Curto mas de volta e meia aqui estamos nós, no Página Global, a meter o bedelho no Expresso do tio Balsemão octogenário rijo que nem pêra-rocha. Lá vamos nós nessa outra vez. Adiante.
Que um ministro foi contagiado por covid-19. Boa, essa é nova. Agora o vírus já nem tem medo de se envolver com ministros. Manuel Heitor é o dono do contágio e quem recebeu o hospedeiro ‘covidado’ até é da ciência e ensino superior. Pelo menos ministra isso. Os outros ministros, o governo em plenitude, não foram (ainda?) contagiados por covid-19. O seu contágio é outro, que a muitos não agrada. A democracia é assim. O que é bom para uns e lhes agrada encontra o reverso noutros. O pior é que os uns são só Uns Quantos e os Outros são milhões… Que raio de democracia tão deficitária e cada vez mais desnaturada, injusta!
Fim-de-semana que passou e muito pouco há para conversar, pouco para se dizer. O Curto tem por autor Martim Silva. Abordagem ao futebol, que é bom para ler em diagonal (se tanto). O Orçamento sempre na baila, mas sem interesse porque é o mesmo de sempre: vão meter-nos a mão no bolso e até as manápulas à descarada na dispensa. Quando dermos por isso vai estar vazia. Nem uma batata vai sobrar, nem latas de conservas das mais baratas e quase podres, isentas de fiscalização… Paraíso à beira-mar plantado… Portugal dos pequeninos e dos contaminados pelos poderes. Nos tempos fascistas de Salazar e agora. Lindo é o rótulo de Socialista, de Social-Democrata…
Daqueles ao estilo de Cavaco Silva dos Oliveira e Costa, Duartes Limas e Limatões dos Eteceteras Dessas Laias, que nos julgam a todos parvos e que nem vimos que eles são daquele formato físico e mental para ocultarem a realidade e os seus bolsos grandes e repletos de “honestidade”, ao estilo de certos e incertos amigalhaços dos bancos, das cadeiras, das “vilas algarvias”… Um fartote de vilanagem que se encheu e parece continuar a encher-se… de descaramento, de prosápia. Deixá-los abarrotar de fartura e de exibirem hipocrisias enquanto os olhamos já múmias, fenecidos, felizes por se considerarem grandes pessoas de grandes feitos. Quase cegos, que nem vêem os seu rastos e pegadas de bostas pespegadas ao longo do país, da UE e do mundo que percorreram e indrominaram…
Não. Aqui esses já nem cabem mais. O fedor é imenso e os média que os divulgam por nada passam a sentinas malcheirosas de grupos que se sabe não serem nada recomendáveis. As seitas são assim, mas só existem porque existem os que as sustentam, as promovem e as credibilizam imerecidamente.
Bom dia. Por aqui chegou o fastio desses cavacos hediondos, desses sociais-democratas de esgoto, desses socialistas de meia-tijela com grandes bocas e gigantescas capacidades de sucção para mamarem…
Avante. Sigam para o Curto porque aqui acabou-se a pachorra. Boa semana... se não forem 'covidados'.
Sejam felizes, se conseguirem.
SC | PG
Bom dia, este é o seu Expresso Curto
OE ou não é... (e o primeiro caso de um ministro infetado com covid-19)
Martim Silva | Expresso
Bom dia,
Este é o seu Expresso Curto desta segunda-feira, 12 de Outubro, dia de
peregrinação em Fátima e o dia em que o Governo, que ontem esteve reunido
electronicamente, tem que entregar no Parlamento a sua proposta de Orçamento
de Estado para 2021, esperando que ela acabe aprovada com a ajuda de algum, ou
vários, partidos da oposição. Uma questão de fé ou um pouco mais que isso?
Venha daí comigo,
Começo com uma informação de
última hora. Ou melhor, das últimas horas. Manuel
Heitor, ministro da Ciência e Ensino Superior, está infetado com covid-19,
não tem sintomas e encontra-se em confinamento domiciliário. É o primeiro caso
de um ministro infetado
ORÇAMENTO DE ESTADO
A discussão do Orçamento de Estado para o ano seguinte é sempre um momento
noticioso muito relevante. Desde logo para a vida de cada um de nós (vou pagar
mais impostos? Vou pagar menos de IRS? O tabaco vai ser mais caro? E os
combustíveis? E as prestações sociais? E o IVA? E o IRC? Etc, etc, etc…). Mas é
também um momento politicamente muito relevante. E ainda mais o é num ano em
que vivemos uma crise dramática, motivada pela pandemia de covid-19. E ainda
mais o é numa altura em que o Governo que apresenta o OE não tem uma maioria de
deputados no Parlamento para o aprovar. Portanto, suspense sobre suspense sobre
suspense…
Depois de ter aprovado o documento em Conselho de Ministros na última
quinta-feira, o Governo tem prosseguido as negociações, nomeadamente com os
partidos à esquerda, ex-parceiros da defunta geringonça, e este domingo voltou
a reunir-se, electronicamente, para fechar o documento que hoje é levado pelo
ministro das Finanças, de nome Leão, à Assembleia da República.
Em boa verdade, ninguém acredita verdadeiramente que o documento não seja
aprovado, numa altura destas. Marques
Mendes há uma semana garantira que o PCP vai ajudar a aprovar o
documento e ontem insistiu na desdramatização política. Mas, como afirmava
Teresa de Sousa este domingo no Público, ter a certeza que este processo vai
acabar bem pode ser manifestamente exagerado, perante as sucessivas imposições
e linhas vermelhas e ameaças de parte a parte. Cautela e caldos de galinha,
portanto.
Este fim de semana, na sua versão de ‘optimista irritante’, António
Costa disse estarem criadas as condições para um acordo com o PCP e o
BE. Os dois partidos já vieram fazer voz grossa e dizer que não são favas
contadas.
Aqui
pode ler já algumas das medidas novas que devem constar do documento,
como o aumento extraordinário das pensões mais baixas em agosto, o novo apoio
social ou as contratações na saúde. Um documento que parece apostar forte em
medidas sociais para travar o impacto da crise e num forte investimento para
permitir uma retoma o mais rápida possível da economia, que este ano está a
bater no fundo.
No Expresso,
temos um especial preparado para si, sendo certo que ao longo dos últimos dias
já fomos revelando boa parte do mais significativo aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Este tema faz manchete dos jornais desta segunda-feira, com o Público a titular
que o novo apoio social vai custar 450 milhões de euros, o Correio da Manhã a
afirmar que Costa contrata 1235 para o Governo e o Jornal de Negócios a dizer
que as mexidas no IRS e IVA injetam 400 milhões na economia.
SELEÇÃO NACIONAL
Não sei se é ou não cultural ou
se é de não sermos um país habituado a grandes feitos, ou do que será, mas noto
nos portugueses uma curiosa inclinação para procurar grandes significados em
coisas que não são assim tão grandes.
Este domingo ao final do dia a selecção nacional de futebol jogou com a França,
em Paris, para a Liga das Nações. Eis algumas das coisas que fui ouvindo antes
do jogo, em jeito de premonição ou algo do género: foi ali, naquele estádio,
que há quatro anos conquistámos o maior troféu da nossa história, o Europeu.
Também foi num dia 11, não de outubro mas de Julho, que Eder marcou o mais
importante golo das seleções. Também num jogo contra os franceses. Fernando
Santos fazia 66 anos ontem, no dia do jogo. Fernando Santos estreou-se como
seleccionador em 2014, contra a França, no mesmo estádio. Tudo em busca de
significados e coincidências e, enfim, de fezadas.
Mas a coisa decide-se é mesmo dentro das quatro linhas e estas coisas das
coincidências e datas históricas não passam disso mesmo. E ontem, Portugal, jogando
melhor na primeira parte e sofrendo mais na segunda, conseguiu sair do Stade de
France com um nulo, mantendo assim a liderança no grupo da Liga das Nações,
decorridas que estão três jornadas da competição, em igualdade pontual com a
França (mas com vantagem de golos).
A crónica da partida na Tribuna tem a assinatura do Pedro Candeias e
começa assim: "Foi
competente, controlado, talvez um bocadinho controlado demais, sobretudo na
primeira-parte, mas do outro lado estava um ex-papão que por acaso é campeão
mundial e que provavelmente queria vingar uma derrota histórica. "Na
realidade" - roubando descaradamente um tique linguístico a Fernando
Santos - não foi nada mau e podia ter sido pior".
Na Tribuna, temos ainda as bem humoradas crónicas sobre a partida, da autoria
de Diogo
Faro, Catarina
Pereira e Um
Azar do Kralj.
Em jeito de comentário mais pessoal, e sem querer fazer-me passar por
especialista que não sou, devo dizer que me dá particular gozo ver a seleção
nacional jogar em casa do campeão do mundo de olhos nos olhos, sem medos ou
temores, num embate de gigantes do futebol mundial. Que se cumpra o sonho de
Fernando Santos, que diz que quer ser campeão do mundo (e em matéria de fé, não
há como contrariar o nosso seleccionador).
ELEIÇÕES NOS EUA
Neste espaço falamos das eleições
de que todos andamos a falar. No Expresso já criámos uma página especial para
ir acompanhando com detalhe tudo o que se passa do outro lado do Atlântico.
Caro leitor, tem mesmo de ler este
texto do The New York Times - The Swamp that Trump built. O jornal nas
últimas semanas tem publicado várias investigações longas sobre a Presidência
Trump, em que são detalhados os negócios do Presidente e a forma como ao longo
destes anos ele tem mantido, ao contrário do que formalmente revela, uma forte
presença em tudo o que tem a marca de negócio Trump. Aqui se detalha, por
exemplo, como muitos que buscam favor e medidas da Casa Branca se tornam
sócios do clube de golfe Mar-a-Lago, na Flórida, ou realizam congressos
convenções e eventos em hotéis e resorts do presidente para dessa forma caírem
nas boas graças de Trump, dando-lhe mais dinheiro a ganhar. O texto é mesmo,
mesmo imperdível (eu demorei perto de uma hora a lê-lo, mas recomendo-o até
como forma de mostrar como o jornalismo é um bem precioso e pelo qual devemos
estar dispostos a pagar).
Sobre a campanha, Trump voltou aos comícios no sábado (e
já tem outros marcados para hoje, amanhã e depois), os seus médicos dizem que está
curado, e o próprio afirma-se agora imune e lança suspeitas sobre a saúde
de Joe Biden, lembrando que o seu opositor tem tossido muito.
Destaco ainda a entrevista que o nosso correspondente nos EUA, Ricardo
Lourenço, conseguiu com John
Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional de Segurança da Administração
Trump, que saiu com estrondo depois de ano e meio a trabalhar na Casa Branca.
No Politico, este trabalho sobre as 15
coisas mais ofensivas que já saíram da boca de Donald Trump.
Esta segunda-feira, começa
o processo de audições de Amy Coney Barrett, que deve levar à sua nomeação
para juíza do Supremo Tribunal Federal, substituíndo Ruth Bader Ginsburg,
falecida há umas semanas. Aqui fica um perfil da juíza conservadora, feito pelo NYT.
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro
Os números da pandemia estão a revelar-se mais preocupantes, com dias sucessivos acima dos mil novos casos de infectados. O recorde de 1646 casos foi batido este sábado (ainda não tinha surgido um dia assim nesta pandemia). Os próximos tempos não se afiguram nada fáceis. Aqui tem gráficos e mapas para perceber o que se passa.
FÁTIMA. Depois das peregrinações do 13 de Maio e do 13 de Agosto, esta noite
Fátima recebe a habitual peregrinação do 13 de Outubro. No último fim de semana
o Expresso entrevistou o Bispo de Setúbal e presidente da Conferência Episcopal
Portuguesa. Uma conversa que vale a pena ler, aqui, aqui e aqui.
Marcelo voltou a falar na necessidade de se ajustarem os festejos
natalícios este ano, em face da pandemia.
Têm surgido mais casos em escolas nos últimos dias. Aqui tem um
guia que explica o que fazer nesses casos.
De tempos a tempos, voltamos a ouvir falar do SIRESP,
o sistema de comunicações de emergência. Normalmente, não é por boas razões.
Como agora, em que ficámos a saber que há 86 estações-base que estão em mau
estado de conservação.
É já daqui a dois fins de semana que os açorianos
vão às urnas para escolher os deputados regionais e quem os vai
governar. O PS parte na frente, isto apesar de já está no poder há 24 anos nas
nove ilhas.
Lá Fora
Se cá dentro a situação inquieta, lá fora o panorama não é nada tranquilizador.
Os números da covid-19 não param de aumentar, um pouco por todo o lado, e a
pandemia já fez (contabilizados oficialmente) 1.074.055
mortos.
Nos países
europeus, a situação em Espanha, Reino Unido, Itália, França ou República
Checa é cada vez mais grave.
Reino Unido. Perante o agravamento da situação da pandemia no país, o primeiro-ministro Boris Johnson fala hoje ao país e deverá anunciar novas medidas restritivas, nomeadamente afetando pubs e bares.
Se por cá temos o primeiro
ministro infetado, no governo da Europa, a Comissão Europeia, temos também a
primeira comissária infetada, a búlgara Maryia
Gabriel.
Depois de florescer nos Estados Unidos, o movimento QAnon,
recheado de teorias da conspiração mirabolantes (de Kennedy ainda está vivo
para cima) chega agora em força à Europa, nomeadamente à Alemanha.
A Coreia
do Norte voltou aos desfiles militares, e para dar a conhecer um
míssil ainda maior do que aqueles que já tinha.
Depois dos protestos e violência no país na última semana, um acordo fez com
que fosse escolhido como novo primeiro-ministro do Quirguistão Sadyr
Japarov. Aliás, toda a Ásia Central volta a estar um verdadeiro caldeirão nesta
altura.
João
Lourenço, presidente de Angola, deu uma entrevista a um jornal
norte-americano e revelou que o Estado angolano foi prejudicado em mais de 20
mil milhões de euros pela política de delapidação do erário público nos últimos
anos.
A morte
de um cidadão espanhol nas filipinas está a levantar dúvidas em
Espanha, por se desconfiar da versão da polícia das Filipinas.
APPLE. Espera-se para esta terça-feira o anúncio de um novo Iphone pela
companhia fundada por Steve Jobs.
Depois dos Nobel conhecidos na última semana, que culminaram com a
entrega do da Paz ao Programa Alimentar Mundial, hoje é a vez de serem
conhecidos os vencedores na área da Economia.
TRIBUNA
Já ali acima falámos de futebol e do jogo da selecção nacional. Mas o fim de semana foi incrível em termos desportivos, com novo vencedor na NBA, um recorde para Nadal, os portugueses em grande na Volta à Itália e novo máximo para Lewis Hamilton na Fórmula 1.
NBA. Esta madrugada, os Los
Angeles Lakers bateram os Miami Heat, na sexta partida das finais,
conseguindo obter o 17º anel de campeão norte-americano de basquetebol. Para a
lenda Le Bron James, este foi o quarto título.
Ténis.
Rafael Nadal, outra lenda, igualou este domingo o número de troféus do
Grand Slam ganhos por Djokovic ao bater este na terra batida de Roland Garros.
Ciclismo.
João Almeida mantém a camisola rosa de líder do Giro de Itália e a
etapa deste domingo teve nova surpresa portuguesa, com outro ciclista nacional
a vencer a etapa.
Fórmula
1. Lewis Hamilton não só voltou a vencer como igualou a mítica marca
de vitórias em grandes prémios que pertencia ao alemão Michael Schumacher.
Automobilismo.
Filipe Albuquerque conquistou o mais importante campeonato europeu de
resistência.
FRASES
"Foi um jogo muito equilibrado, um jogo muito cauteloso em termos
ofensivos", Fernando Santos, no final do França-Portugal
"Concluir o processo legislativo de criação de novas freguesias a seis
meses das autárquicas é pouco sensato, por permitir que se instale a dúvida
sobre o critério e oportunidade das mesmas", Amílcar Correia, Público
"Os partidos saíram do hemiciclo a abarrotar: Foram tantas as respostas
que não era possível ainda sentir fastio", Sónia Sapage, Público
O QUE ANDO A LER
DUARTE LIMA. Além do texto sobre Trump que referi mais acima, outra das
minhas leituras longas deste fim de semana veio precisamente do Expresso (é
verdade, não consigo ler tudo o que é publicado em detalhe antes de sábado,
nomeadamente na Revista). Ainda se lembra da morte de Rosalina (viúva do
multimilionário Tomé Feteira) no Brasil e das suspeitas sobre Duarte Lima? O
caso, investigado ao longo de uma década, acaba de chegar às mãos da justiça portuguesa
e é
contado aqui, com detalhe e maestria, nesta peça de jornalismo que foi
publicada por cá mas, ouso dizê-lo, podia ser em qualquer grande publicação
internacional.
Vamos ao que me tem ocupado em matéria de livros. Já ando com o último de Mário
Vargas Llosa, o meu escritor dos escritores, debaixo do braço, mas dele falarei
num próximo Curto.
ELENA FERRANTE
Quero falar-vos do mais recente romance de Elena Ferrante, que depois de me ter prendido há uns anos com a tetralogia da Amiga Genial, agora regressa com a Vida Mentirosa dos Adultos. A mesma geografia, Nápoles, as mesmas vivências sociais e ambientes. Mas sobretudo a mesma excelência na construção da densidade das personagens femininas que nos amarram do início ao fim. Em vez de Lila e Lenu, agora é Gianni e o seu crescimento e entrada na idade adulta, os seus dramas, anseios, desejos e revoltas. Altamente recomendável e particularmente viciante. Aplausos a Ferrante, seja lá quem ela for...
Caro leitor, fico por aqui.
Não esqueça, uma vez mais, que hoje e nos próximos dias pode acompanhar toda a actualidade noticiosa, em particular tudo o que diz respeito ao Orçamento de Estado para 2021, e o que vai implicar com o seu bolso, aqui no seu Expresso.
Tenha uma excelente semana
Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a
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