E pediu: "Sejamos civilizados"
O candidato democrata teve a expectativa de ter a corrida resolvida, mas os progressos não foram suficientes. Acabou por falar aos apoiantes, prometendo trabalhar já no processo de transição, sugerindo a Trump que baixe a tensão. Sem o referir. "Espero falar convosco amanhã" (sábado), anunciou
oe Biden apareceu ao lado de Kamala Harris, perante mais de 1000 apoiantes estacionados no parque automóvel à frente da sua sede de campanha. Mas ainda não podia fazer a declaração de vitória, como chegou a prever ao início da tarde - os últimos números foram bons para ele, mas não lhe entregaram a vitória. E teve de manter quentes os apoiantes sem fazer o mesmo que acusa Trump de fazer, anunciar-se vencedor sem haver dados fechados da eleição.
"Não temos uma declaração final de vitória ainda, mas os números dizem-nos que é claro: vamos ganhar esta corrida", disse, discorrendo sobre os dois estados em que recuperou a liderança em 24 horas: Georgia e Pensilvânia. Lembrando que está "a ganhar Arizona e Nevada", valorizou a vitória como nacional: "Olhem para os números nacionais, vamos ganhar com uma maioria clara. 74 milhões. É mais do que algum presidente conseguiu na história da América, mais 4 milhões que Presidente Trump! E reconstruímos o blue wall: Pensilvania, Michigan, Wisconsin", três estados que Trump ganhou aos Democratas em 2016.
Biden repetiu o apelo à tranquilidade do dia anterior (e do anterior a esse): a de que cada voto "não são só números, são pessoas que querem fazer ouvir a sua voz".
Mas o ex-vice-Presidente de Obama trazia outra mensagem: "Não vamos ficar à espera para fazer o nosso trabalho", disse aos apoiantes, ao país, numa referência à longa litigação que Trump promete fazer aos resultados. Justificou a pressa com os números da pandemia que estão a disparar ("são 240 mil cadeiras vazias por toda a América, nunca poderemos medir essa dor. Não estão sozinhos, os nossos corações partem com os vossos. Não podemos salvar as vidas perdidas, mas podemos salvar ainda muitas").
Também por causa da crise económica ("Com 200 milhões desempregados, milhões estão preocupados com o pagamento da renda, com a comida que é preciso pôr na mesa").
Daí que Biden diga estar a preparar um plano de ação contra a pandemia, também um plano de investimento na economia, prometendo "uma recuperação forte".
À resistência de Donald Trump, que todos os dias fala de "fraude eleitoral", Biden voltou a responder com apaziguamento: "Sabemos que as tensões estão fortes, lembrem-se que devemos estar calmos, pacientes, deixar o processo prosseguir. O seu voto vai ser contado. Não vou deixar acontecer" o contrário, garantiu. Para acrescentar uma declaração simbólica: "Na América temos grandes desentendimentos, mas isso está ok. São sinal de um vigoroso debate. Mas o propósito da política é resolver problemas, garantir justiça, dar a todos uma oportunidade. Somos opositores, mas não inimigos. A política não é uma guerra partidária."
Com foco no Presidente Trump, Biden fechou com uma espécie de apelo: "A grande maioria dos votantes quer que concordemos em ser civilizados. Acabar com a raiva. Sarar as feridas".
Não vai ser fácil, admitiu. "Mas vamos trabalhar arduamente pelos que votaram contra mim e pelos que votaram em mim."
Ficou ainda a promessa: "Espero falar convosco amanhã". Se os estados em contagem de votos ajudarem a uma declaração de vitória.
David Dinis | Expresso | Imagem: Derew Angerer
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