Paulo Baldaia | TSF | opinião
Democracia, sendo o regime em que o povo é soberano, exige que se respeitem as decisões do povo. Mas em democracia não pode haver racismo, nem pessoas que fazem propostas racistas em nome das pessoas que lhe deram o voto. Mas, se tirarmos a essas pessoas o direito de representar as pessoas que votaram nelas, estaremos nós próprios a agir como elas.
A maneira que as democracias encontraram de resolver estes problemas é ir tolerando o que não deve ser tolerado, até a um ponto em que passe a ser intolerável.
Para muita gente é intolerável, em Democracia, ter num governo um partido que seja manifestamente racista e xenófobo. Não é preciso que esse partido faça aprovar propostas racistas e xenófobas ou outras que vão contra tudo o que faz de nós pessoas civilizadas, como não permitir a pena de morte ou a castração química. Basta que contaminem o espaço público de debate com idiotices destas para não ser desejável tê-los em lugares de poder.
Vem isto a propósito da grande vontade social-democrata açoriana em formar governo com o apoio parlamentar do Chega. Ainda não é para os levar para o poleiro, mas é para os deixar meter o pé na porta e deixar que entre uma corrente de ar que pode bem contaminar os que lhes dão a mão com vírus antidemocráticos. Parece pouco, mas não é. Estes avisos ao PSD, nos Açores e no país todo, devem ser feitos com tempo. Bem sabemos que é a matemática que forma as maiorias e que elas começam em 50% mais um, mas há uma ideia de democracia que deve estar sempre presente, nenhum autoritarismo ou injustiça são aceitáveis, mesmo quando nos são apresentados como única forma de defender a Democracia. Aqui, na América ou em qualquer parte do mundo.
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