sábado, 25 de abril de 2020

Portugal | 25 DE ABRIL CONTRA A INVERNIA


Manuel Carvalho Da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Evoquemos e comemoremos institucionalmente e nas formas que nos for possível "o dia mais puro e limpo" da história do povo português nos últimos séculos.

Preparemo-nos para combates prementes. Temos consciência dos desafios difíceis que enfrentamos e sabemos que austeridade é uma palavra maldita: tanto pode significar uma virtude como (em regra) um castigo. Nas últimas semanas proliferam analistas e políticos que clamam por austeridade no que a palavra carrega de doloroso. Outros, inclusive alguns governantes, fogem da palavra de forma hesitante. Anseiam encontrar qualquer coisa parecida que não assuste.

Dizem-nos que nenhum governante deseja a austeridade. É uma afirmação tão falsa quanto dizer que qualquer patrão gostava de pagar melhores salários. Quando os governantes executam cortes orçamentais sabem muito bem que diminuem as condições de saúde, a proteção social, as pensões de reforma, a educação e formação, a efetividade da justiça, a capacidade de investimento. Sabem que políticas de desvalorização interna reduzem salários e direitos no trabalho, transferindo riqueza e poder do trabalho para o capital.

Trazer à memória dos portugueses os valores e o programa do 25 de Abril, a intervenção criadora e democrática dos trabalhadores e do povo e o percurso feito constitui um exercício político muito útil a todos os que se batem pelas liberdades e pela democracia, pela soberania, pelo desenvolvimento da sociedade. Merece uma saudação pública o presidente da Assembleia da República, que tem lembrado com muita objetividade que a emergência jamais pode suspender a democracia. Se a Assembleia da República está a funcionar, e bem, como admitir a não celebração institucional do 25 de Abril aí no Parlamento?

A pandemia que nos está a aprisionar é um acontecimento histórico de condições inéditas. Vão acontecer mudanças, provavelmente profundas, que serão positivas ou negativas, conforme as políticas que formos capazes de executar à escala mundial e, em particular, em cada país.

Democratizar é preciso porque o poder financeiro e económico se sobrepõe ao poder político representativo e a justiça também se lhe submete em muitos casos; porque em muitas empresas e serviços a democracia não passa do portão da entrada; porque as desigualdades são gritantes e as ruturas e disfunções das relações entre gerações preocupantes; porque o poder é pouco descentralizado e proliferam assimetrias.

A descolonização reivindicada em 1974 foi cumprida e bem geridos pela sociedade os seus duros impactos. Hoje o conceito desperta-nos para o desafio de conquistarmos mais soberania face à União Europeia e perante "os mercados". De conquistar soberania para as pessoas aprisionadas nas precariedades, nos falsos determinismos tecnológicos, na falta de tempo porque o controlo deste bem primordial nos está a ser roubado.

A luta pelo desenvolvimento está mais exigente. Há que reorientar a economia. Garantir a produção de bens essenciais de que precisamos e bases para se assegurar os direitos fundamentais das pessoas. Se houver coragem política os cortes orçamentais não serão uma inevitabilidade. Há soluções de monetização da despesa pública, e da própria dívida, que podem evitar o agravamento desta.

Travemos a invernia europeia e nacional.

*Investigador e professor universitário

Este homem desfilou sozinho em Lisboa...com Portugal às costas


Um homem desfilou este sábado na Avenida da Liberdade, em Lisboa, com um grande bandeira de Portugal e alguns cravos vermelhos. De fato aprumado, e com PSP na rua, para controlar o trânsito e a afluência de pessoas, o homem cumpriu a tradição de milhares no Dia da Liberdade.

25 de Abril de 2020 vai ficar nas páginas da História. O Parlamento teve uma presença mínima de convidados e deputados na sessão solene da efeméride durante a manhã. Muitos, por Portugal fora, responderam ao apelo de Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, e às 15 horas foram às varandas cantar a "Grândola Vila Morena", senha da revolução imortalizada por Zeca Afonso. A pandemia da Covid-19 explica a diferença face a outros anos.


Pela lente de José Sena Goulão, da Agência Lusa, um homem desfilou às 15 horas numa Avenida da Liberdade deserta, em Lisboa. Sem carros, pessoas e só com a presença de agentes da autoridade. A bandeira gigante de Portugal pinta o quadro de uma avenida vazia, mas que todos os anos se enche de milhares de pessoas para festejar a liberdade e a democracia. Este ano, a pandemia obrigou a que ficasse sem gente e cravos vermelhos.

Rita Neves Costa | Jornal de Notícias | Imagens: José Sena Goulão

HOJE: Mais 26 mortes por Covid-19 em Portugal. São 880 no total


Nas últimas 24 horas morreram 26 pessoas com Covid-19 em Portugal, uma ligeira descida do número de óbitos face aos últimos dias. Registaram-se 595 novos casos de infeção.

Com mais 595 casos detetados, são agora 23392 os doentes afetados pela pandemia em Portugal, segundo os números do boletim da DGS, enviado este sábado às redações.

Morreram 26 infetados nas últimas 24 horas. De acordo com a ministra da Saúde, Marta Temido, a taxa de letalidade da doença é de 3,8%, subindo para os 13,6% em pessoas acima dos 70 anos

O número de doentes internados voltou a descer. São agora 1040 (ontem eram 1068 e, na quinta-feira, 1095), sendo que há 186 pessoas nos cuidados intensivos.


O número de casos recuperados subiu para 1277, sendo que esta sexta-feira era de 1228.

Morreram mais homens (441 ) do que mulheres (439) e a maioria tinha mais de 80 anos (591).

A região Norte continua a ser a mais afetada (com 502 mortos e 14072), seguindo-se a região Centro (188 óbitos) e a região de Lisboa e Vale do Tejo (170). O Algarve regista 11 mortos e o Alentejo uma vítima mortal. Nos Açores, morreram oito infetados.

Desde 1 de janeiro deste ano, Portugal contabilizou mais de 23 mil casos suspeitos de infeção pelo novo coronavírus.

Mariana Albuquerque | Jornal de Notícias | Imagem: Leonel de Castro / Global Imagens

Não sabe cantar a Grândola, Vila Morena?


Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Letra e música: Zeca Afonso

Viva Salgueiro Maia e seu «estilo» muito pessoal… Viva o 25 de Abril, sempre!


João Rodrigues* | AbrilAbril | opinião

A Revolução dos Cravos não teria avançado sem a adesão incondicional, vibrante e entusiasta do Povo de Lisboa sublevado desde as primeiras horas da manhã, mas também foi decisiva a acção de Salgueiro Maia, com as suas características pessoais.

Estamos no ano das comemorações dos 45 Anos do 25 de Abril de 1974, e da nossa Revolução dos Cravos. No prazo útil de uma vida, é já muito ano mas – a luta continua!

Quanto à acção em concreto, na madrugada, manhã e tarde de 25 de Abril, já muito se escreveu embora nem sempre bem, nem sempre com rigor em relação aos factos ou em relação a protagonistas.

Da nossa parte e como testemunha muito próxima daquilo que foi acontecendo desde 23 de Abril, para não ir mais atrás, afirmamos que a acção militar desencadeada de 24 para 25 de Abril pelo heróico Movimento dos Capitães, essa acção militar revoltosa só teve o sucesso conhecido porque foi acompanhada e «levada ao colo» pelo Povo de Lisboa e da «Margem Esquerda do Tejo». E isso aconteceu logo desde cedo, sobretudo a partir das oito horas da manhã, no Terreiro do Paço e, daí, pelas ruas de Lisboa até ao Convento/Quartel do Carmo e até à capitulação deste e dos fascistas, PIDE-DGS incluída, no dia 25 de Abril.

Sim, apesar da revolta militar, armada, a Revolução dos Cravos não teria avançado sem a adesão incondicional, vibrante e entusiasta do Povo de Lisboa sublevado quase espontaneamente desde as primeiras horas da manhã. E decisiva continuou a ser, nos dias seguintes, a adesão em crescendo do Povo Português até ao glorioso 1.º de Maio de 1974!

Direi mesmo que no dia 25 de Abril, sem o apoio extraordinário manifestado pelo Povo nas ruas de Lisboa, as forças militares que estavam a encabeçar a Revolução teriam sido derrotadas ainda nesse mesmo dia logo que os fascistas se tivessem reorganizado e contra-atacado em força. E seriam derrotadas não porque não houvesse nelas quem estivesse disposto a morrer pela Revolução desencadeada mas porque a força das tropas sublevadas tinha algum poder de fogo concentrado em (apenas…) dois ou três carros blindados mas, feitas todas as contas e perante o que estava em jogo, era mais um bluff que outra coisa, o poder efectivo das forças à disposição directa de Salgueiro Maia que, aliás, passou o dia a fazer bluff em torno disso mesmo…

E sendo verdade que em Santarém se mantiveram tropas significativas, aquarteladas e de «prevenção rigorosa» dentro da Escola Prática de Cavalaria (EPC) para combaterem, caso fosse forçada a voltar para trás a coluna militar que seguiu para Lisboa sob comando directo de Salgueiro Maia, apesar desse «plano B» de contingência, a eventual capacidade de combate «revoltoso» continuava reduzida em meios bélicos e em homens.

Os fascistas foram apanhados «a dormir», tanto que não acreditaram naquilo que começou a acontecer na noite de 24 para 25 de Abril com a saída, dos quartéis para a rua, das primeiras tropas revoltadas as quais, por exemplo, puderam ir de Santarém até Lisboa sem encontrar pela frente quem, pelo menos, lhes perguntasse o que andavam a fazer e para onde iam naqueles preparos e àquelas horas… E ainda bem que assim foi!

Salgueiro Maia teve o papel individual mais decisivo no comando operacional das tropas sublevadas

É sabido que, claro, foi da maior importância operacional aquilo que se passou a partir do Quartel da Pontinha e «Posto de Comando das Forças Armadas», onde estiveram Otelo Saraiva de Carvalho e outros mais a comandar as acções militares (conjuntas) do Movimento dos Capitães em 25 de Abril.

Mas, na rua, afinal onde mais «cheirou a pólvora», acabou por ser decisiva a acção individual de Salgueiro Maia com as suas características pessoais – em que também já havia preparação política – à frente da coluna militar que comandou desde Santarém e da EPC. E foi essa uma acção de comando particularmente ágil, determinada e decisiva, no Terreiro do Paço e no Largo do Carmo.

Salgueiro Maia esteve sempre na máxima tensão – embora aparentemente calmo e confiante, por vezes até irónico – fosse quando empunhava a sua espingarda G3, fosse quando empunhava o megafone ou o rádio transmissor-receptor, fosse mesmo quando ficou na mira das metralhadoras do tanque de guerra que ele «enfrentou» na Ribeira das Naus, ou na mira das peças daquela fragata da Marinha, no Tejo, que chegaram a estar apontadas bem de frente para o Terreiro do Paço.

Entretanto, Salgueiro Maia manteve sempre um objectivo operacional central e que foi o de «não se derramar sangue» e isso evitou ele por várias vezes. Por exemplo, ele não permitiu que se abrisse fogo contra um brigadeiro – cretino e fascista – que passou a manhã, no Terreiro do Paço e ruas adjacentes, a fazer tudo para travar pelo menos uma bala com a testa, pois chegou a mandar disparar tiros contra as forças revoltosas… E o merecimento era mesmo o de ter sido abatido, na hora.

Salgueiro Maia e o seu núcleo principal de comando eram militares profissionais e tinham experiência de combate em África, o que também ajudou. Mantiveram-se firmes e coesos.
Mas Salgueiro Maia era diferente. Para já, era casado mas, à data, não tinha filhos ou seja, estava mais «solto» do ponto de vista familiar e comparativamente com outros seus Camaradas. Portanto, ele estava completamente predisposto ao que desse e viesse.

Salgueiro Maia era um militar profissional e nunca perdeu essa postura

A 24 de Abril, ainda no quartel da Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, a seguir ao jantar, Salgueiro Maia impediu que uma equipa operacional pré-formada – onde também estavam militares milicianos ou seja, não-profissionais – prendesse o então segundo comandante da EPC, um tenente-coronel que, ao início da noite de 24 de Abril, resolveu voltar para dento do quartel onde quis assumir o comando, para tentar contrariar a ideia da saída das tropas da EPC para a Revolução.

Então, quando Salgueiro Maia e outros oficiais (subalternos) de carreira da EPC estavam com o seu segundo comandante em clima de grande tensão – o homem tentou resistir – dentro da sala de comando, Maia veio à porta dessa sala impedir que os milicianos, da tal equipa pré-formada para esse fim, entrassem a prender e a retirar da sala, à força, o segundo comandante, tarefa que acabou por ficar a cargo, apenas, de oficiais, militares de carreira, que se encontravam dentro da sala.

Mais tarde, ouvimos de um outro oficial do quadro profissional a explicação para a inusitada intervenção de Salgueiro Maia. Assim, ele não quis que milicianos (militares não-profissionais) praticassem ou sequer vissem aquilo que a tropa não pode permitir, aquilo que foi um acto de pura «quebra da cadeia de comando», de insubordinação muito grave perante um tenente-coronel e segundo comandante da EPC, por parte de oficiais de carreira seus subordinados. Ora, isto é um exemplo, por nós testemunhado, da mentalidade militar – embora não militarista – de Salgueiro Maia… e outros exemplos disso houve, mais tarde.

Salgueiro Maia preparou-se para se fazer explodir caso o fizessem prisioneiro

Mas Maia também estava disposto a tudo, mesmo ao seu próprio «sacrifício», no dia 25 de Abril!

A dada altura, durante a manhã, Salgueiro Maia avançou até ficar frente a um pesado tanque de Guerra que viera ao Terreiro do Paço enfrentar as tropas sublevadas. A providência e a acção corajosa de alguns dos militares que estavam nesse Tanque – e que desobedeceram a ordens expressas de oficiais, como o tal Brigadeiro, para abrirem fogo – salvaram a vida a Maia e, por certo, a outros dos seus camaradas, e evitaram o deflagrar generalizado do tiroteio com consequências imprevisíveis mas certamente dramáticas…

À tarde, já no Largo do Carmo, Salgueiro Maia ofereceu resistência «passiva» a ordens expressas de Otelo Saraiva de Carvalho para abrir fogo, «com tudo», para fazer render o Quartel do Carmo onde se entrincheirou Marcelo Caetano sob protecção da GNR. Havia o receio de que, com a grande demora que se verificava na rendição do Quartel do Carmo e de Marcelo Caetano, se processasse um contra-ataque forte por parte de forças militares – por onde andaria a Aviação, nessa altura?... – ao serviço dos fascistas. Na pressão, Maia até mandou abrir fogo, a rajada de metralhadora, mas apenas sobre a fachada do Quartel do Carmo. Terá ainda mandado fazer fogo a um carro blindado que se posicionara bem de frente para o Quartel do Carmo, mas o oficial miliciano que comandava directamente esse blindado «fez de conta» que não ouviu a ordem (dada por megafone) para abrir fogo, com a peça grande, sobre o quartel. E ainda bem que a peça não cuspiu a granada que tinha municiada, a qual teria provocado grandes danos no Quartel mas também teria feito «chover» estilhaços muito perigosos sobre aquela gente toda que se apinhava por ali à volta, no Largo do Carmo.

Era aquela preocupação geral em torno do «evitar o derramamento de sangue».

Então, a dada altura e para um quase desespero dos seus Camaradas de comando, Maia resolve entrar – sozinho – no Quartel do Carmo, «escoltado» por um oficial da GNR seu conhecido, que viera a uma porta lateral do Quartel do Carmo a conferenciar com Maia dentro da perspectiva – soube-se a seguir – de o convencer a entrar dentro do Quartel para ir falar directamente com Marcelo Caetano, o que Maia logo se mostrou disposto a fazer.

Os camaradas adjuntos de Salgueiro Maia ficaram em «pânico» e tentaram, em vão, dissuadi-lo dessa «aventura», pois ele ia correr perigo de vida. De imediato, mal entrasse, o mais provável era ser feito prisioneiro e ameaçado de morte caso as forças que ele comandava e que ocupavam o Largo do Carmo, não fossem de lá para fora e rapidamente. E então, numa circunstância dessas, por exemplo, vendo uma ameaçadora arma encostada à cabeça do seu comandante, que fariam, sob uma pressão desse tipo, as tropas de Maia? Pois teriam que se ir embora dali, e lá se ia o golpe militar do 25 de Abril…

É debaixo dessa pressão brutal, e antes de entrar, que Salgueiro Maia proclama mais ou menos isto assim: «a mim ninguém me faz prisioneiro, que eu levo aqui no bolso duas granadas defensivas e, se necessário, faço-as rebentar antes de cair prisioneiro», e isto disse ele enquanto batia com a mão por cima do bolso «gordo» das calças da farda «n.º 3» que vestira ainda na EPC e logo concluía: «se eu não aparecer daqui a quinze minutos, rebentem isto tudo!», e indicava o Quartel do Carmo – que, como é sabido, acabou por não ser necessário «rebentar»…

É nesta tensão enorme, em que os nervos estalavam a quem mais se encontrava envolvido naquela situação, que Salgueiro Maia entrou no Quartel do Carmo onde, de facto, se avistou com Marcelo Caetano e de onde o veio a retirar, depois, dentro da chaimite Bula.
Felizmente, nem Salgueiro Maia foi feito prisioneiro nem precisou de fazer detonar as «suas» granadas defensivas – daquelas granadas que rebentam em estilhaços metálicos – que levou dentro do bolso.

Mas não tenho dúvidas nenhumas que, se tivesse sido necessário, se o tentassem fazer prisioneiro dentro do Quartel do Carmo (ou noutro lado qualquer), Salgueiro Maia teria mesmo feito rebentar as granadas e, ao rebentá-las, seria «rebentado» ele próprio, a seu próprio «mando».

Salgueiro Maia não decidiu sozinho o confronto a 25 de Abril mas condicionou-o muito

Sim, Salgueiro Maia esteve sempre decidido mesmo quando pareceu hesitar. Além de coragem física, já tinha preparação política e ideológica muito favorável para a ideia de pôr fim à ditadura fascista e à guerra colonial, para se abrir as portas à Democracia, o que lhe reforçava a convicção enquanto militar revoltoso!

Como comandante operacional das principais acções militares que se desenvolveram, na rua, no dia 25 de Abril, ele esteve sempre muito dentro dos acontecimentos e a «jogar» com eles, uns atrás dos outros. Aliás, por mais de uma vez esteve à frente da mira das armas «inimigas» que só não dispararam a matar sobre ele… porque assim não teve de ser! E apesar da valentia e coesão dos seus Camaradas de comando, as «coisas» não teriam corrido bem – não teriam corrido daquela forma notável e feliz – caso tivesse sido outro o comandante que não Salgueiro Maia!

Sim, por si só um Homem não decide a História mas pode condicioná-la. Salgueiro Maia foi o Militar e foi o Homem mais do que certo para aqueles momentos! «Escolhas» felizes e acertadas como essas acontecem raramente! O 25 de Abril de 1974 – com Salgueiro Maia à frente – é uma dessas «raridades»… Nós sabemos isso!
Honra e glória a Salgueiro Maia! 25 de Abril, sempre!

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*Fernando José Salgueiro Maia, um dos capitães do Exército Português que liderou as forças revolucionárias durante a Revolução de 25 de Abril de 1974, nasceu em Castelo de Vide a 1 de Julho de 1944. Em 2019 comemoram-se os 75 anos do seu nascimento.

Um 25 de Abril online. Costa vai deixar mensagem e abrir portas virtuais de São Bento


Este sábado, vai também ser possível enviar um cravo digital a um amigo

O primeiro-ministro vai deixar no sábado uma mensagem alusiva às comemorações do 46º aniversário do 25 de Abril, pelas 15h30 horas, e "abrirá" aos cidadãos, através da Internet, a residência oficial de São Bento.

Antes, pelas 10h00, António Costa estará presente na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, em que intervirão o presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, os representantes dos partidos e que será encerrada com um discurso do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.

Ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, desta vez, por causa da pandemia de covid-19, a residência oficial do primeiro-ministro estará fechada ao público.

"O 25 de Abril deve ser celebrado, mesmo este 25 de Abril, tão diferente dos outros", escreveu hoje o primeiro-ministro na sua conta pessoal na rede social Twitter.

António Costa acrescentou que, "como é tradição, a residência oficial do primeiro-ministro abre as suas portas" no sábado, "via online, para que os cidadãos entrem nesta casa que é de todos".

Depois da mensagem do primeiro-ministro, pelas 15:35, está prevista uma visita guiada à mostra "Design em São Bento".

De acordo com o gabinete do primeiro-ministro, "serão disponibilizados, nas mesmas plataformas online, vídeos com visitas virtuais guiadas às mostras de arte contemporânea e de design português que atualmente ocupam a residência oficial, "Arte em São Bento" e "Design em São Bento", com as respetivas curadoras: Bárbara Coutinho, diretora do MUDE-Museu do Design e da Moda e curadora do Design em São Bento; e Isabel Carlos, curadora da Arte em São Bento, com uma seleção de obras de artistas portugueses contemporâneos provenientes da Coleção Norlinda e José Lima.

No sábado, ainda segundo o gabinete do primeiro-ministro, será possível enviar um cravo por via digital pela "LiberdApp".

"Como este ano não podemos passar cravos de mão em mão, envie um cravo digital. Escolha um amigo e envie-lhe um cravo à janela ( aqui )", refere-se na nota difundida pelo gabinete do primeiro-ministro.

Ainda na tarde do 25 de Abril, pelas 16h30, passa um vídeo da Companhia Hotel Europa com a peça "Agora que não podemos estar juntos", tendo depoimentos de pessoas que resistiram à ditadura, focado nas relações amorosas e na esperança de liberdade.

Criada especificamente para as comemorações do 25 de Abril em 2020, a obra foi criada pela Companhia Hotel Europa, tendo sido em grande parte gravada nos jardins da residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, onde tradicionalmente se realizam comemorações da "Revolução dos Cravos".

Através de uma conversa por via digital, a agência Lusa falou com o criador artístico André Amálio e com três dos quatro diretores artísticos dos teatros nacionais de São Carlos, São João e D. Maria II, e da Companhia Nacional de Bailado, que responderam ao desafio de serem curadores do projeto lançado por António Costa para festejar os 46 anos da revolução.

"Essa luta antifascista não desapareceu e pode servir-nos de exemplo hoje, que estamos também em luta de um modo muito particular, estando isolados, sozinhos, a conviver de perto com o medo, tal como aqueles que resistiram à ditadura", comentou André Amálio.

Segundo os curadores, a obra em vídeo "Agora Que Não Podemos Estar Juntos" faz parte de um díptico que inclui ainda um espetáculo que será apresentado futuramente, quando os portugueses puderem novamente festejar juntos, e onde serão os próprios protagonistas a contar as suas histórias.

No filme, a Hotel Europa - companhia portuguesa que se tem dedicado à pesquisa de teatro documental - convidou artistas das áreas do teatro, música e dança, a interpretam testemunhos reais para refletir sobre a história portuguesa recente.

"Podemos recordar essa revolução quase mágica, que não provocou vítimas, as forças de resistência, o amor, e a esperança que, tal como então, hoje nos podem ajudar a ultrapassar esta situação tão difícil", salientou André Amálio.

No centro da reflexão vai estar "a forma como estas relações foram capazes de sobreviver à perseguição do Estado Novo, ao mesmo tempo que estavam na base da sustentabilidade dessa mesma luta política".

A resistência à ditadura será abordada neste vídeo sob diversos prismas e contará com testemunhos de pessoas que estiveram na clandestinidade, mas também das que fizeram parte dos movimentos de libertação das antigas colónias portuguesas e de pessoas que estavam a fazer a sua luta no exílio.

Segundo o criador, em paralelo, será ainda uma reflexão sobre "o amor e relações entre casais, entre pais e filhos, ou mesmo entre camaradas que, sem se conhecerem, mergulhavam juntos em novas identidades enquanto casal".

"É uma data importantíssima que não podemos deixar de festejar - o fim da mais longa ditadura da Europa - tão significativa para a população portuguesa", sublinhou, sobre a proposta que poderão ver sem sair de casa.

"Agora Que Não Podemos Estar Juntos", criação da Companhia Hotel Europa, tem curadoria de Elisabete Matos, Sofia Campos e Tiago Rodrigues, em conjunto com o diretor artístico do Teatro Nacional São João, Nuno Cardoso.

Como o Palacete de São Bento não vai poder, este ano, abrir as portas para a celebração do 25 de Abril, haverá visitas guiadas ´online´, nas mesmas plataformas digitais, às mostras de arte contemporânea e de design português que atualmente ocupam a residência oficial.

TSF | Lusa

Sessão reduzida na AR e Grândola à janela marcam celebrações do 25 de Abril


A pandemia de Covid-19 deixa ruas vazias nas celebrações do 25 de Abril. Em todo o mundo a doença já matou mais de 193 mil pessoas e infetou quase 2,8 milhões. Em Portugal, registam-se 854 óbitos.

Este sábado celebra-se a Revolução de Abril de 1974 sem ações de rua e sem atividades culturais em sala, por causa da Covid-19, mas há dezenas de propostas para festejar em casa e de olhos postos nas janelas digitais.

A Associação 25 de Abril apela a que os portugueses não esqueçam a importância da data, que pôs fim à ditadura, e que cantem, às 15h00, "às janelas ou às varandas", a música "Grândola, Vila Morena", de José Afonso, uma das senhas históricas da revolução.

Pouco depois, nas várias plataformas digitais do Governo, estrear-se-á o filme "Agora Que Não Podemos Estar Juntos", criado pela Companhia Hotel Europa, a partir de um desafio que o primeiro-ministro fez aos diretores dos teatros nacionais para celebrar a revolução.
Para o filme, a Companhia Hotel Europa convidou artistas do teatro, música e dança a interpretarem testemunhos reais relacionados com a história recente do país.

A mais longa celebração deverá ser protagonizada pela atriz Joana Craveiro, do Teatro do Vestido, que fará uma performance teatral de 12 horas nas ruas de Lisboa e em direto para a Internet.

Intitulada "E naquele dia saímos para uma cidade lavada e livre", a 'performance' percorrerá alguns dos locais históricos da revolução, e será intercalada com outros momentos culturais com quatro atores e um músico.

Para quem está confinado em casa, a Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT) pede que se coloquem cravos nas janelas, num tributo a Celeste Caeiro, "uma cidadã comum" que há 46 anos distribuiu aquela flor pelos militares em Lisboa.


Em Santarém, uma das poucas iniciativas de rua deste dia acontecerá às 12h00 com a colocação de uma coroa de flores junto à Estátua do Capitão de Abril Salgueiro Maia, no Jardim dos Cravos.

De tudo o que está marcado para este dia, com transmissão pela Internet, haverá, por exemplo, uma homenagem a José Mário Branco pela sala de espetáculos Musicbox, uma atuação em dupla - à distância - dos músicos Branko e Dino D'Santiago, e o Festival Liv(r)e, com atuações na página d'A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria de nomes como Clã, Galandum Galundaina e Pedro Mestre.

A discoteca Lux Frágil, de portas fechadas, preparou um set de música com Rui Vargas, Tiago Miranda, Pedro Ramos e Alcides DjAl, sob o lema "Uma máscara não é uma mordaça, nunca".


O Museu do Aljube partilhará pequenos vídeos com histórias e memórias relacionadas com a revolução, e o Centro de Teatro da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto estreará, também no Facebook, o 'web espetáculo de teatro' "Olhar fraterno - Tributo a Zeca Afonso".

Destaque ainda para a divulgação de um vídeo musical, no sábado, coordenado pelo Coral de Letras e pela Casa Comum da Universidade do Porto, com a participação de vários cidadãos a cantarem, individualmente, "Grândola, Vila Morena".

As autarquias da Marinha Grande e da Amadora transmitirão concertos gravados de Paulo de Carvalho, intérprete de "E depois do adeus", outra das senhas da revolução.

A galeria de arte urbana Underdogs assinalará a efeméride com uma ideia colaborativa, de projeção de imagens no espaço público.

O primeiro-ministro vai deixar uma mensagem alusiva às comemorações do 46º aniversário do 25 de Abril, pelas 15h30 horas, e "abrirá" aos cidadãos, através da Internet, a residência oficial de São Bento.

Antes, pelas 10h00, António Costa estará presente na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, em que intervirão o presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, os representantes dos partidos e que será encerrada com um discurso do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.

Ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, desta vez, por causa da pandemia de Covid-19, a residência oficial do primeiro-ministro estará fechada ao público.

"O 25 de Abril deve ser celebrado, mesmo este 25 de Abril, tão diferente dos outros", escreveu o primeiro-ministro na sua conta pessoal na rede social Twitter.

TSF | Lusa

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