Este sábado, vai também ser
possível enviar um cravo digital a um amigo
O primeiro-ministro vai deixar no
sábado uma mensagem alusiva às comemorações do 46º aniversário do 25 de Abril,
pelas 15h30 horas, e "abrirá" aos cidadãos, através da Internet, a
residência oficial de São Bento.
Antes, pelas 10h00, António Costa
estará presente na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da
República, em que intervirão o presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, os
representantes dos partidos e que será encerrada com um discurso do chefe de
Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Ao contrário do que aconteceu em
anos anteriores, desta vez, por causa da pandemia de covid-19, a residência
oficial do primeiro-ministro estará fechada ao público.
"O 25 de Abril deve ser
celebrado, mesmo este 25 de Abril, tão diferente dos outros", escreveu
hoje o primeiro-ministro na sua conta pessoal na rede social Twitter.
António Costa acrescentou que,
"como é tradição, a residência oficial do primeiro-ministro abre as suas
portas" no sábado, "via online, para que os cidadãos entrem nesta
casa que é de todos".
Depois da mensagem do
primeiro-ministro, pelas 15:35, está prevista uma visita guiada à mostra
"Design em São Bento".
De acordo com o gabinete do
primeiro-ministro, "serão disponibilizados, nas mesmas plataformas online,
vídeos com visitas virtuais guiadas às mostras de arte contemporânea e de
design português que atualmente ocupam a residência oficial, "Arte em São
Bento" e "Design em São Bento", com as respetivas curadoras:
Bárbara Coutinho, diretora do MUDE-Museu do Design e da Moda e curadora do
Design em São Bento; e Isabel Carlos, curadora da Arte em São Bento, com uma
seleção de obras de artistas portugueses contemporâneos provenientes da Coleção
Norlinda e José Lima.
No sábado, ainda segundo o
gabinete do primeiro-ministro, será possível enviar um cravo por via digital
pela "LiberdApp".
"Como este ano não podemos
passar cravos de mão em mão, envie um cravo digital. Escolha um amigo e
envie-lhe um cravo à janela ( aqui )", refere-se na nota difundida pelo
gabinete do primeiro-ministro.
Ainda na tarde do 25 de Abril,
pelas 16h30, passa um vídeo da Companhia Hotel Europa com a peça "Agora
que não podemos estar juntos", tendo depoimentos de pessoas que resistiram
à ditadura, focado nas relações amorosas e na esperança de liberdade.
Criada especificamente para as
comemorações do 25 de Abril em 2020, a obra foi criada pela Companhia Hotel
Europa, tendo sido em grande parte gravada nos jardins da residência oficial do
primeiro-ministro, em Lisboa, onde tradicionalmente se realizam comemorações da
"Revolução dos Cravos".
Através de uma conversa por via
digital, a agência Lusa falou com o criador artístico André Amálio e com três
dos quatro diretores artísticos dos teatros nacionais de São Carlos, São João e
D. Maria II, e da Companhia Nacional de Bailado, que responderam ao desafio de
serem curadores do projeto lançado por António Costa para festejar os 46 anos
da revolução.
"Essa luta antifascista não
desapareceu e pode servir-nos de exemplo hoje, que estamos também em luta de um
modo muito particular, estando isolados, sozinhos, a conviver de perto com o
medo, tal como aqueles que resistiram à ditadura", comentou André Amálio.
Segundo os curadores, a obra em
vídeo "Agora Que Não Podemos Estar Juntos" faz parte de um díptico
que inclui ainda um espetáculo que será apresentado futuramente, quando os
portugueses puderem novamente festejar juntos, e onde serão os próprios
protagonistas a contar as suas histórias.
No filme, a Hotel Europa -
companhia portuguesa que se tem dedicado à pesquisa de teatro documental -
convidou artistas das áreas do teatro, música e dança, a interpretam
testemunhos reais para refletir sobre a história portuguesa recente.
"Podemos recordar essa
revolução quase mágica, que não provocou vítimas, as forças de resistência, o
amor, e a esperança que, tal como então, hoje nos podem ajudar a ultrapassar
esta situação tão difícil", salientou André Amálio.
No centro da reflexão vai estar
"a forma como estas relações foram capazes de sobreviver à perseguição do
Estado Novo, ao mesmo tempo que estavam na base da sustentabilidade dessa mesma
luta política".
A resistência à ditadura será
abordada neste vídeo sob diversos prismas e contará com testemunhos de pessoas
que estiveram na clandestinidade, mas também das que fizeram parte dos
movimentos de libertação das antigas colónias portuguesas e de pessoas que
estavam a fazer a sua luta no exílio.
Segundo o criador, em paralelo,
será ainda uma reflexão sobre "o amor e relações entre casais, entre pais
e filhos, ou mesmo entre camaradas que, sem se conhecerem, mergulhavam juntos
em novas identidades enquanto casal".
"É uma data importantíssima
que não podemos deixar de festejar - o fim da mais longa ditadura da Europa -
tão significativa para a população portuguesa", sublinhou, sobre a proposta
que poderão ver sem sair de casa.
"Agora Que Não Podemos Estar
Juntos", criação da Companhia Hotel Europa, tem curadoria de Elisabete
Matos, Sofia Campos e Tiago Rodrigues, em conjunto com o diretor artístico do
Teatro Nacional São João, Nuno Cardoso.
Como o Palacete de São Bento não
vai poder, este ano, abrir as portas para a celebração do 25 de Abril, haverá visitas
guiadas ´online´, nas mesmas plataformas digitais, às mostras de arte
contemporânea e de design português que atualmente ocupam a residência oficial.
TSF | Lusa
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