A pandemia de Covid-19 deixa ruas
vazias nas celebrações do 25 de Abril. Em todo o mundo a doença já matou mais
de 193 mil pessoas e infetou quase 2,8 milhões. Em Portugal, registam-se 854
óbitos.
Este sábado celebra-se a
Revolução de Abril de 1974 sem ações de rua e sem atividades culturais em sala,
por causa da Covid-19, mas há dezenas de propostas para festejar em casa e de
olhos postos nas janelas digitais.
A Associação 25 de Abril apela a
que os portugueses não esqueçam a importância da data, que pôs fim à ditadura,
e que cantem, às 15h00, "às janelas ou às varandas", a música
"Grândola, Vila Morena", de José Afonso, uma das senhas históricas da
revolução.
Pouco depois, nas várias
plataformas digitais do Governo, estrear-se-á o filme "Agora Que Não
Podemos Estar Juntos", criado pela Companhia Hotel Europa, a partir de um
desafio que o primeiro-ministro fez aos diretores dos teatros nacionais para
celebrar a revolução.
Para o filme, a Companhia Hotel
Europa convidou artistas do teatro, música e dança a interpretarem testemunhos
reais relacionados com a história recente do país.
A mais longa celebração deverá
ser protagonizada pela atriz Joana Craveiro, do Teatro do Vestido, que fará uma
performance teatral de 12 horas nas ruas de Lisboa e em direto para a Internet.
Intitulada "E naquele dia
saímos para uma cidade lavada e livre", a 'performance' percorrerá alguns
dos locais históricos da revolução, e será intercalada com outros momentos
culturais com quatro atores e um músico.
Para quem está confinado em casa,
a Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT) pede que se coloquem
cravos nas janelas, num tributo a Celeste Caeiro, "uma cidadã comum"
que há 46 anos distribuiu aquela flor pelos militares em Lisboa.
Em Santarém, uma das poucas
iniciativas de rua deste dia acontecerá às 12h00 com a colocação de uma coroa
de flores junto à Estátua do Capitão de Abril Salgueiro Maia, no Jardim dos
Cravos.
De tudo o que está marcado para
este dia, com transmissão pela Internet, haverá, por exemplo, uma
homenagem a José Mário Branco pela sala de espetáculos Musicbox, uma atuação em
dupla - à distância - dos músicos Branko e Dino D'Santiago, e o Festival
Liv(r)e, com atuações na página d'A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria de
nomes como Clã, Galandum Galundaina e Pedro Mestre.
A discoteca Lux Frágil, de portas
fechadas, preparou um set de música com Rui Vargas, Tiago Miranda, Pedro Ramos
e Alcides DjAl, sob o lema "Uma máscara não é uma mordaça, nunca".
O Museu do Aljube partilhará
pequenos vídeos com histórias e memórias relacionadas com a revolução, e o
Centro de Teatro da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto estreará, também no
Facebook, o 'web espetáculo de teatro' "Olhar fraterno - Tributo a Zeca
Afonso".
Destaque ainda para a divulgação
de um vídeo musical, no sábado, coordenado pelo Coral de Letras e pela Casa
Comum da Universidade do Porto, com a participação de vários cidadãos a
cantarem, individualmente, "Grândola, Vila Morena".
As autarquias da Marinha Grande e
da Amadora transmitirão concertos gravados de Paulo de Carvalho, intérprete de
"E depois do adeus", outra das senhas da revolução.
A galeria de arte urbana
Underdogs assinalará a efeméride com uma ideia colaborativa, de projeção de
imagens no espaço público.
O primeiro-ministro vai deixar
uma mensagem alusiva às comemorações do 46º aniversário do 25 de Abril, pelas
15h30 horas, e "abrirá" aos cidadãos, através da Internet, a
residência oficial de São Bento.
Antes, pelas 10h00, António Costa
estará presente na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da
República, em que intervirão o presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, os
representantes dos partidos e que será encerrada com um discurso do chefe de
Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Ao contrário do que aconteceu em
anos anteriores, desta vez, por causa da pandemia de Covid-19, a residência
oficial do primeiro-ministro estará fechada ao público.
"O 25 de Abril deve ser
celebrado, mesmo este 25 de Abril, tão diferente dos outros", escreveu o
primeiro-ministro na sua conta pessoal na rede social Twitter.
TSF | Lusa
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