Oito guerras promovidas
directamente pelos EUA ou que têm a sua aprovação tácita (Afeganistão, Iraque,
Síria, Iémen, Líbia, Somália, noroeste do Paquistão e Filipinas) provocaram 38
milhões de pessoas deslocadas e
Refugiados desesperados amontoados em barcos casca-de-noz que acostam nas praias de cascalho da costa sul de Kent são facilmente retratados como invasores. Manifestantes anti-imigrantes exploravam esses temores no fim de semana passado, enquanto bloqueavam a estrada principal para o Porto de Dover para “proteger as fronteiras da Grã-Bretanha”. Entretanto, a ministra do Interior, Priti Patel, culpa os franceses por não fazerem o suficiente para conter o fluxo de refugiados através do Canal da Mancha.
Os refugiados atraem muita atenção nas altamente visíveis últimas etapas das suas viagens entre França e Grã-Bretanha. Mas há absurdamente pouco interesse em saber por que suportam eles tais sofrimentos, correndo o risco de detenção ou de morte.
Existe uma suposição instintiva no Ocidente de que é perfeitamente natural que as pessoas fujam dos seus próprios Estados falhados (fracasso supostamente causado por violência e corrupção autoinfligidas) para procurar refúgio em países melhor administrados, mais seguros e prósperos.
Mas o que estamos realmente a ver naqueles patéticos barcos de borracha semi-submersos às voltas para cá e para lá no Canal da Mancha é a extremidade estreita da cunha de um vasto êxodo de pessoas provocado pela intervenção militar dos Estados Unidos e seus aliados. Como resultado da sua “guerra global contra o terror”, lançada após os ataques da Al-Qaeda nos Estados Unidos em 11 de Setembro de 2001, nada menos que 37 milhões de pessoas foram deslocadas das suas casas, segundo um revelador relatório publicado esta semana pela Brown University.