Os antigos combatentes da Guiné-Bissau recusaram-se hoje a receber a pensão de reforma. Acusaram o Governo de "brincadeira de mau gosto" por lhes estar a cobrar impostos sobre uma pensão de cerca de 61 euros.
Centenas de membros da associação dos veteranos de guerra da independência da Guiné-Bissau comparecerem esta terça-feira (23.03) diante da Secretaria de Estado dos Combatentes da Liberdade da Pátria, em Bissau, e nas delegações regionais, para exigir que o Governo volte atrás com a cobrança de alguns impostos.
Houve momentos de alguma tensão, com alguns dos veteranos a ameaçar "usar outros métodos, se for necessário".
Domingos Tambá, da Associação dos Filhos de Combatentes de Liberdade da Pátria, disse ter dado orientações aos seus associados para não receberem o dinheiro correspondente à pensão do mês de março, após os descontos realizados pelo Governo, nomeadamente imposto profissional, selo e taxa de eletricidade.
"Um reformado ou pensionista do Estado não tem nada que pagar o imposto profissional, imposto de selo ou imposto de eletricidade", observou Domingos Tambá.
"Tentar resolver a situação a bem"
O dirigente afirmou que a maioria dos veteranos de guerra aufere pouco mais de 40 mil francos CFA (cerca 61 euros). Com os descontos, "com que dinheiro vai viver?", questionou.
"Quando esta gente estava a trabalhar para o Estado guineense a geração atual ainda nem sequer era nascida. Agora cabe à atual geração descontar para a próxima geração", notou Domingos Tambá.
Fonte da Secretaria de Estado dos Combatentes da Liberdade da Pátria disse à Lusa que o titular da pasta, Augusto Nhaga, já contactou o Ministério das Finanças para "tentar resolver a situação a bem".
O presidente da associação defendeu que a situação "vem justificar" aquilo que é a sua avaliação sobre a forma como o problema dos veteranos da luta pela independência tem sido tratado na Guiné-Bissau.
"Sempre dissemos que as pessoas estão a brincar com os combatentes da liberdade da pátria. Para nós, filhos dos combatentes, é um insulto para os nossos pais", entende Domingos Tambá.
Deutsche Welle | Lusa
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