Em declarações exclusivas à TSF, o director da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos em Gaza garante que "já estamos numa guerra". A situação "é pior do que em 2014", quando o conflito fez mais de 2200 mortos.
Matthias Schmale faz um aviso prévio antes do início da conversa com a TSF: "é provável que se ouçam rebentamentos e tiros de artilharia durante a entrevista". Tem sido assim durante toda a manhã, avisa o director da UNRWA (United Nations Relief and Works Agency for Palestine refugees in the near East), a agência da ONU que apoia os refugiados palestinianos em Gaza.
"A situação continua a ser sombria, com o aumento da perda de vidas humanas", afirma Matthias Schmale, que lamenta a morte de crianças inocentes na escalada de violência entre Israel e o Hamas. Desde o início dos ataques, "foram mortas pelo menos, 13 crianças, mas pensamos que são mais. Os edifícios estão a ser atingidos e as pessoas estão aterrorizadas", descreve o responsável das Nações Unidas. Este sábado, as forças armadas israelitas destruíram um edifício onde trabalhavam jornalistas da Associated Press e da Al-Jazeera, tendo sido actualizado para 140 o número de mortos desde o início do conflito.
O director da UNRWA considera
que "não estamos à beira de entrar
A UNRWA tem cerca de 13 mil funcionários na região de Gaza. Matthias Schmale conta que "a maioria dos palestinianos que trabalha para nós diz que isto é pior do que em 2014. As pessoas estão aterrorizadas" e se não houver em breve um cessar-fogo, "vai tornar-se numa espécie de inferno".
Numa altura em que o enviado dos EUA, Hady Amr, visita o Médio Oriente, Matthias Schmale vê sinais de esperança. "Se os EUA transmitirem uma mensagem clara para o lado israelita e também para os palestinianos", envolvendo "outros países, como o Egipto e o Qatar, podemos ter um acordo de cessar-fogo". Se isso não acontecer, pode começar a faltar combustível, comida e medicamentos, avisa o responsável da ONU.
Matthias Schmale condena ainda o que classifica de crimes de guerra. "Como trabalhador humanitário, diria que sim, há crimes de guerra a acontecer. O facto de pelo menos 13 crianças que iam às nossas escolas, terem sido mortas, sem qualquer motivo, é um crime de guerra. Para mim, matar civis é um crime de guerra".
A autora não segue as regras do novo acordo ortográfico
Cristina Lai Men | TSF | Imagem: © Mahmud Hams/AFP
No “ar” até cerca do meio-dia, para ouvir e, se quiser, participar:
Fórum TSF: A escalada de violência no
conflito israelo-palestiniano
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