Dinheiro ilegal serviu para compra de casas, carros e investimentos falhados
Teófilo Nhangumele é acusado de ter recebido ilegalmente 8.5 milhões de dólares. O projecto que desenhara visava, essencialmente, garantir a protecção da Zona Económica Especial, fiscalizando as embarcações que se fizessem à costa moçambicana e que, para tal, tinha de se comprar radares, serviços de satélite, aviões entre outros meios e que os preços poderiam variar em função das especificações.
Do valor que recebeu ilegalmente, explicou ao juiz da causa, que o ouviu por duas vezes, hoje, que comprou uma casa e duas flats na Cidade de Maputo, comprou carros para as filhas e para a sua esposa.
Diz também que fez alguns investimentos que “não saíram bem, inclusive fora do país”, além de ter gastado o valor com despesas correntes.
Na vizinha África do Sul, Nhangumele
é titular de uma conta bancária no First National Bank (FNB), conta para a qual
teria canalizado parte do valor da outra existente
Nhangumele diz que “massagear sistema” não envolvia dinheiro, mas email de Boustani sugere pagamentos
Questionado pelo Ministério Público, na voz de Ana Sheila Marrengula, o réu Teófilo Nhangumele respondeu que teria explicado a Jean Boustani sobre os procedimentos para a materialização do projecto de protecção da Zona Económica Especial, através da única empresa moçambicana que tinha conhecimento que estaria nesse projecto e haveria necessidade de “massagear o sistema”. Interrogado sobre o significado de “massagear o sistema”, Nhangumele detalha que é o processo pelo qual se garante celeridade na aprovação de um projecto pelas autoridades moçambicanas, que inclui levá-las a conhecer melhor o projecto e chamá-las a acompanhar apresentações.
Marrengula quis saber se o “massagear o sistema” envolvia algum pagamento de dinheiro aos que conduziam o processo (no caso, ele e Cipriano Mutota – também réu), pelo que garantiu que não se esperava pagamento algum. Entretanto, a procuradora do Ministério Público confrontou-o com o e-mail de resposta a Nhangumele, enviado pelo gestor da Privinvest, Jean Boustani, no qual este dizia que não se podia fazer nenhum pagamento antes da aprovação do projecto. O réu negou, mesmo assim, que tenha havido necessidade de algum pagamento, dizendo não saber explicar o porquê Boustani teria respondido nesses termos.
Admite que o projecto desenhado por si e por Mutota era avaliado em cerca de 302 milhões de dólares e que, quando saiu, o valor já tinha crescido para perto de 360 milhões. Porém, diz que não participou da constituição da empresa ProIndicus e sequer entende como é que, de repente, a ProIndicus foi contrair um empréstimo de 622 milhões de dólares.
O País (mz)
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