José Goulão * | AbrilAbril | opinião
Numa sociedade de vigilância, da qual os poderes e interesses dominantes extraiam vantagens específicas as vítimas serão sempre os cidadãos, a esmagadora maioria dos quais ignoram a devassa da sua privacidade.
A sociedade de vigilância avança a todo o vapor num ambiente sem regulamentações nacionais ou internacionais porque, nesta matéria, o direito é sempre muito mais lento que a capacidade de explosão tecnológica. Além disso, como facilmente se percebe através das situações aproveitadas na esteira do combate à Covid-19, as elites governantes mundiais convivem muito bem com esta discrepância entre as leis e o desenvolvimento da tecnologia, da mesma maneira que vão violando os direitos humanos enquanto juram que os defendem.
O mais recente exemplo identificado de assalto à privacidade dos cidadãos é o software Pegasus, de produção israelita: aspira tudo o que está contido nos smartphones individuais, desde as conversas aos contactos, mensagens e o mais que exista nos discos rígidos dos aparelhos. Para entrar em funcionamento não é preciso que o titular do aparelho faça alguma coisa porque ele penetra, sorrateiro, e cumpre a sua missão como qualquer vírus1.
Pegasus é obra de agentes da unidade 8200 dos serviços de espionagem militar israelita e de elementos do Mossad, que se transferiram das suas funções públicas para a propriedade de uma empresa privada chamada Grupo NSO, a quem cabe negociar as vendas com governos estrangeiros mas tem na rectaguarda o aparelho de Estado sionista.