sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Polícia moçambicana encontra esconderijo de Mariano Nhongo

Polícia moçambicana chegou ao esconderijo do antigo líder guerrilheiro dissidente da RENAMO, mas não o conseguiu deter. Mariano Nhongo fugiu quando sentiu a aproximação das forças de segurança, avançou fonte oficial.

Mariano Nhongo lidera um grupo de antigos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) suspeito de matar 30 pessoas, desde 2019, como forma de contestar o acordo de paz assinado naquele ano e as condições que lhes são oferecidas para o desarmamento.

A descoberta do esconderijo no centro do país, na localidade de Mazanga, em Inhaminga (distrito de Cheringoma, província de Sofala) foi feita na sequência de "operações de perseguição iniciadas no dia 28 de setembro, dirigidas pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS)", disse esta quarta-feira (06.10) o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), Anelton Zandamela, numa declaração feita na cidade da Beira.

Nhongo e alguns dos seus homens "saíram em debandada" quando sentiram a aproximação das FDS, deixando para trás roupa, comida, utensílios de alimentação e medicamentos, acrescentou, sem fazer referência a qualquer apreensão de armas ou dinheiro.

"Também encontrámos capulanas roubadas de um estabelecimento comercial em Chinapamimba", distrito de Muanza, atacado semanas antes e em que morreram duas pessoas, acrescentou.

Cabo Delgado: Forças militares conjuntas matam líder terrorista

MOÇAMBIQUE

O exército moçambicano, apoiado por forças externas, matou na quarta-feira (06.10.) um líder terrorista em Cabo Delgado, de nome Muhamudu, que há ano e meio terá comandado um massacre de 52 pessoas.

As forças conjuntas "abateram um dos membros da chefia do grupo [insurgente], chamado Muhamudu", referiu o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, durante um discurso feito na quinta-feira (07.10.) na Escola de Formação de Forças Especiais de Makandzene, arredores de Maputo, citado hoje por órgãos de comunicação locais.

No mesmo sítio, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, referiu que o homem foi abatido "numa emboscada" em Limala, povoação a nove quilómetros do posto administrativo de Mbau. 

Mbau fica no distrito de Mocímboa da Praia e era um dos locais onde estavam situadas bases dos grupos rebeldes (designadas Siri 1 e Siri 2), entretanto recuperadas pelas forças moçambicanas e ruandesas - que reconquistaram Mocímboa da Praia no início de agosto.

Porquê que a CPLP não anda?

João Melo* | Jornal de Angola | opinião

A Comunidade de Língua Portuguesa continua com dificuldades em sair do papel. A maka é que ela sofre de um pecado original que precisa de ser superado por todos: a mesma não começou por ser pensada como uma comunidade de povos, mas como uma comunidade de governos.

Ora, os governos não só têm interesses estratégicos próprios como obrigações decorrentes de outros compromissos internacionais, assumidos na decorrência desses interesses, e ainda não descobriram como essa comunidade pode contribuir para os realizar. Será a conciliação entre uns e outros realmente impossível?

A errância estratégica da CPLP é uma prova desse dilema. A verdade é que os países que a integram ainda não conseguiram definir o que priorizar de facto: a língua? A cultura? A economia? Enquanto isso, não conseguem sequer resolver o elementar: a circulação de pessoas e bens (a começar pelos culturais) entre eles. Quanto à solidariedade, alguém a viu, por exemplo, no actual momento pandémico?

A CPLP começou mal. Como as expectativas de cada um dos países que a integram eram diferentes, não havia uma visão e uma estratégia comuns. Portugal, país pequeno e sem peso económico para liderar a nova comunidade, pretendia usar a língua como instrumento para o efeito. A criação do Instituto Camões quando já existia o Instituto Internacional de Língua Portuguesa, como órgão da CPLP, tornou explícita essa estratégia. Afinal, não é Portugal o "dono” da Língua Portuguesa? Errado. Os donos das línguas são os seus usuários e, hoje, os falantes mais numerosos do português são brasileiros e africanos. A estratégia portuguesa falhou, pois, à nascença.

Anulação do congresso da UNITA: "É uma decisão política"

ANGOLA

O jornalista angolano José Gama considera que a decisão do Tribunal Constitucional de anular o congresso da UNITA, que elegeu Adalberto Costa Júnior como líder do partid,o revela um tribunal "totalmente politizado".

Na última terça-feira, (05.10), a imprensa angolana noticiou que o Tribunal Constitucional (TC) teria anulado o XIII congresso da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) que elegeu Adalberto Costa Júnior como líder do partido em substituição de Isaías Samakuva.

A decisão foi conformada esta quinta-feira, (07.10) pelo próprio TC por meio da publicação do acórdão na sua página oficial. O aval dá razão a um grupo de militantes da UNITA que requereu a nulidade do congresso invocando várias irregularidades. 

Recorde-se que a notícia foi avançada no mesmo dia em que Adalberto Costa Júnior foi anunciado como líder da Frente Patriótica Unida (FPU).

Ex-guerrilheiros da FLEC ocupam Fórum Cabindês

CABINDA

Um grupo de ex-guerrilheiros ocupou a sede do Fórum Cabindês para o Diálogo. A intenção, segundo o líder do grupo, Aniceto Filipe Zau, é chamar a atenção para as deficiências internas da organização.

O grupo de ex-guerrilheiros da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), que ocupou esta quinta-feira (07.10)  as instalações do Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), promete tratar-se de uma ação de duração limitada, motivada pela crescente insatisfação com a prestação do fórum. O que os preocupa, sobretudo, disse à imprensa o seu líder, tenente-general na reforma Aniceto Filipe Zau, é o que afirmam ser a a divisão e desordem dentro da instituição.

"Não é para invadir", disse Zau, acrescentando: "Fizemos isto para fazer despertar e fazer reconhecer aos Cabinda que esta organização não é só do Bissafi, nem do falecido Maurício Zulu, nem tão pouco do Bento Bembe, mas de todos nós".

Militantes do PRS insurgem-se contra a direção do partido

GUINÉ-BISSAU

Na Guiné-Bissau, vários militantes do Partido da Renovação Social (PRS) exigem a marcação da data de um congresso, salientando que o mandato da atual direção da formação política expirou.

A direção do partido mantém-se em silêncio e os contestatários afirmam que a formação política "vai mal". Reprovam, sobretudo, o comportamento do partido no atual cenário político e social do país.

O Movimento de Salvação do PRS em Memória de Kumba Ialá, antigo líder do partido, enumerou várias alegadas falhas da direção do grupo político.

O movimento, composto por dirigentes históricos do partido no poder, questiona a não realização do congresso daquela formação política.  E ameaça avançar com a subscrição dos membros dos órgãos do partido para obrigar a marcação da data para a escolha do novo líder.

O porta-voz do grupo contestatário, Alqueia Tambá, critica ainda o papel do partido no país.

"Imagine: um partido que quer,governar não sabe que tem que criar condições para que haja escola, saúde e para que as populações durmam bem nas suas casas”, disse à DW África Tambá para que aponta a ocorrência no país de "raptos e violações dos direitos humanos de todas as formas”.

A epidemia passa, mas os problemas do País continuam

O aumento geral dos salários, o reforço do investimento nos serviços públicos, a valorização das pensões e a precariedade foram alguns dos temas do debate parlamentar com o primeiro-ministro. 

Depois de, no mês de Setembro, ter votado contra o estabelecimento de um regime excepcional e temporário de preços máximos dos combustíveis líquidos, o CDS-PP, pela voz da deputada Cecília Meireles, abriu o debate desta quinta-feira com questões como a dos preços dos combustíveis, nomeadamente sobre o imposto sobre produtos petrolíferos (ISP), e do IRS, com a deputada a pedir a António Costa que garantisse que «um português com os mesmos rendimentos não vai pagar mais IRS em 2022 do que paga este ano». 

Recorde-se que o CDS-PP foi um dos partidos que recentemente criticaram a possibilidade de o próximo Orçamento do Estado prever o englobamento obrigatório de rendimentos no IRS com argumentos de que os portugueses iriam pagar mais, apesar de a medida contribuir para mais justiça fiscal.

O PSD insistiu no tema da TAP, com Rui Rio a lamentar a reversão da privatização realizada pelo governo de Passos e Portas, e o investimento nesta empresa estratégica para o País, alegando que a companhia aérea «viveu sempre dos impostos dos portugueses». O primeiro-ministro ripostou, esclarecendo que o Estado «praticamente não injectou» dinheiro «desde os anos 90 e até esta crise». 

Ponha-se no seu lugar

Manuel Molinos* | Jornal de Notícias | opinião

Expulso. O juiz negacionista que ordenou a um agente da PSP para se colocar no seu lugar foi colocado no lugar que merece. Na rua. 

A decisão unânime do Conselho Superior da Magistratura não podia ser outra, sob pena de aumentar ainda mais o "grande desconforto social" a que a ministra da Justiça se referiu a propósito da fuga do ex-banqueiro do Banco Privado Português ao estilo do filme de Steven Spielberg "Apanha-me se puderes". Se o país ainda está para perceber como é que João Rendeiro foge de Portugal e ainda avisa que não volta, não entenderia como é que a Justiça poderia conviver com um magistrado......bizarro. O impacto negativo na imagem da Justiça seria aterrador.

Quem promove a violação da lei, quem se acha melhor do que os outros por ser juiz, quem insulta várias pessoas, incluindo o presidente da Assembleia da República, não é apenas negacionista. Não pode ser juiz.

Com a decisão do Conselho Superior da Magistratura talvez se tenha colocado uma pedra sobre o assunto, como defende o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses. Apenas talvez. Porque já percebemos que o movimento negacionista não é apenas baseado em teses ou teorias da conspiração. Tem agenda e objetivos políticos. E é perigoso quando organizado, como bem explica a professora brasileira de física Elika Takimoto no livro "Como dialogar com um negacionista?".

A expulsão do juiz Rui Fonseca e Castro poderá ditar o fim da sua atividade profissional, mas dificilmente o deterá na procura da viralidade dos seus discursos. Felizmente, não usará um palco que não é seu para o fazer.

O Conselho Superior da Magistratura colocou-o no seu lugar. O lugar onde qualquer cidadão que promove informações falsas e teorias descabidas deve estar. Na rua. Caso esteja doente, o lugar será aquele que todos conhecemos.

*Diretor-adjunto

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