terça-feira, 12 de outubro de 2021

Um monstro chamado Facebook

Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

Na semana passada, as três principais redes sociais mundiais - o Facebook, o Instagram e o WhatsApp - paralisaram durante seis horas. Pouco importa as suas causas. A avaria mostrou ao Mundo o poder de uma empresa que, sozinha, domina o negócio das interações digitais. Nas poucas horas em que um terço da humanidade se desconectou das aplicações de Mark Zuckerberg, perderam-se 950 milhões de euros.

O apagão deu-se na altura em que o "Wall Street Journal" publica os Facebook Files, baseados em documentação interna da empresa, fornecida por uma ex-trabalhadora. Perante o Senado americano, Frances Haugen denunciou como o gigante da tecnologia coloca os lucros à frente de quaisquer preocupações sociais, éticas, ou democráticas.

O perfil predatório do Facebook, que levou a empresa a comprar os maiores competidores, fez de Zuckerberg o homem mais poderoso à face da terra. O escândalo da Cambridge Analytica mostrou como esse poder de acesso aos dados de milhões de pessoas foi exercido a favor de Trump nas eleições norte-americanas. Anos mais tarde, Zuckerberg decidiu simplesmente bloquear as contas do ex-presidente. Uma decisão discricionária para esconder o papel do próprio Facebook na organização da invasão do Capitólio que marcou a derrota do trumpismo.

Impostos e pensões. O essencial do Orçamento do Estado

PORTUGAL

Os escalões do IRS vão desdobrar-se, passando de sete para nove, e os pensionistas que recebem até 658 euros terão um aumento de 10 euros. Mas as mudanças que fazem parte da proposta do Orçamento do Estado para 2022 não se ficam por aqui. Fique a par das medidas que lhe vão mexer na carteira.

São muitas as medidas da proposta do Orçamento do Estado para 2022, entregue na Assembleia da República na noite de segunda-feira, que vão mexer no bolso dos portugueses. Ou não fosse este um documento dedicado "às classes médicas e focado nos jovens". Do desdobramento dos escalões do IRS aos aumentos das pensões, sem esquecer o apoio às crianças mais pobres e as mais-valias mobiliárias, fique a conhecer algumas das principais medidas do Orçamento para o próximo ano.

Impostos

O número de escalões de rendimento sujeito a IRS vai passar de sete para nove em 2022, com o novo terceiro escalão, entre 10.736 e os 15.216 euros, com uma taxa de 26,5%. O 3.º escalão que abrangia até agora rendimentos anuais coletáveis superiores a 10.732 euros e até 20.322, que estava sujeito a uma taxa de 28,5%, foi dividido em dois novos escalões. Este alargamento vai abranger mais de 1,5 milhões de agregados familiares.

Para os mais jovens, o Governo quer prolongar por mais dois anos o regime do IRS que permite beneficiar de um desconto no imposto, alargando-o ainda ao trabalho independente e acabando com o limite de rendimento que atualmente existia. Os jovens com idade entre os 18 e os 26 anos e rendimento da categoria A e B (dependente e independente, respetivamente) "ficam parcialmente isentos de IRS, nos cinco primeiros anos de obtenção de rendimentos do trabalho após o ano da conclusão de ciclo de estudos igual ou superior ao nível 4 [ensino secundário] do Quadro Nacional de Qualificações".

As simulações da EY mostram que para um salário ilíquido de 750 euros a poupança ao fim de cinco anos atinge 1700 euros. Já um ordenado de 1750 vale um desconto de 2700 euros. O governo alargou o IRS Jovem de três para cinco anos. O regime funciona como um desconto no imposto sobre o rendimento do trabalho e aplica-se a jovens com idades entre os 18 e os 26 anos. A consultora EY fez simulações que permitem entender quanto é que estes contribuintes podem ficar a ganhar.

As datas de entrega da declaração e pagamento do IVA passam a ser feitas, respetivamente, até dia 20 e 25 do respetivo mês, tanto para os contribuintes enquadrados no regime mensal como no trimestral.

Ainda entre as medidas que mexem com o bolso dos portugueses estão o Imposto sobre Veículos (ISV) e o Imposto Único de Circulação (IUC). O Governo quer aumentar ambos no próximo ano, atualizando-os à taxa de inflação, que é de 0,9%. "As taxas gerais do ISV serão atualizadas à taxa de inflação em 2022", que é de 0,9%, lê-se no documento.

Os veículos de baixas emissões, por sua vez, vão continuar a ser apoiados pelo Governo. Uma ajuda que inclui automóveis e motas, convencionais ou elétricos, e bicicletas. "No âmbito das medidas da ação climática é mantido o incentivo à introdução no consumo de veículos de zero emissões, financiado pelo Fundo Ambiental, nos termos a definir por despacho do membro do Governo responsável pela área do ambiente e da ação climática", lê-se na proposta do Orçamento do Estado.

A Igreja Católica portuguesa e os crimes por omissão

Enquanto em França se discute se o segredo da confissão deve poder ser "levantado" nos casos de abuso sexual de menores por padres; em Portugal ouvimos bispos a advertir que investigações retrospetivas ao fenómeno na Igreja Católica só forem incluídas numa análise mais geral. Não vá parecer - valha-nos deus - que a Igreja tem um problema específico.

“Este foi um fenómeno fundamentalmente de países anglo-saxónicos. Na Europa aconteceu em alguns lados - aconteceu na Alemanha - mas não aconteceu com a mesma escala que consta que aconteceu nos Estados Unidos e na Austrália."

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

Estas palavras são de Manuel Linda, bispo do Porto, em entrevista ao Público em 2018, a propósito de abuso sexual de menores por padres. Em que se baseou para o afirmar? Naturalmente, não em qualquer investigação sobre abuso sexual por parte de membros da Igreja Católica (IC) em Portugal - nunca houve. A fonte da afirmação é pois apenas a do costume na maioria dos hierarcas desta organização internacional: falta de vergonha, desprezo pelo sofrimento das vítimas e sentimento de impunidade.

Três anos depois, as horríveis revelações sobre o fenómeno em França levam enfim à admissão, por um colega de Linda, Américo Aguiar, "coordenador da comissão da proteção de menores do patriarcado de Lisboa" e bispo auxiliar da capital, de que "pode acontecer um levantamento retrospetivo de abusos sexuais de menores por parte de membros da igreja católica nacional". Mas, adverte, "só se fosse transversal e não apenas focado nos membros do clero."

2021 - vai fazer 20 anos desde que o Boston Globe revelou um padrão endémico de abuso sexual e encobrimento na diocese da cidade e passaram quase 30 desde que em 1994, na Irlanda, o caso de um padre abusador cujos crimes haviam sido escamoteados pelas autoridades religiosas e civis fez cair o governo. Desde então, têm-se sucedido os escândalos do mesmo tipo em todo o mundo, com enumerações de centenas de milhares de vítimas.

Estratégia da França Afro-Eurásia está surgindo gradualmente

# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

A França deve abraçar a tendência multipolar de cooperação mutuamente benéfica, a fim de sustentar sua influência existente em partes da Afro-Eurásia, bem como expandi-la pragmaticamente para novas regiões.

França Envisions si restantes um influente grande potência durante todo o 21 st século, para cujo fim é no processo de formulação de uma grande estratégia para avançar tal como objectivo todo Eurafrásia durante este tempo. A estratégia indo-pacífica de Paris foi inesperadamente sabotada por seus aliados em Canberra e Washington como resultado do anúncio surpreendente do AUKUS com Londres no mês passado . A França não só perdeu em um acordo de submarino de AUS $ 90 bilhões com a Austrália, mas tão importante, ela não pode mais contar com o país de tamanho continental como seu principal parceiro regional. Em resposta, a França procurou substituir seu papel pela Índia neste espaço geoestratégico.

Movendo-se para o oeste, a próxima região onde a França se vê exercendo influência central é o Mediterrâneo Oriental. A Grécia desempenha o papel que a Austrália deveria ter no Indo-Pacífico, mas que a Índia agora cumprirá. Em vez de procurar equilibrar a China, a França está focada em equilibrar a Turquia neste espaço geoestratégico. Ele espera liderar uma coalizão de Estados com ideias semelhantes, dos quais poderá então extrair privilégios econômicos e de investimento em troca de sua cooperação militar e estratégica para conter essa ameaça compartilhada.

EUA-China colidem no espaço aéreo de Taiwan

# Publicado em português do Brasil

A crescente sabedoria convencional em Washington diz que Pequim está se preparando para atacar a ilha. Não tão rápido.

Michael D. Swaine | Responsible Statecraft

Desde o final do ano passado, os militares chineses começaram a aumentar significativamente suas atividades aéreas offshore perto de Taiwan. 

Essa tendência cresceu com o tempo para incluir uma ampla gama de diferentes tipos de aeronaves militares, muitas vezes sorteadas em números cada vez maiores, principalmente a oeste e sudoeste da ilha. Mas muitos voos também estão cruzando a chamada linha média do Estreito de Taiwan, entre a ilha e a China continental, e quase todos eles cruzam para a extensa Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) de Taiwan.

Este aumento significativo na atividade militar chinesa perto de Taiwan é de grande preocupação, pois representa um conjunto de ações sem precedentes (em escala, frequência e tipo de aeronave envolvida), aumentando assim as tensões no Estreito. Esta situação gerou naturalmente todo tipo de especulação informada e desinformada por uma ampla gama de especialistas sobre o significado dos voos chineses. 

Infelizmente, em vez de lançar luz sobre a questão, muito deste comentário serve simplesmente para reforçar a crescente sabedoria convencional em Washington de que Pequim está se preparando para atacar a ilha na primeira oportunidade, ou pelo menos se preparando para ações muito mais provocativas , como voos sobre Taiwan, ou talvez a apreensão de uma pequena ilha offshore sob o controle de Taipei, desafiando os EUA a responder. 

Poderá o dinheiro salvar o capitalismo?

Novas turbulências financeiras reavivam um debate atualíssimo: a emissão de moeda pelos Estados tem o poder de lubrificar as engrenagens travadas do sistema e evitar seu colapso? Ou alivia o mal hoje para agravá-lo amanhã?

Eleutério F. S. Prado* | Qutras Palavras

Quando ocorreu a quebra do banco Lehman Brothers em 15 de setembro de 2008, uma professora consagrada no meio acadêmico brasileiro declarou, numa roda de economistas: “vamos voltar para a roça!”. Aludia ao efeito dominó possível que estava para ocorrer e que levaria certamente a economia mundial a um baque de proporções catastróficas. Se os bancos “too big to fail” quebrassem uns aos outros, a cadeia de tombos que se seguiria quebraria também um grande número de empresas produtoras de bens e serviços, de tal modo que o desemprego poderia atingir níveis altíssimos, cerca de trinta por cento ou mais da força de trabalho mundial.

O que garantiu a sobrevivência do sistema foi, como se sabe, uma política monetária inédita na história do capitalismo. A emissão em larga escala de dinheiro fiduciário pelos bancos centrais dos países ricos para comprar títulos dos bancos em situação de risco evitou que ficassem sem liquidez e, em consequência, ruíssem por inadimplência generalizada. Essa política econômica ficou conhecida pelo termo “relaxamento monetário” ou QE (quantitative easing). Ora, um raciocínio simples diria: o dinheiro salvou o capitalismo; por sua causa, não voltamos todos a capinar para garantir o sustento da família!

Eis, na figura em sequência, um gráfico que dá uma ideia visual da dimensão do relaxamento monetário nos Estados Unidos. Note-se que o montante de ativos do banco central cresceu fortemente entre 2008 e 2014, estacionou daí até 2019, mas voltou a se elevar fortemente em consequência da crise do Covid-19.

Covid-19 : aperta-se o cerco à volta do doutor Anthony Fauci

The Intercept publicou, em 23 de Setembro de 2021, um pedido de subvenção da EcoHealth Alliance à DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) em 2018 [1]. Aí, pode-se ler que esta empresa se propõe criar em laboratório um vírus artificial a partir dos coronavirus de morcego [2].

O antigo Conselheiro económico do Presidente Donald Trump, Peter Navarro, revelou além disso que a EcoHealth Alliance serviu ao doutor Anthony Fauci para desviar dinheiro público dos EUA a fim de financiar pesquisas — ilegais nos Estados Unidos — efectuadas pelo laboratório P4 de Wuhan (China).

O Director da EcoHealth Alliance, Peter Daszak, é o autor principal da petição, aparecida na The Lancet [3], para apoiar os profissionais de saúde de Wuhan injustamente acusados de ser responsáveis pela epidemia de Covid-19. Peter Daszak foi também membro da Missão de informação da OMS em Wuhan.

Alex Jones (InfoWars) difundiu, em 4 de Setembro de 2021, dois extractos de um vídeo emitido pelo canal público norte-americano CSPAN, em Outubro de 2019, de uma mesa redonda sobre a criação de uma vacina universal contra a gripe [4].

Aí, os peritos debatiam a necessidade de modificar o procedimento da habilitação das vacinas contra a gripe e de mudar a maneira como se produzia as vacinas contra a gripe e de as substituir pelo sistema ARN mensageiro.

Eles constatam que a indústria farmacêutica não avançará porque a gripe não é uma doença que meta medo.

O doutor Anthony Fauci declara então. em substância, que seria necessário um choque, uma epidemia de um tipo de gripe muito mais mortal, para que a indústria farmacêutica e a humanidade avancem.

Anthony Fauci é Director, desde 1984, do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (National Institute of Allergy and Infectious Diseases). Foi um colaborador do Secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, e fez campanha em 2004 pelo seu projecto de confinamento de pessoas saudáveis. Ele é também membro da «Alvorada Vermelha» [5], o grupo que militou em 2019 pela aplicação do plano de confinamento de pessoas saudáveis por ocasião da epidemia de Covid-19. Ele fora nomeado pelo Presidente Donald Trump para a equipe de crise da Covid-19 e foi mantido neste posto pelo Presidente Joe Biden.

Voltairenet.org | Tradução Alva

[1] «Leaked Grant Proposal Details High-Risk Coronavirus Research]», Sharon Lerner & Maia Hibbett, The Intercept, September 23 2021.

[2https://www.documentcloud.org/documents/21066966-defuse-proposal

[3] «Statement in support of the scientists, public health professionals, and medical professionals of China combatting COVID-19», The Lancet, February 19, 2020.

[4] «Monday Night Emergency Broadcast: Video of Fauci and HHS Plotting to Stage Massive Health Scare Using “New Virus” Emerges», InfoWars, September 4, 2021.

[5] “O Covid-19 e a Alvorada Vermelha”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 28 de Abril de 2020.

Israel insiste que os Montes Golã são seus, «ponto final!»

Em declarações ao jornal Makor Rishon, da direita sionista, Naftali Bennett, actual primeiro-ministro israelita, anunciou a sua intenção de duplicar as dimensões dos colonatos no território militarmente ocupado.

O objectivo final deste novo processo é de quadruplicar o número de colonos israelitas estabelecidos na região, atingindo a nova marca de 100 mil habitantes, afirmou Naftali Bennet em declarações à margem de uma conferência dinamizada pelo órgão de comunicação social Makor Rishon, a decorrer nos Montes Golã.

Nos mais de 30 colonatos construídos por Israel habitam, actualmente, cerca de 27 mil israelistas, em número igual, ou superior, ao da comunidade árabe síria, nativa, que se manteve na região após a ocupação militar da zona, em 1967.

Os Montes Golã foram invadidos nesse período, tendo sido, mais tarde, anexados por Israel (1981), num processo rejeitado, e considerado ilegal, pela comunidade internacional. Os EUA, no mandato de Donald Trump, tornaram-se no primeiro país a reconhecer a legitimidade da anexação militar dessa zona, compromisso reafirmado pelo governo democrata de Joe Biden.

Quanto sabemos acerca desta "denunciante" do Facebook?

Kit Klarenberg [*]

Antes de tomarmos ao pé da letra o testemunho de Frances Haugen, seria útil saber mais da sua carreira – em particular os seu antecedentes quando trabalhava ao lado de antigos espiões americanos na divisão de Ameaças de Inteligência (Threat Intelligence) do Facebook.

Desde o seu testemunho perante o Senado, Haugen tem sido alvo de elogios por parte tanto dos media como dos media sociais. Eles repetem incessantemente e acriticamente as palavras e alegações desta "denunciante" do Facebook, apoiando entusiasticamente as suas propostas para uma maior vigilância, censura e controlo dos meios de comunicação social e da Internet pelo governo dos EUA.

Haugen, que apresentou um testemunho público em primeira mão sobre o seu tempo a trabalhar para e com as equipas de contra-terrorismo e contra-espionagem do Facebook, foi tomada quase universalmente pelo seu valor facial por parte de jornalistas, especialistas, políticos e cidadãos comuns. No entanto, alguns ficaram surpreendidos ao saber que o Facebook mantém departamentos especializados desse tipo.

Muitos provavelmente ficariam igualmente chocados ao saber que estas unidades fazem parte da divisão de Ameaças de Inteligência do gigante da rede social, a qual é composta por antigos espiões do Pentágono, da CIA e da NSA.

Pouca informação sobre esta divisão pode ser encontrada na web, embora se saiba que o seu estratega é Ben Nimmo, um antigo propagandista da NATO e graduado pela Integrity Initiative, uma operação secreta do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, cujo pessoal são veteranos de serviços de inteligência militar

No entanto, um relatório (pago) do boletim Intelligence Online, da elite da indústria, informa que David Agranovich, antigo analista do Pentágono e director de inteligência para a Casa Branca do National Security Council (NSC); Nathaniel Gleicher, antigo chefe de cibersegurança do NSC e consultor sénior do Departamento de Justiça para crimes informáticos e propriedade intelectual; e Mike Torrey, anteriormente ciber-analista da NSA e da CIA, ocupam altos cargos na divisão de Ameaças de Inteligência do Facebook.

A fraude da «guerra contra o terrorismo»

Em 20 anos dessa operação multifacetada e transnacional o terrorismo, sobretudo o de fachada «islâmica», não apenas se enraizou e organizou como alastrou através do planeta

José Goulão | AbrilAbril | opinião

A «guerra contra o terrorismo» foi declarada em 2001 pelo então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, juntamente com a NATO, a União Europeia e outras instituições internacionais satelitizadas por Washington, alegadamente na sequência dos ainda muito mal explicados atentados de 11 de Setembro do mesmo ano; sabe-se hoje que alguns dos conflitos abertos a partir daí, designadamente as invasões do Afeganistão e do Iraque, estavam programados antes da catástrofe de Nova Iorque, pelo que esta foi um pretexto mas não a causa.

Em 20 anos dessa operação multifacetada e transnacional, que entretanto em 2014 o presidente Barack Obama rebaptizou como «guerras ultramarinas de contingência», o terrorismo, sobretudo o de fachada «islâmica», não apenas se enraizou e organizou como alastrou através do planeta, com especial incidência em África mas também no Cáucaso, na Ásia Central e outras regiões asiáticas como a província chinesa do Xijiang. Além do Afeganistão e do Médio Oriente, onde o fenómeno nasceu.

Em suma, a «guerra contra o terrorismo» agravou o fenómeno que prometeu combater. Nasceu como uma fraude.

Não se inclui no conceito de terrorismo contra o qual terá sido declarada a «guerra» a manifestação de terror mais determinante para a desordem mundial em que vivemos e cujas práticas e designação têm vindo a ser silenciadas ou mesmo abolidas pelas centrais mediáticas internacionais: o terrorismo de Estado.

Esta forma de violência, institucionalizada com a cobertura de entidades que deveriam zelar pela paz e o direito internacional, como por exemplo a ONU, acaba por ser responsável pelo terrorismo com outras chancelas, entre elas a «islâmica», com as quais é frequentemente conivente, utilizando-as consoante os seus objectivos e as regiões a controlar.

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