sábado, 4 de dezembro de 2021

A fuga de antifascistas da prisão salazarista de Caxias no carro oferecido por Hitler

Mercedes oferecido por Hitler a Salazar era mesmo blindado. Esta fuga de Caxias já fez 60 anos

A 4 dezembro de 1961, oito militantes do partido comunista entraram num Mercedes e escaparam da prisão de Caxias, à vista dos carcereiros. Tudo em menos de um minuto. A TSF conversou com Domingos Abrantes, o único fugitivo que ainda pode contar a história.

"Golo" foi a senha gritada pelo comunista José Gervásio para pôr em marcha a última fuga coletiva das prisões do Estado Novo. "Eu, por acaso, em miúdo, era apaixonado pela bola. Ainda cheguei a treinar nos juniores do Oriental. Gostava muito de jogar à bola. E essa palavra "golo" - que ali era um sinal - é uma palavra mágica", lembra Domingos Abrantes.

Numa segunda-feira que amanheceu cinzenta e fria, dez presos jogam com uma bola de trapos durante o recreio no pátio interior da cadeia de Caxias, enquanto eram vigiados por quatro guardas. "Claro que é uma palavra mágica quando se chega ao fim. Porque quando o Gervásio diz "Golo" entra-se num processo cheio de incógnitas: Disparam? Não dispara? Atingem-me? Não me atingem? O carro é blindado? Ou não é blindado? Mas isso... depois daqueles 60 segundos, é uma imagem fantástica!", continua o histórico comunista.

Em plena luz do dia, e perante o olhar incrédulo dos carcereiros, oito funcionários do partido comunista abalroaram o portão do forte de Caxias e saíram de carro para a rua. O Mercedes de Salazar tinha atravessado o túnel para o interior do forte de marcha-atrás, e fica, parado, rodeado pelos presos. Sempre com o motor a trabalhar, o carro ocupa quase todo o espaço. Ao sinal combinado, os presos precipitam-se para dentro do carro. Os termómetros marcavam 13ºC e os relógios 09h35.

Portugal | O PASSAGEIRO QUE CHEGOU ATRASADO

Jornal de Notícias | editorial

Eduardo Cabrita quis ser uma vítima até ao fim. Uma vítima do aproveitamento político, uma vítima das circunstâncias, uma vítima do azar.

Na hora de bater com a porta da Administração Interna, não teve, porém, a coragem e a decência de admitir que foi, única e exclusivamente, uma vítima da sua própria sobranceria, impunidade e irresponsabilidade políticas. Num exercício propagandístico e autoelogioso, em que exibiu dados estatísticos que nada têm a ver com o caso que o fez abandonar o cargo de ministro da Administração Interna, comunicou ao país que só não saiu antes porque António Costa não deixou. Um agradecimento envenenado a quem, durante demasiado tempo, deu cobertura institucional aos seus desmandos. Porém, a imagem que ficará para a história será a de um ministro que, a propósito da morte de um homem atropelado por uma viatura de Estado que seguia a velocidade excessiva com ele no banco de trás, perdeu mais tempo a dourar as suas conquistas governamentais do que a dirigir-se à família enlutada e a proteger o motorista agora acusado pelo Ministério Público de homicídio por negligência. Não assumiu a sua responsabilidade política, não defendeu a dignidade das funções que desempenhava.

É pouco crível que, apenas uma horas depois ter reclamado para si a condição de mero passageiro, Eduardo Cabrita tenha tido um assomo de clarividência. Saiu porque deixou de contar com o respaldo de António Costa, que até o achava um "excelente ministro da Administração". Porque era demasiado tóxico num contexto pré-eleitoral. Reclamar para si a mera condição de passageiro é não apenas uma enorme descortesia para com o motorista, uma desresponsabilização cobarde de alguém que tinha ascendente hierárquico sobre o agora acusado. É, também, uma lastimável ousadia de um responsável governamental que, ao atirar dúvidas sobre a conduta do trabalhador ("as condições de um atravessamento de via não sinalizada têm de ser esclarecidas no quadro do acidente", enfatizou), está a espezinhar a memória da vítima e a adensar o sofrimento da viúva e das suas filhas, a quem foi atribuída uma pensão de sobrevivência de 259 euros. Se ainda for possível uma réstia de humanidade e dignidade, que o Estado não insista na instrução do processo e permita que o caso vá para julgamento, fixando-se rapidamente uma indemnização à família enlutada. Eduardo Cabrita pode não ter responsabilidades criminais no caso, mas é tudo menos o passageiro involuntário de uma história lamentável em que acabou desmentido pelo Ministério Público. Quando muito, é o passageiro que chegou demasiado tarde à sua própria demissão.

A Direção

Imagem: Orlando Almeida / Global Imagens

Portugal | EDUARDO CABRITA DEMITE-SE. VAN DUNEM ACUMULA DUAS PASTAS

Eduardo Cabrita demite-se do Governo

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou esta sexta-feira, numa declaração sem direito a perguntas, a sua demissão. Saída visa proteger Governo a menos de dois meses das eleições.

A decisão surge um dia depois de o Ministério Público ter acusado de homicídio por negligência o condutor do carro do Ministério da Administração Interna que, a 18 de junho de 2021, atropelou mortalmente um trabalhador na A6, entre Estremoz e Évora.

Eduardo Cabrita seguia no banco de trás e, ao início da tarde desta sexta-feira, sublinhara já ser apenas o "passageiro", recusando "qualquer aproveitamento político de uma tragédia pessoal". Nuno Santos tinha 43 anos e deixou duas filhas menores.

"Só a lealdade, só o tempo e as circunstâncias que enfrentávamos há seis meses atrás, só a solidariedade do senhor primeiro-ministro me determinaram a prosseguir no exercício destas funções durante este verão tão difícil. É por isso que hoje, não posso permitir que este aproveitamento político absolutamente intolerável seja utilizado no atual quadro para penalizar a ação do Governo, contra o senhor primeiro-ministro ou mesmo contra o Partido Socialista", afirmou, horas depois, numa declaração sem direito a perguntas no ministério da Administração Interna, em Lisboa, Eduardo Cabrita.

A exoneração, solicitada esta sexta-feira por Eduardo Cabrita ao primeiro-ministro, António Costa, acontece a menos de dois meses das eleições legislativas, agendadas antecipadamente para 30 de janeiro de 2021.

Inês Banha | Jornal de Notícias | Imagem: António Pedro Santos/Lusa

Van Dunem substitui Cabrita e acumula pastas da Justiça e Administração Interna

A ministra Francisca Van Dunem vai substituir Eduardo Cabrita e acumular as pastas da Justiça e da Administração Interna.

"O Presidente da República aceitou hoje as propostas do Primeiro-Ministro, de exoneração do Dr. Eduardo Cabrita como Ministro da Administração Interna, bem como da sua substituição pela Dra. Francisca Van Dunem, que acumulará com as funções de Ministra da Justiça", pode ler-se numa nota divulgada na página da Presidência da República na Internet.

Segundo a mesma nota a tomada de posse vai acontecer numa cerimónia restrita no sábado 4 de dezembro, pelas 15 horas, na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou, esta sexta-feira, numa declaração sem direito a perguntas, a sua demissão. A saída deu-se no mesmo dia em que foi divulgado que o seu motorista foi acusado de homicídio por negligência na sequência do atropelamento e morte de um trabalhador que procedia ao atravessamento da A6.

Numa declaração aos jornalistas, o ministro disse que "mais do que ninguém" lamenta "essa trágica perda irreparável" e recusou que o Governo, o primeiro-ministro, António Costa, e o PS sejam penalizados pelo "aproveitamento político absolutamente intolerável" com o caso.

Jornal de Notícias | Imagem: Lusa

Moçambique | MDM reunido em congresso para eleger o novo presidente

Arrancou, esta sexta-feira (03.12), na cidade da Beira, na província de Sofala, o terceiro congresso do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira maior força política moçambicana.

O congresso, com duração de três dias, vai debater vários assuntos internos e externos do partido como a revisão pontual dos seus estatutos e a eleição dos membros de Conselho Nacional.

No discurso de abertura do congresso, o secretário-geral do MDM, José Domingos, que coordena as atividades do partido desde fevereiro, apelou ao debate de ideias sem olhar para interesses particulares.

Domingos disse: "Exorto ainda para que lutemos, a fim de promover a união, concórdia e coesão interna, criando alicerces para o fortalecimento do nosso partido perante os próximos desafios, que não serão poucos, nem fáceis”.

Os delegados do MDM vão também analisar temas de interesse nacional, como os ataques armados em Cabo Delgado.

Moçambique | Filipe Nyusi: "Temos de matar a cobra pela cabeça, não pela cauda"

As intimidações dos terroristas também já se estendem às províncias do Niassa, Zambézia e Inhambane, no centro e sul do país. O Governo criou uma força especial para evitar a ocupação total e travar os rebeldes.

Desde 2017 que os habitantes da província de Nampula, no norte de Moçambique, considerada um centro de recrutamento de insurgentes, sentem a segurança ameaçada. O Governo suspeita que os distritos de Memba e Moma são estäo infiltrados por terroristas. 

Além de Nampula, o distrito de Mecula, que recentemente foi alvo de ataques terroristas, e Marrupa, na província do Niassa, associam-se à lista de localidades atingidas pela violência Gurue, Pebane (Zambézia) e Inhassoro, em Inhambane.

Criação de forças elite

O Governo moçambicano destacou companhias de forças especiais treinadas especificamente no combate ao terrorismo para os distritos em questão, de forma a evitar a sua ocupação e controlo pelos insurgentes.

O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, explicou que “este efetivo resulta das decisões que o Presidente da República nos deixou", aquando da realização do 21º Conselho da Polícia da República de Moçambique, no qual "orientava a Polícia para formar comandantes dos pelotões que devem constituir a força matriz para operações, bem como das forças da Polícia capazes de garantir a proteção das forças distritais”.

Angola | MPLA: AMPLA ESCOLA DE RESILIÊNCIA

António Quino* | Jornal de Angola | opinião

Os históricos nacionalistas angolanos Viriato Clemente da Cruz e António Agostinho Neto inauguraram, na Angola idealizada pelos movimentos independentistas, as múltiplas candidaturas num processo electivo que conduziria ao cargo de presidente do MPLA na sua primeira Conferência Nacional, no longínquo Dezembro de 1962.

Em Junho de 1962, António Agostinho Neto, eleito presidente de honra do MPLA meses antes, parte clandestinamente de Portugal para Marrocos e, de lá, em Julho, para Léopoldville (Kinshasa), onde o MPLA tinha a sua sede exterior. Chegou e impôs-se, naturalmente, como sendo aquele por quem se espera, para liderar a luta pela realização do programa maior do MPLA: a independência imediata e completa.

Perante fortes divergências entre dois importantes pilares do movimento, Viriato da Cruz e Agostinho Neto, em Dezembro de 1962, na então Léopoldville, acontece a Primeira Conferência Nacional do MPLA. Os quadros reuniram-se a fim de, entre outros fins, definir os princípios de orientação da política de luta anti-colonial e das políticas de alianças, não só entre os movimentos nacionalistas, como também as alianças exteriores. Também iriam eleger o futuro presidente do MPLA.

Concorreram duas listas. Uma liderada por Viriato da Cruz e outra por António Agostinho Neto. A disputa foi renhida, tendo ambos exercitado a liberdade política e o pluralismo de ideias. Nesse despique, o finado Edmundo Rocha, histórico militante do MPLA, investigador, nacionalista e médico angolano, numa entrevista que me concedeu em Maio de 2011, lembrou que Agostinho Neto tinha algumas vantagens sobre Viriato da Cruz: Neto era o Presidente de honra do MPLA, era médico, poeta e negro.

Angola | JORNALISTA É ALVO DE AMEAÇAS APÓS DENUNCIAR CORRUPÇÃO

Em Angola, o jornalista António Celemente acusa elementos ligados ao partido governamental MPLA de o perseguir , por ter denunciado um suposto caso de corrupção na eleição de primeiro secretário do partido em Malanje.

António Clemente, há onze anos jornalista da rádio Ecclésia em Malanje, disse à DW África que está a ser alvo de intimidações via telefone, por reportado acusações de fraude na eleição do primeiro secretário do partido governamental Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e atual governador provincial, Norberto dos Santos Kwata Kanawa, por um militante do partido.

As acusações foram levantadas por Afonso Matari, de 67 anos, que disse que o atual primeiro secretário do partido e governador de Malanje lhe dificultou a corrida à liderança partidária na província.

"Depois da matéria ir para o ar, comecei a receber ligações telefónicas por parte de alguns militantes do MPLA”, disse Clemente. "Afirmam que não estão satisfeitos, que serei mal conotado por parte dos militantes do partido no poder em Angola, por divulgar esta notícia”, acrescentou.

Farmacêutica sul-africana vai produzir as suas próprias vacinas Covid-19

A produção de vacinas surge de um acordo entre a empresa farmacêutica sul-africana Aspen e a multinacional Johnson&Johnson, que vai ceder a fórmula.

A empresa farmacêutica sul-africana Aspen e a multinacional Johnson&Johnson anunciaram, esta terça-feira (30.11), um acordo para a produção de vacinas contra a covid-19 a partir da fórmula da segunda, a comercializar sob a designação "Aspenovax" e destinadas a África.

O acordo pressupõe que a Aspen disporá agora de uma licença de propriedade intelectual para o fabrico com a sua designação comercial.

Numa videoconferência de imprensa realizada, na terça-feira, para anunciar o acordo, Adrian Thomas, vice-presidente de Estratégia Global de Johnson&Johnson, disse que, face aos baixos níveis de vacinação em África, a empresa considerou que tinha "de fazer algo diferente" e que estão "orgulhosos" de estar ligados a este "marco".

Adrian Thomas acrescentou que, sem uma partilha mais equitativa de vacinas, a pandemia não chega ao fim e salientou ser necessária uma produção independente "em África pela África" e pediu ao mundo um plano de apoio para o continente.

ANGELA MERKEL DEIXARÁ SAUDADES EM ÁFRICA?

A chanceler alemã interessou-se mais pelo continente africano do que os seus antecessores. Muitos políticos africanos despedem-se dela com rasgados elogios. Mas também há críticas a Angela Merkel.

Com o passar dos anos, aumentou a frequência das viagens de Angela Merkel a África, tal como o número de reuniões com chefes de Estado africanos.

Merkel encontrou-se, por exemplo, com o antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos e, mais tarde, com o seu sucessor, João Lourenço. Reuniu-se também com o atual chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e, em agosto, convidou uma série de líderes para um encontro de despedida em Berlim. O encontrou correu bem a Merkel – do continente africano só chegam elogios.

O empenho da chanceler em reforçar os laços com o continente foi "notável", diz Minenhle Nene, do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA) em entrevista à DW. Particularmente no campo económico: "Com Angela Merkel na liderança, os investimentos alemães em África cresceram moderadamente. Creio que África nunca desempenhou um papel tão importante na política alemã como durante o seu mandato", comenta Nene.

Líbia | FILHO DE KHADHAFI DE VOLTA À CORRIDA PRESIDENCIAL

Seif al-Islam Kadhafi recorreu da decisão da autoridade eleitoral líbia que rejeitou a sua candidatura às eleições presidenciais de 24 de dezembro. Tribunal aceitou o recurso.

Um tribunal no sul da Líbia restabeleceu a aprovação formal da candidatura de Seif al-Islam Kadhafi, filho do antigo ditador Muammar Kadhafi, às eleições presidenciais de 24 de dezembro.

Seif al-Islam apresentou um recursoesta quinta-feira (02.12) depois de a Alta Comissão Eleitoral (HNEC) da Líbia, a 24 de novembro, rejeitar a sua candidatura pelo não cumprimento das disposições da lei.

Dezenas de apoiantes do candidato comemoram a decisão do lado de fora do tribunal de Sabha, uma cidade semidesértica localizada cerca de 650 quilómetros a sul de Trípoli.

A aprovação da candidatura do filho de Kadhafi acontece depois de uma série de incidentes.  Durante cerca de uma semana, apoiantes do "homem forte" do leste da Líbia, Khalifa Haftar, também ele próprio candidato presidencial, bloquearam o acesso ao tribunal, causando "grande preocupação" ao Governo interino e à própria ONU, que temeram um retrocesso no processo eleitoral.

Da AIDS ao Omicron, o apartheid farmacêutico nos prejudica a todos

1º de dezembro foi o Dia Mundial da AIDS , marcando quarenta anos desde que os sintomas foram relatados pela primeira vez. Mais de 36 milhões de pessoas morreram em todo o mundo de doenças relacionadas à AIDS . A taxa de mortalidade está diminuindo à medida que os tratamentos com medicamentos eficazes ganham uma distribuição mais ampla. Mas a desigualdade que por muito tempo alimentou a epidemia de AIDS ainda existe, com consequências punitivas, especialmente para a população da África Austral. A persistência e os impactos imensamente desiguais da epidemia de AIDS em curso servem como um alerta enquanto a nova variante Omicron do vírus COVID -19 faz o seu caminho ao redor do mundo.

Pouco se sabe atualmente sobre esta variante SARS -CoV-2 recém-identificada , particularmente se ela se espalha mais facilmente ou se pode causar COVID -19 mais grave . O que sabemos é em grande parte graças à sua rápida identificação por cientistas em Botswana e na África do Sul. Fatima Hassan, fundadora da Health Justice Initiative elogiou os cientistas no programa Democracy Now! hora das notícias, dizendo: “Acho que eles precisam ser celebrados por isso, porque não havia uma nuvem de sigilo em torno dessa variante em particular”.

Em vez de serem celebradas, porém, as nações do sul da África estão sendo isoladas. Os Estados Unidos rapidamente implementaram uma proibição de viagens, impedindo qualquer pessoa de oito países da África Austral de entrar no país. Brasil, Canadá, União Europeia, Irã e Reino Unido seguiram o exemplo.

“Uma proibição desigual de viagens foi aplicada em muitos países do sul da África”, disse Hassan. “Na verdade, é bastante racista”.

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