ANGOLA
Faltam menos de oito meses para as eleições gerais em Angola, e aumentam os pedidos para um debate eleitoral entre o candidato do MPLA, João Lourenço, e os cabeças de lista dos restantes partidos.
O líder da UNITA já desafiou o presidente do MPLA para um debate antes das eleições gerais de agosto. Adalberto Costa Júnior disse que, se João Lourenço "não tem medo", devia sentar-se frente a frente consigo, "abraçar o jogo democrático" e comparar projetos políticos.
Até agora, o líder do partido no poder não respondeu ao repto. Mas Eduardo Dumba Delfim, segundo secretário da UNITA no Huambo, insiste na realização do debate, pois seria o espaço ideal para os eleitores conhecerem os programas eleitorais dos partidos políticos, a que não conseguem aceder por outras vias.
"O debate público, aberto e transparente - sobretudo entre as duas lideranças, mas incluindo também as lideranças dos demais partidos - facilitaria com que cada cidadão pudesse desenvolver o seu intelecto, identificando o que de facto cada liderança pensa sobre o país, a economia, a política e sobre questões sociais", explica.
Falta cultura de debate
No entanto, em Angola, ainda não há uma cultura de debates entre os candidatos a Presidente da República, comenta o politólogo Olívio Nkilumbu. As últimas eleições foram um exemplo disso.
"Em 2017, os contendores do Presidente João Lourenço desafiaram-no a um debate. Ele mostrou-se disponível, mas depois fugiu. Acho que foi uma oportunidade que o Presidente João Lourenço perdeu. No entanto, também é preciso ver que nem todo candidato está preparado para um debate e o Presidente João Lourenço não tem perfil para discutir, infelizmente".
Para o politólogo, a falta de uma tradição de debates presidenciais também tem a ver com o sistema político instalado no país, que dificulta o confronto de ideias.
Papel da comunicação social
Mas ainda é possível romper com essa tradição, salienta o comunicólogo André Sibi. Basta que os órgãos de comunicação social desafiem os cabeças de lista dos partidos, acrescenta.
"São os meios de comunicação social que devem ter a ousadia de escrever ao Presidente da República e propor também a presença de outros candidatos para um frente a frente, e não ser um candidato a convidar o outro."
António Solya Solende, secretário provincial do Partido de Renovação Social (PRS) no Huambo, concorda. O político espera que este ano haja debates presidenciais.
"Achamos que vai mostrar o potencial de cada um desses concorrentes e será muito importante para as próprias eleições. No nosso entender, esse debate devia acontecer no início da campanha eleitoral", defende.
Os debates podem servir de barómetro para avaliar a desenvoltura dos candidatos e a clareza dos seus programas perante o eleitorado, acrescenta Solende.
A DW África contactou a direção do MPLA no Huambo para um posicionamento sobre este tema, mas não obteve resposta.
José Adalberto | Deutsche Welle
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