PORTUGAL
Zero e Quercus comprometem-se a
acompanhar a evolução da prospecção e pesquisa de lítio no país. As associações
temem que o rasto de destruição de espécies deixado na Mina do Barroso se
repita e que a população não seja ouvida.
O Governo anunciou, nesta quarta-feira, o avanço do concurso para a prospecção
e pesquisa de lítio nas áreas
indicadas, nomeadamente: Seixoso-Vieiros, Massueime e quatro áreas na
região de Guarda-Mangualde. Para os ambientalistas, é importante perceber o
impacto que a decisão vai ter tanto no ambiente como nas populações locais e
evitar um “salve-se quem puder”.
“A decisão de avançar com o concurso era expectável”, afirma Nuno Forner. Para o membro da associação ambientalista Zero, fazer-se esta avaliação ambiental foi “positivo porque definiu as áreas de prospecção e detectou constrangimentos que levaram à exclusão de duas áreas” inicialmente consideradas viáveis.
No entanto, as preocupações não se dissiparam. Pedro Santos, membro da Quercus, teme que “possa acontecer o mesmo que aconteceu na Mina do Barroso e que isso sirva como uma espécie de montra para o que aí vem”. O ambientalista refere-se ao resultado da prospecção na época, nomeadamente a destruição de várias espécies que existiam.
“Reconhecemos que o lítio é importante”, afirma. Porém, defende que as áreas consideradas viáveis são demasiado extensas. “Devia ser uma área mais restrita. E se se percebesse que há potencial, aí sim podiam avançar. Mas em grandes áreas é um 'salve-se quem puder' sem perceber bem antes se vale a pena avançar”.
Segundo a Zero, há uma componente essencial para todo o processo: a população. Nuno Forner defende que só é possível avançar para a exploração de lítio “se os impactos [ambientais] forem mínimos e se for possível fazer uma exploração verdadeiramente responsável e com benefícios para a população”, ao invés de deixar um “rasto de destruição, uma descaracterização da paisagem e materiais perigosos” para trás. É importante envolver a população para que entenda qual a compensação que pode ter face a uma futura exploração na sua área de habitação.
Para a associação, estas questões “geram sempre conflitos e há sempre incógnitas”. Por esse motivo, a Zero compromete-se a acompanhar o desenvolvimento do processo, “percebendo se há empresas interessadas [em explorar as áreas], quais as queixas da população e se há falta de transparência”.
Mariana Marques Tiago | Público
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