sábado, 5 de março de 2022

EM CIMA DO MURO COM O IMPERADOR DO JAPÃO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O aniversário de sua majestade o imperador do Japão, um passeio ao museu Hector Pieterson, a viagem de catamarã Luanda-Soyo, sobre o cinema e a biblioteca em casa, os brancos sabem dançar? E envergonhadamente lá saiu um texto intitulado Fracasso da diplomacia leva Rússia a decidir actuar. O título é um nadinha construído com os pés, muito verbo (decidir está a mais, devia ter ficado no copy-desk) e pouco sumo, mas é melhor do que nada. Assim vai a opinião no Jornal de Angola. E esta é, indubitavelmente, uma forma de alienar, manipular, distrair, desinformar, ajudar os fanáticos da UNITA a imporem as regras da seita. Parece que na hora da verdade, Jesus disse doído: Perdoai-lhes Senhor, eles não sabem o que fazem!

Um sicário da UNITA diz que a desgraça de Jonas Savimbi foi perder as telecomunicações. Até mandou um escravo à Zâmbia para comprar um telefone satélite. Desconseguiu. O criminoso de guerra tinha um excelente plano de paz a propor à comunidade internacional. Ao Governo de Angola nem pensar, relações cortadas. Ao Povo Angolano nada de satisfações. Não lhe deram votos suficientes em 1992. 

O Acordo de Bicesse, que ele assinou, foi crivado de balas, ocupado militarmente por 20.000 homens que Savimbi e os serviços secretos da África do Sul esconderam em bases no Cuando Cubango, para ocuparem Angola caso a UNITA perdesse as eleições como perdeu, estrondosamente. 

O Protocolo de Lusaka foi espezinhado pelas botas da soldadesca do criminoso de guerra. Apenas serviu para Savimbi se armar até aos dentes, enquanto, de boa-fé, o general Eugénio Manuvakola e o Dr. Jorge Valentim negociavam a paz em nome da UNITA. Decorriam os trabalhos e aviões ucranianos aterravam no Bailundo e no Andulo com toneladas de armamento sofisticado. O plano pacífico do criminoso de guerra metia um aparato bélico nunca visto em Angola. Para trucidar a paz e impor no poder os criados dos nazis de Pretória.

Savimbi morreu como um fora da lei, um assassino em série, um terrorista cruel que nem por um momento hesitou em disparar contra o Povo Angolano ao serviço de forças estrangeiras, desde os colonialistas portugueses aos racistas sul-africanos, aos torcionários da CIA e de outros serviços secretos ocidentais. Em 2001 tinha um plano de paz para Angola? Os fanáticos da UNITA estão a levar as mentiras e falsificações até níveis intoleráveis. Estão a ver? Ele era bonzinho, amava a paz. Só não mostrou a sua face pacífica porque não lhe deixaram comprar um telefone satélite. 

O piolhoso mental Alcides Sakala até diz que o chefe da seita, criminoso de guerra, é um exemplo para Angola e para o mundo! Os piolhos comeram-lhe a inteligência! Vamos recapitular. Num gesto de boa vontade, o Presidente José Eduardo dos Santos amnistiou os sicários da UNITA, todos criminosos de guerra. O lugar deles era no Tribunal Penal Internacional mas em vez do merecido castigo, ocuparam lugares no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), nos Governos Provinciais, nas administrações municipais e comunais, nas embaixadas, nas Forças Armadas, na Polícia Nacional. 

Savimbi rasgou o Protocolo de Lusaka e tornou-se um fora da lei e regressou ao registo de assassino cruel. Forças policiais, reforçadas com unidades militares porque os bandidos eram perigosos e estavam armados até aos dentes, perseguiram impiedosamente os bandoleiros. Nada de falinhas mansas. Todas e todos os que estavam com Jonas Savimbi eram membros de uma perigosíssima quadrilha. O mesmo que amnistiou todos os seus crimes, disse a Jonas Savimbi, alto e bom som: Savimbi ou se rende, é preso ou morre. Foi para se ouvir nas matas do Leste e nos gabinetes de Lisboa (a capital da traição permanente ao Povo Angolano), Paris, Londres, Washington e na África do Sul já com Nelson Mandela.

Nada melhor do que exemplos práticos. Imaginem que um bairro de Luanda se transformou no quartel-general de uma quadrilha perigosa que anda a matar, assaltar, raptar lançar o terror em toda a cidade. As forças da ordem vão fazer tudo para prender os marginais. E se eles oferecerem resistência, são baleados. Mas eles têm mais poder de fogo do que a polícia. Então avançam as Forças Armadas Angolanas. Aí os bandidos ou se rendem e vão presos ou morrem.

Os fanáticos que acompanharam Jonas Savimbi na sua aventura belicista constituíram-se numa quadrilha perigosa, terrorista, particularmente assassina e destrutiva. O chefe do gangue exercia sobre todos uma influência nefasta. Era a relação existente entre o senhor, suas escravas e escravos. Todos estavam na condição de foras da lei. A Polícia Nacional, sozinha, não tinha poder de fogo para enfrentar os bandoleiros. Avançaram as Forças Armadas Angolanas. No dia 22 de Fevereiro de 2002 acabou o pesadelo.

O Presidente José Eduardo dos Santos podia, naquele momento, declarar a seita UNITA como fora da Lei e da Ordem Democrática. Fez o contrário. Decretou um cessar-fogo para que todas e todos os membros da quadrilha fossem retirados, sãos e salvos, das matas. Um deles foi o piolhoso mental Alcides Sakala. Os piolhos comeram-lhe a inteligência e ainda ficaram cheios de fome. Estava prestes a exalar o último suspiro quando foi levado para o Hospital do Luena onde lhe salvaram a vida. 

Hoje Sakala diz que o assassino em série Jonas Savimbi é um exemplo para Angola e para o mundo. Eis uma forma repugnante de atentar contra a Unidade e a Reconciliação Nacional. Piolhosas e piolhosos, assassinas e assassinos, terroristas, violadores, destruidores da economia nacional e dos equipamentos público, metam nas vossas cabeças ocas que glorificar Savimbi é pisar todas as linhas vermelhas que delimitam o regime democrático.  

Considerar os assassinos Ben Ben, Alicerces Mango, Abel Chivukuvuku e Salupeto Pena como mártires é o mesmo que pisar as linhas vermelhas. É cuspirem na tumba das centenas de civis mortos nas ruas de Luanda, em 1992. Estão proibidos de transformar os assassinos sanguinários em mártires e heróis. Não confiem muito no vendedor de ossadas porque ele também vai na enxurrada de porcaria para o caixote do lixo da História de Angola Contemporânea. Basta de mentiras, falsificações e manipulações. 

A UNITA e seus aliados (zeros vezes zero) não querem ir às eleições de Agosto. Andam aos gritos de fraude, até contra uma empresa a quem foi adjudicada a logística do processo eleitoral. Sicários da seita e seus apêndices irrelevantes! As angolanas e os angolanos é que vão votar, não são as empresas ao serviço da Comissão Nacional Eleitoral. O delírio dos perdedores crónicos já chegou ao absurdo. Os megafones da UNITA puseram a circular que a empresa que vai garantir da logística das eleições não tem gráfica para imprimir os boletins de voto. Isto é grave porque parte do engenheiro a civil Adalberto da Costa Júnior e dos ourros sicários da direcçáo da UNITA.

Esses piolhosos mentais nunca ouviram falar em Gráficas de Segurança. Não sabem que existem poucas no mundo porque os fabricantes dos equipamentos e os Estados dificilmente emitem licenças para esses trabalhos.

As Gráficas de Segurança imprimem dinheiro, diplomas, passaportes, bilhetes de identidade, cheques bancários, boletins de voto e outros documentos que devem ter altíssima fidelidade. Para os sicários da UNITA isso tudo pode ser feito numa fotocopiadora do senhor Mamadou, ou do camarada Yuan Ping. Não conseguem libertar-se da Jamba e das matas. Preferem ser bichos peçonhentos sem miolos. E se um dia chegarem ao poder, quem não estiver com eles ou tiver um átomo de inteligência vai para a fogueira, como fizeram com as elites femininas da UNITA, é enterrado vivo como fizeram com a Senhora Ana Isabel Paulino Savimbi ou morrem à paulada como fizeram com o general Bock.

Savimbi assassino cruel. Savimbi violador de mulheres indefesas. Savimbi traidor. Este é o exemplo para a direcção da seita da UNITA. Querem provas da sua traição hedionda, em 1973? Leiam as cartas que ele escreveu a um simples capitão português que com a sua companhia de artilharia guardava as costas a Jonas Savimbi em Cangumbe. 

Outubro de 1973, depois do dia 5 e antes do dia 20, Savimbi enviou esta carta ao capitão Benjamim Almeida, que comandava uma companhia de artilharia da tropa portuguesa, aquartelada em Cangumbe:

“Fiquei contente em receber a sua carta de 5.10.73. Que tenha feito uma boa viagem e pela sua carta depreendo que tudo tenha corrido o melhor possível, é o que mais me alegra, pois associo aos seus sucessos pessoais a possibilidade de se falar no assunto. (Integração da tropa da UNITA nas Forças Armadas Portuguesas). 

Quanto à minha saúde vou muito melhor do que dantes, o que me cria condições de pensar e analisar para penetrar os labirintos complexos da política Angolana que está sendo fortemente influenciada pela opinião mundial. É este factor que tem também de pesar nas nossas decisões pois embora Portugal sempre resolveu os seus problemas com a capacidade de uma nação independente, nem sempre os outros quiseram deixar os outros em Paz. A correlação e a interdependência das políticas internas com as políticas exteriores têm hoje a sua maior expressão no desenvolvimento dos meios de comunicação, na unidade económica que só projectam com maior facilidade as ambições dos países mais fortes e as tendências ao imperialismo. Angola fica precisamente situada nessa encruzilhada. Só os homens de uma vasta visão política, podem evitar para Angola o que a História dolorosamente escreveu na alma e nos corpos de outros países que muitas vezes foram projectados para o desconhecido com as nefastas consequências que se conhecem por aí fora.

A minha experiência permite-me pensar que não há soluções mágicas para os problemas políticos nem um homem chave para decifrar tais equações. Se de um lado a capacidade dos dirigentes pesa decididamente na correcta solução dos problemas e Portugal tem homens à altura, principalmente na distintíssima pessoa de Sua Excelência o Presidente do Conselho (Marcelo Caetano), há que se ter em conta as circunstâncias que rodeiam as situações que vivemos e a evolução do Mundo. É neste capítulo que eu tenho de lamentar os processos utilizados pelas Autoridades estaduais em resolver os problemas de Angola, na hora em que o MPLA sofre a sua maior crise de sempre. O optimismo em demasia é também reflexo do desconhecimento dos problemas desta África em constante mutação, Hoje já não há aliados definitivos e incondicionais.

Propus às Autoridades do Luso o dia 20.10.73 para um encontro com o senhor Capitão Benjamim o que espero poderá materializar-se e assim terei mais um prazer de falar consigo”. (Páginas 174 e 175 do livro Angola - O Conflito na Frente Leste).

O encontro com o capitão Almeida aconteceu. Savimbi, no dia 22 de Outubro de 1973, enviou-lhe a seguinte carta, entregue em mão pelo tenente Sabino, da UNITA:

“Esta tem por fim desejar-lhe boa saúde e que tenha tido um regresso agradável depois do nosso encontro. O meu amigo PUNA e eu mesmo, ficámos com uma excelente impressão da sua pessoa e cremos que haverá um campo largo de cooperação entre as forças que comanda e as nossas, desde que uma oportunidade para isso se apresente. E será com prazer que daremos esse passo mais à frente na direcção da consolidação do que já conseguimos no decurso dos dois anos transactos. Não há dúvida de que a nossa conversa do dia 20 (Outubro de 1973) passado veio desanuviar grandemente a atmosfera das nossas relações com o Luso (Comando da Zona Militar Leste das Forças Armadas Portuguesas) que estavam a tornar-se já de um equilíbrio difícil. Oxalá que os factos que discutimos abertamente tenham no futuro uma interpretação consentânea com os maiores interesses das populações do Leste e da Paz para Angola que continua Portugal em África, na sua forma mais actualizada. Estou bastante optimista que há um campo muito vasto em que a política de Portugal em África pode ser consolidada, apesar dos vendavais movidos pelos ambiciosos que só têm o olho em casa de outrem.

Haveria, é certo, uma maneira mais curta para se resolverem os problemas da participação da UNITA na vida Nacional na sua fase mais avançada da integração. Há, porém, factos que nos levam a andar mais devagar para que consigamos resultados mais duradouros. Embora a nossa vontade seria de resolver os nossos problemas entre nós, isto é, em casa, temos e teremos por muito tempo que contar com a influência do estrangeiro, pois nem as alianças de Portugal com o resto do mundo são isentas de traições que só a cobiça explica e muito menos as fronteiras de Angola com o resto de África podem ser hermeticamente fechadas. É a situação com a qual temos de nos medir, nós e os vindouros, hoje e amanhã, para que a política de multirracialidade encontre enfim os ecos que o mundo de hoje bem precisa para salvaguarda da Humanidade. O seu contributo será enorme pois que a proximidade de Cangumbe connosco faz com que seja o elemento mais indicado para a troca de impressões, quando isso for superiormente autorizado.

Estamos esperando pela nota do Luso (Luena), para que se tomem as necessárias providências para que a nossa delegação possa continuar as discussões a nível mais alto.

Não gostaria de ser incómodo, mas é a necessidade que me obriga a solicitar a sua boa vontade, caso possa fazê-lo, para me arranjar: Uma boa capa de chuva, um par de botas altas militares número 42, cinco frascos de aero-om e algumas bisnagas de bálsamo de mentol, pomada tópica. Caso lhe seja possível adquiri-los, gostaria que me indicasse quanto é.

É tudo que se me oferece para hoje. Com respeito e amizade, Jonas Malheiro Savimbi” (Páginas 199 e 200 do livro Angola- O Conflito na Frente Leste). 

Savimbi dizia às tropas portuguesas que o MPLA estava numa situação difícil e, por isso, era altura de atacar em operações conjuntas, para que Angola continuasse a ser Portugal em África.  

Numa carta do chefe do Galo Negro ao capitão Almeida, ele refere a necessidade de se encontrar em conjunto e fraternalmente “uma maneira mais curta para se resolverem os problemas da participação da UNITA na vida Nacional na sua fase mais avançada da integração” (Angola O Conflito da Frente Leste, página 199. Autor capitão Benjamim Almeida. Âncora Editora). 

Se isto não é traição ao Povo Angolano eu sou o São Pedro Manda Chuva. Nas duas cartas Savimbi revela que está em negociações para integrar a UNITA na tropa portuguesa há dois anos, portanto, desde 1971. Mas em 1968, dois comandantes, Pedro e Sachilombo, foram reforçar os FLECHAS da PIDE/DGS em Lumbala Nguimbo (Gago Coutinho). Por aqui me fico. Mas os sicários da NITA não voltem a dizer que esse traidor asqueroso é um exemplo para Angola e para o mundo. Esse pária, assassino e terrorista não é exemplo nem para o engenheiro à civil, Adalberto da Costa Júnior, ele próprio uma besta insanável.

Já estou a respirar melhor mas a maldita gripezinha à Bolsonaro ainda me deixa extenuado só de pensar bater nas teclas. Amanhã é outro dia.

Nota final: Não adianta procurarem nas livrarias portuguesas o livro do capitão Almeida. Os bandidos do lóbi da UNITA em Portugal compraram todos os exemplares que encontraram. Acho que sou o único que tem um exemplar e não é da seita. Logo eu tinha que ficar com as provas escritas da traição do monstro da Jamba.

* Jornalista

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