sábado, 12 de março de 2022

PARABÉNS REGIME DE MARCELOS!

CONSEGUIRAM ALEGREMENTE PASSAR DO COLONIAL-FASCISMO, AO PATAMAR NEONAZI FOMENTADOR DUM “APARTHEID” GLOBAL!

Martinho Júnior, Luanda

CÍRCULO 4F

… Não foi um passo de mágica a “metamorfose” que “filtrou” fisicamente o REGIME DE MARCELOS, não foi!

Foi um longo processo de “maturidade” que subverteu por completo o espírito do 25 de Abril, começando dentro do próprio Movimento das Forças Armadas que levou a cabo o acto do 25 de Abril de 1974!

Sejamos claros: o Movimento das Forças Armadas Portuguesas, MFA, não extinguiu a PIDE/DGS em África submetendo-se ao “diktat” do Marechal Costa Gomes, que inculcou nos elementos golpistas pró UE-NATO, essa “mensagem” inerente à original “africanização da guerra”!

Por essa razão, o arsenal de segredos, de actividades operativas e diplomáticas, de vínculos e de agenciamentos, de arquivos, memórias e experiências, passaram incólumes para os encargos das próprias Forças Armadas Portuguesas, assim como para as escolas de “formação” e gestão inteligente (o ICSPU apenas perdeu o “U”) tal como para um leque de “entidades” que particularmente após o “verão quente” e o golpe do 25 de Novembro de 1975, passaram todos os vínculos para a esfera de submissão ao Pentágono, à União Europeia (UE) e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN-NATO)!

O estado português, o colonial-fascista e o agora nazificado, não foi cúmplice, antes cofundador da NATO e coautor autoassumido em todos os domínios, conjunturas e contextos de relacionamento, inclusive os económicos, os financeiros, os da jurisprudência, os mediáticos e os do plasma cultural, no ambiente “soft power” onde agora a nazificação introduzida como corolário, a partir do afã do delegado do Bilderberg que dá pelo nome de Francisco Pinto Balsemão!...

É por demais evidente o arsenal nazificado da comunicação global “à portuguesa”, pois até já “conseguiram” chegar ao nível da CNN… “bendita” a língua de Camões alforge das verborreias da ocasião!

O Presidente António Agostinho Neto com as emoções do momento daqueles tempos de 1974 e 1975, embarcando na fantasia, equivocou-se ao considerar o Movimento das Forças Armadas Portuguesas como o 4º “movimento de libertação”: aquilo que aparentou ficou muito longe do que foi e do que passou a ser, precisamente numa viragem de 180º!

A herança do equívoco é tal que o que diz respeito ao golpe do 25 de Novembro de 1975 passou a servir aos mais depravados interesses da hipocrisia, do cinismo e da ambiguidade, os interesses das avassaladas oligarquias “à portuguesa” e de seus estados burgueses, como se fosse obra do 25 de Abril!

O Presidente José Eduardo dos Santos em muitos aspectos e fundamentalmente depois do 31 de Maio de 1991, “entrou pelo cano”: foi rigoroso em relação ao Partido do Trabalho que se apressou a extinguir, em relação às Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, as sacrificadas (não gloriosas) FAPLA que pôs fim no altar de Bicesse e em relação à sua própria Segurança do Estado, quando em Março de 1986 atirou mais de 80 dos seus quadros para as urtigas e alguns dos quais para a prisão!

Pelos vistos em Angola confundiu-se o que era inerente ao movimento de libertação em África com o “perigo comunista”!

O Presidente José Eduardo dos Santos tornou-se condescendente para com aqueles que continuaram de armas na mão e mesmo depois do engodo de Bicesse, a tentar tomar o poder por assalto, instigados pelos da PIDE/DGS que continuaram o seu “trabalhinho transversal de sapa e pela calada”, um trabalhinho sempre inacabado, camuflados num largo espectro de organismos, incluindo os da inteligência da irmandade afrikander, do “apartheid”, conforme os currículos mais conhecidos do Inspector Óscar Piçarra Cardoso, reitor dos Flechas e do batalhão 31, ou do Jaime Nogueira Pinto que por via do “Le Cercle”, conforme o registo autobiográfico dos “Jogos Africanos”, entre muitas outras figuras de “homens da cor do silêncio” (em alguns casos, bastante ruidosos)!

O “Le Cercle” foi o inspirador intelectual do Exercício Alcora (o general Charles “Pop” Frazier, chefe do estado-maior das South Africa Defence Forces, SADF foi co-autor da venda de armas europeias para todos os componentes desse bárbaro “exercício” misto de cruz e espada, abençoado pela ala mais “opus dei” do Vaticano, que levou ao seu próprio reaproveitamento até nossos dias!

A pista africana do REGIME DE MARCELOS foi sangrenta para o povo angolano e depois institucionalizou-se até à mais degradante corrupção!

Primeiro houve o choque neoliberal de Savimbi utilizando uma das pistas que os portugueses e a PIDE/DGS foram sempre muito aptos – tráfico ilícito de diamantes e de moeda que desembocou na guerra dos diamantes de sangue entre 1992 e 2002, chegando ao clímax da manipulação geoestratégica, ao colocar o sector dos diamantes contra o sector do petróleo e do gás no dilacerado “inerte” chamado Angola…

Depois do choque foi a terapia neoliberal protagonizada pelo próprio Presidente José Eduardo dos Santos e seu clã, passando a mão pela cabeça de todos, “escancarando as portas” e introduzindo as caravelas de Diogo Cão como se fossem turbinadas a gás, em todo o tecido económico, social e psicológico angolano, a fim de forjar, a velocidade hipersónica só possível no século XXI, uma desavergonhada casta burguesa alienada, arrogante, desconectada do povo angolano e corrupta até à medula, até ao embrião que lhe deu o ser (2002/2017)!...

Estava-se assim de facto a construir a paz sem qualquer pinta de justiça social, a paz do “apartheid social” de que muitos aspectos físicos e geográficos particularmente do casco urbano da cidade capital, são expoentes!...

De amnistia em amnistia, o estado segundo o Presidente José Eduardo dos Santos, perdoando devotamente e segundo os mandamentos neoliberais de ocasião, por via duma malparada democracia representativa multipartidária, até acabou por possibilitar introduzir no Parlamento angolano autores e cúmplices das fogueiras da Jamba do agente servil do Exercício Alcora que foi Savimbi, “fiel bailundo”,  que agora alguns dos cúmplices-apaniguados querem ideologicamente “reabilitar”!

Para esses, nunca foi alvitrado julgamento para os seus crimes genocidas… o que era importante era julgar e condenar os oficiais da Segurança do Estado da RPA!...

Os oficiais da Segurança do Estado que foram entretanto condenados, mesmo com a boleia das amnistias e dos perdões em função das hordas sanguinárias de Savimbi, têm muito mais anos de prisão que aqueles autores intelectuais e materiais das práticas de conspiração ao serviço da grande venalidade mercenária, sendo nesse pé colocados como se fossem “prostitutas de guerra”, quando eram oficiais fundadores dignos, ousados parturientes e juramentados filhos da República Popular de Angola! 

Eles foram (e continuam ainda a ser para muitos), confundidos com os mais reles traficantes de diamantes, de moeda e de influência, confundidos com os mais repugnantes agentes desestabilizadores de Angola, ou pior ainda, por vias das amnistias e dos perdões, confundidos ao nível dos agentes sanguinários como os sequazes de Savimbi, muitos deles sentados agora piamente no Parlamento angolano, sofregamente à espera que Adalberto da Costa Júnior, o presidente português da UNITA, ganhe as eleições presidenciais de Angola, a ocorrer este ano!

O relógio angolano está sincronizado com o compasso do tempo global tornado pelo “hegemon” unipolar em tempo neonazi e para esses farsantes do híbrido UE-NATO, com uma Europa ocupada pelo Pentágono, com uma expansão envenenada para leste, os da vocação UNITA passaram também, no Trópico de Capricórnio, alegremente, da russofobia para o “apartheid” global a partir da plataforma nazificada que eles próprios criaram e se alcandoraram em biquinhos de pés (os angolanos para eles devem apoiar a Ucrânia, que segundo o Relatório Fowler forneceu tantas armas a Savimbi)!

Ao espectro sociopolítico de sua engenharia e arte, veem chegar ao próprio Parlamento português um CHEGA que faz a simbiose do passado colonial-fascista (é para isso que existem muitos homens de mão por dentro dos retornados ainda inspirados pela PIDE/DGS de sua memória), com a nazificação da Europa, sem a qual não haveria nem russofobia, nem o seu estado grave da tentativa de “apartheid” global!

Bem pode se juntar a fina flor do entulho nos dois Parlamentos “lusófonos”, CHEGA e UNITA, a UNITA de presidente emérito português, abençoado ainda pela “opus dei”, pelo sionismo e, claro está, pelos “Straussianos” do “hegemon” unipolar em nome dos quais a Europa está ocupada e nazificada!

Será mesmo que os angolanos conhecem bem a armadilha em que os meteram desde 31 de Maio de 1991?

Não, não conhecem e a prova está no alastramento da campanha fraccionista do 27 de Maio de 1977 a partir de Lisboa e até aos nossos dias, motivada directa ou indirectamente, velada ou abertamente, pela eminência parda que colocaram na sua própria Justiça e Interior sob a égide do Partido Socialista e do “nosso homem em Lisboa” na continuidade dos CONTOS PROIBIDOS, o agora “super” António Costa!

A PIDE/DGS nos laboratórios todo o terreno que possuíam, estava a encubar e a cultivar o embrião do etno-nacionalismo quimbundo em Angola antes do 25 de Abril de 1974, que com o 11 de Novembro de 1975 degenerou não só no fraccionismo do 27 de Maio de 1977, mas também na “cultura” comum fraccionista indexada ao REGIME DE MARCELOS, de oportunismo em oportunismo em Portugal e em Angola, quantas vezes por dentro de franjas do próprio MPLA!

Não, isto não são CONTOS PROIBIDOS!...

Não, isto não é imaginário de poetas ou de outros traficantes, particularmente os traficantes de palavras que por aí pululam!

São apenas uma curta radiografia de algumas peças do esqueleto do REGIME DE MARCELOS e derivados, “que estamos com ele”, mas em relação ao qual, a minha consciência de antigo combatente cultor da revolução que nunca acabou no Sul Global, nunca esteve!

Outras se lhe seguirão, é só dar tempo ao tempo, pois de prática de conspiração em prática de conspiração, CONSEGUIRAM ALEGREMENTE PASSAR DO COLONIAL-FASCISMO, AO PATAMAR NEONAZI FOMENTADOR DUM “APARTHEID” GLOBAL!...

Martinho Júnior, 10 de Março de 2022

Imagens:

01- Carta de Marcelo Rebelo de Sousa a Marcelo Caetano, um ano antes da revolução – Pedindo desculpa do tempo que tomo a Vossa Excelência, vinha solicitar alguns minutos de audiência (…). Seria possível, Senhor Presidente, conceder-me os escassos minutos que solicito? (…) Acompanhei de perto (como Vossa Excelência calcula), as vicissitudes relacionadas com o Congresso de Aveiro, e pude, de facto, tomar conhecimento de características de estrutura, funcionamento e ligações, que marcam nitidamente um controle (inesperado antes da efectuação) pelo PCP. Aliás, ao que parece, a actividade iniciada em Aveiro tem-se prolongado com deslocações no país e para fora dele, e com reuniões com meios mais jovens – https://aventar.eu/2016/01/18/carta-de-marcelo-rebelo-de-sousa-a-marcelo-caetano-um-ano-antes-da-revolucao/;

02- SIC MANTÉM DEBATE TELEVISIVO ENTRE MARCELO E VENTURA – A SIC vai manter o debate televisivo de hoje entre os candidatos presidenciais Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura, mas o modelo ainda não está definido, anunciou hoje o pivot do Primeiro Jornal da estação. – https://www.jm-madeira.pt/nacional/ver/114403/SIC_mantem_debate_televisivo_entre_Marcelo_e_Ventura;

03- Carta à Berta: Isabel dos Santos - Uma Saga de Família que vem do Século XVII - Parte IV – …Convém referir que este José Van Dunem (sem hífen no nome), era irmão da nossa atual Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem e que a falecida cunhada desta, Sita Valles, provém de uma família tradicional goesa que, tal como a de António Costa, o nosso Primeiro-Ministro, fazia parte da elite de Goa. Ambos pertencentes à casta Brâmane, a mais rica e elitista casta indiana. Em Goa, as famílias eram próximas, porém, enquanto uns acabaram por emigrar para Portugal, caso do pai de António Costa, Orlando Costa, outros optaram por um destino mais próximo, como Moçambique, o que foi o caso da família Valles, que mais tarde se mudaria para Angola… – https://alegadamente.blogs.sapo.pt/carta-a-berta-isabel-dos-santos-uma-24041

Sem comentários:

Mais lidas da semana