sábado, 23 de abril de 2022

Eleitores franceses escolhem entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen

Os franceses elegem este domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o próximo ou a próxima Presidente da República francesa. Os dois candidatos finalistas estiveram até esta sexta-feira em campanha.

Na última deslocação de campanha, Emmanuel Macron esteve em Figeac, no sudoeste francês, num cenário de carta postal, com ruelas, praças antigas e a natureza em todo o lado. As imagens são importantes em política.

Um espaço perfeito para falar de ruralidade, mas também ecologia. O Presidente-cessante espera recuperar votos do candidato ecologista Yannick Jadot e do líder da França Insubmissa, Jean Luc Mélenchon.

Na quinta-feira, Emmanuel Macron esteve em Saint-Denis, a segunda cidade mais pobre do país, uma forma de se dirigir às classes mais pobres, os eleitores que a opositora Marine Le Pen quer conquistar. Uma operação de comunicação. Dirigiu-se a associações e a moradores. Emmanuel Macron prometeu lutar até ao último segundo.

"Chamo à atenção, porque não foi possível falar disto no debate. Um dos pontos do projeto, talvez um dos mais perigosos da extrema-direita, é o financiamento do projeto. Não esquecendo o facto de eles quererem nacionalizar as autoestradas num valor de seis milhares de euros, quando custam 40 milhares. Que ela propõe reforçar a segurança do país e ir buscar dois milhares de economias à polícia, sob pretexto - talvez pelo espírito santo - haverá menos imigração com a extrema-direita e vão ser precisos menos polícias. Como se fizéssemos economias nos próximos cinco anos em guarda-chuvas porque, subitamente, decretaríamos o bom tempo permanente", ironizou.

Os apoiantes do candidato d"A República em Marcha temem uma desmobilização dos eleitores, no domingo, uma vez que o Presidente cessante está em vantagem nas sondagens, como apontava um estudo da Ifop de sexta-feira de manhã, 55,5% de intenções de voto para Emmanuel Macron, contra 44,5% para Marine Le Pen.

O Presidente cessante tenta conquistar os eleitores mais jovens, tal como fez na primeira volta e, para isso, deu uma entrevista na sexta-feira à noite ao Booska-P, um site de referência no mundo do RAP, que pode ser vista ao longo do fim de semana, uma vez que a internet não é visada pelo silêncio eleitoral aplicado aos órgãos de comunicação tradicionais.

Mobilizar o máximo de eleitores foi também a estratégia da candidata da União Nacional, de extrema-direita, Marine Le Pen, que esteve em Pas-de-Calais, no norte do país, o seu grande bastião. No último comício, a candidata pareceu estar mais à vontade, mais natural do que no debate de quarta-feira à noite. Perante os apoiantes, apresentou-se como a voz da maioria silenciosa.

"Povo francês, chegou o tempo de exigir contas a todos os que te desprezaram e dizer-lhes: vocês enganaram-nos, abandonaram-nos, desclassificaram-nos, arruinaram-nos. É tempo de vos mandar embora", declarou.

No debate de quarta-feira, Emmanuel Macron terminou a dizer que o escrutínio de domingo ia ser um referendo "para ou contra a União Europeia, a ambição ecológica, a laicidade e, portanto, para ou contra o que somos profundamente". Marine Le Pen retomou estas palavras, afirmando que se Emmanuel Macron quer reduzir este escrutínio a um referendo, "a escolha é simples: Macron ou a França".

"Se a nossa maioria silenciosa decidir sair do silêncio ao votar, iremos triunfar. E os que estão tentados numa estéril abstenção, digo-lhes: se vocês não procurarem a política, será a política que vos vai procurar e vos vai apanhar com Macron que vos vai maltratar durante anos. Para que serve gritar "Macron demissão" quando podem despedi-lo, sem autorização", afirmou Marine Le Pen.

Nas ruas, os franceses pedem vigilância até domingo à noite, como explica Julien: "Temo que aconteça o mesmo que aconteceu com Brexit, com o Trump, coisas que não esperávamos e acabaram por acontecer. É preciso ficar vigilante e não gritar vitória antes de domingo à noite."

No domingo, cerca de 48,7 milhões de eleitores franceses escolhem se voltam a dar confiança ao candidato d'A República em Marcha, cujo mandato fica marcado pelo movimento dos coletes amarelos, a crise sanitária da Covid-19 ou da guerra na Ucrânia, ou se a França escolhe acordar na segunda-feira, 25 de Abril, governada por um partido de extrema direita, liderado por Marine Le Pen.

Lígia Anjos, correspondente da TSF em Paris

Imagem: © Pascal Guyot/AFP

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