segunda-feira, 9 de maio de 2022

EDITORIAL DO JORNAL DE ANGOLA -- Angola e Estados Unidos

Artur Queiroz*, Luanda

Mais de vinte anos depois, as relações entre Angola e os Estados Unidos pautam-se pelo aprofundamento, pelo reconhecimento mútuo da importância estratégia que ambos os países atribuem aos laços e pelo aumento da cooperação económica, comercial e cultural.

Depois da assinatura do Acordo de Parceria Estratégica, existente desde 2010, os vínculos que ligam os dois países têm vindo a crescer e numa altura em que Angola procura diversificar a economia, de um lado, e em que grande parte das potências, incluindo os Estados Unidos auguram por uma espécie de "segurança energética”,  podemos dizer que há ainda maior expectativa quanto ao crescimento destas relações.

A vinda da subsecretária de Estado, Wendy Sherman, como de resto os contactos mantidos entre Angola e os Estados Unidos a todos os níveis, espelha bem a vontade mútua de reforçar o chamado  Diálogo de Parceria Estratégica.

Depois de elogiar os progressos feitos por Angola, a número dois do Departamento de Estado, fez uma previsão que espelha bem o momento das relações bilaterais quando disse que "vejo que haverá mais negócios norte-americanos em Angola, como resultado das reformas que estão a ser realizadas”.

Não há dúvidas de que nos honra o encorajamento que vem de todos os lados em geral e em particular dos Estados Unidos no que ao "trilho das reformas” diz respeito, uma realidade e compromisso que tende a ser transversal em toda a sociedade angolana.

Como tinha salientado o Presidente João Lourenço, numa das suas intervenções, em que tinha aproveitado para desmistificar a ideia de "paternidade do combate à corrupção”, ela decorre sobretudo da consciencialização generalizada de que não só era insustentável o curso em que o país se encontrava, como inevitável a perspectiva de o país resvalar para o precipício com os níveis de impunidade e  corrupção.

Logo, os esforços que fazemos hoje para combater a corrupção, que levam o mundo a encarar com satisfação e a encorajar,  são de todos os angolanos. E como recomendável todos os angolanos devem se rever nestes esforços que, não sendo perfeitos, nem passíveis de eventuais erros, seriam piores se mantidos inactivos e condescendentes com o contexto herdado em Setembro de 2017. 

Ainda relativamente às relações entre o nosso país e os Estados Unidos, o tempo tem provado a forma proveitosa como ambas as partes procuram retirar vantagens recíprocas dos laços para, como se espera, beneficiar os dois Estados e povos.

A vinda da número dois do Departamento de Estado é sinónimo de que, ao contrário do que alguns sectores insinuam, com alegações sobre um suposto distanciamento entre Washington e Luanda, as relações estão no bom caminho.

Não constitui nenhum exagero se dissermos que nunca o Diálogo de Parceria Estratégica se mostrou necessário, útil, funcional e urgente como na conjuntura actual em que os contactos bilaterais e multilaterais são instrumentais para manter a paz e segurança internacionais. E quando a diplomacia é colocada ao serviço dos Estados e povos para fazer avançar a agenda da paz, da estabilidade, da cooperação e troca entre os Estados, o mundo tende a ser um lugar mais pacífico.

Angola, de sua parte, vai continuar a jogar o papel esperado como um "player”, em África e no mundo, pela paz, diálogo, concertação com todos os Estados do mundo.

*Jornalista

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