domingo, 29 de maio de 2022

LONGA VIDA AOS INJUSTIÇADOS PARA RIREM NO FIM – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Jornalismo é assassinado impiedosamente na Ucrânia por propagandistas desalmados. Nos Media ocidentais impera uma Recdacção Única, a forma mais terrível de censura. Hoje, 27 de Maio, consultei os canais ocidentais e todos tratavam da “crise dos cereais” atribuindo à Federação Russa a fome no mundo e particularmente nos países mais pobres de África. Até puseram comentadoras e comentadores a carregar nas tintas, para que ninguém duvidasse da crueldade dos russos.

Qualquer principiante de jornalismo sabe como confirmar e reconfirmar os factos manipulados na Redacção Única. Mas ninguém está interessado em salvar a honra do Jornalismo. 

A República Popular da China é a primeira produtora mundial de cereais. E a segunda exportadora. Os EUA são os segundos produtores nundiais de cereais. E os primeiros exportadores! A Federação Russa está em quarto lugar e a Ucrânia em nono. O Canadá, que se tem mostrado tão preocupado com a fome no mundo causada pela situação na Ucrânia, é o décimo exportador mundial de cereais. A França vem logo a seguir. E sucessivamente a Austrália,  Polónia, Reino Unido, Roménia, Espanha, Itália, Dinamarca, Bulgária, República Checa, Suécia, Lituânia, Eslováquia, Finlândia e Letónia! Números oficiais.

Os cereais da Ucrânia e da federação Russa não interessam para nada, desde que os países da OTAN (ou NATO) com o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) à cabeça, substituam as exportações dos dois países.

A lista dos produtores e exportadores de cereais está desvendada e a Redacção Única desmentida. Agora vamos falar de produtos alimentares. Os EUA são os primeiros exportadores do mundo. O quarto é o Canadá e o oitavo a Austrália. Isto quer dizer que a coligação que aposta em enfraquecer a Federação Russa, pode e deve socorrer os países com fome. 

Um pormenor importante. Na União Europeia, os maiores produtores de cereais são primeiro a Roménia, segundo a Espanha e terceiro a Itália. Todos países da OTAN (ou NATO) participantes na guerra de enfraquecimento da Federação Russa. Se há fome no mundo, é porque estes países apostam nessa arma para colocarem todos  contra os russos. Os portos da Ucrânia podem ficar bloqueados eternamente, que daí não vem fome ao mundo. Basta que o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) em vez de vender armas, passe a vender produtor alimentares, de preferência a crédito, aos países pobres.

A Redacção Única também pôs a tocar as trombetas da propaganda no que toca aos misseis disparados na Ucrânia. Dizem as assassinas e assassinos do Jornalismo que nunca tinham sido usados tantos mísseis desde a II Guerra Mundial, como os que usou a Federação Russa na Ucrânia. Uma aldrabice ignóbil. O ensaio dos primeiros engenhos balísticos de grande dimensão para fins militares, foram gerados no âmbito do programa alemão das “armas-maravilha”(wonder weapons) de Hitler. A União Soviética desenvolveu esses estudos e em Outubro de 1962 colocou os primeiros mísseis em Cuba. Recolheram a casa e ninguém os usou.

O estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) entrou na corrida e apanhou os soviéticos. Foi na Guerra Irão-Iraque (1980-1988) que foram lançados mísseis. Fornecidos pelas potências ocidentais a Bagdade e Teerão. Na Guerra do Golfo a capital do Iraque foi atacada com mísseis norte-americanos que rebentaram com a cidade milenária e com o país que é berço da dita civilização ocidental. Mataram milhares e milhares de civis. Ninguém se admirou. Ninguém condenou. Poucos reportaram. Eu vi bombardear Bagdade e escrevi. Washington despejou bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki, quando o Japão, derrotado, estava de joelhos. No Iraque atacaram com centenas ou milhres de mísseis.

Na II Guerra mundial ninguém tinha essas armas.

Hoje, 27 de Maio, morreu Mário Mesquita, jornalista. Na sequência do 25 de Novembro de 1975, ele e Vítor da Cunha Rego assumiram a direcção do jornal Diário de Notícias. Foram eles que fizeram do maior jornal português, a folha de couve que é hoje. Os dois directores decidiram despedir duas dezenas d jornalistas. Eu também entrei na lista. Mandaram-me uma carta onde diziam que eu estava despedido, “por não ser pluralista”. Respondi informando os dois beneficiários do golpe militar, que tinha sido contratado como jornalista e não como pluralista. Portanto, considerava o despedimento ilegal. Mas como não confio nos aparelhos repressivos da classe dominante, um dia havia de resolver o assunto à minha maneira, porque tiraram o pão aos meus filhos. Na altura já tinha três, que comiam desalmadamente.

Não precisei de sujar as mãos. Morreram os dois. Pum, pum, pum! E eu cá ando a navegar, embora com sérios riscos de ir ao fundo a qualquer momento. Longa vida aos injustiçados, para verem passar na correnteza do rio, os cadáveres dos seus algozes, flutuando de nenúfar em nenúfar. 

Amanhã contem com a fantástica história do Onete, construtor de túneis entre a fábrica da Mission e o Palácio da Cidade Alta.

*Jornalista

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