Artur Queiroz*, Luanda
A pena de morte é praticada em países como a Arábia Saudita, EUA, Japão ou Iraque, todos aliados do estado terrorista mais perigoso do mundo. Quando a Guiné Equatorial pediu a adesão à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a intelectualidade lusa corrupta e ignorante (ligada à UNITA) levantou a voz contra, porque naquele país africano existe a pena de morte.
A Ucrânia aboliu a pena capital no ano 2000, para aderir ao Conselho da Europa. Após o triunfo do golpe nazi de 2014, o regime ressuscitou-a e desde então, os adversários políticos passaram a ser executados. A União Europeia quer a adesão do país rapidamente, antes que sejam reveladas as centenas de execuções, só este ano, antes do início da operação russa.
O problema é que o senhor Antony Blinken, secretário do Departamento de Estado, e a senhora Wendy Sherman, subsecretária, publicaram o relatório anual dos direitos humanos no mundo e lá está escrito isto: “Na Ucrânia há execuções extrajudiciais e tortura (...) tratamento cruel de detidos por agentes da ordem, condições prisionais duras e ameaçadoras, detenções arbitrárias e problemas graves com a independência do Poder Judicial (...) Existe violência com base no género ou orientação sexual, antissemitismo, e contra pessoas com deficiência ou de grupos étnicos minoritários, bem como as piores formas de trabalho infantil (...) O Governo não tomou medidas adequadas para perseguir ou punir a maioria dos funcionários que cometeram abusos, resultando num clima de impunidade”.
O relatório do estado terrorista
mais perigoso do mundo, como sempre, também contempla Angola com os seus mimos.
O documento foi apresentado por Blinken,
A vasta lista inclui ainda “a interferência na liberdade de reunião pacífica, actos graves de corrupção, falta de investigação e responsabilização pela violência baseada no género e crimes envolvendo violência ou ameaças de violência contra lésbicas, homossexuais, bissexuais, transexuais e intersexuais”. Tudo isto acontece porque, segundo Antony Blinken e Wendy Sherman “a responsabilização pelos abusos dos direitos humanos foi limitada devido à falta de controlos e equilíbrios, falta de capacidade institucional, uma cultura de impunidade e a corrupção governamental”.
Uma das autoras deste rol de acusações é Wendy Sherman, que esteve entre nós estes dias. A TPA estendeu-lhe uma passadeira de veludo e os seus pseudojornalistas arrojaram-se a seus pés. Estenderam-lhe o microfone, filmaram-na e ela deu o recado. Não vou envolver-vos naquele paleio para boi dormir. Apenas resumo o que a excelsa senhora disse: Seus pretos! Se não tiverem juízo levam com a UNITA em cima e ressuscitamos o regime de apartheid.
Com a TPA foi assim. Mas o Jornal
de Angola fez mil vezes pior. Num editorial da direcção, eles rastejam ante a
ameaçadora Wendy. Bajulam a mulher como se fosse o Biden
Querem que vos traduza o rastejar da direcção do Jornal de Angola? Vou traduzir em poucas palavras: Levem o petróleo de borla como fazem noutros países. Nós somos bons pretos. Não se esqueçam de nós quando distribuírem as esmolas”. A direcção do Jornal de Angola, que obriga e responsabiliza todas e todos os jornalistas da casa mais os patrões, remata com esta: “A vinda da número dois do Departamento de Estado a Angola é sinónimo de que, ao contrário do que alguns sectores insinuam, com alegações sobre um suposto distanciamento entre Washington e Luanda, as relações estão no bom caminho”. Claro, estamos de joelhos ante o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA).
Sobre as graves acusações a Angola no relatório da autoria do senhor Antony Blinken e da senhora Wendy Sherman, o editorial do jornal, que pertence ao sectorial empresarial do Estado, nem uma palavra. E eles são atingidos! Leiam o que escrevem os dois terroristas a soldo de Biden: “Em Angola há restrições graves à liberdade de expressão e de imprensa, incluindo violência, ameaças de violência ou detenções injustificadas contra jornalistas.”
O livro A Cia Contra Angola, do oficial da CIA John Stokwell, nunca existiu. O atentado da CIA contra Lúcio Lara, no Bairro Popular, em Outubro de 1974, nunca existiu. A greve dos camionistas, na mesma data, nunca aconteceu. Se não fosse a intervenção do engenheiro Fernando Falcão e do capitão Fonseca de Almeida mais a mão firme do almirante Rosa Coutinho, hoje Angola era um bantustão da África do Sul racista. Os EUA nunca apoiaram financeira e militarmente os racistas de Pretória. O presidente Reagan nunca deu ao criminoso de guerra Jonas Savimbi os mísseis Stinger. A administração da Cabinda Gulf nunca se entregou aos bandidos da FLEC. Nunca sabotaram as instalações petrolíferas no dia em que começou a Grande Batalha do Ntó.
Há angolanos que têm uma prática curiosa. Pensam que Angola só existe desde que eles foram acomodados num qualquer tacho por terem bons padrinhos na cozinha. A direcção do Jornal de Angola pensa que os EUA só conhecem Angola há 20 anos! Estão ligeiramente enganados. Washington apoiou activamente a criminosa guerra colonial dos fascistas de Lisboa, desde o primeiro dia. Forneceram dinheiro, armamento e apoio político. O senhor ministro da tutela tem de ver o que se passa. Para rastejarem aos pés da senhora Wendy Sherman de mão estendida à esmola, é porque já se passaram para o outro lado. Um dia destes vendem o jornal ao engenheiro à civil Adalberto. Um director que passou por lá, até vendeu o prédio da Rainha Jinga e as verbas da publicidade. Voltou depois de 2017 como se nada tivesse acontecido.
*Jornalista
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