segunda-feira, 2 de maio de 2022

Portugal | O DESCARADO COMPORTAMENTO ANTICOMUNISTA

O apelo do primeiro-ministro para que «haja serenidade» deverá estender-se aos representantes ucranianos em Portugal, considerando o comportamento insolente que têm manifestado.

António Costa reagiu este domingo às notícias sobre o acolhimento de refugiados da Ucrânia no nosso país, pedindo «serenidade», um dia depois de a Câmara Municipal de Setúbal ter reafirmado a comunicação enviada ao Governo no início de Abril, e que este deixou sem resposta. 

Ontem também, o presidente da associação Refugiados Ucranianos afirmou à Lusa não perceber, por um lado, «como é que Portugal continua a ter um partido como o PCP, nem por que as organizações não filtram as pessoas que lá trabalham» e, por outro, «como é que Portugal, um país democrático, continua a ter um partido como o PCP».

Num acto de ingerência e, aqui sim, falho de princípios democráticos, o dirigente associativo foi ainda mais longe ao afirmar que lhe custava perceber «como é que não filtram as câmaras, as organizações não filtram as pessoas dentro de próprias» associações, «quem são, o que é que fazem e quais são as ideias deles». 

Domingos Abrantes, um dos muitos militantes comunistas que passaram pelos cárceres do fascismo, afirma ao AbrilAbril que as declarações proferidas ontem pelo presidente da associação são de «extrema gravidade». «O senhor ainda não percebeu que não está na Ucrânia, onde o Partido Comunista foi o primeiro a ser ilegalizado, como é clássico, e a seguir tudo o resto, à excepção do partido do presidente [Servo do Povo] e dos partidos nazis», afirmou. 

Igualmente grave, destaca Domingos Abrantes, é «o silêncio das autoridades públicas, e de certas pessoas que se dizem democratas de esquerda, quando existe todo este ataque a um partido que é um dos construtores do Portugal democrático». Ao mesmo tempo deixa claro que, «naturalmente, nem todos os ucranianos que estão em Portugal são como este dirigente, que exibe símbolos nazis».

Ao presidente da associação de refugiados junta-se a embaixadora da Ucrânia em Portugal, que, numa entrevista recente, criticou e acusou os comunistas de participarem na «campanha de desinformação» russa. Não menos curiosa foi a participação de Inna Ohnivets no desfile organizado pela Iniciativa Liberal, no 25 de Abril, tendo em conta a conduta ética que deve nortear os diplomatas creditados em Portugal e o facto de a iniciativa ser contra a natureza da Revolução ocorrida há 48 anos. 

Estas atitudes, particularmente a da embaixadora, percebem-se melhor à luz da realidade vivida na Ucrânia a partir de 2015, onde desde então o Partido Comunista permanece ilegalizado, existindo uma Lei de Descomunização com penas até cinco anos de prisão. Em Março, e sob o pretexto de serem «pró-russos», o presidente Zelensky, que no final de 2021 condecorou um dos líderes do batalhão neonazi Azov, Dmytro Kotsyubaylo, proibiu a actividade de 11 partidos políticos, incluindo o maior partido da oposição.

Situações em sintonia com o período negro do fascismo, que Portugal viveu, onde todos os que tinham ideias e opiniões contrárias ao poder eram apelidados de comunistas. 

AbrilAbril

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