Maioria considera insuficiente a atualização de pensões e salários e defende que devia haver limites aos aumentos de preços da energia e bens essenciais.
A esmagadora maioria dos portugueses (81%) considera que o Governo tem de aprovar novas medidas para atenuar os efeitos da crise económica agravada pela guerra na Ucrânia. Limitar os aumentos dos preços da energia e de bens essenciais e baixar impostos são medidas defendidas como prioritárias por mais de metade dos inquiridos na sondagem feita pela Aximage para o JN, DN e TSF.
O Orçamento do Estado foi aprovado anteontem; dias antes (as 805 entrevistas foram feitas entre 19 e 24 de maio), cerca de 80% dos inquiridos responderam que a atualização das pensões e o aumento previsto para a Função Pública são insuficientes.
Os 81% de inquiridos que responderam que são precisas novas medidas escolheram três prioritárias entre uma lista de propostas. Uma maioria (71%) elegeu limites aos aumentos dos preços da energia, à subida dos preços de bens essenciais (66%) e a baixa dos impostos (58%). Foram as três medidas mais votadas tanto por homens como por mulheres, por todos os grupos etários e também por todas as regiões.
Menos de metade escolheu outras medidas, como mais apoios sociais às famílias desfavorecidas (43%), apoios à produção de bens alimentares (22%) ou às empresas (16%).
Avaliação ao governo
A atualização extraordinária de 10 euros para os pensionistas que recebem até 1108 euros, com retroativos a janeiro, foi aprovada por todas as bancadas parlamentares, à exceção do Chega, que se absteve. Na sondagem foi classificada por 83% dos inquiridos como insuficiente, especialmente pelos que residem nas regiões Centro (90%), Sul e Ilhas (87%), pelas mulheres e pelos mais velhos de 35 anos.
Já o aumento de 0,9% da Função Pública aplicado desde janeiro é para 79% dos inquiridos insuficiente, sem grande divergência de género (80% dos homens e 78% das mulheres) ou etário, a partir dos 35 anos (81%, no grupo 35-49 anos, 79% entre os mais velhos). A taxa de inflação homóloga em Portugal atingiu os 7,2% em abril, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o valor mais elevado desde março de 1993.
Interpelados sobre a forma como avaliam "a resposta do Governo para atenuar os efeitos desta crise que a guerra intensificou", 40% dos inquiridos responderam que a atuação do Executivo tem sido "nem boa, nem má". Só pouco mais de um quarto (26%) classifica a resposta de boa (23%) ou muito boa (3%). Sendo mais os que a avaliam de má (20%) e muito má (9%).
Mais uma vez, a avaliação "nem boa, nem má" foi a mais escolhida em todas as regiões, por homens e mulheres (40% e 39%, respetivamente) e por todos os grupos etários.
António Costa conseguiu a maioria absoluta nas legislativas de 30 de janeiro. Entre os inquiridos que responderam ter votado no PS nas eleições, 41% consideram que a resposta do Governo foi nem boa, nem má, 37% avaliam-na como boa e 13% como má.
Já entre os eleitores do PSD, 20% também avaliam a resposta como boa, 43% "nem boa, nem má" e 23% como má. A maior percentagem de eleitores a dar nota má foram os da CDU (49%) e os que a avaliam como boa foram os do CDS (20%).
Viagens, carros, casas e até filhos estão a ser adiados
Mais de metade dos inquiridos (53%) assumiram que já tiveram de adiar projetos pessoais devido à crise. As mulheres (55% contra 50% dos homens) e a faixa dos 18 aos 34 anos (66%) foram os que responderam mais ter adiado projetos desde o início da guerra. Os que o admitiram escolheram entre uma lista de exemplos do que já abdicaram - 59% prescindiram de viagens de férias, 28% da compra de um carro, 26% de fazer obras na habitação, 20% deixaram de comprar casa, 19% não mudaram eletrodomésticos, 2% não avançaram com negócios e 1% atrasou a decisão de ter filhos. Um número residual assumiu não ter feito arranjos nos carros ou ter deixado de ir ao dentista.
Alexandra Inácio | Jornal de Notícias
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