sábado, 24 de setembro de 2022

Angola | Às Armas Contra as Eleições e os Russos -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O mundo que oferece dinheiro e armas à Ucrânia estava à espera que o Presidente Putin declarasse guerra ao actor de Kiev, para ser uma coisa mais séria. Não aconteceu. Uma fraqueza, dizem os chefes de Washington. Uma farsa, diz Macron. Uma cobardia diz Zelensky. Mas a TPA, canal público angolano, declarou mesmo a invasão russa e só fala de guerra. Dinheiro da embaixada dos EUA em Luanda untando as mãos e aclarando as vozes, ou ordens superiores? Quero lá saber, Mal por mal, que fale mais alto o dinheiro fácil.

O dinheiro dos diamantes de sangue ainda chega para uns quantos escribas dizerem que houve fraude eleitoral. E não pensem que são só os desgraçados que recebem. Os ricos também são bafejados. Eu também recebi o meu bocado. Houve fraude eleitoral sim! Não escondam mais. Nada de silêncio cúmplice. Eu confesso que vi a fraude eleitoral e não posso guardar silêncio. 

Em Lisboa, enquanto decorria a votação, centenas de apoiantes do Galo Negro perturbaram a votação, entupindo a porta de entrada. No passeio em frente, uma turba de arruaceiros exibia cartazes de apoio à UNITA e a Adalberto da Costa Júnior. Fraude eleitoral pura e dura. O delegado do Galo Negro na mesa de voto foi obrigado a deixar o seu posto, vir à rua e dizer às televisões que os manifestantes, nada tinham a ver com a UNITA. Ele sabia que aquilo era uma fraude!

No Porto aconteceu o mesmo. Eu vi. Dezenas de galináceos intimidavam quem queria votar. Votou, sentou. Um aplauso para o pessoal consular que ignorou a fraude eleitoral e não chamou a polícia para impor a ordem pública, eleitoral e democrática, Houve fraude, sim.

Em muitas assembleias de voto de Luanda, a tropa galinácea fez toda a espécie de desmandos. Votou, sentou. Votou, ameaçou. Votou, insultou. Votou, agrediu. Há imagens desses assaltos aos locais de voto. Mas por pudor, não são exibidas. 

Também para não contrariar a versão oficial de que tudo correu bem e houve civismo. Não foi assim. A tropa de choque da UNITA intimidou, ameaçou, agrediu, em todo o país. Grandes fraudes eleitorais. Estou de acordo que tenham sido ignoradas. Como eu não tenho nada a ver com estas tácticas, denuncio: a UNITA e accionistas da Sociedade Civil cometeram muitas fraudes eleitorais. Nem assim conseguiram ganhar.

Amigas e amigos querem saber o que eu penso do novo gabinete ministerial e das nomeações para os governos provinciais. Provavelmente a culpa é minha por não saberem que jamais falo do que não sei. Mas não me furto a dar uma opinião fundamentada. O MPLA ganhou as eleições com maioria absoluta, derrotando todos os partidos da Oposição reforçados com uma parte importante do MPLA. Uma vitória estrondosa. Só a abstenção ganhou ao partido de Ilídio Machado, Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos. 

João Lourenço, provocado pela empregada da limpeza da RTP (canal público português de televisão) disse que uma vitória por maioria absoluta é sempre um grande resultado e não uma “vitórias apertada” como a provocadora afirmou. É verdade, uma maioria absoluta é sempre uma grande vitória. Até porque uma parte mais politizada do eleitorado não foi votar. Partiu do princípio de que o MPLA ganhava mesmo sem os seus votos. Comodismo. Mas também como forma de protesto.

E assim, se o Presidente da República fizesse grandes alterações na equipa que ganhou estrondosamente, estava a ser incoerente e até irresponsável. Por isso, os pequenos ajustamentos fazem todo o sentido. Partiu para os cinco anos de mandato com a mesma equipa e assim dá uma garantia: Ninguém vai desculpar-se com a falta de experiência no cargo quando falhar. Isso é muito bom.

Sobre os governadores provinciais nada tenho para dizer. Todas e todos experientes. Com os recursos humanos disponíveis e dispostos a trabalhar nas províncias, fizeram o que puderam. Vão continuar a fazer. Só Luanda me merece um comentário. Sendo uma Cidade Estado (dez milhões de habitantes!), são necessárias mudanças de fundo. Estruturais. Algo que nunca foi feito e não depende dos nomes de quem governa. Se temos mais do mesmo, é suposto que vai continuar tudo na mesma. A não ser que Manuel Homem faça magia. Se assim for, temos um santo de carne e osso, especialista em milagres. Quem me dera. 

A revista britânica The Economist, propriedade de mafias antigas (Rothschild e Agnell) diz que nas eleições de 24 de Agosto “o vendedor perdeu”. E que em Angola existe “um regime miserável com um povo na miséria”. Senhoras e senhores mafiosos. Angola existe como Estado Soberano há menos de 50 anos. Até 11 de Novembro de 1975 era uma colónia onde portugueses, britânicos, franceses, holandeses, norte-americanos e alemães roubavam ferozmente as suas riquezas. Submetiam o Povo Angolano pela força do chicote, da prisão e à lei da bala. Recuperar desses séculos tenebrosos, é tarefa difícil e muito demorada.

O Reino Unido tem um longo historial de pirataria. Toda a realeza descende de sanguinários corsários. Após séculos e séculos de existência, como potência colonial e imperial (ainda hoje…) o quadro social é gravíssimo.

Um relatório da ONU revela que “as políticas do governo levaram ao empobrecimento sistemático de milhões de pessoas na Grã-Bretanha”. O documento é assinado pelo especialista nas Nações Unidas em pobreza e direitos humanos, Philip Alston.

Os resultados das políticas de austeridade são cristalinos, escreveu o perito, exemplificando: "há 14 milhões de pessoas vivendo na pobreza, níveis recordes de fome e falta de habitação, queda na expectativa de vida nalguns grupos, cada vez menos serviços comunitários e grande redução de policiamento. (…) O acesso aos Tribunais para grupos de baixos rendimentos foi drasticamente reduzido pelos cortes à assistência social. (…) A imposição da austeridade foi um projeto ideológico destinado a reformular radicalmente a relação entre o governo e os cidadãos.”  

Philip Alston prossegue no seu relatório: “Os padrões de bem-estar do Reino Unido desceram abruptamente num período de tempo extremamente curto, como resultado de escolhas políticas deliberadas, quando muitas outras opções estavam disponíveis”.

O perito da ONU faz duras críticas à política em vigor 'trabalho, não assistência social”. E denuncia que essa opção governamental transmite “uma mensagem de que pessoas e famílias devem recorrer à caridade, porque o Estado não mais fornecerá a rede básica de segurança social que todos os partidos políticos seguiam desde 1945".  

Políticas assassinas (o Papa diz que este capitalismo mata!) de um regime miserável que só reproduz miséria e rainhas 70 anos no poleiro.

A CNN Portugal, órgão oficial, da UNITA em Portugal dá guarida a um tal Bugalho, meio cabeça rapada meio fascista do antigamente, apaniguado do Galo Negro. O rapazola atrevido diz que as eleições de 24 der Agosto foram “uma tragédia nacional sob o aplauso internacional. Não se trata de um golpe de Estado, pois Adalberto Costa Júnior prossegue pacificamente o processo de credibilização institucional da UNITA, mas de um golpe do Estado. Longe da imprensa estrangeira e dos gabinetes das embaixadas, é fácil confirmá-lo”. E aplaude a “corajosa” veneranda conselheira do Tribunal Constitucional, Josefa Antónia dos Santos Neto, que redigiu um voto de vencida como se fosse uma zungueira de aldrabices.  

A senhora queria que o Tribunal Constitucional ignorasse a posição e as provas da Comissão Nacional Eleitoral e valorizasse os falsos argumentos da CASA-CE. Logo, é uma maravilha. Mas o filhote de nazi não diz que a autora do voto de vencida foi indicada pela UNITA para o Tribunal Constitucional e num dia mau, resolveu vestir a camisola do partido com a cara do Adalberto estampada. E receber ordens da filhinha que é dirigente e deputada da UNITA. Um perito em Justiça Eleitoral classificou como infeliz o voto de Josefa Neto.

O rapazola da CNN Portugal é mais um beneficiário dos diamantes de sangue. Este começou cedo. Mal gatinha. Balbucia em vez de falar. Escrevinha umas garatujas mentais em vez de escrever. Mas já sabe tudo sobre Angola e viva a UNITA. O dinheiro dos diamantes de sangue nunca mais acaba! O João Soares já tem sucessor. E o Tio Célito por trás dos arbustos movendo as marionetas.

A propósito, a Procuradoria-Geral da República e aquela senhora da recuperação de activos não quer deitar mão nisso? O quê? Os ladrões de diamantes e os beneficiários dos roubos já vão a caminho da cadeia de Viana? Incluindo o Doutor Tuti Fruti? O Adalberto vai à frente? Muito agradecido.

*Jornalista

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