domingo, 25 de setembro de 2022

Angola | OS NÚMEROS ESQUECIDOS DA SAÚDE – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda 

Uma fonte do Ministério da Saúde informou que concorreram 200 mil técnicos aos concursos abertos para preencher milhares de vagas. Em 11 de Novembro 1975 os serviços estavam praticamente paralisados fora dos grandes centros urbanos. E nas cidades, nomeadamente em Luanda, a assistência era garantida maioritariamente por técnicos cubanos. Os poucos angolanos que não desertaram, eram verdadeiros heróis. Na última legislatura o Ministério da Saúde admitiu 30.000 novos técnicos angolanos. Um salto gigantesco.

O panorama melhorou um pouco três anos depois da Independência Nacional. Em 1978, Angola já tinha 139 médicos angolanos e 410 estrangeiros, sobretudo cubanos. Nesse ano, o país dispunha de 3.371 enfermeiros, técnicos e parteiras. Em 2013 o Sistema Nacional de Saúde (SNS) contava com 2.895 médicos, dos quais 1.204 angolanos e 1.691 estrangeiros. Estes dados foram divulgados pelo ministro da Saúde de então, José Van-Dúnem, no Congresso de Ciências de Saúde.

O ministro revelou esta realidade: “Herdámos um serviço virado para prestar cuidados a uma minoria de 500 mil habitantes, gerando problemas ligados à escassez de infra-estruturas, de recursos humanos e até de organização. Transformámos lojas e habitações em postos e centros de saúde”. 

Apesar da guerra de agressão estrangeira, apoiada a Norte pela FNLA e a Sul pela UNITA, em 1978 o SNS tinha oito hospitais em Luanda, 16 hospitais provinciais, 32 municipais, 100 centros de saúde com camas, 64 centros sem camas e 100 postos de saúde. A guerra continuou até 2002 com todo o seu cortejo de mortes e destruições. Mas em apenas dez anos de paz, Angola já tinha dez hospitais centrais, 27 provinciais, 153 municipais, 382 centros de saúde, 49 centros de saúde materno infantil e 1.544 postos de saúde”.

A partir de 2002, o Governo de Angola investiu milhões em infra-estruturas da Saúde (cuidados primários e diferenciados) mas também na formação de profissionais, em todas as províncias! Contratou especialistas para áreas prioritárias, sobretudo na saúde materna e infantil. No primeiro ano de paz desde 4 de Fevereiro de 1961, o Ministério da Saúde investiu fortíssimo em tecnologias que permitiram reduzir a transferência de doentes para o estrangeiro, nas áreas de hemodiálise, radioterapia, cirurgia cardíaca e da anca. 

Com o fim da rebelião criminosa de Jonas Savimbi, os serviços de Saúde introduziram novas vacinas no calendário nacional, a rotavírus (tratamento do SIDA) e o tratamento da malária com terapia combinada. Abriram várias faculdades de Medicina e escolas de enfermagem.

Hoje, um trombone da UNITA, Luzia Moniz, que engordou desalmadamente no prato do MPLA à custa do titio, o meu saudoso amigo Manuel Pedro Pacavira, assinou a sentença de morte, escrevendo isto no Novo Jornal: 

“O regime de Pretória discriminava, mutilava e assassinava negros na África do Sul, invadia, agredia e ocupava parte do território angolano”. 

Menina, tunda! Os teus donos do Galo Negro serviam de biombo às invasões, agressões e ocupações dos racistas sul-africanos. Disparavam contra o Povo Angolano. Partiam tudo que apanhavam pela frente. Até serem derrotados no Triângulo do Tumpo. 

Se a Luzia não foge, o Adalberto vai cortar-lhe os ramos, o tronco e arrancar as raízes. Ele manda dizer aos megafones e trombones que o MPLA está no poder desde 1975 e afinal nada. Entre 1975 e 1988, em vez de governar, teve de lutar pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. E depois, até 2002, a mesma coisa. Em vez de governar, o MPLA teve que enfrentar a rebelião do Savimbi, armada e financiada pelos grandes amigos EUA, União Europeia (com Portugal soarista à cabeça) e, imaginem, a Ucrânia nazi. 

A Luzia Moniz descobriu que Cavaco da Silva e Mário Soares têm um colonialista nos entrefolhos do cérebro e eram amigos do regime de apartheid da África do Sul. Mas ela mama no prato dos portugueses, à boleia da UNITA. O Adalberto vai tirar-lhe o tacho. Ele já deu a táctica aos seus seguidores, Para acabarem com os adversários, primeiro, cortam-lhe os ramos. Depois o tronco. E para não haver o perigo de rebentar nova árvore contestatária, queimam-se as raízes. À maneira da Jamba. Tunda,  Luzia!

A Redacção Única deu ordem aos megafones e trombones da UNITA para citarem a revista The Economist e a dona Josefa Neto. A Luzia cumpriu, já vai receber os bagos de jinguba para matar a fome. 

Amanhã o Adalberto e seus sequazes vão vestir de branco e manifestar-se contra o “roubo dos votos”. Eu não sou um homem de intrigas mas desde já deixo um aviso à navegação. Familiares e amigos de quem a UNITA roubou as vidas desde 1966, até hoje, anunciaram uma contra manifestação. Querem que os sicários do Galo Negro lhes devolvam as vidas roubadas. Aos milhares. E estão dispostos a cobrar em dobro. 

A democracia é mesmo assim. Tanto admite manifestações contra os ladrões de votos como contra os ladrões de vidas. Cuidado, a impunidade dos assassinos da UNITA está a chegar ao fim. Quousque tandem Abutere UNITA patientia nostra? Estou a dar uma de Cícero para não pensarem que sou um gentio da Kapopa do Negage.

Junto em anexo a foto de uma ponte destruída pelos racistas de Pretória/UNITA na província mais a Sul e a sede do Governo Provincial do Cunene feita em cacos. Estão a ver por que razão o Galo Negro levou 5-0 nas terras de Mandume. E nas próximas eleições, em Luanda, Zaire e Cabinda ficam reduzidos a zero. O populismo e a demagogia fazem encher o balão da política rapidamente. Mas a realidade esvazia-o ainda mais depressa.

*Jornalista

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