terça-feira, 28 de junho de 2022

Angola | A SOLIDÃO DA FRENTE FALHADA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

“Cuando yo vine a este mundo/nadie me estava esperando/así mi dolor profundo/se me alivia caminhando/pues cuando vine a este mundo/te digo/nadie me estaba esperando”. Estes versos de um “son” cubano são assinados por Nicolás Guillén. Os livros dizem que ele era cubano. Mas eu sei que voou de Angola para o mundo e de vez em quando bebia um trago na bodeguita Hermanos Hernandez, pertinho do porto de Havana. Um dia passou pelo Mississipi e lá chorou o linchamento de um menino negro, porque perfumou uma menina branca com pétalas de rosas em botão. 

Uma tarde de maresia suave e com o sol pintando de vermelho o mundo para lá da Fortaleza de Havana perguntei-lhe: Mestre, para quando o reencontro? Angola te espera. E ele respondeu com uma trova sonoramente triste. Quando vim ao mundo, ninguém me esperava. Essa dor profunda só alivia, caminhando. Lá estarei um dia. 

Nunca se reencontrou com nossas praias, as nossas montanhas, as nossas colinas verdes que de tão verdes se tornaram impenetráveis, as nossas chanas, os nossos rios do Bero ao Zaire. Eleguá abriu os caminhos caminhados por Guillén. Mas para abri-los, quantos sonhos matou! Quantas mariposas assassinadas e despojadas de suas asas coloridas. São assim os deuses dialécticos. 

Nós somos de Angola, Mussunda amigo. Sabes bem que nossos filhos nascem acompanhados, desde 11 de Novembro de 1975. Seja qual for o caminho escolhido têm a companhia do nosso MPLA. É mais do que um movimento de libertação. Muito mais do que um partido. Muitíssimo mais do que um instrumento de poder no cruel desengano da democracia representativa. É a nossa vida, o nosso chão, a nossa bandeira, a nossa escola, o nosso lar.

Onde estava Gentil Viana e seu pançudo filho Francisco, quando os combatentes do MPLA morriam na Frente Norte e na Frente Leste na luta pela Independência Nacional? Em lugar nenhum da nossa Pátria. Andavam à procura de companhia que lhes pagasse os 30 dinheiros da traição. E como conseguiram! 

Onde estavam os traidores do Bloco Democrático quando milhares der angolanas e angolanos se batiam de armas na mão contra os exércitos invasores, os mercenários, os oficiais da CIA, o Exército de Libertação de Portugal (ELP) do coronel nazi Santos e Castro? Em lugar nenhum das nossas cidades a sangrar, vilas arrasadas e aldeias em luto pesado.

“O MPLA NUNCA ESTEVE TÃO FORTE COMO AGORA” -- Manuel Augusto

O secretário do Bureau Político do MPLA para as Relações Internacionais disse esta segunda-feira, em Maputo, que o partido no poder em Angola nunca esteve tão forte como agora e irá prová-lo nas eleições gerais de 24 de Agosto.

Manuel Augusto, citado pela Angop, falava à imprensa no fim de um encontro que manteve com o secretário-geral da FRELIMO, Roque Silva, de quem se despediu e agradeceu o convite para participar, em representação do presidente do MPLA, João Lourenço, nas comemorações dos 60 anos do partido  e nos 47 de independência de Moçambique.

Por outro lado, o político angolano disse que o povo está com o MPLA no combate à corrupção, mesmo afectando os dirigentes e militantes. Acrescentou que o sucesso desta luta vai assegurar o futuro do país e dar esperança à juventude.

Disse que o Presidente João Lourenço fez mais, ao tornar, igualmente, o MPLA no primeiro partido africano a apostar na paridade de género, o que constitui um exemplo a ser seguido por outras forças políticas.

Sublinhou ainda que é preciso uma sociedade dinâmica, lembrando que há uma Constituição que garante o direito à reunião e manifestação e estabelece o exercício destes princípios.

As sociedades, prosseguiu, têm sempre reivindicações,  elas acontecem em toda parte do mundo. "Ainda ontem vimos manifestações nos Estados Unidos e na Alemanha. Portanto, quando acontece entre nós não deve ser visto como algo extraordinário”, ressaltou.

 Manuel Augusto terminou, ontem, a visita oficial a Moçambique, onde encabeçou uma comitiva integrada por Joana Tomás (secretária-geral da OMA), Crispiniano dos Santos (primeiro secretário nacional da JMPLA) e Bernardo Catota (chefe da Divisão África e Médio Oriente do Bureau Político do MPLA).

Jornal de Angola

A PERSPETIVA AFRICANA

Discurso no Fórum Económico Internacional de S. Petersburgo

Sergey Glazyev [*]

Na Comissão Eurasiana, consideramos a cooperação com África como uma das áreas importantes, promissoras e prioritárias. Há dois anos, foram estabelecidas relações formais com a União Africana e estamos a trabalhar num plano de ação conjunto. Como acontece frequentemente nas relações entre estruturas burocráticas, desde as nossas grandes organizações interestatais até projetos de investimento específicos, a iniciativas empresariais específicas, existe uma enorme distância.

Portanto, sentimos plenamente a necessidade de intensificar a nossa interação. Com este objetivo, as relações com a União Africana são complementadas pelo desenvolvimento da cooperação com países individuais, bem como com associações sub-regionais e pelo estímulo a contactos mais direcionados com os nossos parceiros africanos.

Na verdade, não só temos enormes oportunidades de cooperação, como parece que os nossos problemas comuns são hoje bastante agudos, o que torna estas oportunidades de convergência das nossas economias mais relevantes, mais promissoras e mais absorventes.

Acima de tudo, como se diz nos negócios, temos um bom historial de crédito. Podemos não ter feito muito e o volume de negócios não é tão grande, mas as nossas relações não são ensombradas por quaisquer conflitos. Temos uma vasta experiência de cooperação entre a União Soviética e o continente africano, durante a qual muitas empresas foram construídas, infraestruturas foram desenvolvidas, e pessoal foi formado. Portanto, facilmente encontramos uma linguagem comum com os nossos parceiros africanos, e esta história positiva de crédito de confiança vale muito hoje em dia.

CIMEIRA DA NATO NÃO É BEM-VINDA. FORA!

CONTRA-CIMEIRA DA NATO

Neste fim de semana Madrid acolheu a contra-cimeira da NATO, que mobilizou dezenas de milhares de pessoas em manifestações de rua. A Contracumbre de la OTAN efetuou-se como preparação para a próxima cimeira da NATO que será realizada em Madrid dias 29 e 30 de Junho.   Os media corporativos portugueses mantiveram um silêncio sepulcral quanto a este acontecimento.

Por outro lado, em Munique, o povo alemão efetuou igualmente manifestações contra a cimeira do G7 ali realizada. Elas foram ocultadas com um silêncio igualmente sepulcral pelos media portugueses.

Resistir.info

NÃO CULPEM MOSCOVO PELA CRISE ALIMENTAR

#Publicado em português do Brasil

Muito maior que a ucraniana, exportação de cereais e fertilizantes russos está travada pelas sanções do Ocidente. Invasão da Ucrânia é injustificável. Mas é Washington quem distorce os fatos e tenta fazer da fome arma de guerra

Rafael Poch*, | no CTXT | em Outras Palavras |  Tradução: Maurício Ayer

“Para que o trigo valha dinheiro: água, sol… E guerra em Sebastopol”, costumavam dizer em Castela. Imagino que o ditado tenha sido usado pela primeira vez em meados do século XIX, após a Guerra da Crimeia, e faz referência ao importante papel das ricas planícies ucranianas e das suas terras negras na produção de cereais e na dinâmica dos preços.

Hoje, a guerra na Ucrânia e as sanções impostas pelos EUA e pela UE em resposta à invasão russa criaram uma situação exemplar. Existe o perigo de fome em partes do Sul global, adverte o Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM).

Digo exemplar por conta da evidente e bem conhecida relação que existe entre os desastres da guerra e da fome (segundo o PAM, 60% dos famintos vivem em zonas afetadas pela guerra e pela violência). No caso da Ucrânia, isso representará um aumento de 47 milhões no número de pessoas com fome aguda no mundo. Em outras palavras, o número de pessoas famintas aumentará este ano de 276 milhões (nível anterior à guerra) para 323 milhões, de acordo com esta fonte. Mas também é exemplar devido à forma como este problema é utilizado para fins belicistas, num contexto de propaganda de guerra.

A guerra na Ucrânia agrava os impactos já gerados por outros conflitos: a pandemia, a crise climática e o incremento dos custos pelo aumento dos preços dos cereais, que já vinha de antes, e pelo transporte. A África Subsaariana será a área mais afetada. Egito, Tunísia, Turquia, Líbano, Síria, Argélia, Marrocos, Somália, Etiópia e Sudão receberão menos grãos – e além disso por preços mais altos.

Este relatório do PAM foi publicado em março, mas a maioria dos nossos meios de comunicação só o reverberaram em junho. E, muitas vezes, relataram-no mal.

“Soldados ucranianos estão entrincheirados nas cidades” -- TC Guillemain

ENTREVISTA AO TENENTE-CORONEL Jacques Guillemain

Observador Continental: Sobre as características da operação militar especial russa na Ucrânia. Como um especialista independente pode explicar e comentar sobre isso?

#Traduzido em português do Brasil

Jacques Guillemain: Em primeiro lugar, agradeço esta entrevista, que nos permite contradizer o discurso anti-russo dominante. Um dia, os historiadores serão capazes de separar a verdade da falsidade. Não pretendo ser um “perito independente”, mas a observação dos fatos reais permite formar uma opinião, livre de qualquer propaganda unilateral. Toda guerra tem múltiplas razões, e a chave para qualquer análise é permanecer objetiva. Não é o caso do campo ocidental, totalmente escravizado à narrativa de Washington, que equivale a designar Putin como agressor e único culpado. A desinformação é insana.

No entanto, para Vladimir Putin, trata-se sobretudo de garantir a segurança da Rússia e do seu povo, ameaçado pela constante pressão da NATO desde 1990. Não deixa de ser desanimador ouvir que a Rússia é o agressor, quando a NATO, apesar da dissolução do Pacto de Varsóvia em 1991, não encontrou nada melhor do que integrar 14 países da ex-URSS, passando assim de 16 países em 1990 para 30 membros em 2022 e logo 32, com Suécia e Finlândia. Acrescento que os acordos de Minsk assinados em 2015 pela Ucrânia, Rússia, Alemanha e França, que prevêem autonomia para as repúblicas pró-russas do Donbass, nunca foram respeitados. Uma guerra travada por Kiev contra as repúblicas separatistas resultou em 13.000 mortes, mas quem está falando sobre isso? E está provado que Kiev estava preparando um ataque aos separatistas para março de 2022, uma realidade que precipitou a ofensiva russa. Putin não quer mísseis em solo ucraniano, assim como Kennedy não os queria em Cuba em 1962. Fato óbvio que nossos “especialistas” ocidentais preferem esconder.

CO: Por que a prática alemã de criar “Festung” – cidades fortalezas com civis como “escudos humanos” – é visível nas ações das Forças Armadas da Ucrânia (AFU)?

JG: A guerra urbana é a resposta do fraco ao forte. Estima-se que em terreno aberto, o equilíbrio de poder entre o atacante e o defensor deve ser de 3 para 1 para garantir a vitória. Mas aumenta para 6 ou 10 para 1 em uma guerra urbana. Um custo exorbitante para o atacante. Uma opção suicida que Putin recusou em Kiev. Não se trata de conquistar a cidade distrito por distrito, casa por casa. Não se trata de arrasar uma cidade de 2,5 milhões de habitantes e somar as baixas civis, pois o inimigo não hesita em tomar prédios habitados, hospitais e até escolas para se proteger da artilharia russa.

É óbvio que o exército ucraniano não tem chance de resistir ao exército russo em um confronto frontal em terreno aberto. Os ucranianos nunca realizaram nenhum ataque em grande escala e sofreram totalmente a invasão dos primeiros três dias da guerra. Desde então, a frente estabilizou ao longo de 1000 km de comprimento e 150 km de largura. Os ucranianos entenderam que a guerra urbana era sua salvação, e é isso que eles praticam, o que explica a destruição em muitas cidades, mesmo que os russos tenham apenas objetivos militares, não querendo arrasar as cidades e matar civis.

Em 1944, Hitler propôs a ideia de “Festung” em cidades que tinham importância operacional ou estratégica. O inimigo teve que ocupar primeiro essas “fortalezas” para liberar rotas de transporte para uma nova ofensiva. Em agosto de 1944, tropas americanas iniciaram o cerco ao porto francês de Brest. Foi transformado em um “Festung” pelo general alemão Bernhard Ramke, que manteve a defesa por 43 dias antes de se render. Muitos habitantes de Brest foram mortos, morreram de fome ou morreram sob os escombros.

Shoping atingido por danos colaterais a poucos metros de alvo militar destruído

INSTALAÇÃO “CIVIL” ATINGIDA POR MÍSSEIS RUSSOS NA UCRÂNIA. AREA MILITAR DE KREDMASH EM KREMENCHUG DESTRUÍDA

#Traduzido em português do Brasil

Em 27 de junho (ontem), o regime de Kiev reivindicou outro ataque russo a um alvo civil na Ucrânia. Um shopping center em uma área de mais de 10 mil metros quadrados está em chamas na cidade de Kremenchug, na região de Poltava. O presidente ucraniano Zelensky afirmou que mísseis russos atingiram o prédio. Segundo ele, havia mais de mil pessoas lá dentro.

No entanto, o número de vítimas é extremamente baixo. O chefe da administração militar regional de Poltava, Dmitry Lunin, informou em seu canal Telegram que, às 18h, horário local, eram conhecidos dois mortos e 20 feridos. Os mesmos dados são fornecidos pelo Departamento regional do Serviço de Estado da Ucrânia para Situações de Emergência.

“O shopping está pegando fogo, as equipes de resgate estão engajadas em extinguir o fogo, o número de vítimas é impossível de imaginar”, escreveu Zelensky.

Os relatórios parecem suspeitos. Segundo autoridades ucranianas, mísseis de cruzeiro russos atingiram o shopping lotado, mas apenas a morte de duas pessoas foi confirmada até agora.

ATUALIZAÇÃO: O número de vítimas subiu para 13.


O centro do alvo acabou sendo a oficina Amstor localizada a metros de distância da oficina da Fábrica de Máquinas Rodoviárias Kremenchug Kredmash. Desde 2014 tem sido usada para reparar equipamentos militares para as Forças Armadas da Ucrânia durante a Operação Antiterrorista contra a população das Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk.

A Fábrica de Máquinas Rodoviárias de Kredmash foi atingida por vários mísseis e provavelmente a onda de choque incendiou o shopping center nas proximidades.

As instalações da fábrica atrás da loja nem sequer estão marcadas nos mapas do Google, o que confirma que provavelmente atendem às necessidades militares.

Imagens da área confirmam que o ataque teve como alvo as instalações militares. Muitos militares com equipamento militar completo estão andando perto do shopping.

O número de pessoas reunidas nas proximidades e alguns carros no estacionamento que são vistos nos vídeos também levantam suspeitas de que as autoridades ucranianas inflacionaram o número real de “civis” na loja.

NOVA ATUALIZAÇÃO

Um dos principais propagandistas da Ucrânia Anton Gerashchenko tradicionalmente vinha ao cenário dos eventos para gravar vídeos provocativos e compartilhá-los em suas redes sociais. No entanto, seu vídeo só despertou ainda mais suspeitas sobre as declarações de Kiev.

Gerashchenko mostrou a loja destruída por dentro. Um grande número de garrafas pode ser visto nos abrigos. Se o fogo fosse o resultado de um ataque de míssil, eles definitivamente iriam explodir. Assim, o vídeo confirma o fato de que não houve greve, e o prédio pegou fogo por outro motivo. Provavelmente foi queimado depois que as instalações militares explodiram nas proximidades.

A campanha de propaganda de Kiev segue os mesmos cenários que cobrem sempre os desenvolvimentos militares e os ataques na Ucrânia. Em 26 de junho, uma casa de civis foi supostamente atingida por mísseis russos. No entanto, descobriu-se que o alvo do ataque era a planta militar Artyom localizada nas proximidades e a casa provavelmente foi atingida por sistemas de defesa aérea ucranianos na tentativa de interceptar os mísseis russos. LINK  LINK

Os fatos são facilmente verificados e a verdade é revelada imediatamente. No entanto, as mentiras relatadas pela mídia de Kiev são ativamente divulgadas pelos HSH, bem como por altos funcionários dos países ocidentais aliados ao regime de Kiev.

South Front 

Internautas vêem símbolo nazi na nova sede da NATO em Bruxelas — Exagero?

#Publicado em português do Brasil

O formato dos prédios lembra o símbolo da SS, a elite da polícia nazi

Internautas estão associando o formato dos prédios que compõem a nova sede da Otan em Bruxelas, na Bélgica, ao símbolo da SS (detalhe), a polícia especial nazista

Após uma reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em 2002, realizada em Praga, na República Checa, os estados membros da organização aprovaram a construção de uma nova sede, logo à frente da atual, na região noroeste da cidade de Bruxelas, na Bélgica. O terreno que vai abrigar a construção foi doado pelo governo belga e fica perto do aeroporto inernacional da cidade. Porém, o projeto da nova sede da Otan vem causando polêmica na internet, por ter o formato supostamente parecido com o símbolo da SS, a elite da polícia nazista.

O projeto da futura "casa" da Otan em Bruxelas ficou a cargo do escritório de arquitetura Skidmore, Owings & Merrill (SOM), com sede nos Estados Unidos. Segundo os arquitetos, os oito prédios em vidro e metal foram posicionados num formato que lembra o entrelaçar dos dedos, ou seja, representam a união entre os países membros da organização.

Os internautas, por sua vez, enxergaram no projeto arquitetônico uma "clara" referência ao  esquadrão especial da polícia nazista, a Schutzstaffel (SS), criada em 1923, e comandada posteriormente por Heinrich Himmler, um dos braços direitos de Adolf Hitler e responsável pela ideia de usar os campos de concentração para extermínio dos judeus (foram mortos 6 milhões de hebreus na Segunda Guerra Mundial). O usuário Damir 1 do YouTube publicou um vídeo que mostra supostas ligações entre símbolos do nazismo e uniformes e estruturas ligadas à Otan, incluindo a nova sede em Bruxelas.

As obras de construção dos novos prédios tiveram início em 2010 e devem ser finalizadas ainda em 2016, segundo a página oficial da Otan. O custo total do projeto foi orçado em 1,1 bilhão de euros (cerca de R$ 4 bilhões). A organização não se pronunciou sobre essa "teoria da conspiração" envolvendo o formato da nova sede.

João Paulo Martins | Encontro - 05.072016

Confira seguidamente um vídeo que mostra como ficarão os oito prédios "entrelaçados" da futura sede da Otan em Bruxelas:

Ver vídeo -- New NATO HQ Virtual Tour

Kurt Waldheim – NAZI ELEITO SECRETÁRIO-GERAL DA ONU (ELES ANDAM POR AÍ)

MEMÓRIA

Kurt Josef Waldheim (St. Andrä-WördernBaixa Áustria21 de dezembro de 1918 – Viena14 de junho de 2007[1]) foi um diplomata e político austríacoSecretário-geral da ONU de 1972 a 1981 e Presidente da República da Áustria de 1986 a 1992.

Passado nazi

Durante a Segunda Guerra Mundial, foi capitão SA e participou da ocupação da Jugoslávia, com a Wehrmacht, como tradutor.[carece de fontes]

Secretariado-geral das Nações Unidas (1972-1981)

Foi eleito Secretário-geral da ONU em janeiro de 1972, posto onde se empenhou bastante nas intervenções da ONU para resolver crises, como a israelo-árabe. Foi reeleito para um segundo mandato em 1978. Realçou a necessidade de um desenvolvimento económico para os países mais pobres.

Também reagiu ao massacre dos hutus no Burundi, num relatório de junho de 1972, qualificando-o de genocídio. Esta matança havia feito mais de 80 000 mortos. Falha em obter um terceiro mandato, devido ao veto da China. Contudo, o seu secretariado é visto como um fracasso, pois a ONU saiu dos anos 70 mais paralisada e ineficaz do que entrara. Por fim, em 1982, o The New York Times revela o seu passado nazi.

Presidência da república austríaca (1986-1992)

Em 1986 é eleito presidente da Áustria como candidato do ÖVP (Partido Popular Austríaco). Mas é então que o seu passado nazi ressurge. Ele reconhece ter pertencido a uma unidade responsável de atrocidades na Jugoslávia, recusa-se no entanto a demitir-se como lhe havia pedido o partido socialista. A maior parte dos estados europeus e os Estados Unidos consideram-no persona non grata.

Congresso Judeu Mundial acusa-o de ter participado na deportação dos judeus de Grécia. Porém, em 1992, desistiu da reeleição e deixou o cargo em 18 de julho do mesmo ano.

- em Wikipedia

Kurt Waldheim - NAZI DO SÉQUITO DE HITLER ELEITO PRESIDENTE DA AUSTRIA

MEMÓRIA -- "Como foi possível eleger um presidente ex-nazi?"

Conversa com a austríaca Ruth Beckermann, realizadora de Waldheims Waltz. Filme é exibido amanhã no Doc Lisboa e alerta para regresso da extrema-direita

"Infelizmente, vejo que os extremistas têm muito em comum. Sobretudo o medo dos estrangeiros. Isso existe em vários países europeus. E agora eles estão a unir-se. Antes lutavam uns contra os outros, mas agora tornaram-se fortes nos parlamentos, até no parlamento europeu, e isso é perigoso", afirma Ruth Beckermann, a realizadora de The Waldheim Waltz (título original em alemão Waldheims Waltz ), documentário sobre o ex-nazi Kurt Waldheim que chegou a presidente da Áustria em 1986. O filme será exibido amanhã em Portugal, no âmbito do festival Doc Lisboa e o DN falou por telefone com a realizadora, que se encontra em Viena, mas estará na estreia.

"O que me choca também é o facto de ele ser um mentiroso, se tivesse pedido desculpa pelas omissões na biografia talvez as pessoas o tivessem ouvido", sublinha Beckermann quando fala de Waldheim, presidente da Áustria entre 1986 e 1992. Nascida em Viena, filha de judeus que sobreviveram ao holocausto, a realizadora foi uma das ativistas que tanto na Áustria como fora tentaram travar a eleição de Waldheim. "Mas ele insistiu na mentira, fez-se vítima de uma alegada conspiração internacional, e apelando ao nacionalismo e também ao anti-semitismo, ganhou", acrescenta. "Como foi possível eleger um nazi presidente assim", interroga-se.

O filme, que recorre a imagens dos anos 70 e 80, algumas delas inéditas e outras feitas pela própria realizadora, mostra como um político que se tinha notabilizado como secretário-geral das Nações Unidas entre 1972 e 1981 se vê de repente no meio de uma polémica mundial graças a novos dados sobre a sua biografia. "Ao contrário do que era a sua versão, um militar que depois de ferido no início da Segunda Guerra Mundial assistira de longe ao resto do conflito como estudante de Direito, ele foi um oficial nazi nos Balcãs", sublinha Beckermann. Uma das principais acusações tem que ver com o conhecimento de Waldheim da transferência dos judeus de Salónica para campos de concentração.

"Para a juventude austríaca o nome Waldheim não diz muito. É mais uma figura, mas é importante conhecer a história dele e o que se passou durante a sua eleição para alertar para os perigos de hoje, na Áustria mas também noutros países onde a extrema-direita tem ganho terreno e a mentira também", diz a realizadora.

"Os austríacos viam-se como as primeiras vítimas do nazismo e de repente estavam sob suspeita de ser cúmplices de Hitler. Foi com isso que Waldheim e o seu Partido Conservador jogaram para reagir às críticas. Muitos eleitores que tinham sido simples soldados recrutados pela Alemanha nazi identificaram-se com o candidato presidencial, achando injusta a acusação", nota Beckermann.

O antigo nazi foi eleito, recompensa para a sua estratégia de dizer que eram os austríacos que deviam ter a última palavra sobre a sua história, mas tornou-se um pária internacional, proibido oficialmente de visitar os Estados Unidos e na prática a maioria dos países europeus também. Nascido em 1918, Waldheim morreu em 2007, com 88 anos, praticamente esquecido.

Quem não o esquece é Ruth Beckermann. A sua filmografia tem forte peso histórico, com a experiência judaica a ser um dos temas favoritos. Esta "Valsa de Waldheim" insere-se na sua linha de combate político e venceu recentemente em Berlim o prémio de melhor documentário. Também foi escolhido como candidato da Áustria a melhor filme estrangeiro nos Óscares. A técnica usada lembra muito A Autobiografia de Nicolae Ceausescu, de Andrei Ujica, um revelador documentário de 2010 que recorre a imagens de época do ditador romeno, na sua maioria de propaganda comunista ou tiradas de filmes da família.

Hoje a Áustria tem um presidente ecologista, mas o chanceler pertence ao Partido Conservador, o de Waldheim, e a coligação governamental integra o Partido da Liberdade, de extrema-direita, cuja primeira passagem pelo poder, em 2000, deu azo a sanções da União Europeia. "Este Partido da Liberdade tem apoiantes que são nazis, outros que votam nele em protesto, mas o grande apelo que tem é o discurso anti-imigrantes e refugiados e anti-islão", assinala a realizadora. "Nunca tiveram de defender Waldheim porque ao contrário dele não escondem a admiração pela Grande Alemanha de Hitler. Para eles, a Áustria não foi uma vítima do nazismo. A Áustria foi sim derrotada na Segunda Guerra Mundial. E celebram muito a identidade alemã num sentido de extremo nacionalismo". A realizadora lamenta ainda a atual fraqueza dos sociais-democratas austríacos, incapazes de lidar com o fim do operariado tradicional, que era a sua grande bolsa de votantes.

Ruth Beckermann diz ser uma cineasta e não uma política, reagindo um pouco ao teor das perguntas do DN, mas ao mesmo tempo admite que este filme de denúncia é muito pessoal: "é a minha vida".

Leonídio Paulo Ferreira | Diário de Notícias17 Outubro 2018

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