O título é esclarecedor e
direto. A sensação dos portugueses que acompanham o escândalo de pedofilia na igreja
face ao que vem sendo noticiado é que há os que na Igreja Católica Apostólica
Romana de Portugal resistem o mais possível a ocultar a verdade e a existência de
crimes de pedofilia praticados em pelo clero durante muitas décadas. O próprio
cardeal patriarca Manuel Clemente “ocultou denúncia de abusos”, conforme notícia
que dispomos em baixo.
Esse mesmo cardeal foi agora ao Vaticano encontrar-se com o Papa. Diz-se que para renunciar ao cargo… Era bom que assim
acontecesse, para que ventos de decência bafejassem o escândalo e as claras
tentativas de manobras cúmplices que se vislumbram para proteger a parte do
clero pedófilo existente naquela organização clerical. O PR Marcelo disse
acertadamente o que poderá ser melhor para a igreja que esconde os seus crimes:
transparência. É o mínimo que se lhe pode exigir pois já basta a sua posição
criminosa de ocultar a realidade das suas ações criminosas em Portugal fazendo
de conta que por cá nada se passava apesar dos escândalos de crimes em
tantos países do mundo, claramente imputados àquela igreja, a seus padres e
bispos.
Outros países existem em que a
referida igreja continua na resistência e negação de factos que à boca pequena
são badalados e conhecidos, procurando escapar à limpeza e verdades que
escondem entre batinas e trajes mais ou menos sumptuosos. É apontado que políticos
e setor da justiça também poderão ser cúmplices. Não por acaso: E Timor-Leste como vai com a
limpeza e verdade da sua libertação nos escândalos de pedofilia clerical. Já
terá concretizado o que lhe compete?
Veja-se a seguir a notícia sobre o
referido da situação em Portugal e do Cardeal de Lisboa no encontro com o Papa
Francisco. De tudo o resto o que for soará... Ou não?
MM | PG
Manuel Clemente mostrou-se
disponível para renunciar caso fosse esse o entendimento do Papa
Cardeal-Patriarca de Lisboa pediu
reunião com Papa após notícias das últimas semanas sobre a questão dos abusos
sexuais e colocou o seu lugar à disposição, segundo o Nascer do Sol.
Na conversa que manteve com o
Papa Francisco esta sexta-feira, num encontro a seu pedido, o Cardeal-Patriarca
de Lisboa, D. Manuel Clemente, terá dito ao responsável máximo da Igreja
Católica que se fosse necessário colocaria o seu lugar à disposição, avança o o
jornal Nascer do Sol baseado em fontes próximas do bispo.
Manuel Clemente, que nos últimos
dias foi alvo de várias notícias — depois
de o Observador ter divulgado de que teve conhecimento de um caso de
abusos sexuais por parte de um padre no ativo e que não denunciou à polícia
(como as orientações do Vaticano obrigam desde 2020) — pediu uma audiência para
tratar precisamente sobre o tema dos abusos em Portugal e o alegado
encobrimento por parte da hierarquia da Igreja.
E nessa conversa, avança agora o
Nascer do Sol, terá estado também a questão da sua continuidade no cargo.
Clemente manteve, no entanto, a posição de que tanto ele como o seu antecessor,
D. José Policarpo, cumpriram as orientações canónicas e civis em vigor à época,
como aliás veio a dizer numa carta aberta que publicou no site do Patriarcado
de Lisboa três dias após a notícia do Observador. Ainda segundo o Nascer do
Sol, Francisco terá pedido a D. Manuel Clemente que permaneça no cargo até às
Jornada Mundiais da Juventude, em agosto de 2023 se o seu estado de saúde
permitir.
O patriarcado de Lisboa, sobre
este tema, limitou-se a emitir um lacónico comunicado em que revela que o
“o encontro, pedido pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, realizou-se num clima de comunhão
fraterna e num diálogo transparente sobre os acontecimentos das últimas semanas
que marcaram a vida da Igreja em Portugal”.
É normal que os bispos reúnam com
o Papa para tratar de assuntos diversos, no entanto, de
acordo com os dados recolhidos pelo Observador, esta terá sido a primeira
vez em que foi necessária a intervenção do Papa na crise dos abusos sexuais de
menores na Igreja Católica em
Portugal. Isto não significa, naturalmente, que o tema da
proteção dos menores nunca tenha sido discutido antes entre o Papa e os bispos
portugueses.
Desde 2020 que os padres são,
segundo um manual de procedimentos emitido pelo Vaticano, obrigados a comunicar
às autoridades policias todos os crimes de abuso sexual por parte dos membros
do clero que lhes possam ser comunicados. No entanto, nem todos estes crimes
são públicos e podem ser alvo de uma queixa sem ser pela inciativa da própria
vítima ou pelo seu responsável, se for menor.
O crime de abuso sexual de menor
de 14 anos é um crime público desde 2007 e qualquer pessoa que dele tenha
conhecimento pode denunciá-lo. Já o ato sexual de relevo com menor entre 14 e
16 anos, segundo o código penal, depende de queixa da vítima ou do seu
representante legal, salvo se dele resultar suicídio ou morte da vítima.
Sónia Simões | Observador
Ler em Observador:
Patriarca de Lisboa ocultou denúncia de abusos