sábado, 6 de agosto de 2022

Angola | OS VALORES DA FAMÍLIA EM CHAMAS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O cabeça de lista da UNITA foi o porta-voz do bando armado de Jonas Savimbi até ao último tiro no Lucusse. Sofreu sanções da ONU por ser terrorista e belicista. Hoje vem com falinhas mansas pedir o voto aos descontentes (são muitos!), aos legitimamente frustrados, aos que viram goradas as suas expectativas ao longo destes cinco anos marcados pela crise internacional e pelos malefícios da pandemia COVID19. Todos têm razão para a frustração, o descontentamento e até para a raiva. Mas ninguém vai pôr um anel no focinho do porco votando no Galo Negro:  Nela ia ulu um kanu dia ngulu!

O candidato João Lourenço representa o MPLA de hoje e o de sempre. O Povo está com ele como sempre esteve com o MPLA. Por todas as razões e mais esta. Ele disse que as escolas, os hospitais, centros e postos de saúde construídos nos últimos cinco anos são de todos e servem todos os angolanos e não apenas os da sua cor política. 

O porta-voz do bando armado de Jonas Savimbi e cabeça de lista da UNITA disse que João Lourenço só faz promessas, não apresenta balanços da obra feita porque não fez nada. Teve resposta imediata. O líder do MPLA revelou ao eleitorado que no seu mandato, 472.000 famílias beneficiaram de energia eléctrica nas suas casas. Um milhão e meio de famílias passaram a ter água potável. As indústrias ficaram libertadas dos geradores e dos combustíveis. A iluminação pública garante mais segurança às comunidades durante a noite. 

O cabeça de lista da UNITA é que não tem balanços para fazer, só promessas e vãs. Anda a vender mentiras e ilusões porque mais nada tem para vender. Aquele que exultou com a destruição de Angola pelo bando armado de Savimbi, que confiscou o futuro a milhões de angolanos, hoje promete-nos um futuro melhor. 

Aquele que fez conferências de imprensa no estrangeiro onde anunciou, entusiasmado, que o bando armado de Savimbi ocupou dois terços de Angola, matou e escorraçou milhões de angolanos das suas terras de origem, hoje promete uma “agregação de valores” e que vai lutar pelo “resgate dos valores da família”.

Os valores da família, para os sicários da UNITA, são os que levaram a enterrar viva Dona Isabel Paulino, esposa e mãe de alguns filhos de Jonas Savimbi. Os valores da família deles são os que levaram os guardas de Savimbi a matar o general Bock à paulada. Os valores da família de Adalberto são os que levaram ao extermínio da família Chingunji. Os valores da família dos criminosos do Galo Negro são os que atearam as fogueiras da Jamba e lançaram para as chamas mulheres inocentes, algumas com os seus filhos ao colo. 

Os exterminadores das elites femininas da UNITA hoje prometem defender os valores da família! 

Não votem em mentirosos e impostores. Não ponham um anel de ouro no focinho do porco: Nela ia ulu um kanu dia ngulu! 

A UNITA é belicista e terrorista. Quando puder volta a matar e a destruir. O seu cabeça de lista é homem de duas caras: Kawisi katwila kuvali! Quando ele promete um Justiça autónoma está a falar das fogueiras da Jamba. Se promete “simplificação, celeridade e segurança” já sabem que fala de pessoas enterradas vivas ou queimadas nas fogueiras. 

A campanha eleitoral está chata, sem dinâmica e pouco ou nada esclarecedora. Culpa dos partidos e seus candidatos. Mas é justo apontar uma excepção. O P-NJANGO. O seu líder, Eduardo Jonatão Chingunji (Dinho), trouxe ao debate político a protecção do Ambiente, a industrialização sustentável, a  preservação das espécies e  biodiversidade. 

Que estranho! Um político da Oposição falou de coisas sérias e não apontou o dedo à fraude eleitoral. Até ao fim da campanha ainda vamos ouvir os candidatos da UNITA apresentarem propostas viáveis e não aquela aldrabice do salário mínimo de 150 mil kwanzas. Só se pagarem em moeda da Jamba e essa, já sabemos, é a morte, a guerra e a destruição dos equipamentos públicos.

Marcolino Moco escreveu e publicou um texto com o qual estou de acordo em muitos pontos. Mas estragou tudo quando afirmou que senão houver fraude eleitoral, a UNITA ganha as eleições.

Meu caro Moco eu já passei por essa fase. Quando estava mesmo à rasca confundia a realidade com os meus desejos. Quando bebia um copito a mais os problemas ficavam todos resolvidos e sentia-me poderoso. Se charrava boi branco do Cuando Cubango ficava logo com os pés no ar e sentia-me um objecto voador não identificado. Depois aterrava e estava tudo na mesma.  Tu tens outras responsabilidades. Mas confirmo que sim, afastaste-te do MPLA há muitos anos. Eu pedi-te que continuasses a lutar pelos nossos ideais, no seio do partido mas tu decidiste mesmo sair. Daí até diabolizares João Lourenço e o MPLA vai uma forma de ser e estar na vida que não compro. 

Bu uadila, kunené-bu: Onde comeste não cagues. 

*Jornalista

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