quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Angola | MPLA UNIDO À OPOSIÇÃO CONTRA O MPLA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A contagem dos votos está no fim e o MPLA ganhou as eleições com maioria absoluta. Parabéns ao partido vencedor e ao seu cabeça de lista. A UNITA foi derrotada mas reforçou o seu papel de líder da Oposição. A vitória esmagadora em Luanda deu-lhe um peso político muito superior à percentagem dos votos averbados a nível nacional. Adalberto da Costa Júnior é o rosto deste sucesso. Merece os parabéns (quanto me custa escrever isto!). 

A vitória esmagadora da UNITA em Luanda tem quatro componentes. Beneficiou da bipolarização recolhendo o voto útil. Recebeu o voto de protesto porque os pequenos partidos se mostraram politicamente irrelevantes. Teve a ajuda poderosa do MPLA anti João Lourenço. Absorveu os votos da CASA-CE com o “Efeito Chivukuvuku”.Também pode ter beneficiado da elevada taxa de abstenção. Logo se vê.

O MPLA é um colectivo de angolanas e angolanos com profundas raízes populares. Quando o partido ganha, todos ganham. Quando perde, todos perdem. Nada de procurar bodes expiatórios. Ou mesmo respiratórios. As derrotas nos círculos eleitorais de Luanda, Cabinda e Zaire mostram que a pedrada eleitoral foi desferida, em grande parte, pelo próprio MPLA.

O MPLA que estremeceu de raiva quando o MPLA entendeu que Jonas Savimbi i tinha direito a um funeral na presença dos seus familiares e correligionários. Mas não pensou assim em relação às centenas de milhares de mortos causados durante a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. 

O Soldado Desconhecido é do MPLA. A família, os amigos, os companheiros de luta, não puderam fazer-lhe um funeral digno. Mas ele morreu pela Pátria Angolana. Savimbi morreu lutando contra Angola e o Povo Angolano. Matou civis indefesos e muitos ficaram sem sepultura. O MPLA que ganhou as eleições, não os tratou com a mesma humanidade e deferência dispensadas ao criminoso de guerra.

Os civis que apodreceram ou foram devorados pelas feras nas picadas, nas aldeias destruídas, nas bermas das estradas, nos acampamentos de refugiados, nas vilas e cidades bombardeadas pela aviação ou a artilharia do regime racista de Pretória, que Jonas Savimbi e a UNITA serviam, não tiveram um funeral digno como o MPLA proporcionou ao criminoso de guerra Jonas Savimbi.

Os civis e militares mortos nas ruas de Luanda em 1992, quando a UNITA recusou os resultados eleitorais e tentou tomar o poder pela força, não tiveram do MPLA que venceu estas eleições, o mesmo favor que tiveram os cabecilhas do golpe, mortos em combate: Salupeto Pena, Jeremias Chitunda e Alicerces Mango. Foram qualificados, este ano, poucos meses antes do pleito eleitoral, como “vítimas dos conflitos políticos”. O MPLA reagiu mal e castigou o MPLA.

Os civis e militares, os membros do Estado Maior-Geral das FAPLA torturados e assassinados pelos golpistas de 27 de Maio de 1977são tratados pelo MPLA, que hoje ganhou as eleições, como criminosos. Os Heróis que enfrentaram os golpistas são ignorados. Os assassinos são tratados como “vítimas dos conflitos políticos” pelo MPLA que hoje ganhou as eleições. Também por isso o MPLA castigou o MPLA. 

A forma desastrosa como foi gerida a morte do Presidente José Eduardo dos Santos deu uma maka mundial. O MPLA que ganhou as eleições também por isso foi castigado pelo MPLA. As angolanas e os angolanos não são descartáveis. Um angolano que prestou relevantíssimos serviços a Angola, a África e à Humanidade, ao derrotar o regime de apartheid da África do Sul, muito menos pode ser descartado. Também por isso o MPLA que ganhou as eleições foi castigado pelo MPLA.

Os resultados provisórios são estes, escrutinados mais de 97 por cento dos votos: MPLA 51,7 por cento dos votos e 124 deputados, UNITA 44,5 por cento dos votos e 90 deputados, PRS 1,13 por cento e dois deputados, FNLA 1,05 por cento e dois deputados, PHA 1,1 por cento e dois deputados.  Ninguém mais obteve mandatos populares. Abstenção atingiu a taxa dos 54,34 por cento. É o maior “partido”. Estão lá muitos votos do MPLA que se uniu à Oposição para castigar o MPLA.

Esta maioria absoluta conquistada pelo MPLA tem um problema. O eleitorado em Luanda virou-lhe as costas. Ganhou um Ferrari mas sem motor e pneus. Nada de grave. O MPLA que se uniu à Oposição para castigar o MPLA tem as rodas e o motor do carro. Isso resolve-se em casa.

Em Cabinda sim, temos um problema delicado. A UNITA venceu as eleições porque vendeu a província por um punhado de votos. Gravíssimo. Mas o MPLA que ganhou as eleições tem cinco anos para legislar no sentido de proibir que partidos políticos concorram às eleições prometendo atentar contra a Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Garantindo aos votantes que vão rasgar a Constituição da Republica, leiloando Angola a quem der mais pelos campos de petróleo. A vitória da UNITA no Zaire mostra que existe uma conspiração internacional para separar Cabinda de Angola. A província vizinha entra no “pacote energético”.

O MPLA ganhou estas eleições com maioria absoluta. Está de parabéns. O seu líder, eleito Presidente da República, merece as mais vivas felicitações. Deu o litro pela retumbante vitória. Parabéns a todos os partidos e coligações. Parabéns aos eleitores. Aos abstencionistas um apelo: Em 2027 vão votar. O regime democrático merece o voto de todos.  O civismo assim o exige.

O MPLA uniu-se à Oposição para enfrentar o MPLA. No círculo eleitoral de Luanda a tareia foi tremenda. Camaradas do MPLA tenham pena do MPLA. A luta continua e a próxima vitória é certíssima. Não existe partido no mundo com tanto apoio popular. Ate dá para dividir os votos com a Oposição! Mas não exagerem.

*Jornalista

A ARGÉLIA E OS SEUS SESSENTA ANOS DE COERÊNCIA HISTÓRICA – III

Martinho Júnior, Luanda

INDEPENDÊNCIA, SOBERANIA E MUDANÇA DE PARADIGMA

A ARGÉLIA É UM FACTOR PROGRESSISTA DE VANGUARDA PARA ÁFRICA E PARA A EUROPA

continuação

“Para nosotros esta visita entraña no solo un hecho en lo personal grato y emocionante, sino que despierta también nuestro interés histórico, político, económico y humano.

 Costumbres, idiomas y distancia geográfica nos separan, pero nos unen lazos más fuertes, indestructibles:  la historia de lucha común contra el colonialismo, contra la dominación imperialista mundial, los esfuerzos para lograr que nuestros pueblos salgan del subdesarrollo en batalla titánica. 

Nuestra historia es común:  es la historia de la lucha de los pueblos contra la dominación colonial e imperialista. 

Ayer en estas tierras su prócer Abd el Kader inspiró a su pueblo a unirse para librar heroicas batallas contra la dominación extranjera; casi simultáneamente se iniciaban las luchas por la independencia en nuestra patria.  Ambas naciones derramaban su sangre y escribían gloriosas páginas en la historia.  Ambos pueblos sufrieron dolorosos golpes en lucha desigual contra potencias que en aquellos tiempos se contaban militarmente entre las más poderosas del mundo.  Largas y heroicas luchas se frustraban, pero una y otra vez, con tesón admirable levantaban la frente y reanudaban el combate. 

A principios de siglo surgía en Cuba una seudorrepública, que mantendría la dominación imperialista a lo largo de 57 años, mientras que en Argelia continuaba la resistencia contra la dominación colonial.  En 1953 nuestro pueblo da inicio nuevamente a su gesta armada, en busca de la obtención de su plena y definitiva independencia.  Coincidiendo otra vez en el tiempo, en el año 1954 combatientes argelinos reanudan su lucha armada para la obtención de iguales objetivos. 

Casi simultáneamente con la sola diferencia de tres años también conquistamos nuestra definitiva e irreversible independencia. 

Ayer, mientras cruzábamos las calles de Argel, en medio del caluroso y fraternal recibimiento de vuestro noble y heroico pueblo, concitaba nuestra reflexión el espectáculo de decenas de miles de niños que, sumándose a la multitud, agitaban sus brazos y expresaban con cariño y dulzura sus sentimientos.  Hace apenas unos años por esas mismas calles caían abatidos los bravos combatientes del FLN.  ¡Cuánta sangre y dolor costó crear para esa nueva generación un país digno y libre! 

Es imposible dejar de admirar a este pueblo cuando se sabe que en sus luchas patrióticas los últimos 150 años sus muertos se cuentan por millones.  Así, millones de argelinos perecieron luchando contra la cruel e ignominiosa conquista en el siglo pasado.  Más de un millón cayeron después entre 1954 y 1962.  Cuarenta y cinco mil sólo en la semana de las masacres de mayo de 1945 que se conmemora precisamente estos días. 

¿Cómo podrán justificarse jamás tales crímenes de colonialistas e imperialistas?  ¿Qué verdadera civilización podrían traer al continente africano?  ¿Acaso la discriminación y el desprecio racial, la esclavización del hombre, la destrucción de los valores culturales, el apoderamiento de la riqueza, llegando hasta la absurda pretensión de invocar la fe religiosa para encubrir el espíritu de saqueo y rapiña, puede llamarse civilización?” 

DISCURSO PRONUNCIADO POR EL COMANDANTE FIDEL CASTRO RUZ, PRIMER SECRETARIO DEL COMITE CENTRAL DEL PARTIDO COMUNISTA DE CUBA Y PRIMER MINISTRO DEL GOBIERNO REVOLUCIONARIO, EN LA CENA OFRECIDA EN SU HONOR EN EL PALACIO DEL PUEBLO DE ARGEL, ARGELIA, EL 9 DE MAYO DE 1972.

DAY AFTER ANGOLA

Kuma | Tribuna de Angola | opinião

Apreensivo pela postura de muitos mercenários desesperados com a realidade, são sobejamente conhecidos e circunscritos ao palco dos sonhos, relaxei deliciosamente ao constatar nos diversos meios de comunicação, o emergir de uma elite jovem, bem formada, serena, democrática, espelhando o que tem sido feito e garantindo os alicerces para um futuro de continuidade grandiosa.

Painéis elucidativos da serenidade da consciência nacional de um Processo livre, crente de um caminho a percorrer e consolidar. Angola ordeira, madura, adulta, mostrou no dinamismo da sua juventude uma crença institucionalizada invejável, e soube com o seu patriotismo derrotar os estrangeirismos sabotadores e seus alienados dependentes, com desobediência aos apelos para sitiar e caucionar com medo os Votos dos cidadãos.

Não nos iludamos, foram semeados muitos ventos, não foi farsa, está intrinsecamente ligado ao ADN dos esquizofrénicos, e na hora da colheita, fatalmente teremos tempestade ciclónica, hoje mesmo as nuvens negras ameaçadoras já pairam no espaço, a invasão de contra informação já começou, invadiu a noite, rasgou a madrugada, e os festejos antecipados são o tempero picante da proclamação da fraude e sabotagem.

Os primeiros resultados oficiais trazem-nos a tranquilidade da mudança na continuidade, tira do horizonte dos cidadãos os obstáculos da esperança no futuro, travam o receio e apreensão de fraturas e incertezas que ameaçavam a estabilidade e integridade de um país que se reencontrou no caminho do desenvolvimento sustentado, e restabeleceu a dignidade na cidadania.

Sejamos vigilantes e partilhemos o esforço que o Presidente João Lourenço terá pela frente no esforço da consolidação da Reconciliação Nacional, terá de atrelar uma fatia significativa de angolanos à modernidade e inseri-los na Democracia, levar a que a Nação Una e Indivisível se espelhe nas Forças Armadas e Militarizadas, na sua integridade e patriotismo, galhardia e nobreza, ao serviço da Pátria e da Liberdade.

Liberdade – Fraternidade – Democracia.

Angola - Eleições: MPLA mantém vantagem com 52,8% e supera UNITA com 42,98

O MPLA continua à frente da contagem dos votos com 52,8 por cento, seguido da UNITA (oposição) com 42,98 por cento, numa altura em que estão escrutinados 86,41 por cento dos votos, de acordo com a segunda actualização dos dados provisórios referente às Eleições Gerais de 2022.

Os segundos resultados provisórios, divulgados esta quinta-feira, pelo porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Lucas Quilundo, mantém o PRS na terceira posição, com (1,18%) , FNLA (1,7%), PHA (1,2%), CASA-CE (0,73%), APN  (0,49%)  e P-NJANGO (0,42%).

Com 77,12% dos votos apurados em Luanda, a UNITA lidera com 62,93% dos votos e o MPLA segue na segunda posição com 33,06%.

Jornal de Angola | © Fotografia por: Edições Novembro

A GRAVIDADE DA CORRUPÇÃO EM PORTUGAL

Devemos criar condições para um fortalecimento da instituição da contratação pública, da gestão transparente dos contratos públicos e um controlo apertados sobre o erário público.

Manuel Carlos Nogueira* | Público | opinião

Todos os anos, a Transparência Internacional publica o índice de Perceção de Corrupção e sempre Portugal se encontra mal classificado. Na última atualização estamos no 32.º lugar entre 180 países analisados, ou seja, existem 31 países no mundo onde a perceção de corrupção é menor. Entre os países da OCDE estamos constantemente abaixo das pontuações médias.

Uma coisa é ser o 32.º país do mundo em termos de desenvolvimento económico, outra coisa é ter esse mesmo lugar em termos de perceção da corrupção. Imagine-se que países como o Chile, as Bahamas, as Seychelles ou o Uruguai encontrarem-se mais bem posicionados que Portugal, sendo que alguns países europeus membros da UE e ex-comunistas, onde a corrupção atingia o seu apogeu, encontram-se a curta distância de Portugal.

Tudo tem de ser feito para combater a corrupção no nosso país, mas nada parece estar a acontecer. Na corrupção só existem dois vencedores: o corrompido e o corruptor. Toda a sociedade perde e de diversas formas.

A corrupção é prejudicial para a quantidade e qualidade dos investimentos públicos, privados e estrangeiros, porque cria incerteza nos investidores e faz aumentar os seus custos. Sem investimento de qualidade perde-se a oportunidade de criar postos de trabalho, para os mais qualificados.

Em termos económicos, a corrupção numa primeira fase limita o crescimento e no longo prazo impede o próprio desenvolvimento económico, por via da contração do investimento, criação de emprego, melhoria das condições sociais e destruição da legitimidade do próprio Estado. Também diminui a receita fiscal, provoca aumento de impostos e contribui para resultados económicos menos conseguidos.

Em face dos seus perniciosos efeitos, em termos económicos e sociais, várias e insuspeitas instituições já se debruçaram detalhadamente sobre o tema, como sejam o Banco Mundial, a Comissão Europeia, as Nações Unidas e todos são unânimes em considerar a corrupção como um problema que deve ser urgentemente combatido.

Existem diversos e variados tipos de corrupção: subornos, má utilização de fundos públicos, funcionários que se servem do cargo público e até privado para obter lucro pessoal, nepotismo, uso indevido de informação privilegiada sobre assuntos públicos para ganhos pessoais, etc. Mas como surge a corrupção?

Pode o agente corrupto ter vontade de ser corrompido, mas tem de existir forçosamente um corruptor disposto a pagar. Apesar de existir um agente público com vontade de ser corrompido, não se trata apenas de uma fraqueza das pessoas, mas um falhanço total das instituições a nível de supervisão e controle. Estados e instituições demasiado burocratas criam oportunidades e poder acrescido nos funcionários, elevando a possibilidade de corrupção, uma vez que os indivíduos estão dispostos a pagar para evitar restrições e acelerar os processos e afastar os entraves.

A corrupção é alimentada por falta de transparência das instituições, sendo considerada em Estados fracos um fenómeno socialmente aceitável, pois ela é tão banal que se tolera e até se compreende. Nestes casos a ganância, a ambição desmedida, a rapacidade e a imoralidade são terrenos férteis para a corrupção, sendo usadas ferramentas facilitadoras como o parentesco, passado comum, contactos, laços sociais, políticos e religiosos.

Não devemos cair na tentação de ser como os neoliberais que consideram que a corrupção existe devido à existência dos próprios Estados nas suas formas seletivas, excessivas ou deformantes, mas devemos criar condições para um fortalecimento da instituição da contratação pública, da gestão transparente dos contratos públicos e um controlo apertados sobre o erário público.

Como a corrupção também destrói valores éticos e morais, trata-se de um problema social, e não apenas económico. Todos devemos participar em todo este processo. Todos temos obrigação de exigir mais e melhor controlo e não encolher os ombros e fazer vista grossa, porque é precisamente com isso que os corruptores e corrompidos contam. Contam com a passividade e indiferença do cidadão e do contribuinte. Vale a pena pensarmos nisto.

*O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

PEDÓFILOS DA IGREJA EM PORTUGAL QUEREM O "MILAGRE DO ENCOBRIMENTO"

Abusos? "Há um setor da Igreja Católica que quer manter os segredos"

Coordenador da comissão independente que estuda os abusos sexuais de menores na Igreja Católica revela quais as motivações que levam as vítimas a falar.

O médico pedopsiquiatra Pedro Strecht, que coordenou a comissão independente que estuda os abusos sexuais de menores ao longo das últimas décadas na Igreja Católica, revelou, esta quarta-feira, em entrevista na RTP3, que as vítimas "esperam um pedido de perdão da Igreja e dos abusadores em especial". 

Mais do que justiça, Pedro Strecht afirma que o que é "extremamente tocante" para todos os membros da comissão, é que o que motiva as pessoas é "poderem falar, serem ouvidas, compreendidas e o seu sofrimento ser aceite, no sentido em que percebem que podemos acreditar no que nos dizem". 

A segunda motivação das vítimas para denunciaram as suas histórias é "esperarem ou querem desculpa, um pedido de perdão da Igreja, é o que predomina, e dos abusadores em especial". 

O coordenador da comissão indica que, apesar de terem sofrido abusos por parte de membros da Igreja, as pessoas sabem distinguir os abusadores da Igreja, da "estrutura em si". 

"Houve encobrimento da hierarquia católica em Portugal"

Ainda assim, admitiu que há, dentro da instituição, quem tenha interesse em manter os casos em segredo. "Percebemos bem que há um setor da Igreja Católica que quer manter os segredos", disse, confirmando que "houve encobrimento da hierarquia católica em Portugal".

Sobre os abusadores, Pedro Strecht adiantou, ainda, que "tudo indica que tem havido deslocações dos abusos de dentro para fora da Igreja", mencionando casos em grupos de escuteiros e, até, escolas.

Sobre a resposta da Justiça a estes casos, o pedopsiquiatra apela a que "temos de ser realistas". "Será extremamente difícil esperarmos respostas espetaculares da justiça", apontou indicando que muitos dos casos já se encontram prescritos o que impossibilita os mesmos de serem julgados.

Lista de contactos da Comissão Independente (CI) para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa:

Preenchendo o questionário online, acessível aqui

Contacto através do telefone +351 91 711 00 00

Contacto através do email geral@darvozaosilencio.org

Através de correspondência escrita. Morada aqui: CE COMISSÃO INDEPENDENTE, APARTADO 012079, EC PICOAS – LISBOA, 1061 – 011 LISBOA

Através de um encontro presencial com membros da Comissão, mediante marcação prévia através do telefone +351 91 711 00 00

Se quiser informar-se e conhecer mais sobre o projeto 'dar voz ao silêncio', pode clicar aqui.

Notícias ao Minuto | Imagem: © Global Imagens

Brasil | Polícia Federal implica PGR Augusto Aras em tentativa de golpe de Estado

Aras, que também é o procurador-geral eleitoral, passa à condição de suspeito na trama de um golpe de Estado no país, sob o patrocínio dos capitalistas. Uma vez incluído, formalmente, no processo em curso, o PGR será pressionado pelos fatos a declinar do cargo ou sofrer as consequências de seus atos perante a Justiça.

Correio do Brasil – Brasília

Os aparelhos celulares de oito empresários de grande porte, apreendidos durante operação da Polícia Federal (PF) de busca e apreensão ocorrida na véspera, em endereços ligados aos suspeitos bolsonaristas, continham troca de mensagens trocadas com o Procurador-Geral da República, Augusto Aras. A informação, divulgada nesta quarta-feira em reportagem do site de notícias Jota, cita fontes da PF, do Ministério Público Federal (MPF) e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Aras, que também é o procurador-geral eleitoral, passa à condição de suspeito na trama de um golpe de Estado no país, sob o patrocínio dos capitalistas. Uma vez incluído, formalmente, no processo em curso, o PGR será pressionado pelos fatos a declinar do cargo ou sofrer as consequências de seus atos perante a Justiça.

Celulares

Ao longo do dia, na véspera, a PF realizou a operação contra empresários bolsonaristas, após troca de mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. A operação foi aberta por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no acolhimento ao pedido dos delegados federais que investigam o caso.

Além da apreensão dos celulares dos oito empresários bolsonaristas citados no inquérito, Moraes autorizou a quebra do sigilo bancário e telemático (de mensagem) dos empresários, o bloqueio de contas nas rede sociais e a suspensão de seus perfis nos aplicativos. De acordo com o Jota, nas mensagens haveria críticas à ação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e comentários sobre a candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.

A PGR, em pronunciamento na noite passada, alega que a operação, aberta por determinação de Alexandre de Moraes ao acolher representação da PF, não foi informada ao órgão antes de ser iniciada. Fontes próximas ao ministro do STF afirmam, no entanto, que a PGR foi informada da operação um dia antes de ser deflagrada e que não se pronunciou sobre os fatos em curso.

Golpistas

Um dos principais envolvidos no escândalo, o empresário Meyer Nigri é fundador e controlador da empresa do setor imobiliário Tecnisa. Amigo pessoal de Bolsonaro, Nigri foi um dos primeiros empresários de expressão nacional a apoiar o presidente, ainda na campanha de 2018. De lá para cá, Nigri ganhou trânsito livre em Brasília e articulou propostas que favorecem o seu setor.

Nigri também é amigo de Aras e foi citado pelo procurador-geral em seu discurso de posse.

— Não posso deixar de cumprimentar um amigo de todas as horas neste momento em que vivenciamos. E faço uma homenagem especial ao amigo Meyer Nigri, em nome de quem cumprimento toda a comunidade judaica, que comemorou 5.780 anos nos últimos dias — elogiou Aras.

Até o fechamento dessa matéria, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não havia se pronunciado sobre os desdobramentos dos crimes investigados. Na noite passada, ele participou de reunião com empresários do grupo de extrema direita Esfera Brasil, na capital paulista, ao lado de Michel Klein, dono das Casas Bahia; Flávio Rocha, da Riachuelo; e o presidente da Febraban, Isaac Sidnei.

Imagem: O procurador-geral Augusto Aras tem sido complacente com o presidente da República, Jair Bolsonaro

DO COLONIALISMO ÀS NOVAS PARTILHAS -- Boaventura

Boaventura de Sousa Santos* | Outras Palavras

Após cinco séculos, mundo eurocêntrico já nem pode dominar, nem tem o quê ensinar. Outros universos culturais ganharam autoestima. Que diálogos cognitivos são possíveis, em meio à crise civilizatória? Em que bases eles podem se dar?

#Publicado em português do Brasil

É difícil imaginar que se partilha uma viagem com alguém que vem na direção oposta. E, contudo, penso que esta estranha partilha é talvez o que melhor caracteriza o nosso tempo, pelo menos no plano cultural. Vindos de histórias e trajetórias muito diferentes, da acumulação de derrotas ou de vitórias multisseculares, diferentes universos culturais – filosóficos, estéticos, políticos, ontológicos, epistemológicos ou éticos – parecem estar hoje mais expostos do que nunca à confrontação com universos rivais, em condições que não permitem gestos unilaterais, seja de assimilação forçada, seja de conquista e ocupação. As desigualdades de poder entre esses universos existem e estão historicamente sedimentadas, mas estão cada vez mais desigualmente distribuídas entre as diferentes áreas da vida coletiva ou entre as diferentes regiões do mundo. As trajetórias opostas convergem num campo de incerteza máxima que produz instabilidade e desassossego. A partilha da incerteza tende a resultar na incerteza da partilha. O universo cultural ocidental eurocêntrico vem de uma longa trajetória de conquistas e vitórias históricas que parece ter chegado ao fim. A Europa passou cinco séculos a dominar e a ensinar o mundo não europeu e acha-se hoje cada vez mais na situação de já não ser capaz de dominar e de não ter nada a ensinar.

O drama do universo cultural que se considera historicamente o vencedor é não querer aprender nada dos universos culturais que se acostumou a derrotar e a ensinar. Por sua vez, os universos culturais não ocidentais, sejam eles orientais (chineses, indianos), islâmicos, africanos ou aborígenes das Américas ou Oceania, vêm de trajetórias de derrotas históricas infligidas pelo universo cultural ocidental, derrotas, porém, muito variadas quanto ao âmbito e duração. Tais universos sofreram diferentes processos de desfiguração, aculturação (ou antes, inculturação ou desculturação), mas sobreviveram, e hoje assumem uma nova confiança, uma nova autoestima e sentido de futuro, de que resulta a percepção de que a derrota acabou. Que tipo de partilha pode esperar-se destas trajetórias que seguem em direções opostas? Será que de algum modo se encontram ou convergem, ou será que vão falhar a possibilidade do encontro e seguir antes no sentido de confrontações de contornos desconhecidos?

Angola - Eleições | UNITA diz que vai à frente na contagem e contraria dados da CNE

Nos primeiros resultados divulgados pela CNE, o MPLA está na frente com 60,65%. Mas a UNITA diz que não é assim.

O porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) divulgou esta madrugada de quinta-feira os primeiros resultados provisórios das eleições gerais, que dão vantagem ao MPLA com 60,65%, seguindo-se a UNITA com 33,85%.

De acordo com Lucas Quilundo foram já escrutinados 33,16% do total dos votos.

Por candidatura, os resultados apontam para 60,65% para o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, e 33,85% para a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

O número dois das listas da UNITA, Abel Chivukuvuku, afirmou, no entanto, que os dados provisórios recolhidos das eleições de quarta-feira apontam para uma vitória do partido.

"Os nossos centros de escrutínio [dão] claros indicadores provisórios de tendência de vitória da UNITA em todas as províncias do no nosso país", afirmou Chivukuvuku, em conferência de imprensa.

Como exemplo, Chivukuvuku indicou que, nos municípios da província de Luanda, o partido no poder (MPLA) ganhou apenas em um município.

Segundo Filomeno Vieira Lopes, dirigente do Bloco Democrático, partido que se associou às listas da UNITA, os dados atuais, só na província de Luanda, indicam que em 60% dos números contabilizados pelo partido, 66% dos votos são na maior formação da oposição.

Instantes antes, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou dados diferentes, com um terço dos votos contabilizados que, segundo as autoridades, indiciam uma vitória do MPLA com 60% dos votos.

Perante o confronto de números tão diferentes, Abel Chivukuvuku sustentou que o processo "tem de ser pacífico": "somos todos angolanos, somos todos atores da história de Angola, temos todos interesse que tudo corra bem".

Segundo Filomeno Vieira Lopes, o "sistema está montado para ser verificado" e, em "caso de divergência há contestações e confrontação" nos órgãos respetivos.

Nelito Ekuikui, secretário provincial da UNITA para Luanda, disse que há vários casos de assembleias de voto que não publicaram ainda as atas síntese que resultam da contagem dos membros da mesa, fiscalizadas pelos delegados dos partidos.

"Há situações em que os delegados dos partidos recusam assinar as atas porque não correspondem ao que se passou", afirmou Neito Ekuikui.

Chivukuvuku acrescentou, na mesma conferência de imprensa, que permanecem detidos cinco delegados e contestou a divulgação de uma sondagem na noite de quarta-feira pela Televisão Pública de Angola (TPA), violando a própria lei eleitoral.

"A Assembleia Nacional da República de Angola aprovou uma lei que determina que em período eleitoral não podem ser publicadas sondagens" e a TPA apresentou "supostas sondagens que dariam uma vantagem ao partido no poder".

"O Estado legisla (a lei eleitoral) e viola", criticou Chivukuvuku.

Diário de Notícias | Lusa | Imagem: Contagem dos votos em Angola. © PAULO NOVAIS / LUSA

Angola - Eleições | Primeiros resultados provisórios dão vitória ao MPLA - 60,65%

Numa altura em que estão escrutinados 33,16 por cento dos votos, o MPLA vai à frente da contagem com 60,55 por cento do total, o equivalente a 1,219,571 votos válidos, seguido da UNITA com 33,85 por cento (680.745 votos).

Os primeiros resultados provisórios, divulgados no início desta madrugada, pelo porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Lucas Quilundo, colocam o PRS na terceira posição, com 29,526 votos (1,45%) , FNLA com 25, 817 votos (1,28%) , PHA com 21,130 votos (1,05%), CASA-CE com 14,225 votos (0,70%), APN com 10,401 votos (0,51%)  e P-Njango  com 9,656 votos  (0,48%).

Jornal de Angola

Angola - Eleições: UNITA confirma detenção de delegados com actas falsas

A UNITA confirmou hoje a detenção de seis dos seus delegados de lista de duas assembleias de voto na comuna de Canacassala, município de Nambuangongo, província do Bengo, na sequência de apresentação de actas falsas.

O secretário da UNITA em Nambuangongo, alegou que as actas encontradas em posse dos seus integrantes "apenas foram levadas ao local de votação para auxiliar os seus delegados por se tratarem de actas simuladas preparadas durante os seminários de capacitação". 

Em declarações à Rádio Nacional de Angola, Garcia Neto assegura que não foram cometidas infracções no processo 

Jornal de Angola

Mais lidas da semana