A bola rola nos estádios do
Catar. Estão no pequeno país os melhores futebolistas do mundo, os maiores
vigaristas do mundo, os mais desumanos capitalistas do mundo. Direitos humanos
não há. Tratamentos desumanos sim, são política de estado, como no Reino Unido,
nos países da União Europeia, nos EUA e outras potências esclavagistas e
genocidas. Mundo louco sempre rendido ao futebol com ou sem direitos humanos.
Antes do petróleo e do gás, o
Catar era um protectorado britânico. Foi nessa altura que a família do emir
aprendeu os tratamentos desumanos que podem ir até ao esclavagismo. Londres já
há muito que vive da escravatura. Bebe o sangue dos escravos da Commonwealth,
empanturra-se com a carne dos vassalos. Em 1966, o Mundial jogou-se em Inglaterra. Ninguém
se preocupou com os Direitos Humanos. E nesse ano, Londres fazia do Catar um
protectorado. Escravizava os seus 200.00 habitantes. O Eusébio não se deixou
intimidar e marcou nove golos! O rei dos reis da bola!
O Catar, no tempo em que era um
simples protectorado britânico, vivia das pérolas. Nada de gás nem petróleo. Os
pescadores rebentavam os pulmões quando iam ao fundo do mar buscar as
apreciadas bolinhas fabricadas pelas ostras. Miséria e morte. Os piraras
britânicos descobriram petróleo! Mas veio a II Guerra Mundial e o projecto foi
adiado. Entretanto a Índia e o Paquistão rebelaram-se e os genocidas foram
adiando a exploração petrolífera. Só mais tarde se decidiram avançar com o
negócio. Mas em 1971 ofereceram a independência ao emir. Mais um país
“independente” pagando forte e feio aos genocidas britânicos.
Durante a Guerra do Golfo, o emir
ofereceu o país aos canadianos, aos franceses e aos EUA para esmagarem o
Iraque. Os gringos e os britânicos ainda hoje têm lá uma grande basse militar
que é a maior do Médio Oriente. Os defensores dos Direitos Humanos não querem
saber disso para nada. Mas eu quero. Está situada a 30 quilómetros de
Doha, e chama-se Al Udeid. Estão lá aquartelados 11 mil militares
norte-americanos. Tem uma longa pista de aterragem e 120 aeronaves de guerra,
bombardeiros, caças, de abastecimento e de reconhecimento. Matam civis que se
fartam.
Da base militar dos EUA Al Udeid
partem os ataques ao Iraque e à Síria. Dizem que é contra o Estado Islâmico mas
matam milhares de civis inocentes. Muitos mais do que os trabalhadores que
morreram a construir os estádios para o Mundial de Futebol. Quando os EUA
invadiram o Afeganistão, após o 11 de Setembro, a base militar do Catar jogou
um papel fundamental. Os invasores mataram milhares de civis inocentes. Tudo o
que mexia e era ser humano, baicava. Todos eram talibãs mesmo as crianças, as
mulheres os homossexuais.
O Catar assumiu a
responsabilidade de construir a base militar Al Udeid. Nos anos 90, aquele
instrumento de guerra custou aos cofres do país que acolhe o Mundial de
Futebol, o melhor de mil milhões de dólares. As instalações também alojam a força
aérea britânica (RAF).Uma coisa em grande. Ali está a maior fábrica de mortos civis
na região. Os defensores dos Direitos Humanos estão-se cagando.
Os campeonatos britânicos
jogam-se num ambiente em que existem tremendos atentados aos Direitos Humanos.
Houve tempo em que os polícias e militares confrontavam os marcadores de golos.
Faziam tudo para matar mais irlandeses do que bolas entravam nas balizas dos
estádios. Os escoceses querem ser independentes mas os esclavagistas e
corsários não deixam. Direitos Humanos em grande. Mundial de
França. Rolava a bola nos estádios e tropas francesas apontavam as suas armas
aos povos africanos “francófonos”. Ninguém reclamou! Viva o futebol. Só estou
triste porque não termos lá os Palancas Negras. Faltam-nos os Mantorras e os
Akwá. No próximo estamos lá.
Adalberto da Costa Júnior e
fez esta declaração: “Nós vivemos, nos últimos três anos, um ambiente de
terrorismo de Estado, completamente antidemocrático”. Este é igual aos
defensores dos Direitos Humanos que deitam abaixo o Mundial do Catar. Lidera um
partido que matou milhares de angolanas e angolanos. A sua direcção cometeu
sangrentos crimes de guerra. Queimou vivas as elites femininas da organização
nas fogueiras da Jamba. Destruiu equipamentos sociais em todo o país, causando
prejuízos de triliões de euros.
O MPLA, partido que ganhou as
eleições e apoia no parlamento o Executivo e o Presidente da República, faz
tudo para reforçar e solidificar a reconciliação nacional. Foi assim quando
salvou das matas do Moxico dirigentes da UNITA famintos e doentes. Os militares
das FAA nem precisavam de disparar, eles tinham morrido de fome e doenças.
Apesar de terem disparado contra a democracia, foram chamados para o Governo de
Unidade e Reconciliação Nacional (GURN). Desde então dizem que os seus
salvadores fazem terrorismo de estado. Porque o Executivo enfrenta os bandidos
contratados pelo Galo Negro para destruir, assaltar, matar.
Ismael Mateus, simpatizante de
jornalista, foi entrevistado pelo Jornal de Angola e fez esta afirmação: “Eu
acho que devemos repensar a mesma termos uma literatura forte é preciso recriar
a União (dos Escritores Angolanos), tirar um bocado esta componente política. É
evidente que tem um peso político porque foi criada por Agostinho Neto, mas é preciso
modernizar, criar outras formas de organização”.
Errado. A União dos Escritores
Angolanos foi criada pelos próprios. Mas o grande dinamizador do projecto
chama-se Luandino Vieira. Agostinho Neto assinou a proclamação como outros. Até
eu assinei. Quando Luandino se cansou, o projecto foi desenvolvido pelo
Fernando Costa Andrade (Ndunduma). O Ismael Mateus na altura só tinha 11 anos.
Mas pelos vistos não se informou nem quis saber e agora diz asneiras.
A afirmação de Ismael que mais me
marcou foi esta: “Como é possível que uma pessoa como eu, com doze livros no
mercado e poucas pessoas me conhecem como escritor? Por exemplo, o Jornal de
Angola há quanto tempo não me faz uma entrevista e faz agora porque estou a lançar
uns livros? Devia ser,com toda a falta de modéstia, um autor mais
presente”. Mais um que já escreveu mais livros do que aqueles que leu. Vai
a prémio nobel!
No dia em que entrei numa
Redacção, mestre Acácio Barradas chamou-me e disse com ar de mauzão: “Se queres
ser jornalista tens de viver sempre entre as fronteiras da honra e da
dignidade. E nunca te esqueças, os jornalistas só são notícia quando morrem. E
basta um parágrafo”. Se não fosse esta lição, hoje estava a fazer a figura do
Ismael. Jornalista não é notícia, nunca. Nem quando morre. Muito menos agora,
que morreu o Jornalismo.
*Jornalista