domingo, 20 de novembro de 2022

NEM TODOS OS DIAS SÃO MAUS – Artur Queiroz

Estátua de Agostinho Neto em Belgrado

Artur Queiroz*, Luanda

Grande dia! A partir de hoje, existe uma estátua de Agostinho Neto em Belgrado, capital da Sérvia. As e os exterminadores da nossa memória colectiva tiveram mais uma derrota. Os ocupantes do poder em Angola esforçam-se por convencer o Povo Angolano de que o país nasceu no dia em que chegaram ao tacho. Escondem que Neto lhes deu tudo o e são, têm e estão a acumular desalmadamente. Anões desajeitados mas com muito dinheiro e pouca sabedoria. O primeiro Presidente da República Popular de Angola tem um lugar na História Universal. Os seus detractores nem nas lixeiras têm lugar.

Neste grande dia soubemos que o Grupo Carrinho vai ter ao seu dispor mais uma carrada de milhões vezes milhões vezes milhões. A Procuradoria-Geral da República assobia para o lado e vai abrir uma conta no BCI privatizado. Dinheiro limpo. Nada de branqueamento de capitais nem fuga ao fisco. Isso é para os velhos ricos. Os novos não têm esses problemas. Ainda bem. Odeio as taras do capitalismo, sempre selvagem. Mas tolero a xenofobia. Sou contra os ladrões estrangeiros. Contra os corruptores estrangeiros. Contra os estrangeiros exploradores de quem trabalha. Prometo emendar-me mas vai ser difícil. 

Um amigo que ganhou as estrelas de general com a pela encostada ao chão nos campos de batalha pela Independência, a Soberania Nacional e a Integridade Territorial precisa de viajar para Portugal. Vai adiando a viagem porque pediu um passaporte de serviço que, meses depois, continua por emitir. 

Não pediu dinheiro. Não pediu viagem de borla. Só quer um passaporte de serviço para não ser humilhado nas bichas quilométricas à porta do Consulado Geral de Portugal em Luanda. Nada. Os generais que derrotaram os racistas sul-africanos e libertaram a Humanidade da mancha ignominiosa do Racismo de Estado, nem sequer têm direito a um passaporte diplomático. Desprezados! Porque combateram às ordens dos comandantes em chefe Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos. Como lutaram e venceram antes de 2017, não existem. Agora é tudo ao jeito de Kinkuzu ou do Morro da Cal. 

Manuel Nunes Júnior, ministro de Estado para a Coordenação Económica, inaugurou hoje (grande dia!) o Perímetro Irrigado do Sumbe. Mais de cinco mil hectares vão dar algodão e outros produtos. Assim se cria riqueza e postos de trabalho. Não vi lá norte-americanos, noruegueses e outros fregueses dos nossos recursos naturais. Calma. Ainda não é tarde para regressarmos aos tempos da sagrada esperança. Aos nossos campos havemos de voltar. Às nossas terras/vermelhas do café/brancas de algodão/verdes dos milharais/havemos de voltar.

Portugal | SEGURANÇA SOCIAL BONSAI?

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

No grande debate sobre o futuro da Segurança Social, realizado em 1997, a tese da insustentabilidade do sistema público, universal e solidário de que os portugueses dispõem foi esgrimida com força, e também marcou presença aquando da última reforma realizada há 16 anos. O tempo mostrou que essas teses catastrofistas não tinham cabimento e que algumas amputações de direitos para gerações futuras não deviam ter sido feitas. O sistema comportou-se com uma solidez bem maior que o vaticinado.

A Segurança Social não está perto da falência, antes mostra inequívoca solidez. Tem aumentado o volume das contribuições; as respostas à pandemia geraram confiança dos portugueses no sistema; provou-se no plano internacional que os sistemas do mesmo tipo do nosso são os mais seguros. Nos últimos anos registaram-se saldos excedentários. O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, no final deste ano, já deve somar 22,2 mil milhões de euros (dinheiro vindo do trabalho) e é possível continuar a reforçar-se se for defendido de aventureirismo especulativo. O relatório do Governo que acompanha o Orçamento do Estado para 2023 apresenta projeções muito positivas.

O sistema ficará em causa se houver cedência à ofensiva neoliberal de individualizar riscos para alimentar negócio. É por isso que foram importantes os combates às tentativas de introdução do plafonamento, ou a derrota imposta ao Governo PSD/PP quando este tentou reduzir a contribuição patronal para a TSU. Entretanto, todos sabemos que o equilíbrio financeiro de longo prazo está sempre dependente da expansão da atividade económica e da boa distribuição da riqueza, de um nível de emprego elevado com salários dignos, do combate à precariedade, do tratamento legal e valorizado da imigração, de políticas que favoreçam a natalidade.

O programa do atual Governo adotou as promessas eleitorais do PS, que se centravam na valorização e consolidação do sistema. Todavia, com o despacho ministerial de 19/7/2022 que criou a "comissão que estuda a sustentabilidade da Segurança Social" emergiu uma alteração nas posições do Governo e, a partir daí, este embrulhou-se em contradições e trapalhadas. O relatório que anunciava uma "antecipação de 13 anos" na pretensa insustentabilidade do sistema é uma peça com objetivos perigosos: fundamentar um corte no valor real das pensões no futuro; criar um referencial utilizado na Concertação Social para travar o crescimento dos salários (tão necessário); utilizar o dinheiro da Segurança Social para alimentar a falácia da política de "contas certas". Direta ou indiretamente a sustentação das pensões é amputada, a proteção reduz-se.

A Organização Internacional do Trabalho defende, e bem, que todo o trabalho deve estar dentro dos sistemas de proteção social. Trata-se de um princípio concretizado nas políticas de cada país. Ora, se o Governo e os "especialistas" chamados a preparar as políticas nesta área optarem por submissão às virtudes do mercado e considerarem que o emprego do futuro é amputado de direitos, individualizado, incerto e mal remunerado, acabarão por nos propor um Sistema de Segurança Social miniaturizado.

Sempre que é insinuada a insustentabilidade, a Direita retrógrada e o lobby do sistema financeiro agitam os tentáculos: cheira-lhes a amplo campo de negócio propiciado por um sistema da Segurança Social em forma bonsai, oferecido de bandeja.

*Investigador e professor universitário

Paulo Raimundo: "Os casos no Governo criam um lamaçal e descrédito da vida política"

Na entrevista JN/TSF desta semana, o novo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considera que os "casos e casinhos" descredibilizam o Governo e têm de ser investigados.

O QUE MAIS DIZ PAULO RAIMAUNDO NA ENTREVISTA?

Numa nuance que admite não ser semântica, o novo secretário-geral do PCP usa claramente o termo "invasão" para abordar a guerra na Ucrânia - sem deixar de insistir na responsabilidade partilhada de vários países nessa invasão. Consciente de que o caminho de afirmação da sua liderança é longo, Paulo Raimundo assegura não haver nenhuma obsessão em "tornar rapidamente um desconhecido em conhecido". O seu palco será a ação no terreno, admitindo faltar uma maior ligação do PCP à realidade local.

Pode ouvir ou ler as declarações do secretário-geral do PCP aqui .

TSF

Portugal | A REVISÃO INOPINADA DA CONSTITUIÇÃO

AbrilAbril | editorial

Aberta que foi a caixa de Pandora da revisão constitucional, todos os partidos com representação parlamentar decidiram intervir no processo, embora com objectivos diferenciados: uns na tentativa de descaracterizar a Constituição e mutilá-la dos direitos que consagra; outros procurando fazer fracassar tais objectivos.

Este processo de revisão constitucional há muito que era desejado pelos partidos à direita do PS, nos seus propósitos de subversão do regime democrático constitucional. Abriu-se-lhes agora uma janela de oportunidade, com o aval da maioria absoluta socialista que, desta forma, assume uma opção que pode ter consequências graves.

Nesse sentido, os projectos apresentados por PSD, IL e Chega comprovam a sua intenção de ataque ao regime democrático e aos direitos fundamentais, procurando liquidar direitos no plano constitucional.

A vida tem demonstrado que a Constituição não constitui nenhum entrave à acção dos sucessivos governos e dos diversos órgãos institucionais de poder. Pelo contrário, Portugal seria um País melhor, mais desenvolvido e com menos injustiças e desigualdades sociais se a Constituição da República fosse cumprida, considerando que é nela que se encontra a resposta à maioria dos problemas que atingem o povo e o País, através dos direitos que consagra em áreas como a habitação, saúde, educação e protecção social.

No passado dia 11, num artigo de opinião publicado no DN, Miguel Romão, professor de direito da Universidade de Lisboa, sublinhava: «um dirigente do PSD falava de um projeto de revisão constitucional que contemple os temas da "coesão territorial, modernização dos direitos fundamentais e políticas públicas voltadas para as pessoas"? Os deputados do PS, por seu turno, falam agora de "termos uma Constituição da República mais progressista, consolidando e alargando o catálogo de direitos fundamentais, sobretudo no domínio social"... Vou ter alguma curiosidade em perceber como se conjugará afinal a "modernização" e "consolidação dos direitos fundamentais" com o alargar das possibilidades de interceção ou partilha de dados de comunicações pessoais e confinamentos administrativos de cidadãos».

Recorde-se que, desde a última revisão constitucional em 2005, foram várias as tentativas encetadas pelo PSD, e mais recentemente pelo Chega, de promover revisões constitucionais descaracterizadoras de direitos consagrados na Constituição.

QUANTAS VIDAS CUSTOU A COPA DO CATAR?

Jan D. Walter | Matt Ford | Deutsche Welle

Ativistas de direitos humanos apontam que 15 mil trabalhadores teriam morrido durante os preparativos para o Mundial de 2022. A DW checou os dados.

#Publicado em português do Brasil

Esta checagem analisa números publicados pela Fifa, por autoridades do Catar, grupos de direitos humanos e pela mídia, citados repetidamente e que foram tratados como verdadeiros ou até mesmo questionados. Os autores deste texto estão cientes de que esses números só transmitem uma ideia superficial do suposto sofrimento de trabalhadores migrantes no Catar.

Alegação: 15 mil trabalhadores morreram por causa da Copa de Futebol no Catar

O número 15.021 veio à luz através de um relatório de 2021 da organização de direitos humanos Anistia Internacional. O número 6.500 de um artigo no jornal britânico The Guardian, do início de 2021, também é citado com frequência.

Verificação pela DW: Falso.

Embora muitas vezes interpretadas desta forma, nenhuma das fontes afirmou que todas essas pessoas morreram em locais de construção de estádios ou no contexto direto da Copa do Mundo. Ambos os números citados incluem estrangeiros em geral que morreram no Catar.

O número 15.021 do relatório da Anistia Internacional vem das estatísticas oficiais das autoridades do Catar de 2010 a 2019, segundo as quais 15.799 não catarianos morreram no país entre 2011 e 2020.

Portanto, isto inclui não apenas trabalhadores da construção civil pouco qualificados, seguranças e jardineiros, mas também professores, médicos, engenheiros e empresários. Alguns deles vieram de países em desenvolvimento, outros de países emergentes e industrializados. As estatísticas do Catar não permitem uma classificação precisa.

O Guardian chegou a 6.500 porque limitou suas pesquisas a pessoas de Bangladesh, Índia, Nepal, Paquistão e Sri Lanka e solicitaram os números às autoridades dos países de origem. Essas cinco nações representam uma proporção significativa da força de trabalho estrangeira no Catar, especialmente não qualificada ou pouco qualificada.

Alegação: As taxas de mortalidade estão dentro de uma "faixa esperada"

As autoridades do Catar não contradizem os números acima. Entretanto, em resposta à reportagem do Guardian, o Ministério da Informação do Catar disse que o número estava "dentro de uma faixa de expectativa para uma população deste tamanho e demografia".

Verificação pela DW: Impreciso.

É certo que, de acordo com as estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), as taxas de mortalidade são consideravelmente mais elevadas nos países de origem do que entre os trabalhadores migrantes no Catar. E, de acordo com as estatísticas do emirado, morrem mais catarianos num grupo de 100 mil pessoas em um ano do que entre 100 mil trabalhadores estrangeiros. Mas essa comparação tem pouca relevância do ponto de vista epidemiológico, já que a comunidade estrangeira no Catar não é comparável a toda a população do país.

Por exemplo, a percentagem de crianças pequenas e idosos − os grupos populacionais com maior mortalidade − é desproporcionalmente menor do que no total da população dos países. Além disso, trata-se de pessoas saudáveis, pois, para obter um visto de trabalho para o Catar, é necessária uma série de certificados sanitários. Entre outras coisas, os candidatos devem apresentar testes negativos para doenças infecciosas como aids, hepatite B e C, sífilis e tuberculose − doenças que são causas de morte estatisticamente relevantes em alguns países de origem.

Ao mesmo tempo, os jornalistas franceses Sébastian Castelier e Quentin Muller ressaltam em seu livro Les Esclaves de l'Homme Pétrole (Os escravos do homem do petróleo, em tradução literal) que nenhum dos números mencionados inclui trabalhadores migrantes que morreram logo após o retorno do Catar para casa.

No Nepal, por exemplo, houve um aumento significativo de mortes por insuficiência renal entre homens de 20 e 50 anos de idade na última década. Um número impressionante deles havia retornado recentemente do trabalho no Oriente Médio. A atividade árdua no deserto, juntamente com a falta de água potável relatada pelos afetados, pode ser uma explicação para isso.

A MISÉRIA DA INFORMAÇÃO

Manuel Augusto Araújo | AbrilAbril | opinião

Um dos temas ultimamente em destaque são as eleições intercalares nos EUA, como se todo o mundo e ninguém estivesse dependente do seu resultado e como se fosse substancialmente decisivo os democratas suplantarem os republicanos ou vice-versa.

A comunicação social, a tradicional e a veiculada pelas redes sociais, é uma cloaca a céu aberto onde os poderes dominantes escoam a propaganda para condicionar a opinião pública. Quotidianamente alinham-se exemplos, tanto dos sucessos nacionais como internacionais, para não haver fissuras nem incertezas. Um dos temas ultimamente em destaque são as eleições intercalares nos EUA, como se todo o mundo e ninguém estivesse dependente do seu resultado e como se fosse substancialmente decisivo os democratas suplantarem os republicanos ou vice-versa, nunca se referindo que tanto uns como outros obedecem aos interesses conjunturais dos poderosos poderes económicos do complexo militar, financeiro e tecnológico que são quem de facto determina os vencedores.

Teresa de Sousa, uma das mais assanhadas jornalistas porta-voz em Portugal da «democracia» coca-cola do «mercado livre», anda a escrevinhar uns Diários de Houston no Público em que relata alguns episódios das lutas eleitorais em curso nos EUA, como se fossem cruciais para alterar o que é essencial e imutável nas políticas económicas neoliberais do «mercado livre», o tal em que as empresas podem cobrar o quiserem porque o governo se exonera de regular o que quer que seja.

Claro que não tem uma palavra sobre o «mercado livre» daquela «democracia» que põe em prática uma política económica de que os trabalhadores são excluídos, em que os seus direitos conquistados em anos de duras lutas se degradam cada vez mais. «Mercado livre» em que o governo se demite de intervir na economia, que desmantelou a regulamentação anti-monopólios e em que quem domina e traça os planos económicos é Wall Street, favorecendo os financeirizados grandes monopólios. Utilize-se como exemplo um desses textos em que escreve uma diatribe em louvor de Obama, que, segundo ela, entrou na campanha eleitoral em curso nos EUA para «exercer a sua magia» usando «as suas qualidades de oratória intactas». Qual a «magia» de Obama? A mesma com que obteve um prémio Nobel da Paz, para depois bombardear quatro vezes mais países que Bush Filho, o que invadiu o Iraque, e lançar seis vezes mais bombas.

A «magia» de Obama, que, com as suas «qualidades de retórica intactas», prometeu antes de ser eleito aumentar o salário mínimo e apoiar a sindicalização. Assim que se sentou na cadeira do poder, rapidamente anunciou que a única coisa que não podia fazer era aumentar o salário mínimo e que estimular a sindicalização era um mal para o «mercado livre» porque sindicalizar o trabalho iria incentivar os trabalhadores a reivindicarem melhores condições de trabalho e melhores salários. A «magia» da retórica de Obama focou-se em agradecer e apoiar os seus doadores, amplamente maioritários em Wall Street, quando a economia dos EUA já era sobretudo de capital fictício. Não perdeu tempo a reunir-se com os banqueiros de Wall Street para lhes garantir que não se deviam preocupar com os eleitores das classes desfavorecidas que nele tinham votado. Ele, Obama, estava ali para os meter na ordem. Ele, Obama, estava de caneta em punho na Sala Oval da Casa Branca para que a Reserva Federal germinasse a maior quantidade de crédito da história da humanidade, tudo a correr para os bolsos de uma minoria muito minoritária da população. Nada para a economia, nada para os salários, tudo para manter bem altos os valores dos títulos-lixo, tão altos que não pudessem cair e para que se gerasse o maior boom obrigacionista da história. Ele, o democrata Obama igual aos republicanos Bush, pai e filho, continuava a obra do democrata Clinton, que desarmou a lei anti-trusts de Sherman, 1890, e Clayton, 1914, que foram assertivamente postas em prática por Roosevelt para combater a Grande Depressão.

MUNDIAL 2022 | FUTEBOL E SIMPATIZANTES DE JORNALISMO -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A bola rola nos estádios do Catar. Estão no pequeno país os melhores futebolistas do mundo, os maiores vigaristas do mundo, os mais desumanos capitalistas do mundo. Direitos humanos não há. Tratamentos desumanos sim, são política de estado, como no Reino Unido, nos países da União Europeia, nos EUA e outras potências esclavagistas e genocidas. Mundo louco sempre rendido ao futebol com ou sem direitos humanos.

Antes do petróleo e do gás, o Catar era um protectorado britânico. Foi nessa altura que a família do emir aprendeu os tratamentos desumanos que podem ir até ao esclavagismo. Londres já há muito que vive da escravatura. Bebe o sangue dos escravos da Commonwealth, empanturra-se com a carne dos vassalos. Em 1966, o Mundial jogou-se em Inglaterra. Ninguém se preocupou com os Direitos Humanos. E nesse ano, Londres fazia do Catar um protectorado. Escravizava os seus 200.00 habitantes. O Eusébio não se deixou intimidar e marcou nove golos! O rei dos reis da bola!

O Catar, no tempo em que era um simples protectorado britânico, vivia das pérolas. Nada de gás nem petróleo. Os pescadores rebentavam os pulmões quando iam ao fundo do mar buscar as apreciadas bolinhas fabricadas pelas ostras. Miséria e morte. Os piraras britânicos descobriram petróleo! Mas veio a II Guerra Mundial e o projecto foi adiado. Entretanto a Índia e o Paquistão rebelaram-se e os genocidas foram adiando a exploração petrolífera. Só mais tarde se decidiram avançar com o negócio. Mas em 1971 ofereceram a independência ao emir. Mais um país “independente” pagando forte e feio aos genocidas britânicos.

Durante a Guerra do Golfo, o emir ofereceu o país aos canadianos, aos franceses e aos EUA para esmagarem o Iraque. Os gringos e os britânicos ainda hoje têm lá uma grande basse militar que é a maior do Médio Oriente. Os defensores dos Direitos Humanos não querem saber disso para nada. Mas eu quero. Está situada a 30 quilómetros de Doha, e chama-se Al Udeid. Estão lá aquartelados 11 mil militares norte-americanos. Tem uma longa pista de aterragem e 120 aeronaves de guerra, bombardeiros, caças, de abastecimento e de reconhecimento. Matam civis que se fartam.

Da base militar dos EUA Al Udeid partem os ataques ao Iraque e à Síria. Dizem que é contra o Estado Islâmico mas matam milhares de civis inocentes. Muitos mais do que os trabalhadores que morreram a construir os estádios para o Mundial de Futebol. Quando os EUA invadiram o Afeganistão, após o 11 de Setembro, a base militar do Catar jogou um papel fundamental. Os invasores mataram milhares de civis inocentes. Tudo o que mexia e era ser humano, baicava. Todos eram talibãs mesmo as crianças, as mulheres os homossexuais. 

O Catar assumiu a responsabilidade de construir a base militar Al Udeid. Nos anos 90, aquele instrumento de guerra custou aos cofres do país que acolhe o Mundial de Futebol, o melhor de mil milhões de dólares. As instalações também alojam a força aérea britânica (RAF).Uma coisa em grande. Ali está a maior fábrica de mortos civis na região. Os defensores dos Direitos Humanos estão-se cagando. 

Os campeonatos britânicos jogam-se num ambiente em que existem tremendos atentados aos Direitos Humanos. Houve tempo em que os polícias e militares confrontavam os marcadores de golos. Faziam tudo para matar mais irlandeses do que bolas entravam nas balizas dos estádios. Os escoceses querem ser independentes mas os esclavagistas e corsários não deixam. Direitos Humanos em grande. Mundial de França. Rolava a bola nos estádios e tropas francesas apontavam as suas armas aos povos africanos “francófonos”. Ninguém reclamou! Viva o futebol. Só estou triste porque não termos lá os Palancas Negras. Faltam-nos os Mantorras e os Akwá. No próximo estamos lá.

Adalberto da Costa Júnior e fez esta declaração: “Nós vivemos, nos últimos três anos, um ambiente de terrorismo de Estado, completamente antidemocrático”. Este é igual aos defensores dos Direitos Humanos que deitam abaixo o Mundial do Catar. Lidera um partido que matou milhares de angolanas e angolanos. A sua direcção cometeu sangrentos crimes de guerra. Queimou vivas as elites femininas da organização nas fogueiras da Jamba. Destruiu equipamentos sociais em todo o país, causando prejuízos de triliões de euros. 

O MPLA, partido que ganhou as eleições e apoia no parlamento o Executivo e o Presidente da República, faz tudo para reforçar e solidificar a reconciliação nacional. Foi assim quando salvou das matas do Moxico dirigentes da UNITA famintos e doentes. Os militares das FAA nem precisavam de disparar, eles tinham morrido de fome e doenças. Apesar de terem disparado contra a democracia, foram chamados para o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN). Desde então dizem que os seus salvadores fazem terrorismo de estado. Porque o Executivo enfrenta os bandidos contratados pelo Galo Negro para destruir, assaltar, matar. 

Ismael Mateus, simpatizante de jornalista, foi entrevistado pelo Jornal de Angola e fez esta afirmação: “Eu acho que devemos repensar a mesma termos uma literatura forte é preciso recriar a União (dos Escritores Angolanos), tirar um bocado esta componente política. É evidente que tem um peso político porque foi criada por Agostinho Neto, mas é preciso modernizar, criar outras formas de organização”. 

Errado. A União dos Escritores Angolanos foi criada pelos próprios. Mas o grande dinamizador do projecto chama-se Luandino Vieira. Agostinho Neto assinou a proclamação como outros. Até eu assinei. Quando Luandino se cansou, o projecto foi desenvolvido pelo Fernando Costa Andrade (Ndunduma). O Ismael Mateus na altura só tinha 11 anos. Mas pelos vistos não se informou nem quis saber e agora diz asneiras.

A afirmação de Ismael que mais me marcou foi esta: “Como é possível que uma pessoa como eu, com doze livros no mercado e poucas pessoas me conhecem como escritor? Por exemplo, o Jornal de Angola há quanto tempo não me faz uma entrevista e faz agora porque estou a lançar uns livros? Devia ser,com toda a falta de modéstia, um autor mais presente”. Mais um que já escreveu mais livros do que aqueles que leu. Vai a prémio nobel!

No dia em que entrei numa Redacção, mestre Acácio Barradas chamou-me e disse com ar de mauzão: “Se queres ser jornalista tens de viver sempre entre as fronteiras da honra e da dignidade. E nunca te esqueças, os jornalistas só são notícia quando morrem. E basta um parágrafo”. Se não fosse esta lição, hoje estava a fazer a figura do Ismael. Jornalista não é notícia, nunca. Nem quando morre. Muito menos agora, que morreu o Jornalismo. 

*Jornalista

ALEMANHA CRITICA FIFA POR RESTRINGIR MANIFESTAÇÕES NO CATAR

Deutsche Welle | jps, ots)

Presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB) reforça que os alemães não vão apoiar reeleição do atual presidente da Fifa e diz que time está preparado para pagar multas por uso de braçadeira multicolorida no Catar.

O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Bernd Neuendorf, criticou a Fifa pelas ações tomadas pela entidade para restringir manifestações em favor dos direitos humanos durante a Copa do Mundo no Catar.

Neuendorf também disse que está preparado para ser multado quando o capitão alemão Manuel Neuer usar a braçadeira multicolorida com o lema "One Love" (Um amor) durante a Copa do Mundo. Neuer e vários outros capitães de times europeus planejam usar uma braçadeira multicolorida One Love no torneio para apoiar a diversidade.

"Pessoalmente, eu estaria preparado para aceitar uma multa", disse Neuendorf no Catar na última sexta-feira (18/11). "Esta não é uma manifestação política, mas uma manifestação pelos direitos humanos", acrescentou.

Neuendorf também falou da carta do presidente da Fifa, Gianni Infantino, que há duas semanas pediu às equipes que "se concentrem no futebol" e deixem questões políticas de lado.

"Dizer que não deveríamos nos concentrar nos direitos humanos durante a Copa do Mundo realmente me irritou", disse Neuendorf.

Chefe da Fifa acusa críticos do Catar de hipocrisia

Em um evento separado no sábado, Infantino acusou de hipocrisia os críticos do tratamento que o Catar impõe aos trabalhadores migrantes e sobre a forma como o país restringe direitos LGBTQ.

"Eu sou europeu. Pelo que temos feito por 3.000 anos em todo o mundo, devemos nos desculpar pelos próximos 3.000 anos antes de dar lições de moral", disse ele.

O presidente da Fifa falou por quase uma hora em defesa do torneio no Catar neste sábado. "Esta lição de moral unilateral é apenas hipocrisia", disse ele.

Ele abriu seu monólogo dizendo: "Hoje tenho sentimentos fortes. Hoje me sinto catariano, me sinto árabe, me sinto africano, me sinto gay, me sinto deficiente, me sinto um trabalhador migrante."

Sua declaração foi imediatamente criticada nas redes sociais, com muitos apontando que, se ele fosse realmente gay, não poderia dizer isso abertamente no Catar, onde a homossexualidade é ilegal.

ALEMÃES ADEREM A BOICOTE À COPA DO CATAR

Oliver Pieper | Deutsche Welle

O clima na Alemanha às vésperas de uma Copa do Mundo raramente foi tão contido. Vários bares decidem não exibir partidas, e mais da metade da população considera ignorar completamente o evento, diz pesquisa.

#Publicado em português do Brasil

Há 27 anos, o bar cult Lotta, em Colônia, é ponto de encontro para momentos eletrizantes do futebol. Quando o Colônia, icônico clube da cidade no oeste da Alemanha, marca o gol decisivo nos acréscimos, é como se o bar inteiro explodisse: desconhecidos se abraçam e a cerveja rola aos litros.

E também em jogos da seleção alemã o Lotta, com seus dois televisores e um telão, é chamariz para dezenas de torcedores. Inesquecível ficou o grito coletivo de alívio após o gol de Mario Goetze na final da Copa do Mundo de 2014 contra a Argentina.

Muita coisa deve ter acontecido até que o coproprietário Peter Zimmermann, um apaixonado por futebol e sócio-torcedor do Colônia há 20 anos, chegasse à decisão que muitos outros donos de bares e restaurantes na Alemanha estão tomando nos últimos tempos: em protesto, a televisão permanecerá desligada durante toda a Copa do Mundo no Catar, de 20 de novembro a 18 de dezembro, quatro longas semanas.

Zimmermann diz: "Queremos enviar um sinal contra este sistema completamente corrupto da Fifa, onde realmente tudo gira em torno de dinheiro. E direitos humanos e a cultura do futebol não importam em nada. E no Catar ainda há mais fatores: a opressão das mulheres, a discriminação contra os homossexuais e as condições catastróficas de trabalho."

Programa alternativo ao futebol

Quando a Copa do Mundo começar no domingo com a partida de abertura entre o Catar e o Equador, o Lotta ainda estará fechado. Na segunda-feira, quando os Estados Unidos enfrentam o País de Gales, restará aos frequentadores do bar participar de um jogo de perguntas não relativas a futebol, o tradicional pub quiz.

MUNDIAL NO CATAR. A “FESTA” SOBRE MILHARES DE CADÁVERES COMEÇA HOJE

O presidente da FIFA e a própria FIFA como sindicato das negociatas e da corrupção – como anteriormente foi público - veio a terreno para tentar branquear o que ocorreu e ocorre no Catar acerca das violações dos direitos humanos sistemáticos e daqueles que são imputados às violações que envolvem a construção de infraestruturas para o Mundial de futebol a começar hoje naquele país do médio oriente. Evento que vai ser jogado nos estádios recém construídos no Catar sobre os cadáveres de 6.750 cadáveres de imigrantes vítimas de tráfico humano e de violações das condições de segurança no trabalho de todos os trabalhadores nacionais e estrangeiros que ergueram imensas infraestruturas logísticas para a realização do evento alvo de negociatas com a FIFA.

Já é publico que o Catar é um país violador dos Direitos Humanos mas assim o presidente da FIFA abriga-se nos erros gravíssimos cometidos pelos países do Ocidente para tentar “lavar” o presente no Catar, indo ao extremo de evocar o racismo e a hipocrisia do Ocidente relativamente aos crimes graves que ocorreram e ocorrem no Catar, assumindo a figura de Porco Sujo da Humanidade porque as razões das negociatas que a FIFA fez e faz por sem a devida transparência são o que levou em 2010 a escolher o Catar para a realização do Mundial de Futebol hoje a começar…

Não se ponham dúvidas sobre a intenção de Infantino na qualidade de presidente da FIFA: o que pretende é fazer a lavagem das razões que levaram o Catar a fazer o que sempre faz, ignorar e violar os direitos humanos naquele país, usando o esclavagismo e o desrespeito pela humanidade que ocupa sempre as mentalidades e práticas dos mais altos responsáveis políticos e executivos do Catar. O Catar não é constituído por uma sociedade minimamente livre nem democrática, antes pelo contrário. Só por isso a FIFA devia excluir as suas possíveis nomeações de tais países para a realização dos eventos que realiza e de que é o seu principal responsável. Em vez disso exibe a irresponsabilidade e a cumplicidade em violações do senso e das disposições legais até da própria ONU como as por todos conhecidas e agora também, neste Mundial de Futebol, que irá ser jogado e mostrado ao mundo exibido com a prática de pitons das botas dos jogadores a saltarem e correrem nefastamente sobre milhares de cadáveres…

A lavagem ou branqueamento pretendido nas declarações de Gianni Infantino a seguir como quem diz: todos os crimes contra a humanidade e todas as violações já foram feitas, porque não devemos assim continuar?…

Porque a continuar esse argumento Porco Sujo de Gianni, da FIFA e de mais energúmenos (estados e políticos) nunca mais corrigiremos os erros de muitos séculos contra os povos mais fragilizados e vítimas do poderio de países muito ricos e de organizações como a FIFA e quejandos, que coleccionam crimes contra a humanidade como troféus de vencedores.

MM | PG

Presidente da FIFA acusa críticos do Mundial de "hipocrisia"

Gianni Infantino considera as críticas à realização do Mundial no Qatar "profundamente injustas" e lembra o passado dos povos ocidentais quando se fala em direitos humanos. "Pelo que nós, europeus, temos feito nos últimos 3000 anos, devemos desculpar-nos nos próximos 3000 anos antes de começar a dar lições de moral."

O presidente da FIFA reagiu este sábado às críticas sobre a questão dos direitos humanos no Qatar, acusando os críticos ocidentais de "hipocrisia". E isso sem tomar em consideração a obrigatoriedade do cumprimento dos direitos humanos e das condições de trabalho dos artífices que iriam ter de construir as atuais infraestruturas para suporte da realização do evento.

Numa conferência de imprensa dada este sábado, véspera do início do Mundial de futebol no Qatar, Gianni Infantino também expressou o seu apoio à comunidade LGBTQ e aos trabalhadores migrantes.

"Essa lição de moral - unilateral - é apenas hipocrisia", disse o suíço. "Não quero dar nenhuma lição de vida, mas o que está a acontecer aqui é profundamente, profundamente injusto." E acrescentou: "Pelo que nós, europeus, temos feito nos últimos 3.000 anos, devemos desculpar-nos nos próximos 3.000 anos antes de começar a dar lições de moral às pessoas".

A preparação para este Mundial tem sido dominada por preocupações sobre o tratamento do Qatar aos trabalhadores migrantes, mulheres e à comunidade LGBTQ.

Na conferência de imprensa deste sábado, Infantino expressou o seu apoio a essas comunidades. "Hoje sinto-me qatari, hoje sinto-me árabe, hoje sinto-me africano, hoje sinto-me gay, hoje sinto-me deficiente, hoje sinto-me um trabalhador migrante", disse.

As autoridades do Qatar dizem que país tem sido alvo de "racismo" e apontam para as reformas das condições de trabalho e segurança que foram saudadas como inovadoras na região do Golfo.

EUA devem desistir de querer conter a China utilizando os países do Sudeste Asiático

É melhor que os EUA desistam da tentativa de conter a China utilizando os países do Sudeste Asiático

Hu Xijin* | Global Times | opinião

A visita do secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista do Vietnã, Nguyen Phu Trong, à China alcançou resultados notáveis. Os laços entre a China e seus países vizinhos são sustentados principalmente por relações intergovernamentais e grandes volumes comerciais. Mas quando se trata da China e do Vietnã, os partidos governantes dos dois mantêm um relacionamento próximo, fornecendo laços sólidos adicionais e resiliência para os laços entre os dois países.

China e Vietnã são dois países liderados pelo Partido Comunista. Ambos enfrentam a tarefa comum de desenvolver suas economias, melhorando continuamente os padrões de vida das pessoas, apoiando-se politicamente, seguindo um caminho socialista que se adapte às suas próprias condições nacionais e evitando serem derrubados por forças externas. 

A visita de Trong consolidou muito a relação entre as duas partes e injetou mais estabilidade na relação entre os dois países. Ambos os secretários-gerais elogiaram as relações entre as duas partes e os dois países e apreciaram as grandes realizações de cada um. A base sólida e o ímpeto de desenvolvimento das relações bilaterais foram totalmente demonstrados durante esta visita. Trong disse que o Vietnã atribui grande importância aos seus laços com a China e considera o desenvolvimento de uma cooperação amistosa com a China uma das principais prioridades de sua política externa.

É a vontade comum e a tarefa da China e do Vietnã lidar com as disputas no Mar da China Meridional e não permitir que isso perturbe o quadro maior do relacionamento entre os dois países. Este princípio foi reforçado durante a visita. Os dois lados concordaram em administrar adequadamente as diferenças e manter a paz e a estabilidade no Mar da China Meridional. Eles também concordaram em, por meio de consultas e negociações, discutir soluções temporárias e transitórias que não afetem as posições e políticas de cada lado e buscar soluções básicas de longo prazo aceitáveis ​​para ambos os lados. Isso elimina ainda mais o risco de os laços bilaterais serem distraídos pela questão do Mar da China Meridional.

Os EUA sempre desejaram construir uma frente unida anti-China no Mar da China Meridional com o Japão, a Austrália e os países do Sudeste Asiático. Entre eles, o Vietnã é um alvo importante para os EUA. No entanto, o Vietnã está claramente ciente de que os EUA querem usá-lo como um peão, então Hanói está vigilante enquanto desenvolve relações com os EUA. Durante esta visita, Trong reiterou que o Vietnã não permitirá que nenhum país estabeleça uma base militar no Vietnã, ou se junte a qualquer aliança militar, ou use a força contra qualquer país, ou trabalhe com um país para se opor a outro. Ele também disse que o Vietnã segue firmemente a política de Uma Só China, se opõe a qualquer forma de atividades separatistas de "independência de Taiwan" e não desenvolverá nenhuma relação oficial com a ilha de Taiwan.

Mais lidas da semana