segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

CONFISSÕES DE MERKEL E BANDEIRAS FALSAS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Um jornalista norte-americano morreu quando fazia a cobertura do jogo de futebol entre a Holanda (Partes Baixas) e a Argentina. Abílio Camalata Numa, sicário da UNITA, diz que foi uma Operação de Bandeira Falsa do MPLA em conluio com o Presidente Putin. Querem saber de mais operações destas? Tomem nota.

O Presidente Putin contratou a selecção de futebol de Marrocos para explicar as causas da decadência dos povos peninsulares, Portugal e Espanha. Desengane-se quem pensava que a queda dos assinantes do Tratado de Tordesilhas se deveu às fogueiras da Inquisição e aos “descobrimentos”. Foram os russos malvados capitaneados por Putin!

Querem mais uma bandeira falsa?  

O Savimbi trocou correspondência com os generais que comandavam a guerra colonial. Os matadores do Povo Angolano. Aceitou combater ao lado dos portugueses contra os guerrilheiros do MPLA. O sicário Abílio Camalata Numa diz que as cartas eram falsas e “falsas provas da colaboração da UNITA com a PIDE”. 

Falsa é a bandeira da UNITA. Savimbi mandou os comandantes Pedro e Sachilombo (fundadores do Galo Negro e militares treinados na República Popular da China) combater ao lado dos Flechas da PIDE. É verdade e está comprovadíssimo. A UNITA hoje tem de pedir desculpas ao Povo Angolano pela traição protagonizada pelos dirigentes dessa época. O Numa sim é uma bandeira falsa mas não flutua ao vento.

Abílio Camalata Numa andava a estudar para padre quando estas bandeiras aconteceram. Não sabe nada das cartas mas eu vou ensiná-lo. Pode ser que outros aprendam. Um jovem militar português, furriel miliciano, trabalhava no Quartel-General da Região Militar de Angola na repartição das informações secretas. CHERET? CHARETE? Não me lembro.

As cartas de Savimbi aos generais de Jonas Savimbi estavam lá arquivadas. Ele retirou-as do arquivo (os originais!) e entregou-as a activistas do MPLA. Apareceram quase um ano depois, publicadas na revista Afrique-Asie. Já não recordo a data mas penso que foi antes do 25 de Abril de 1974 e não depois como afirma o sicário Numa.

Ainda não há justiça para mulheres quenianas abusadas por tropas do Reino Unido

Do assassinato de uma profissional do sexo ao suposto estupro de centenas de nômades, não há sinal de justiça para mulheres atacadas por soldados britânicos, Declassified descobre no Quênia.

Phill Miller* | Declassified uk | # Traduzido em português do Brasil

- Família de mulher assassinada acusa governo do Reino Unido de 'arrastar os pés' sobre a extradição do principal suspeito

- O governo do Quênia parece pronto para renovar o acordo militar com o Reino Unido antes que o caso de assassinato seja resolvido

- Desclassificado visita uma vila só para mulheres fundada por vítimas de estupro das forças armadas do Reino Unido, onde uma moradora diz: “Eu odeio o exército britânico. Eles deveriam deixar o Quênia” 

- O Ministério da Defesa está investigando alegações de que soldados violaram a proibição de pagar por sexo

Sinto tanto a falta dela – ela era como uma irmã mais velha para mim”, reflete Esther Njoki, uma sábia jovem de 18 anos cuja tia Agnes Wanjiru foi brutalmente assassinada por um soldado britânico em 2012. Seu corpo foi encontrado na fossa séptica de um hotel meses depois que ela desapareceu.

“Ainda não há progresso na extradição de seu assassino”, reclama Esther, falando ao Declassified de Nanyuki, a cidade-guarnição perto do Monte Quênia, onde seis membros da família de Wanjiru vivem em um quarto apertado atrás de um quiosque pintado de azul-petróleo. 

“O governo do Reino Unido não está deixando o soldado vir aqui para ser julgado porque eles dizem que as condições das prisões no Quênia são muito ruins”, ela raciocina. “Mas acho justo que ele seja preso no Quênia.”

A família está espremida em um sofá sob um pôster em tamanho real do Papa Francisco, fortemente iluminado por uma lâmpada fluorescente. As galinhas cantam alto lá fora e o cheiro de esgoto às vezes invade a sala. 

As condições das prisões quenianas são indubitavelmente ruins, mas o assassino de Wanjiru deixou a família da vítima vivendo em condições muito básicas. “É especialmente difícil agora porque nosso pai faleceu há dois meses”, lamenta Esther. “Ele era o ganha-pão que cuidava de nós. Então é muito triste.”

A única filha de Wanjiru, Stacey, agora tem 11 anos e passou quase toda a sua vida sem a mãe. Contra todas as probabilidades, ela está conseguindo se sair bem na escola. Ela gosta de matemática e sonha em ser chef.

O CUCO AMERICANO NO NINHO EUROPEU

Alastair Crooke* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

Para a Europa, a adoção irrefletida desse pensamento "cuco" americano em seu próprio ninho europeu é nada menos que catastrófica.

Larry Johnson – um veterano da CIA e do Departamento de Estado – identifica o 'cuco' aninhado no fundo do 'ninho' do pensamento ocidental sobre a Ucrânia. O pássaro tem duas partes intimamente relacionadas: a camada superior é a estrutura conceitual que postula que os EUA enfrentam duas esferas distintas de contenção: primeiro, EUA x Rússia e, segundo, EUA x China.

A estrutura mental essencial por trás desse 'cuco' – só para ser claro – é totalmente centrada nos Estados Unidos: é a visão do mundo de alguém espiando de Washington, matizada por pensamentos positivos.

É verdadeiramente um 'cuco' (ou seja, a inserção maliciosa de um intruso entre os filhotes legítimos), porque essas batalhas não são duas, como afirmado, mas uma. Como assim?

Esses dois conflitos não são distintos, mas se interconectam por meio da recusa ocidental em reconhecer que são as pretensões culturais ocidentais de superioridade que são o cerne do processo de desdobramento da reestruturação geopolítica atual.

O propósito do cuco é apagar esse aspecto central do enquadramento conceitual e, então, reduzir o todo a uma política de poder abstrata onde a Rússia e a China podem ser jogadas – uma contra a outra.

Simplificando, a bifurcação EUA x China separada para EUA x Rússia serve principalmente para "acomodar" o crescente cuco.

CIMEIRA EUA - ÁFRICA: O QUE ESTÁ EM JOGO PARA O CONTINENTE?

Evento é oportunidade para EUA recuperarem a sua influência em África, defendem analistas, que afirmam que líderes africanos devem insistir em acordos de comércio justos.

Cerca de 50 delegações africanas, incluindo chefes de Estado e altos funcionários governamentais, participam, a partir desta terça-feira (13.12), na cimeira de líderes EUA-África, em Washington.

O evento acontece numa altura em que a administração do Presidente Joe Biden tenta demonstrar o seu compromisso com o continente africano. Razão pela qual, defendem analistas à DW, os líderes africanos devem insistir em acordos de comércio justos e em melhores parcerias económicas com o país.

Daniel Amateye Anim, economista-chefe da Iniciativa Política para o Desenvolvimento Económico de África, é da opinião que os líderes africanos, não só devem estar presentes nesta cimeira, como fazer notar a sua presença. Ou seja, explica, "nós [africanos] devemos saber o que queremos. Temos de lhes dizer que estamos prontos para negociar com eles [EUA]", disse.

A negociação de acordos económicos justos para melhorar as economias africanas deveria ser a prioridade das várias delegações presentes na cimeira, acrescenta Daniel Anim. Uma opinião partilhada também por Martin Adat, analista político queniano.

"Eles [líderes africanos] não devem entrar como pedintes, mas sim ser parte de uma parceria com ganhos mútuos", disse.

A Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA) tem estado no centro da política económica e do envolvimento comercial dos EUA com África desde a sua promulgação, no ano 2000. O programa concede isenção de impostos e taxas aduaneiras para a entrada de mais de 1800 produtos africanos no mercado dos Estados Unidos.

À DW, Daniel Anim diz que o continente não "explorou as oportunidades e potencialidades da [AGOA] ao máximo".

O programa chega ao fim em 2025, no entanto, há indicações de que a administração Biden poderá querer melhorá-lo para promover uma maior integração em África.

CREDIBILIDADE DA UE “EM JOGO” APÓS ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO

Alemanha diz que escândalo de corrupção no Parlamento Europeu ligado ao Catar é um incidente que tem de ser esclarecido com toda a força da lei.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, alertou hoje (12.12) que a credibilidade da União Europeia (UE) está em jogo após a eclosão do alegado escândalo de corrupção no Parlamento Europeu ligado ao Catar.

"É um incidente incrível que tem de ser esclarecido com toda a força da lei, porque também se trata da credibilidade da Europa", disse Baerbock em declarações à imprensa, à chegada à reunião que os ministros dos Negócios Estrangeiros da União celebram hoje em Bruxelas.

A chefe da diplomacia alemã não descartou a possibilidade de haver "consequências em diferentes áreas" porque nunca se viu "um caso como este", embora tenha pedido que a justiça esclareça previamente o sucedido.

O seu homólogo austríaco, Alexander Schallenberg, também não descartou "dar passos importantes", num caso que afeta "a instituição que representa o coração da democracia europeia", embora "antes de tirar conclusões" é preciso esperar para ouvir "o que a justiça determinará".

"Seria um verdadeiro escândalo que fosse verdade o que vemos nos meios de comunicação", disse o ministro austríaco.

O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, ex-presidente do Parlamento Europeu entre 2004 e 2007, disse também que esta é uma notícia "muito preocupante".

"É um assunto sério (...). Queremos que seja tudo esclarecido sobre algo que parece ser particularmente grave", afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros de França, Catherine Colonna.

Questionado sobre o assunto, o ministro dos Negócios Estrangeiros checo, Jan Lipavsky, cujo país ocupa a presidência rotativa da UE neste semestre, disse que o Catar é "um parceiro importante", com quem as relações "têm que ser construídas em políticas como direitos humanos e trabalho".

Padrões duplos alemães sobre o carvão sul-africano expõem seu “imperialismo verde”

Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

A tendência indiscutível é que a Alemanha está armando metas “verdes” ao convencer a África do Sul a exportar todo o seu carvão para a Europa como parte de sua prometida transição energética, que serve ao propósito de manter a industrialização da Alemanha em meio à sua diversificação radical da dependência russa, em vez de permitindo que esse líder do BRICS conte com esse recurso para manter sua própria industrialização.

O embaixador sul-africano na Rússia, Mzuvukile Maqetuka, criticou os padrões duplos da Alemanha em relação à indústria de carvão de seu país em uma breve entrevista publicada pela Sputnik no domingo. Segundo ele :

“Os alemães seguem sua política de forma bastante agressiva na busca de novos mercados. Eles vieram à África do Sul para discutir questões de transição energética. Ao mesmo tempo, eles próprios aumentaram em grande escala as importações de carvão da África do Sul. A contradição reside no fato de que a África do Sul praticamente suspendeu a produção e uso de carvão para suas próprias necessidades, e agora o vende para a Alemanha.”

Não há outra maneira de descrever a relação de que ele acabou de falar senão como “imperialismo verde”, que se refere ao uso de meios ditos “verdes” ou “amigos do meio ambiente” para promover fins hegemônicos. A presente peça irá elaborar mais sobre esta nova forma de colonialismo liderado pelos alemães.

Os Verdes da Alemanha são uma das forças políticas mais poderosas do país atualmente. Eles anteriormente apelaram à população apresentando-se como pacifistas amigos do ambiente, mas inverteram a sua posição sobre o início da operação especial da Rússia na Ucrânia, que Moscovo foi provocado a iniciar para defender a integridade das suas linhas vermelhas de segurança nacional da OTAN.

Portugal/UE | PERDIDOS POR OITO E PERDIDOS POR OITENTA

O fantasma da inflação salarial tem sido agitado ad nauseam pelos governadores dos bancos centrais. Pouco se importam com o facto de os salários e pensões serem ajustados em menos de metade da inflação.

Francisco Louçã* | Esquerda.net | opinião

O Banco Central Europeu é, mais do que a Comissão, o governo da zona europeia (e não só do euro). O seu poder tem três pilares: o que está nos tratados, o que não está nos tratados e o que adiante se dirá. O que está nos tratados é a sua vinculação a uma política de restrição anti-inflacionista, que foi aplicada com rara exceção mesmo quando não havia inflação, amparando as autoridades de Bruxelas na vigilância e punição dos infratores (exceto quando fossem a Alemanha e a França a ultrapassar os limites; talvez ainda haja quem se lembre que só por um voto de diferença na Comissão é que Portugal não foi o primeiro e único país a ser sancionado por um desvio de 0,3% no défice). Pensar que uma grande zona económica pode (ou deve) viver sob a restrição de inflação sempre abaixo de 2% é uma aberração que não tem nem suporte histórico nem lógica teórica, muito menos prática, e cuja única justificação substancial é o favorecimento do sector financeiro, de há algumas décadas hegemónico no pensamento e na ação das instituições e dos Governos.

O que não está nos tratados, o segundo pilar do poder do BCE, é tudo o resto, um poder discricionário que não se vincula a resultados económicos nem, muito menos, sociais. Nada que seja exceção na União, onde funcionam instâncias sem mandato nem lei, aliás irmanadas com o BCE, como o Eurogrupo. O poder é sempre mais forte onde não há regras, como é bem sabido. Em função desta arquitetura institucional, a incoerência é considerada uma virtude e o mando exibe-se mesmo, sobretudo quando se orgulha de provocar devastação económica.

Portugal | MONTANHA FOI A PIZARRO EXIGIR UMA REUNIÃO E CUIDADOS DE SAÚDE


Setúbal, Palmela e Sesimbra (a par de outras regiões do país) estiveram (estão) durante vários dias sem onde recorrer nas proximidades a urgências hospitalares e outros cuidados de saúde obrigatoriamente fornecidos pelo SNS. 

Os autarcas daquela região pediram reunião urgente com  o ministro da tutela, Pizarro, mas aqueloutro fez olhos e ouvidos cegos-moucos. Por isso os três autarcas lembraram-se de "se Maomé não vai à montanha, que vá a montanha a Maomé" e assim fizeram. Eles, representantes de centenas de milhares de cidadãos, montanha de descontentamento das suas populações, privados de cuidados de saúde, sem hospitais, sem médicos, foram a Lisboa, ao encontro de Pizarro... 

Esse tal Pizarro, finalmente, viu-se obrigado a agendar a reunião urgente há muitos dias solicitada e por ele desprezada apesar da iminente urgência do pedido,  procedimento habitual por parte dos governantes em Lisboa. 

A ida da montanha a Maomé resultou num agendamento que tardava. Disso dá conta a Lusa, via AbrilAbril, que fez da foto em cima sua Imagem do Dia com os três autarcas da montanha que é a região da Arrábida...

De AbrilAbril: "Os presidentes de câmara de Setúbal, Palmela e Sesimbra vão reunir-se com o ministro da Saúde no dia 20 de Dezembro, pelas 19h. O anúncio surgiu depois de os três responsáveis se terem deslocado ao Ministério da Saúde, esta manhã, devido à falta de resposta do ministro Manuel Pizarro ao pedido de reunião urgente. Os autarcas reclamam medidas que garantam o bom funcionamento do Centro Hospitalar de Setúbal."  -  Lisboa, 12 de Dezembro de 2022 CréditosJoão Relvas / Agência Lus

Redação PG

Portugal | O COMPOSTO


 Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | O QUE ESPERAR DE MARCELO?

Paulo Baldaia* | Diário de Notícias | opinião

Se quisermos dar valor aos estudos de opinião que olham para a popularidade dos políticos, temos de perceber que em momento nenhum, nos últimos sete anos, Marcelo Rebelo de Sousa deixou de ser "o Marcelo", o político mais amado entre todos os políticos. Mais ou menos fustigado pelas críticas da direita (radical e moderada) e dos analistas/comentadores (de esquerda e de direita), Marcelo continua a ser o último reduto para o povo português.

Teremos Marcelo por pouco mais de três anos em Belém, com a tarefa dificultada pela existência de uma maioria absoluta no Parlamento, onde a oposição está muito enfraquecida à esquerda e onde, à direita, apenas os radicais do Chega marcam pontos. A direita civilizada, mesmo mudando de liderança, continua refém do populismo xenófobo e racista do partido de Ventura, porque esse retrocesso civilizacional tem permitido que o Chega mantenha o potencial de crescimento eleitoral, tornando-o imprescindível para tirar os socialistas do poder.

O perigo não é apenas o de fazer o caminho para levar a extrema-direita ao poder. Talvez o perigo maior seja, aliás, o de corromper os valores da social-democracia e do liberalismo, alinhando num discurso mais populista, que procura na diferença a explicação do que corre mal, que odeia os outros por causa da sua origem geográfica ou étnica, que recusa a identidade e igualdade de género ou a livre orientação sexual. Há um perigo real na contaminação do discurso político pelo que vai sendo tomado como luta contra o politicamente correto.

Não é tarefa exclusiva do Presidente da República, mas ninguém tem cumprido tão bem a tarefa de evitar que o fenómeno populista xenófobo e racista seja ainda maior em Portugal. Seja porque, como Chefe de Estado, tem feito pedagogia em defesa da diversidade da nação, enaltecendo o papel das minorias, seja porque, como ser humano, tem dado o exemplo ao movimentar-se de forma igual em todos os contextos sociais. De uma ironia extraordinária, a forma como lembrou, no 1.º de Dezembro, "o "cavaleiro fidalgo" Jerónimo da Costa e muitos dos duzentos e cinquenta outros ciganos que serviram nas fronteiras", ajudando à Restauração da Independência. Nesse dia, o Presidente recebeu Ventura para falar da eutanásia, mas o que ficou registado foi o embaraço do líder do Chega com a história daqueles ciganos.

Bem sei que a Democracia necessita da alternância e que o Palácio de Belém parece o melhor local para ter um sniper a fazer oposição, mas ela não se defende trocando os papéis dos seus principais protagonistas, nem o Presidente atirador de elite cumpre o seu papel se não souber hierarquizar os seus alvos. Devemos esperar que Marcelo combata os abusos de poder da maioria absoluta, devemos esperar ainda mais que defenda a Democracia dos populismos racistas e xenófobos, mas não que faça o caminho que tem de ser feito pela oposição. Menos ainda com uma oposição que não consegue ser alternativa de poder sem o Chega.

A memória, às vezes, atraiçoa-nos. Quando olhamos para Soares com Cavaco e Cavaco com Sócrates, podemos ser levados a pensar que os presidentes foram cruciais para acabar com os governos maioritários e pôr lá a sua família política. Na verdade, tanto Soares como Cavaco surfaram o momento, em circunstâncias bastante diferentes, mas começando ambos por serem aliados dos governos que acabaram a combater. Pode até vir a acontecer o mesmo com Marcelo, mas isso não é o mais importante que o Presidente tem para dar ao país.

*Jornalista

Imagem em Cartoon Movement

Selecção é só de dois?* O sonho acabou. E agora, Fernando Santos? E agora, Ronaldo?

Isabel Leiria | Expresso (curto)

Bom dia.

Ainda falta uma semana para o fim do mais polémico dos campeonatos do mundo de futebol, mas para várias equipas, incluindo Portugal, eliminado nos quartos de final por Marrocos, o tempo é já de balanço, decisões para o futuro e a certeza de que esta competição ficará para sempre não só na história particular de cada uma, como do desporto. Este foi o último mundial de alguns dos melhores futebolistas de sempre, numa galeria de notáveis onde se incluem à cabeça Cristiano Ronaldo, 37 anos, e Messi. O argentino, dois anos mais novo do que Ronaldo, declarou numa entrevista recente que este seria o seu último mundial.

A competição ficou também marcada pela saída de selecionadores como Luis Enrique (Espanha), Van Gaal (Países Baixos), Tite (Brasil), todos de equipas que viram as suas esperanças de chegar mais longe precocemente frustradas.

Portugal acreditou igualmente que podia ir mais longe. E também Ronaldo, que esteve toda a competição debaixo dos holofotes. Por decisões que tomou e por decisões tomadas por Fernando Santos, que optou por o deixar no banco em dois dos quatro jogos que a seleção fez no Catar. O “maior e mais ambicioso sonho acabou”, escreveu CR7 na sua conta de Instagram no dia a seguir à eliminação. A questão agora é saber o que reserva o futuro ao madeirense cuja história se funde com a da seleção portuguesa: “Durante duas décadas, falar de seleção foi falar de Ronaldo, talvez exageradamente, talvez porque é difícil escapar a quem faz 196 jogos e 118 golos com a mesma camisola”, escreveu o meu colega Pedro Barata, que recorda aqui o percurso do jogador que marcou nos cinco mundiais em que participou, o primeiro em 2006, então ainda como CR17.

Ronaldo foi um dos 12 futebolistas que estiveram no Catar e que optaram por não viajar para Portugal. A restante comitiva aterrou domingo no aeroporto da Portela, recebida por dezenas de adeptos. Coube a Pepe, um dos capitães da seleção e que aos 39 anos participou também no seu último mundial, agradecer o apoio e distribuir autógrafos, de forma incansável e de braço ao peito por causa da fratura que fez no último jogo.

Fernando Santos, de semblante carregado, foi parco em declarações. Com contrato até 2024, ano de Europeu, não é certo que continue à frente da seleção nacional. Mas a decisão só deverá ser conhecida após a conversa que terá com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes. Resta saber, por isso, se o futuro imediato da seleção continuará a passar por Fernando Santos e Ronaldo (que está neste momento sem clube), só por um ou nenhum. Seja qual for o cenário, é um novo ciclo que se adivinha.

Até lá, a bola vai continuar a rolar no Catar: na terça-feira, às 19h00, com a meia-final Argentina-Croácia; na quarta, há França-Marrocos à mesma hora; sábado o jogo para o 3º e 4º lugares e domingo é a vez da final, às 15h00.

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