Priorizando o navio Mondego da Armada Portuguesa eis o Expresso Curto, por Candeias. Relacionado com o caso Mondego e em última hora adiantamos no PG que sobre a referência ao caso em que, como descrito mais em baixo, os 13 marinheiros seriam hoje presentes à justiça para audiência ocorreu um adiamento/anulação por ordem do Ministério Público sem data marcada. Veja em baixo.
Rui Nabeiro faleceu. Viva Nabeiro! Um dos melhores campomaiorenses. O mais que tudo e do melhor em Campo Maior. Quem lhe batesse à porta tinha sempre ajuda e resposta pronta o mais possível de acordo com a sua solicitação. Sentimos no PG a perda de um bom e grande homem, como todos os que conheciam a sua solidariedade e humanismo. Portugal ficou ainda mais pobre.
Outros assuntos no Curto de hoje espicaçam o interesse de lerem. Recomendamos. Boa semana, se conseguirem. (PG)
Pedro Candeias, editor de Sociedade | Expresso
Antes de mais, uma pausa para compromissos promocionais: se é assinante do Expresso, não perca o próximo “Junte-se à Conversa” de 22 de março (quarta-feira), às 14h, subordinado ao tema “Apoios às famílias: as medidas temporárias chegam?”. Desta discussão farão parte o diretor-adjunto David Dinis e o editor de Economia João Silvestre. Inscreva-se
Bom dia,
O HDMS Glenten foi comprado à Dinamarca pelo estado português em 2014 por seis
milhões de euros e depois rebatizado NRP (Navio da República Portuguesa)
Mondego. Tem
Nada por aí além, portanto, sobretudo quando pensamos em navios de guerra, com
aqueles canhões, aquela artilharia pesada, as plataformas concorridas e as
coreografias no convés que sugerem que algo de bastante importante poderá estar
para acontecer.
Mas o NRP Mondego está metido numa encrenca que extravasa o seu modesto
tamanho e as suas circunscritas competências: está metido num caso nacional,
que também é um caso de política e a partir de hoje um caso de polícia militar.
Prosseguindo a leitura do Curto:
Recapitulando, pois a história começou há uma semana, 13 indomáveis marinheiros desobedeceram a uma ordem e não acompanharam um navio russo ao largo da costa da Madeira, alegando que o NRP Mondego tinha problemas insuperáveis que colocariam em perigo a segurança da tripulação. Entre as falhas, apontaram um motor e um gerador que não funcionavam, e o facto de o navio não “possuir um sistema de esgoto adequado para armazenar os resíduos oleosos a bordo”. Os marinheiros optaram por tornar públicas as razões para justificar as inações - e então aí o caldo adernou.Em resposta, o chefe do Estado-Maior da Armada Gouveia e Melo viajou, subiu a bordo, criticou a guarnição e usou palavras como “indisciplina”, garantiu que o estado do Mondego servia para a missão em questão e chamou “ingénuos” aos marinheiros por exporem segredos da Marinha ao inimigo; enfim, um responso público que normalmente não cai bem entre pessoas adultas.
Vai daí, o presidente da Associação Nacional de Sargentos Lima Coelho defendeu os marinheiros, disse que a “obediência cega” se praticava no passado e que “o tempo do chicote” acabara entretanto. Por sua vez, a Marinha reconheceu as dificuldades do NRP Mondego, mas sustentou que estava operacional para a missão, uma informação validada por Gouveia e Melo após o relatório da inspeção à embarcação.
Vinha lá um processo disciplinar, porque os 13 marinheiros tinham infringido dois artigos do regulamento: o dever de obediência e o dever de tutela. Há uma série de penalizações que estes homens podem enfrentar, repreensão, proibição de saída, suspensão, etc. Está no Diário da República.
Na chegada a Lisboa, os marinheiros foram recebidos com salvas pelos seus familiares e amigos e esta segunda-feira (às 10h e às 14h) vão ser interrogados pela Polícia Judiciária Militar. Uma audiência condicionada pelo mediatismo de um caso de alegada desobediência militar, a que se junta um almirante com aspirações políticas indesmentíveis que quer limitar os danos e dois advogados batidos no confronto público. No domingo, vieram ambos acusar a Marinha de “limpar as provas” antes de as televisões filmarem o Mondego e referiram, até, que um avião teria voado para a Madeira com ferramentas para consertarem o navio.
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OUTRAS NOTÍCIAS
O Comendador. Morreu Rui Nabeiro, fundador do Grupo Delta, o homem que nasceu pobre, fez-se contrabandista e pôs o café
português em cima das nossas mesas; que construiu um império a partir do nada; que pôs Campo Maior nas notícias; que fez do Campomaiorense um
clube de 1.ª Divisão e finalista vencido da Taça de Portugal e por onde
passaram Paulo Torres, Beto, Stoilov e o grande Jimmy Floyd Hasselbaink; e que
fez tudo isso respeitando os trabalhadores. É dele esta frase: “O objetivo da
empresa é o lucro, mas o importante é a forma como pensa nas pessoas”. Partiu o homem consensual. O velório é hoje e o funeral
realiza-se na terça-feira.
O Dono. No Campos de Justiça de Lisboa decorre esta segunda-feira outra
etapa da fase instrutória do caso BES/GES, um processo faraónico: há 30
arguidos, entre os quais Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires, Isabel Almeida
ou Francisco Machado da Cruz; discutem-se 361 crimes, uma boa parte deles
imputados a Salgado; e pende uma acusação com quatro mil páginas em que se
alega que a gestão do grupo provocou perdas de quase 12 mil milhões de euros.
Começa às 09h30.
Os bancos. O Credit Suisse foi comprado pelo UBS por
três mil milhões de euros e de dois grandes bancos suíços se fez apenas um. A operação
serviu para prevenir um “colapso descontrolado do Credit Suisse” que “teria
consequências incalculáveis para o país e para o sistema financeiro
internacional”, segundo presidente da Suíça. Para o homem e para a mulher
comuns, assistir à derrocada sequencial de bancos - Credit Suisse, Silicon
Valley Bank e Signature Bnak - dá que pensar que isto anda tudo ligado e que já
vimos isto antes. Christine Lagarde garante que não, que desta vez é
diferente, porque o “sector bancário europeu é resiliente, com fortes posições
de capital e de liquidez”. Não teremos já ouvido isto antes?
O visionário. Donald Trump tem capacidades extraordinárias: o homem que
assegura ser capaz de acabar com a Guerra na Ucrânia num dia é o mesmo que
prevê a sua detenção a três dias de distância. No sábado, o ex-presidente dos
EUA disse que o FBI o iria prender na terça-feira por alegadamente pagar
favores sexuais a mulheres. A justiça americana encarou esta previsão como uma
“tentativa de intimidação” e de arregimentação dos seus apoiantes mais
radicais, lembrando a invasão do Capitólio.
Desporto. FC Porto e Braga empataram (0-0) na Pedreira e deixaram fugir um
bocadinho mais o Benfica no campeonato, que batera o Vitória de Guimarães na véspera. No GP da
Arábia Saudita, Sérgio Pérez somou o quinto triunfo da carreira, resistindo
aos ataques finais do colega Max Verstappen, autor de uma recuperação notável
após partir em 15.º.
FRASES
“O Governo está a ganhar com a inflação”, Marques Mendes no seu comentário dominical na SIC
“Saudamos a vontade da China de desempenhar um papel construtivo na resolução
da crise”, Vladimir Putin, presidente da Federação Russa
“O Presidente da República expressou o seu desejo de que o texto sobre as
pensões possa seguir o seu caminho democrático até ao fim, com respeito por
todos”, Macron, presidente da França, a propósito de uma lei que está a levar muita gente à rua
O QUE ANDO A VER
“Os Espíritos de Inisherin”, de Martin McDonagh
Numa pacata ilha irlandesa ficcional chamada Inisherin, uma amizade com a
idade do tempo entre dois homens acaba quando um deles decide que não quer
saber mais do outro. Para quem deixa, o deixado não devia ficar surpreendido, a
resolução resulta de uma longa ponderação: quer seguir com a vida dele. Para o
deixado, o abandono a que foi sujeito é inexplicável, surpreendente,
injusto, doloroso e por isso carece de justificação.
Como é possível, pergunta-se ele, que depois de uma noite normal de copos na
taberna as coisas tenham terminado sem pré-aviso? Impossível, conclui o
deixado, que pressionará o ex-amigo onde quer que o encontre para lhe dar
uma razão - e quando isso acontece, quando ouve da boca do antigo cúmplice que
é “desinteressante” e limitado e frágil, nascem a dúvida e o rancor e cresce a
violência.
“Os Espíritos de Inisherin” é sobre o fim da amizade, depressões, crises
existenciais, expectativas frustradas, egoísmo, solidão e morte. É uma peça de
teatro filmada, com um punhado de personagens solidamente representados por
Brendan Gleeson, Colin Farrell, Kerry Condon e Barry Keoghan, boa fotografia e
o charme do sotaque irlandês.
Por hoje é tudo, fique com a curadoria dos nossos melhores podcasts. Ouça-os
enquanto se desloca ou anda na rua, que hoje o sol brilha naquela estrada.
“Há um André antes e um André depois da conversão à fé católica”. Quem o diz é
o líder do Chega, André Ventura, que assume o papel determinante da Igreja no seu
percurso de vida, ao ponto de acreditar ter "uma missão divina". Ouça o segundo episódio do podcast ‘Entre Deus e o
Diabo, Como André se fez Ventura’
2019. Foi o ano
Quais as estratégias que a Igreja tomará depois do terramoto de denúncias no
seguimento do relatório da Comissão Independente? Daniel Sampaio aponta
críticas ao clericalismo no poder e espera mudanças. Ouça A Beleza das Pequenas Coisas e descubra como o
psiquiatra lidou com esta e outras igualmente complicadas situações da sua
carreira.
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