segunda-feira, 20 de março de 2023

Portugal | SIGA A MARINHA SEM NARCISOS NEM PASSO TROCADO. VIVA NABEIRO!

Henrique Monteiro em Henricartoon

Priorizando o navio Mondego da Armada Portuguesa eis o Expresso Curto, por Candeias. Relacionado com o caso Mondego e em última hora adiantamos no PG que sobre a referência ao caso em que, como descrito mais em baixo, os 13 marinheiros seriam hoje presentes à justiça para audiência ocorreu um adiamento/anulação por ordem do Ministério Público sem data marcada. Veja em baixo.

Rui Nabeiro faleceu. Viva Nabeiro! Um dos melhores campomaiorenses. O mais que tudo e do melhor em Campo Maior. Quem lhe batesse à porta tinha sempre ajuda e resposta pronta o mais possível de acordo com a sua solicitação. Sentimos no PG a perda de um bom e grande homem, como todos os que conheciam a sua solidariedade e humanismo. Portugal ficou ainda mais pobre.

Outros assuntos no Curto de hoje espicaçam o interesse de lerem. Recomendamos. Boa semana, se conseguirem. (PG)

SIGA A MARINHA 

Pedro Candeias, editor de Sociedade | Expresso

Antes de mais, uma pausa para compromissos promocionais: se é assinante do Expresso, não perca o próximo “Junte-se à Conversa” de 22 de março (quarta-feira), às 14h, subordinado ao tema “Apoios às famílias: as medidas temporárias chegam?”. Desta discussão farão parte o diretor-adjunto David Dinis e o editor de Economia João Silvestre. Inscreva-se

Bom dia,

O HDMS Glenten foi comprado à Dinamarca pelo estado português em 2014 por seis milhões de euros e depois rebatizado NRP (Navio da República Portuguesa) Mondego. Tem 54 metros, uma dimensão relativamente pequena, uma guarnição de 25 a 26 homens, número razoavelmente baixo, e é uma das nossas três embarcações da classe Tejo. As outras são o NRP Tejo e o NRP Douro, e são todos navios-patrulha costeiros, uma designação autoexplicativa já que vigiam, fiscalizam e patrulham.

Nada por aí além, portanto, sobretudo quando pensamos em navios de guerra, com aqueles canhões, aquela artilharia pesada, as plataformas concorridas e as coreografias no convés que sugerem que algo de bastante importante poderá estar para acontecer.

Mas o NRP Mondego está metido numa encrenca que extravasa o seu modesto tamanho e as suas circunscritas competências: está metido num caso nacional, que também é um caso de política e a partir de hoje um caso de polícia militar.

ÚLTIMA HORA - extra Expresso Curto

Prosseguindo a leitura do Curto:

Recapitulando, pois a história começou há uma semana, 13 indomáveis marinheiros desobedeceram a uma ordem e não acompanharam um navio russo ao largo da costa da Madeira, alegando que o NRP Mondego tinha problemas insuperáveis que colocariam em perigo a segurança da tripulação. Entre as falhas, apontaram um motor e um gerador que não funcionavam, e o facto de o navio não “possuir um sistema de esgoto adequado para armazenar os resíduos oleosos a bordo”. Os marinheiros optaram por tornar públicas as razões para justificar as inações - e então aí o caldo adernou.

Em resposta, o chefe do Estado-Maior da Armada Gouveia e Melo viajou, subiu a bordo, criticou a guarnição e usou palavras como “indisciplina”, garantiu que o estado do Mondego servia para a missão em questão e chamou “ingénuos” aos marinheiros por exporem segredos da Marinha ao inimigo; enfim, um responso público que normalmente não cai bem entre pessoas adultas.

Vai daí, o presidente da Associação Nacional de Sargentos Lima Coelho defendeu os marinheiros, disse que a “obediência cega” se praticava no passado e que “o tempo do chicote” acabara entretanto. Por sua vez, a Marinha reconheceu as dificuldades do NRP Mondego, mas sustentou que estava operacional para a missão, uma informação validada por Gouveia e Melo após o relatório da inspeção à embarcação.

Vinha lá um processo disciplinar, porque os 13 marinheiros tinham infringido dois artigos do regulamento: o dever de obediência e o dever de tutela. Há uma série de penalizações que estes homens podem enfrentar, repreensão, proibição de saída, suspensão, etc. Está no Diário da República.

Na chegada a Lisboa, os marinheiros foram recebidos com salvas pelos seus familiares e amigos e esta segunda-feira (às 10h e às 14h) vão ser interrogados pela Polícia Judiciária Militar. Uma audiência condicionada pelo mediatismo de um caso de alegada desobediência militar, a que se junta um almirante com aspirações políticas indesmentíveis que quer limitar os danos e dois advogados batidos no confronto público. No domingo, vieram ambos acusar a Marinha de “limpar as provas” antes de as televisões filmarem o Mondego e referiram, até, que um avião teria voado para a Madeira com ferramentas para consertarem o navio.

Siga a Marinha.

OUTRAS NOTÍCIAS

O Comendador. Morreu Rui Nabeiro, fundador do Grupo Delta, o homem que nasceu pobre, fez-se contrabandista e pôs o café português em cima das nossas mesas; que construiu um império a partir do nada; que pôs Campo Maior nas notícias; que fez do Campomaiorense um clube de 1.ª Divisão e finalista vencido da Taça de Portugal e por onde passaram Paulo Torres, Beto, Stoilov e o grande Jimmy Floyd Hasselbaink; e que fez tudo isso respeitando os trabalhadores. É dele esta frase: “O objetivo da empresa é o lucro, mas o importante é a forma como pensa nas pessoas”. Partiu o homem consensual. O velório é hoje e o funeral realiza-se na terça-feira.

O Dono. No Campos de Justiça de Lisboa decorre esta segunda-feira outra etapa da fase instrutória do caso BES/GES, um processo faraónico: há 30 arguidos, entre os quais Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires, Isabel Almeida ou Francisco Machado da Cruz; discutem-se 361 crimes, uma boa parte deles imputados a Salgado; e pende uma acusação com quatro mil páginas em que se alega que a gestão do grupo provocou perdas de quase 12 mil milhões de euros. Começa às 09h30.

Os bancos. O Credit Suisse foi comprado pelo UBS por três mil milhões de euros e de dois grandes bancos suíços se fez apenas um. A operação serviu para prevenir um “colapso descontrolado do Credit Suisse” que “teria consequências incalculáveis para o país e para o sistema financeiro internacional”, segundo presidente da Suíça. Para o homem e para a mulher comuns, assistir à derrocada sequencial de bancos - Credit Suisse, Silicon Valley Bank e Signature Bnak - dá que pensar que isto anda tudo ligado e que já vimos isto antes. Christine Lagarde garante que não, que desta vez é diferente, porque o “sector bancário europeu é resiliente, com fortes posições de capital e de liquidez”. Não teremos já ouvido isto antes?

O visionário. Donald Trump tem capacidades extraordinárias: o homem que assegura ser capaz de acabar com a Guerra na Ucrânia num dia é o mesmo que prevê a sua detenção a três dias de distância. No sábado, o ex-presidente dos EUA disse que o FBI o iria prender na terça-feira por alegadamente pagar favores sexuais a mulheres. A justiça americana encarou esta previsão como uma “tentativa de intimidação” e de arregimentação dos seus apoiantes mais radicais, lembrando a invasão do Capitólio.

Desporto. FC Porto e Braga empataram (0-0) na Pedreira e deixaram fugir um bocadinho mais o Benfica no campeonato, que batera o Vitória de Guimarães na véspera. No GP da Arábia Saudita, Sérgio Pérez somou o quinto triunfo da carreira, resistindo aos ataques finais do colega Max Verstappen, autor de uma recuperação notável após partir em 15.º.

FRASES

“O Governo está a ganhar com a inflação”, Marques Mendes no seu comentário dominical na SIC

“Saudamos a vontade da China de desempenhar um papel construtivo na resolução da crise”, Vladimir Putin, presidente da Federação Russa

“O Presidente da República expressou o seu desejo de que o texto sobre as pensões possa seguir o seu caminho democrático até ao fim, com respeito por todos”, Macron, presidente da França, a propósito de uma lei que está a levar muita gente à rua

O QUE ANDO A VER

“Os Espíritos de Inisherin”, de Martin McDonagh

Numa pacata ilha irlandesa ficcional chamada Inisherin, uma amizade com a idade do tempo entre dois homens acaba quando um deles decide que não quer saber mais do outro. Para quem deixa, o deixado não devia ficar surpreendido, a resolução resulta de uma longa ponderação: quer seguir com a vida dele. Para o deixado, o abandono a que foi sujeito é inexplicável, surpreendente, injusto, doloroso e por isso carece de justificação.

Como é possível, pergunta-se ele, que depois de uma noite normal de copos na taberna as coisas tenham terminado sem pré-aviso? Impossível, conclui o deixado, que pressionará o ex-amigo onde quer que o encontre para lhe dar uma razão - e quando isso acontece, quando ouve da boca do antigo cúmplice que é “desinteressante” e limitado e frágil, nascem a dúvida e o rancor e cresce a violência.

“Os Espíritos de Inisherin” é sobre o fim da amizade, depressões, crises existenciais, expectativas frustradas, egoísmo, solidão e morte. É uma peça de teatro filmada, com um punhado de personagens solidamente representados por Brendan Gleeson, Colin Farrell, Kerry Condon e Barry Keoghan, boa fotografia e o charme do sotaque irlandês.

Por hoje é tudo, fique com a curadoria dos nossos melhores podcasts. Ouça-os enquanto se desloca ou anda na rua, que hoje o sol brilha naquela estrada.

“Há um André antes e um André depois da conversão à fé católica”. Quem o diz é o líder do Chega, André Ventura, que assume o papel determinante da Igreja no seu percurso de vida, ao ponto de acreditar ter "uma missão divina". Ouça o segundo episódio do podcast ‘Entre Deus e o Diabo, Como André se fez Ventura’

2019. Foi o ano em que Costa matou a geringonça, Rui Rio deu um trambolhão, e André Ventura aterrou no Parlamento português. Luís Marques Mendes, Ana Gomes e Sebastião Bugalho juntam-se neste episódio de Liberdade para Pensar para falar do comentário na política e dos políticos no comentário. Ouça o podcast e fique a saber mais sobre até onde vão os horizontes políticos dos comentadores das nossas noites.

Quais as estratégias que a Igreja tomará depois do terramoto de denúncias no seguimento do relatório da Comissão Independente? Daniel Sampaio aponta críticas ao clericalismo no poder e espera mudanças. Ouça A Beleza das Pequenas Coisas e descubra como o psiquiatra lidou com esta e outras igualmente complicadas situações da sua carreira.

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