segunda-feira, 31 de julho de 2023

União Europeia | Migrantes no leste da Alemanha: O medo da extrema-direita

As novas tropas hitlerianas da AFD abrem caminho à manifestação dos nazis alemães

O partido de extrema-direita AfD está a ganhar força no leste da Alemanha. Organizações da sociedade civil alertam para a crescente visibilidade do racismo na vida quotidiana.

Oliver Pieper | Deutsche Welle

Na República Federal da Alemanha sempre houve partidos da direita e extrema-direita. Mas pensava-se que o país tinha aprendido a sua lição com a catástrofe da Segunda Guerra Mundial e o horror do Holocausto. O perigo de ver algum partido da extrema-direita fazer grandes avanços políticos parecia inexistente.

Recentemente, no entanto, o partido da direita Alternativa para a Alemanha, AfD, somou algumas políticas de vitórias que fazem muita gente questionar se as certezas passadas ainda se aplicam .

Para os migrantes no leste da Alemanha, o desenvolvimento é ainda mais preocupante. A AfD não disfarça as suas tendências xenófobas e racistas, legitimando-as aos olhos de muitos cidadãos, que se sentiram encorajados a seguir o exemplo.

Elisa Calzolari, diretora da MigraNetz no estado federado da Turíngia, uma associação que reúne mais de 50 organizações não-governamentais de defesa dos interesses dos imigrantes, diz que as reações aos avanços do partido vão do choque ao terror. Tanto mais que começa a sentir uma antagonização mais aberta pela parte dos alemães.

"Perguntam-me: Porque é que estas pessoas não nos querem? Porque é que esta raiva é agora dirigida principalmente contra nós, pessoas com biografias de migração que trazem consigo uma grande variedade de recursos e capacidades?" 

Alemanha | Partido AFD

Enrico Bertuccioli, Itália | Cartoon Movement

Novas direções na política alemã...

Portugal | Demasiado bons para viverem em casa dos pais -- sem casa, sem empregos

Bruno Contreiras Mateus* | Diário de Notícias | opinião

O nosso patamar está acima da média da União Europeia nos 9 em cada 10 jovens portugueses, entre os 20 e os 24 anos, que têm pelo menos o Ensino Secundário. Em 2020, ultrapassámos os 84% da UE. Muito se fez para estancar o abandono escolar. Se retrocedermos a 2006, quando mais de metade dos jovens destas idades tinham o 9.º ano, no máximo, vemos que foi um grande sprint.

Agora, mais alunos chegam à universidade. Em 2022, Portugal era o 7º país da UE com maior proporção de jovens até aos 24 anos com Ensino Superior. Nota-se um esforço pela democratização. No próximo ano letivo, por exemplo, haverá 2038 vagas prioritárias para estudantes carenciados economicamente. Mas é preciso atenção ao custo do alojamento dos alunos deslocados, normalmente muito acima das possibilidades das famílias.

Em 2019, o então presidente do Instituto Superior Técnico, Arlindo Oliveira, dizia ao DN que "temos de expor os jovens à computação no Ensino Básico, Secundário e também no mundo universitário. Temos de dar competências às pessoas". Competências essas que têm de ser transversais a vários setores de atividade. Hoje, já vemos que esse esforço, de alguma maneira, tem sido feito e faz-se sentir. Os jovens portugueses, entre os 16 e os 24 anos, revelam competências digitais acima da média europeia. São dos que mais usam a internet para estar nas redes sociais, mas também para ler notícias online e, ainda que em menor número, para participar em atividades cívicas ou políticas.

É a geração mais qualificada. De ouro. Cheia de promessas. Mas não é por isso que terá mais oportunidades - o que é um contrassenso.

Se olharmos para os restantes países da UE, segundo este retrato dos jovens feito pela Pordata, que poderá ler nas páginas 6 e 7 desta edição, e que são lançados na semana da Jornada Mundial da Juventude, os estudos e a formação são a principal razão para os jovens terem vínculos laborais temporários, que correspondem a uma média de 17%. Em Portugal, metade dos nossos jovens dizem que não conseguem encontrar um emprego fixo.

Em março deste ano, o Observatório da Emigração alertou que os baixos salários e os preços elevados da habitação favorecem a saída de jovens licenciados do país. Os salários nesta faixa etária (948,8 euros) estão, em média, 27% abaixo do total da população. E o que dizer da habitação? Num relatório recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos concluía-se que "hoje, um jovem (ou casal), para adquirir ou arrendar casa, tem de estar inserido com muito sucesso no mercado de trabalho".

O que mostra este retrato é que os jovens portugueses são demasiado bons para ainda viverem em casa dos pais, mas é de onde não conseguem sair 95% deles.

* Subdiretor do Diário de Notícias

Jovens portugueses são dos mais qualificados mas em maior risco de pobreza...

... e exclusão social

Um estudo da Pordata destapa a realidade dos jovens portugueses, no momento em que começa a JMJ. Os números são preocupantes: 95% vivem com os pais, e isso acontece por causa do desemprego e da precariedade no mercado de trabalho.

Um total de 95% dos jovens portugueses (que em 2022 eram 10% da população) vivem com os pais, o quarto valor mais alto na União Europeia. Essa é uma das conclusões do estudo da Pordata que hoje é tornado público. No documento percebe-se também que são cada vez mais qualificados - 9 em cada 10 jovens entre os 20 e os 24 anos têm, no mínimo, o ensino secundário, e Portugal é o 7.º país da UE com maior proporção de jovens com ensino superior.

Apesar disso, as preocupações com o acesso à habitação e ao emprego continuam a afetá-los: 6 em cada 10 têm vínculos de trabalho precários, e Portugal é o 7º país da UE com maior taxa de desemprego jovem, afetando 1 em cada 5 jovens no mercado de trabalho. Há outro dado positivo neste retrato agora traçado pela Pordata: os jovens portugueses têm competências digitais acima da média europeia, e estão em 5.º lugar entre os que mais utilizam as redes sociais e leem notícias online. No campo das boas notícias, o documento revela que os hábitos de saúde deste grupo etário parecem estar a melhorar - diminuiu a percentagem de jovens que afirma nunca praticar desporto (um em cada 3) ou que fuma diariamente (9%).

Em 2022 contabilizavam-se em Portugal 1.086.544 jovens entre os 15 e os 24 anos (51% eram do sexo masculino e 49% do sexo feminino) o que representa uma diminuição de 6 pontos percentuais desde 1961, refletindo a redução das taxas de natalidade e o aumento da esperança média de vida. Para Gonçalo Saraiva Matias, presidente do conselho de administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), este estudo revela "um indicador muito positivo, e outro bastante negativo". Refere-se, respetivamente, à educação e competências digitais, onde os jovens portugueses estão num patamar superior à média europeia; por outro lado, "não estamos bem no desemprego (Portugal é o sétimo país da União Europeia com maior desemprego jovem), e seis em cada dez jovens têm vínculos laborais precários. Isto tem necessariamente um reflexo na inclusão social, já que 25% dos jovens estão em risco de pobreza ou exclusão social. Gonçalo Matias acredita mesmo que "temos aqui uma situação explosiva, porque uma faixa considerável dos jovens, entre os 15 e os 24 anos, tem muita qualificação, mas depois tem trabalhos precários e pouca capacidade de entrar no mercado".

"Na minha opinião, até baseada noutros estudos que a Fundação tem feito, isto revela que há um incentivo grande a que os jovens saiam do país", conclui o presidente da FFMS.

O saldo migratório revela que, desde 2019, entram no país mais jovens do que aqueles que saem para viver no estrangeiro. Mas nem sempre foi assim: de 2010 a 2018 o saldo foi negativo.

De acordo com o estudo, no ano passado a esmagadora maioria dos jovens (95%) vivia com os pais, "valor que traduz uma mais difícil independência, sobretudo considerando que este valor era de 86% em 2004". Na verdade, Portugal é o 4.º país da UE, a seguir à Itália (97%), Croácia (96%) e Espanha (96%), em que mais jovens vivem com os pais, acima da média europeia (83%). Na Suécia e na Dinamarca, os jovens que vivem com os pais são menos de metade do total de jovens.

Em Portugal, de acordo com dados de 2022 do Eurostat, a idade média de saída de casa dos pais era aos 30 anos, mais 3 anos do que a média europeia.

Quando “designadamente” é intrujice de Costa e milhões para a JMJ são abençoados

Governo de Costa e autarcas esbanjam milhões de euros para receber o Papa e fazer a festarola de propaganda no engano da fé cristã e/ou de outras religiões que se “encostam” ao espectáculo de venda da banha da cobra, assobiando para o lado distraidamente e felizes por suas capacidades de se empenharem em ignorarem que milhões de portugueses estão na penúria sem casas, sem abrigo, sem alimentação adequada, sem trato nem respeito da vivência com a dignidade e justiças que supostamente julgavam alcançar pós 25 de Abril de 1974, assim como quando escutam as promessas de políticos intrujões que lhes mentem durante as campanhas eleitorais para serem eleitos e apossarem-se da governação com maiorias (ou não) que mais se assemelham a ditaduras. 

Não, não há respeito nem contenção em gastos de uns quantos megalómanos que ocupam os poderes. Isso está há vista e no sentir na pele a pobreza e tantas vezes a fome e outras necessidades básicas. Atualmente é o sonegador da democracia e justiça  António Costa que está de serviço. Outro igual ou muito semelhante o virá substituir quando com loas eleitorais e circunstanciais vier governar “democraticamente” o país. Tem sido sempre assim, por isso a bagunça lusa é cada vez maior no que toca ao respeito, dignidade, saúde, educação, justiça, distribuição justa da riqueza, etc. que são devidas ao povo português sempre enganado, prejudicado e mal-pago…

De certeza que poderíamos preencher imensas laudas a referir a triste realidade do quotidiano dos milhões de portugueses pobretanas e miseráveis apesar de os senhores nos poderes esbanjarem milhões a seu bel-prazer e manias doentias de grandezas irreais, mas não o faremos. Este é o Expresso Curto que vem a seguir para deleite dos que se deleitarem ao lê-lo e até visitarem outros temas no Expresso…

Para último deixamos uma palavra que vai dar muito que falar: "designadamente". Palavra que para o PR Marcelo significa "porta entreaberta" na negociação do governo de Costa com os professores vítimas de tratos de polé – como os restantes portugueses. Tal palavra “designadamente” é mais uma chica-espertice da secção cerebral de intrujice do senhor António Costa e de seus apaniguados ministros e de outros iluminados das ilhargas que são farinha do mesmo saco. Quem duvidar deste vaticínio terá a oportunidade de desfrutar do espectáculo que aí vem, das greves e muito maior luta dos professores, dos médicos e outros profissionais daquele setor da saúde. E de muitos mais. Dir-se-á que não há verbas… O costume.

Não há verbas? Nem com os anunciados e prometidos retornos financeiros da JMJ?

Há milhões para tudo e para todos que caiam nas boas graças dos governos. Diz-se desde há muito que a política é uma porca… Não vemos exactamente isso assim. No que acreditamos com provas é que alguns políticos (demasiados) são uns porcos de mentes, de procedimentos e de personalidades intelectualmente desonestas…

Basta. Vamos ao Curto do Expresso. A seguir. Vá ler.

Boa semana. Mas como? Pois. Não sabemos como, queridos plebeus e queridas plebeias neste fartote de trato indigno. Asqueroso.

MM | PG

Angola | O Sol e a Honra dos Conselheiros – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O mês de Julho está no fim e destes dias pouco de bom fica para a História. Salvo que avançam a todo o vapor as centrais fotovoltaicas como forma de levar a energia eléctrica às populações do Mundo Rural. Finalmente alguém se lembrou que Angola é terra ensolarada pelo menos desde que Adão e Eva se multiplicaram comendo frutos proibidos, no vale de Nakuru. Digo mais: O Sol passa férias em Angola todo o ano e mais seis meses. Bem-vinda a energia solar. 

Ontem foi lançado um desafio aos sicários da UNITA: Façam tudo para que seja secreta a votação do pedido de destituição do Presidente da República. Por favor. Imploramos! Se tal não for permitido por Lei ou no regimento da Assembleia Nacional, que as deputadas e deputados abram uma excepção. Venha daí a votação secreta. Contados os votos vamos ficar com uma certeza que nos deixa tranquilos. O Galo Negro elegeu 90 deputados. Quando forem contados os votos a favor da destituição, não vão chegar a dez favoráveis. Provavelmente metade desse número, meia dúzia de cinco.

A UNITA em menos de um ano perdeu 90 por cento dos deputados eleitos. Estão a gozar as mordomias e que ninguém os impeça de dormir à sombra da bananeira. Para o peditório do Galo Negro já deram. Agora trabalham para elas e eles. Mas os sicários do Adalberto conseguiram o impensável. João Lourenço vai até ao fim do mandato nem que seja às nossas costas! Não subestimem o MPLA. É muito perigoso!

A facção de Abel Chivukuvuku está mais longe da direcção de Adalberto do que a Terra de Neptuno. A vadiagem do Bloco Democrático ao entrar na Assembleia Nacional realizou os seus sonhos mais dourados. A partir de agora não estão à venda. Mas ficaram com poder de compra até ao fim da vida. O Justino Pinto de Andrade conseguiu!

No dia 15 de Julho de 1974 foi escrita em Luanda uma das mais importantes páginas da História Contemporânea de Angola. Jovens angolanos que prestavam serviço militar obrigatório nas forças armadas portuguesas revoltaram-se contra os massacres dos esquadrões da morte. Com o seu acto salvaram milhares de habitantes dos musseques da capital e travaram, de uma forma decisiva, a Independência Branca que avançava a todo o vapor, comandada pelo governador-geral Silvino Silvério Marques, com o apoio financeiro dos representantes das associações comerciais, industriais e agrícolas.

Dos revoltosos, tenho na memória Fernando da Piedade Dias dos Santos (Nandó) antigo presidente da Assembleia Nacional, Manuel da Costa Aragão (antigo venerando presidente do Tribunal Constitucional), general António José Maria (Zé Maria), general João Maria de Sousa, antigo Procurador-Geral da República, César Barbosa, que foi director-geral da Rádio Nacional de Angola, Vítor Salvaterra, José Van-Dúnem (foi ministro da Saúde), Zé Mário, Eduardo Minvu, Jorge Pessoa e o líder do movimento, o então alferes Américo Carvalho. Estes ainda estão na minha memória. Peço perdão a muitos outros (centenas) que não conheço ou que a minha provecta idade atirou para o esquecimento. 

PRIMEIRO VAMOS PARA MOSCOVO, DEPOIS TOMAMOS PEQUIM – Pepe Escobar

Três intervenções em São Petersburgo resumem o impulso pan-africano para finalmente se livrar do neocolonialismo explorador.

Pepe Escobar* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

A Maioria Global é livre para escolher dois caminhos diferentes para neutralizar os psicopatas neocons straussianos raivosos e dissonantes cognitivos encarregados da política externa imperial; para ridicularizá-los implacavelmente, ou para trabalhar arduamente na longa e tortuosa estrada que conduz a uma nova realidade multipolar.

A realidade atingiu profundamente a cúpula Rússia-África em São Petersburgo, com sua amplitude e escopo surpreendentes, refletidos na declaração oficial e em fatos importantes, como a Rússia cancelando nada menos que US $ 23 bilhões em dívida africana e o presidente Putin pedindo que a África entrar no G20 e no CSNU (“É hora de corrigir essa injustiça histórica.”)

Três intervenções em São Petersburgo resumem o impulso pan-africano para finalmente se livrar do neocolonialismo explorador.

Presidente da Eritreia Isaias Afwerki: “Eles estão imprimindo dinheiro. Eles não estão fabricando nada, apenas imprimindo dinheiro. Esta tem sido uma de suas armas globalmente – o sistema monetário… sanções aqui, sanções ali… Precisamos de uma nova arquitetura financeira globalmente.”

Presidente de Burkina Faso, Ibrahim Traoré, rosto de um Sul Global ressurgente e líder mais jovem do mundo: “Um escravo que não se rebela não merece pena. A União Africana (UA) deve parar de condenar os africanos que decidem lutar contra seus próprios regimes fantoches do Ocidente.”

Presidente de Uganda Yoweri Museveni: “Uma faceta do neocolonialismo e colonialismo foi a África sendo confinada a produzir apenas matérias-primas, colheitas, como café e minerais (…) Esta questão é o maior fator pelo qual as economias africanas estão atrofiadas; eles não crescem, porque todo o valor é levado por outras pessoas (…) Então, o que eu quero propor à Rússia e à China é desencorajar como política a importação de matérias-primas da África, para trabalhar com os africanos para adicionar valor na fonte”.

BIDEN PROMOVE LINHA DURA

A virulenta falcão da Rússia, Victoria Nuland, e o virulento falcão da China, Charles Q. Brown, estão sendo promovidos a posições elevadas pela Casa Branca.

Caitlin JohnstoneCaitlinJohnstone.com | em Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

A administração Biden parece prestes a se tornar ainda mais guerreira, se você pode imaginar isso, com a virulenta falcão da Rússia Victoria Nuland e o virulento falcão da China Charles Q. Brown agora sendo elevados a posições elevadas pela Casa Branca.

Nuland, esposa do  alfa neocon Robert Kagan , foi  nomeada  vice-secretária de Estado em exercício pelo presidente Joe Biden, pelo menos até que um novo vice-secretário seja nomeado. Isso a coloca como segunda em comando no Departamento de Estado, logo atrás de Tony Blinken.

Em um artigo sobre o papel único de Nuland nas relações azedas entre os EUA e a Rússia durante seu mandato anterior no Departamento de Estado sob o presidente Barack Obama, Connor Echols , responsável pela Statecraft, escreve o seguinte sobre as últimas notícias:  

“A nomeação de Nuland será uma benção para os falcões da Rússia que querem aumentar a pressão sobre o Kremlin. Mas, para aqueles que defendem um fim negociado para o conflito na Ucrânia, uma promoção para o notoriamente " diplomata pouco diplomático " será uma pílula amarga.

Alguns lembretes rápidos estão em ordem. Quando Nuland estava servindo no governo Obama, ela  teve  uma ligação vazada agora infame com o embaixador dos EUA na Ucrânia. Enquanto a Revolta de Maidan agitava o país, a dupla de diplomatas americanos discutiu conversas com líderes da oposição, e Nuland expressou apoio para colocar Arseniy Yatseniuk no poder. (Yatseniuk se tornaria primeiro-ministro no final daquele mês, depois que o ex-presidente Viktor Yanukovych, amigo da Rússia, fugiu do país.) Em um ponto memorável da ligação, Nuland disse “Foda-se a UE” em  resposta  à postura mais branda da Europa sobre os protestos.

A controvérsia em torno da ligação - e as implicações maiores do envolvimento dos EUA na derrubada de Yanukovych - aumentou as tensões com a Rússia e contribuiu para a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de tomar a Crimeia e apoiar uma insurgência no leste da Ucrânia. A  distribuição de comida aos manifestantes  em Kiev provavelmente também não ajudou.

Nuland, junto com o czar de sanções do Departamento de Estado, Daniel Fried, liderou o esforço para punir Putin por meio de sanções. Outro funcionário do State teria  perguntado a  Fried se 'os russos percebem que as duas pessoas mais duras em todo o governo dos EUA estão agora em posição de ir atrás deles?' ”

Em um artigo do Consortium News de 2015 intitulado “ A bagunça que Nuland fez ”, o falecido Robert Parry destacou Nuland como o principal arquiteto da operação de mudança de regime de 2014 na Ucrânia, que, como Aaron Maté explicou no ano passado , abriu o caminho para a guerra estamos vendo lá hoje. Espero que a posição dela acabe sendo temporária. 

Em outras notícias, o Comitê de Serviços de Armas do Senado  votou para confirmar a escolha de Biden do general Charles Q. Brown Jr. como o próximo presidente do Estado-Maior Conjunto, substituindo Mark Milley. Uma votação completa do Senado ocorrerá agora sobre a confirmação de Brown - atualmente o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea - para o cargo militar mais alto do país.

Brown  é inequívoco  sobre sua crença de que os EUA devem acelerar a militarização contra a China no chamado Indo-Pacífico para se preparar para o confronto entre as duas potências,  pedindo  mais bases americanas na região e maiores esforços para armar Taiwan durante sua audiência perante o Comitê de Serviços de Armas do Senado no início deste mês.

Em maio, Moon of Alabama sinalizou a nomeação de Brown em um artigo que também observou que vários defensores da contenção militar haviam renunciado a seus cargos dentro do governo, incluindo Wendy Sherman, a vice-secretária de Estado substituída por Nuland.  

É muito cedo para tirar conclusões firmes, mas ver vozes de moderação se afastando e defensores da escalada se intensificando pode ser um mau presságio do que está por vir.

* O trabalho de Caitlin Johnstone é  totalmente apoiado pelo leitor , então, se você gostou desta peça, considere compartilhá-la, segui-la no  Facebook ,  Twitter ,  Soundcloud ,  YouTube ou jogar algum dinheiro em seu pote de gorjetas no  Ko-fi ,  Patreon  ou  Paypal . Se você quiser ler mais, pode  comprar os livros dela . A melhor maneira de garantir que você veja o que ela publica é se inscrever na lista de discussão em  seu site  ou  no Substack, que receberá uma notificação por e-mail para tudo que ela publicar. Para mais informações sobre quem ela é, onde ela está e o que ela está tentando fazer com sua plataforma,  clique aqui . Todas as obras são co-autorias com seu marido americano Tim Foley.

Este artigo é de   CaitlinJohnstone.com.au  e republicado com permissão.

Austrália concorda em construir mísseis dos EUA

EUA descartam preocupações australianas sobre Assange

Duas notícias diferentes sobre as relações EUA-Austrália surgiram mais ou menos ao mesmo tempo, e juntas elas resumem a história das relações EUA-Austrália como um todo. Em um, descobrimos que a Austrália concordou em fabricar mísseis para os Estados Unidos e, no outro, descobrimos que Washington disse à Austrália para chupar ovos sobre suas preocupações em relação à perseguição dos EUA ao jornalista australiano Julian Assange.

Caitlin JohnstoneCaitlinJohnstone.com.au | em Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

A relação entre a Austrália e os Estados Unidos é ainda mais claramente ilustrada pela maneira como eles estão sendo relatados pela grande imprensa embaraçosamente bajuladora da Austrália.

Em um artigo do Sydney Morning Herald publicado na sexta-feira intitulado “ 'Extremamente significativo': a Austrália fabrica e exporta mísseis para os EUA ”, o propagandista de guerra educado nos EUA, Matthew Knott, relata exuberantemente o mais recente desenvolvimento da absorção total da Austrália na máquina de guerra americana.

“A Austrália deve começar a fabricar seus próprios mísseis dentro de dois anos sob um plano ambicioso que permitirá ao país fornecer armas guiadas aos Estados Unidos e possivelmente exportá-las para outras nações”, relata Knott, acrescentando que a “fabricação conjunta de mísseis esforço está sendo impulsionado pela guerra na Ucrânia, que destacou uma preocupante falta de estoques de munição nas nações ocidentais, incluindo os EUA.”

Knott - talvez mais conhecido por ter sido dito publicamente para "baixar a cabeça de vergonha" e "expulsar o jornalismo australiano" pelo ex-primeiro-ministro Paul Keating por causa de sua virulenta propaganda de guerra contra a China - fala com entusiasmo sobre as oportunidades maravilhosas dessa expansão para o sul. do complexo militar-industrial oferecerá aos australianos.

“Além de criar empregos locais, uma indústria doméstica de fabricação de mísseis tornará a Austrália menos dependente de importações e fornecerá uma fonte adicional confiável de munições para os EUA”, escreve Knott em êxtase no que de alguma forma foi apresentado pelo The Sydney Morning Herald como um duro notícia e não um artigo de opinião.

domingo, 30 de julho de 2023

O CANGURU ESTRELADO -- Caitlin Johnstone

Um navio de guerra dos EUA foi colocado em serviço em Sydney como parte do matrimônio profano entre a Austrália e a máquina de guerra dos EUA.

Caitlin Johnstone, CaitlinJohnstone.com.au | em Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

Um navio de guerra dos EUA foi  colocado em serviço  em Sydney. O navio é chamado de USS Canberra para homenagear a união militar dos Estados Unidos e da Austrália e, se isso ainda for muito sutil para você, ele tem um canguru literalmente estrelado afixado ao seu lado.

É isso mesmo: o primeiro navio de guerra dos EUA já comissionado em um porto estrangeiro foi estampado com um canguru coberto com as estrelas e listras da bandeira dos Estados Unidos.

Um oficial australiano sempre fará parte da equipe do navio, para simbolizar ainda mais o matrimônio profano entre a Austrália e a máquina de guerra dos EUA.

“Não consigo pensar em nenhum símbolo melhor desse futuro compartilhado do que o USS Canberra”,  disse  a Embaixadora dos EUA na Austrália, Caroline Kennedy. “Construído por trabalhadores americanos em uma empresa australiana em Mobile, Alabama, sua tripulação sempre incluirá um marinheiro da Marinha Real Australiana e, de hoje em diante, ela exibirá orgulhosamente um canguru estrelado.”

Sanções anti-russas de países ocidentais afetam África, diz ativista

Nathalie Yamb, ativista e empresária pan-africana camaronesa-suíça, deu uma entrevista ao Sputnik após a segunda Cúpula Rússia-África realizada em São Petersburgo, Rússia, de 27 a 28 de julho.

Sputnik | # Traduzido em português do Brasil

As restrições ocidentais contra a Rússia estão tendo um impacto nos países africanos, disse a ativista pan-africana Nathalie Yamb à Sputnik .

Em particular, a proibição de bancos russos do sistema SWIFT está complicando as compras africanas da Rússia.

A compra de fertilizantes agora enfrenta obstáculos, pois tem que ser feita por meio de intermediários estrangeiros. Alguns países africanos também estão de mãos e pés amarrados pelo uso do franco CFA, que está atrelado ao euro, como aponta o ativista.

"Somos vítimas colaterais das sanções do sistema SWIFT. Porque o CFA é o euro. Costumávamos comprar nossos fertilizantes da Rússia. Hoje, temos o dinheiro, há mercadorias, mas não podemos pagar por não controlar nossa própria moeda [...]. Agora, quando vamos comprar fertilizantes na Rússia, temos que passar por intermediários na Turquia, China ou Dubai, e isso aumenta o custo”, explica.

Segundo Yamb, a lógica das sanções também se aplica muito diretamente à África, através do princípio da extraterritorialidade do dólar.

Ela enfatizou que os EUA usam o privilégio do dólar para intervir nos assuntos africanos. Isso torna necessária uma desdolarização genuína , por meio de um retorno ao padrão-ouro, por exemplo, ela acredita.

"Aspiramos à desdolarização da economia porque a extraterritorialidade do dólar é usada para punir as pessoas de manhã, ao meio-dia e à noite. Pouco antes da Cimeira Rússia-África, Washington sancionou novamente três líderes do Mali por fazerem as escolhas que lhes convém em Mali. Precisamos urgentemente voltar ao padrão-ouro", declarou

Assim, as nações africanas fariam bem em refinar e armazenar seu ouro, em vez de vendê-lo, acrescenta Nathalie Yamb, que está convencida de que esse processo de desdolarização ganhará importância.

Relacionado em Página Global:

Declarações de Putin aos repórteres após a segunda cúpula Rússia-África

"Há países africanos com uma dívida impagável à Rússia"

Rússia substituirá grãos ucranianos sem custo para países africanos – Putin

África | DESIGUALDADE


Pedro Silva
, Portugal | Cartoon Movement

Angola | A Festa do Dinheiro e os Problemas do Povo -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Hoje estou a transbordar porque passei o dia com amigos. Daqueles que dão a vida pela liberdade e despem a camisa para tapar os nus desconhecidos. Recebi uma mensagem de um amigo garantindo que me salvou da bancarrota. 

Hoje andei na feira, beberiquei um tinto do Douro, falei de tudo e nada, regateei o preço da fruta cristalizada e recordei aquele dia em que fui cobrir as festas de Nossa Senhora do Monte, passei a noite a jogar lerpa, perdi e quando cheguei à rua ia morrendo de frio. Passou-me pela memória o Lubango do Garibaldino de Andrade, do Leonel Cosme mas também – porque não? – do senhor Resende da Casa dos Cobertores e do Gata da fazenda de gado na Cahama.

O Papa Francisco é o único líder mundial digno desse nome. Se o Vaticano nos emprestasse sua excelência até 2027, tenho a certeza de que o Povo Angolano seria tão feliz como eu estou hoje. Porque esconjurou o neoliberalismo. Avisou a Humanidade, crente ou não, que este capitalismo mata. Se quiser partir para a luta armada de libertação universal pode contar comigo, mesmo a cair da tripeça.

A direcção do MPLA traçou o caminho. Temos de dar tudo na defesa do Presidente João Lourenço. Para já é obedecer. Lutar. Cumprir. Um dia conversamos. Sempre sob a Bandeira do MPLA vou empenhar-me na missão. Começo por alertar o Comité Central e o Bureau Político para sinais evidentes da preparação de um golpe de estado. Não sei se os golpistas estão alinhados com a UNITA. Mas atendendo aos graves problemas sociais que vivemos, a situação é mesmo muito perigosa.

O General Fernando Garcia Miala preparou meticulosamente um golpe de estado contra o Presidente José Eduardo dos Santos. Quando decidiu medidas activas partiram-lhe o semieixo e acabou na cadeia. Até esse momento, o golpista fazia-se passar por protector das crianças abandonadas e por mecenas dos artistas de variedades. O “Kit Miala” era bem conhecido. As e os aspirantes a kuduristas e rappers recebiam quantidades generosas de dinheiro. Os consagrados eram agraciados com viaturas todo-o-terreno, carrinhas, casas, dinheiro à descrição. Na comunicação social espalhou os seus agentes que se vendiam (e vendem) baratinho. Procurem saber quem financiava os pasquins que nasceram em 1992. Miala!

O Chefe do Estado-Maior Geral das FAA, General da Força Aérea Altino Carlos José dos Santos, organizou uma cerimónia singela para despedida de alguns oficiais generais que passaram à reforma. Muita consideração. Muito respeito. Muita gratidão. Imenso reconhecimento. O grande chefe militar nada mais tinha para partilhar com os seus camaradas. Ontem vi uma reportagem na TPA sobre a cerimónia de despedida de mais generais. Miala lá estava não como reformado mas organizador. Grandes prendas aos reformados: Viaturas todo-o-terreno V8, carrinhas, relógios caríssimos e outras coisas valiosas. 

Fernando Garcia Miala quer limpar-se e acho muito bem, detesto ver caras mascarradas e mãos sujas. Mas fazê-lo à custa de Generais das FAA é uma infâmia. Se está a tentar comprar as suas consciências é uma falta de respeito. Os membros das Forças Armadas prezam a honra e a dignidade acima de tudo. Por isso ganhámos todas as guerras! O problema é se ele está a mobilizá-los para a golpada de estado, como fez com artistas e jornalistas. No cumprimento das instruções do Bureau Político do MPLA deixo o aviso. Uma vez golpista é para toda vida.

Portugal | VIAGEM AOS CRIMES CONTRA A HUMANIDADE NA GUERRA COLONIAL

O REGIME DEMOCRÁTICO “ORGANIZOU O ESQUECIMENTO” DA VIOLÊNCIA COLONIAL PORTUGUESA – Miguel Cardina

O historiador crê ser necessária uma reflexão sobre a descolonização do espaço e dos discursos públicos para se combater os resultados perniciosos de um lusotropicalismo hegemónico que se vem reconfigurando há décadas.

João Biscaia* | Setenta e Quatro - entrevista

Pouco depois da aprovação e promulgação da atual carta constitucional portuguesa, a 2 de abril de 1976, chegou às livrarias o tomo Massacres na guerra colonial — Tete, um exemplo. Escrito pelo jornalista José Amaro Dionísio e publicado pela editora Ulmeiro, o livro reuniu documentos secretos, à altura inéditos, sobre uma operação militar portuguesa na zona de Tete, em Moçambique, a 16 de dezembro de 1972.

Em suposta retaliação a um ataque contra um avião civil dos Transportes Aéreos de Tete, a tropa portuguesa bombardeou as aldeias de Wiriyamu e Juwau. De seguida, lê-se no livro, avançaram sobre as aldeias “4 grupos da 6.ª companhia de Comandos, grupos especiais de pára-quedistas, de pistoleiros profissionais e de agentes da PIDE/DGS” que se entregaram a uma “fúnebre orgia de matança”. Pelo menos 358 pessoas foram massacradas nessa “Operação Marosca”, hoje conhecida como o Massacre de Wiriyamu.

O livro depressa vendeu mais de dez mil exemplares. O Estado-Maior-General das Forças Armadas, encabeçado pelo General Ramalho Eanes, decidiu levar José Amaro Dionísio e José Antunes Ribeiro, editor da Ulmeiro, a tribunal pela divulgação de documentos secretos e por atentarem contra as forças armadas portuguesas. Nunca houve julgamento e ambos acabaram amnistiados, em 1983, quando o papa João Paulo II visitou Portugal.

Para o historiador Miguel Cardina, este é um dos principais exemplos de como “houve processos de organização do esquecimento da guerra”, findo o processo revolucionário. Um entre muitos outros descritos num livro que pretende traçar uma “história da memória” da guerra colonial e da hegemonia que o “feitiço imperial” tem sobre a sociedade portuguesa.

Investigador do colonialismo português tardio e das dinâmicas entre a História e a memória, Cardina considera que houve a coordenação de um silêncio em relação à Guerra Colonial, e aos seus massacres, que serviu para manter a ideia de que o colonialismo português foi brando e civilizador, secundarizando a violência da dominação portuguesa em África, sobretudo.

Desenterrar esse passado intencionalmente esquecido é, para o autor do livro O atrito da memória — Colonialismo, guerra e descolonização no Portugalcontemporâneo, uma maneira de “reparar o nosso passado de desigualdades”, para combater “a manutenção dos efeitos claros de uma sociedade racista” e de uma persistente “afasia colonial” que ainda carregamos.

Portugal/UE | VALE A PENA IR PARA OLIVENÇA?

“A extrema-direita e forças fascistas estão instaladas nos parlamentos e governos de grande número de países da UE” - Portugal incluído

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Na Europa a que pertencemos por geografia e por outros compromissos coletivos, vemos as democracias enfraquecerem perigosamente: em vários contextos, foi sob o seu poder que se estruturou a “economia que mata” e a financeirização que amplia o “roubo legal”, as desigualdades e a pobreza. O eurocentrismo e o ocidentalismo têm negado dignidade e direitos iguais a todos os povos. Entretanto, olhando o que nos rodeia, encontramos outros regimes políticos que, em vários aspetos, não se recomendam. Que fazer então?

As eleições do último fim de semana em Espanha expuseram algumas grandes causas e objetivos, e também caminhos de ação, a ter em conta. Os resultados foram uma grande vitória da democracia. Se essa vitória se vai consolidar, não sabemos. Nem percecionamos a influência que poderá ter na União Europeia (UE) e noutros espaços. A Direita espanhola não está em condições de responder, reforçou-se a responsabilidade da Esquerda.

Na Europa há uma real onda neofascista que cavalga a grande velocidade. A Direita começou por falar na necessidade de criar uma “barreira sanitária”, todavia a ânsia do poder e os grandes interesses económicos que instituem crises sob múltiplos pretextos (a guerra é um deles) cilindraram tal ideia. A extrema-direita e forças fascistas estão instaladas nos parlamentos e governos de grande número de países da UE. É doloroso ver líderes e comentadores de direita, e outros “democratas encartados”, enrolados nos discursos do perigo simétrico dos “extremismos”. Noutros contextos houve, e pode haver no futuro, extremismos à esquerda: hoje, o perigo real é o fascismo.

Considerar simétrica a possibilidade de um Governo à Esquerda negociar compromissos com forças, localizadas regionalmente, que tiveram práticas radicais inaceitáveis, mas as abandonaram para integrar as instituições democráticas, com a entrada na governação do fascismo franquista, é um absurdo para qualquer democrata. Pressupor que a “ganância” dos trabalhadores e dos pensionistas (quando reivindicam melhores salários e pensões) é simétrica da ganância dos detentores de fortunas escandalosas feitas do dia para a noite é negar a igualdade, a solidariedade, a justiça. Tomar os distúrbios e manifestações de alguma violência que têm ocorrido em alguns países europeus como simétricos de programas políticos que têm o objetivo de destruir as instituições democráticas e avanços civilizacionais duramente conquistados é execrável.

Os povos de Espanha deram uma lição ao assumirem que, apesar de todos os descontentamentos que acumulam, é prioritário e possível travar as forças neofascistas na sua cavalgada. Não querem a ultradireita no governo. A solução, difícil, será à Esquerda e com a Esquerda a ter de dialogar muito e a assumir compromissos entre si. A negociação e os compromissos são trabalhosos, mas mais eficazes que qualquer maioria de uma só cor, ou qualquer ditadura. E, como a Esquerda toda não chegará, haverá que negociar acordos que respondam a anseios nacionalistas, realidade que nós, portugueses, conhecemos muito pouco e que a Direita espanhola, no seu caminho de retrocesso, deixou de considerar.

Esperam-se compromissos políticos que melhorem as condições de trabalho e de vida dos jovens e dos imigrantes e o bem-estar dos idosos. E novos impulsos à democracia para consolidar a vitória.

Poderá valer a pena estar em Olivença e em toda a grande Espanha. E em Portugal também, se deitarmos mão da lição de domingo.

*Investigador e professor universitário

Portugal | O QUE RESTA


Henrique Monteiro | HenriCartoon

RÉQUIEM PARA O PESADELO DA OTAN – Scott Ritter

A disfunção da  aliança militar atlântica  sobre a adesão ucraniana foi apenas a manifestação mais pública do desastre que foi a cúpula de Vilnius.

Scott Ritter* | Especial para Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, surge como uma figura trágica no drama que é o conflito russo-ucraniano.

Ele foi convidado a sacrificar a vida de seus compatriotas para ser visto pelos EUA e pela OTAN como digno de ingressar em seu clube. Mas quando o sacrifício não produziu o resultado desejado (ou seja, a derrota estratégica da Rússia), a porta para a OTAN, que havia sido deixada aberta para provocar a Ucrânia a realizar sua tarefa suicida, foi fechada.

Apesar das maquinações hipócritas da OTAN para manter a perspectiva de uma potencial adesão da Ucrânia (o Conselho Ucrânia-OTAN, criado durante a Cimeira de Vilnius no início deste mês, é um excelente exemplo), todos sabem que a adesão da Ucrânia à aliança transatlântica é uma fantasia.

Agora resta à Ucrânia escolher um veneno de sua própria escolha - aceitar uma paz que faça reivindicações territoriais russas permanentes, ao mesmo tempo em que renuncia para sempre à possibilidade, por mais distante que seja, de ser membro da OTAN; ou continuar a lutar, com o provável resultado da perda adicional de território e destruição da nação e do povo ucraniano.

A autobiografia de Robert Graves, Goodbye to All That , tem dupla função ao fornecer um modelo para a Ucrânia ao traçar a passagem da velha ordem da Europa - a aliança da OTAN dominada pelos EUA, a União Européia, a ordem internacional baseada em regras e todos os pós -Estruturas da Segunda Guerra Mundial, que mantiveram o mundo ocidental unido por quase oito décadas. Eles estão todos desmoronando ao nosso redor.

A luta de Graves para se adaptar à Inglaterra do pós-guerra após os horrores da Primeira Guerra Mundial e suas observações de uma nação lutando coletivamente para se definir são um conto de advertência para o que está reservado para a Ucrânia. 

Enquanto a Ucrânia se despede de seu antigo eu, ela também deve se separar de seus sonhos de se tornar uma comunidade europeia cuja própria longevidade é muito duvidosa. Isso se deve em grande parte ao seu envolvimento desastroso no conflito russo-ucraniano.

A Ucrânia nunca mais será a mesma depois que esta guerra terminar. Nem a aliança da OTAN. Tendo definido a guerra por procuração que está travando na Ucrânia contra a Rússia em termos existenciais, a OTAN lutará para encontrar relevância e propósito em um mundo pós-conflito.

A cúpula de Vilnius, de 11 a 12 de julho, representou de muitas maneiras o ponto alto da velha ordem da Europa. A cimeira foi o réquiem para um pesadelo criado pela própria Europa - a morte de uma nação, a anulação de um continente e o fim de uma ordem que há muito perdera a sua legitimidade.

MÍSSEIS RUSSOS ATINGIRAM O PRÉDIO DA SBU EM DNIPRO

O Ministério da Defesa da Federação Russa revelou o alvo do ataque de ontem na cidade de Dnepropetrovsk, na Ucrânia. Na noite de 28 de julho de 2023, as Forças Armadas da Federação Russa lançaram um ataque com mísseis ao ponto de controle das Forças Armadas da Ucrânia. 

South Front, com vídeos | # Traduzido em português do Brasil

De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, o ataque com míssil atingiu uma instalação militar. O objetivo do ataque com armas russas de alta precisão foi alcançado. O Ministério da Defesa da Rússia não divulgou nenhum outro detalhe.

Na noite de 28 de julho, mísseis russos atingiram o prédio da administração local do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) na cidade de Dnieper (Dnepropetrovsk). Como resultado do ataque do míssil, o prédio desabou parcialmente. O ponto de controle da AFU provavelmente estava localizado lá.

A mídia ucraniana tentou esconder o verdadeiro alvo do ataque, alegando que um prédio residencial teria sido atingido. Felizmente, o prédio residencial de vários andares localizado nas proximidades não foi concluído e os apartamentos ainda não foram habitados. Portanto, felizmente, inúmeras vítimas foram evitadas. O edifício civil foi possivelmente danificado pela onda explosiva ou estilhaços. Também pode ser outra vítima do treinamento inadequado das forças antiaéreas ucranianas que não conseguiram derrubar um míssil russo.

Os propagandistas ucranianos não conseguiram esconder informações sobre a destruição de uma importante instalação dos serviços especiais ucranianos. Como resultado, Zelensky teve que admitir que a Rússia realmente atacou o prédio do serviço de segurança da Ucrânia em Dnepropetrovsk.

As autoridades de Kiev declaram que o prédio da SBU estava supostamente vazio no momento da greve. No entanto, o grande número de ambulâncias visto na área após a greve revela que as reivindicações de Kiev não correspondem à realidade. A mídia local também compartilhou um apelo urgente para doar sangue, o que confirma o grande número de feridos como resultado do ataque.

Ler/Ver em South Front:

Falha esmagadora de ataque maciço de mísseis Storm Shadow na ferrovia para a Crimeia

Kiev vai além para quebrar a defesa russa em Zaporozhye

Exército russo esmaga forças de Kiev em várias direções (vídeos)

EUA | Trump ataca Biden por 'corrupção monumental'

MOSCOU (Sputnik) - O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusando Biden de corrupção.

# Traduzido em português do Brasil

"Quando vencermos a eleição daqui a pouco mais de um ano, nomearei um promotor especial de verdade para expor a corrupção monumental da família criminosa Biden de uma vez por todas", disse Trump em um comício em Erie, Pensilvânia, no sábado.

Trump disse que a família Biden lucrou com a Ucrânia e agora o governo Biden está gastando bilhões de dólares dos contribuintes americanos na Ucrânia.

O ex-presidente dos EUA mais uma vez assumiu o crédito pessoal pela falta de confronto na Ucrânia, assim como em Taiwan, sob seu governo. Trump enfatizou que agora, sob Biden, a China está "construindo instalações militares em Cuba".

“E menos de três anos atrás, tínhamos Irã, China, Rússia e Coreia do Norte sob controle”, disse Trump, acrescentando que agora, “Rússia e China estão realizando cúpulas juntas para dividir o mundo”.

Se eleito, Trump disse que colocaria os Estados Unidos em primeiro lugar, acabaria com a inflação, "obteria a independência total da China" e interromperia o conflito na Ucrânia ao fazer com que o presidente russo, Vladimir Putin, e Volodymyr Zelensky iniciassem as negociações.

Trump disse que Biden quer que ele seja preso porque teve sucesso em sua campanha eleitoral e enfatizou que há "uma chance de salvar" a América, que são as eleições presidenciais de 2024.

"Precisamos de eleições justas e precisamos de fronteiras", disse Trump. Ele enfatizou que os globalistas devem ser expulsos do sistema político dos EUA para que a América seja poderosa, rica, forte, orgulhosa e segura novamente.

Na sexta-feira, Trump disse que sua possível sentença não interromperia sua campanha presidencial.

No início deste mês, a mídia dos EUA informou que os advogados de Trump foram instruídos a esperar um indiciamento contra o ex-presidente por seu suposto papel nos esforços para anular as eleições presidenciais de 2020 nos EUA.

A acusação viria em meio a uma série de outras investigações sobre possível má conduta de Trump, inclusive sobre o manuseio de documentos confidenciais, bem como no meio da corrida presidencial de 2024, na qual ele se estabeleceu como o principal candidato do Partido Republicano.

Declarações de Putin aos repórteres após a segunda cúpula Rússia-África

O presidente russo, Vladimir Putin, dirigiu-se a repórteres no sábado após a cúpula Rússia-África em São Petersburgo na sexta-feira. Ele respondeu a perguntas sobre questões relacionadas ao acordo de grãos, relacionamento da Rússia com países africanos e Ucrânia.

Plano de paz da África sobre a Ucrânia e acordo de grãos

Sputnik | # Traduzido em português do Brasil

O plano de paz da África para a Ucrânia e o acordo de grãos não estão conectados de forma alguma, disse o presidente Vladimir Putin.

"Não, uma coisa não tem nada a ver com a outra", disse Putin quando questionado por repórteres se a iniciativa de paz da África sobre a Ucrânia e o acordo de grãos estavam inter-relacionados.

Em 18 de julho, expirou a Black Sea Grain Initiative, comumente conhecida como thegraindeal, que previa um corredor humanitário para permitir as exportações de grãos ucranianos no ano passado, já que a Rússia não renovou sua participação no acordo. Moscou enfatizou que o componente do acordo de facilitar as exportações russas de grãos e fertilizantes não foi cumprido.

Os preços no mercado mundial após a saída da Rússia do acordo de grãos aumentaram, então a Rússia receberá mais renda e está pronta para compartilhar parte dela com os países mais pobres, disse Putin no sábado.

“Quando anunciamos que estávamos saindo do negócio de grãos, os preços no mercado mundial subiram um pouco. Isso significa que nossas empresas vão receber mais, o que significa que vamos receber mais impostos. de nossa renda com os países mais pobres e entregamos certas quantidades de comida de graça", disse Putin a jornalistas.

Algumas disposições da iniciativa de paz africana na Ucrânia estão sendo implementadas, como a troca de prisioneiros e questões humanitárias, enfatizou Putin.

"A iniciativa em si, como qualquer outra iniciativa pacífica, é boa porque busca uma solução pacífica para o conflito. Há coisas que, depois de nosso encontro em São Petersburgo há um mês e meio, essas disposições, por assim dizer, e o pontos desta iniciativa de paz estão sendo implementados."

“É verdade que estão sendo implementadas de qualquer maneira, mas, mesmo assim, são dez pontos no total nessas iniciativas, um dos pontos é a troca de prisioneiros, troca de detentos, a solução de uma família, questões humanitárias relacionadas a crianças e assim por diante", disse Putin a jornalistas.

O enorme potencial da África

As nações africanas estão prontas para aceitar investimentos russos e dar à comunidade empresarial russa uma chance de se desenvolver no continente, disse Putin.

"[Os países africanos] estão prontos para aceitar nossos investimentos e deixar nossos negócios se desenvolverem lá: para construir, enraizar e ganhar dinheiro neste mercado", disse Putin em entrevista coletiva, falando sobre o interesse da África nas tecnologias agroindustriais da Rússia.

Acrescentou ainda que os países africanos têm um enorme potencial que está a crescer exponencialmente.

"Nossas tentativas de trabalhar na direção africana hoje são feitas no interesse, antes de tudo, da Rússia. E há muitos componentes aqui. Vamos começar com a economia. Um potencial tão grande, está crescendo e a um ritmo ritmo muito rápido, exponencialmente, já existem um bilhão e meio de pessoas na África", disse o presidente russo a jornalistas.

O continente africano também é rico em recursos minerais, acrescentou.

"Alguns países asiáticos estão de fato transferindo suas reservas para os recursos minerais da África."

O presidente russo disse então aos repórteres que o mundo está mudando rapidamente e que a Rússia deveria usar o legado soviético nas relações com a África, mas também trabalhar com o continente de uma nova maneira.

"O mundo está mudando rapidamente... Pegue a Indonésia - um enorme potencial... Não estou falando sobre Índia, China. Todo mundo sabe disso. Brasil. E África. Existem países lá que são simplesmente líderes", disse Putin a jornalistas.

O presidente russo observou que a África tem muito potencial, mas não está sozinha nesta lista.

"Então, é claro, devemos alavancar tudo o que foi construído desde os tempos soviéticos - essas relações muito boas e de confiança. E trabalhar de uma nova maneira, é claro", observou Putin.

As nações africanas precisam de políticas domésticas estáveis ​​para poderem desenvolver suas economias, acrescentou Putin.

"É muito necessário um trabalho conjunto no campo da segurança. A África ainda sofre com o terrorismo, e isso é um problema em muitas regiões, em muitos países. E para que a economia se desenvolva bem, como todos sabemos muito bem, precisamos de estabilidade na política doméstica. A estabilidade é impossível se a segurança não for garantida. É por isso que eles desejam sinceramente continuar trabalhando conosco nesta área, incluindo cooperação militar e técnica."

Ele acrescentou que as nações africanas não temem "nenhuma pressão externa".

"Eles estão trabalhando. E estão comprando armas. E dezenas e centenas de militares de países africanos são treinados em nossas universidades do Ministério da Defesa. Eles estão estudando conosco", disse Putin.

Angola | O Muro das Lágrimas – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Jornal de Angola faz cem anos no próximo dia 16 de Agosto. A efeméride vai ser devidamente comemorada. Angola entra no exclusivo grupo de países com jornais centenários. Com fundos cedidos pelo Serviço de Recuperação de Activos mandei imprimir camisolas com uma inscrição em duas linhas. Primeira: INFORMAÇÃO É VIDA. Segunda: JORNAL DE ANGOLA CEM ANOS A INFORMAR.

A apresentação do programa do centenário tem lugar na próxima semana, naquele hotel do Eixo Viário, também cedido pelo Serviço de Recuperação de Activos. Vai ser uma festa de jornalistas em honra de um jornal centenário, o único que temos e tão cedo não teremos outro. 

Não gosto muito do secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas, Teixeira Cândido. Mas vou convidá-lo e eu próprio lhe visto a camisola com a mensagem da efeméride. Gosto muito da jornalista Luísa Rogério. Vai ser a convidada de honra. Vou vestir-lhe a camisola. Mas não me esquecerei de lhe dizer que MULHER É VIDA!

Na festa só entram jornalistas. O ministro da Comunicação Social tem a entrada cortada. Faço questão que estejam presentes os profissionais que se escandalizaram com a presença de Luísa Rogério e Teixeira Cândido numa festa da DSTv (Digital Satellite Television) um serviço de televisão via satélite da MulriChoice que nasceu em 1995 e tem mais de dez milhões de assinantes o que dá uma audiência superior a 50 milhões. É um órgão de comunicação social. 

Na festa do Jornal de Angola todos temos camisolas vestidas publicitando os seus cem anos. Vou falar da Imprensa Angolana (nascida quase simultaneamente em Luanda e no Reino do Congo, no final do século XVI. Essa é a data da chegada das primeiras máquinas impressoras a África, pela mão dos missionários portugueses, que as instalaram nos seus colégios da Ordem dos Jesuítas, em Luanda (por trás da Igreja da Nazaré) e S. Salvador do Congo (Mbanza Congo). 

A DSTv está em Angola. Acho muito bem que jornalistas apoiem a expansão de um canal de televisão pioneiro e que teve um papel muito importante no mundo mediático angolano. Estou a defender Luísa Rogério do banditismo mediático reinante. Tenho especiais responsabilidades na matéria. Andei anos pedindo-lhe que liderasse um projecto de auto regulação. Dizia-lhe que enquanto não houvesse uma carteira profissional que nos diferenciasse ficávamos vulneráveis a todas as infiltrações, nomeadamente policiais. 

Ela, corajosamente, conseguiu. Temos que agradecer-lhe. Nunca deitá-la abaixo. Tenham cuidado com o cão e comigo!

O próximo passo vai ser construirmos o muro das lágrimas para que os infiltrados no Jornalismo Angolano chorem à vontade. Em 1945 passaram cem anos desde o nascimento do primeiro jornal em Angola (Boletim Oficial). No dia em que foi fundada a DSTv fez 150 anos. Mas a Imprensa Nacional esqueceu-se de comemorar a data. Não mandou imprimir camisolas nem as vestiu aos jornalistas. Mais lágrimas no muro.

O Pai Querido anunciou que a Sonangol já não está em queda livre. Agora a produção de petróleo “está em declínio moderado”. Na adianta irmos chorar para o muro das lágrimas. O PCA da petrolífera nacional é o pior de todos os tempos. O mais incompetente. Mas quem o ouve falar acredita que a empresa está a ser gerida. Como a administração do Caminho-de-Ferro de Benguela. Gastou o dinheiro todo a reparar rodas e agora o chefe chora copiosamente no muro das lágrimas.

O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, é bom homem. Não consta que ande de tasco em tasco queimando escudos em grogue. Entrega todo o dinheiro que ganha à esposa, para nunca faltar cachupa na mesa. Muito bom homem. Estava eu a congeminar como podia deitar abaixo os sicários da UNITA quando me apareceu na TPA o líder cabo-verdiano anunciando que não foi à cimeira Rússia-África em solidariedade com a Ucrânia. A notícia chegou rapidamente a São Petersburgo e o Presidente Putin mandou logo construir um muro das lágrimas. 

Os participantes na cimeira foram todos chorar a ausência de Cabo Verde. Houve tentativas de suicídio. Os 17 Chefes de Estado presentes ponderaram a apresentar a demissão. Ministros africanos decidiram nunca mais regressar a África. O mundo sem Cabo Verde fica à deriva. Até eu estou a chorar. De verdade.

PAIGC e depois o PAICV adoptaram uma política externa assente na construção de boas relações com todos os países do mundo. E ainda existiam os blocos do ocidente e de leste. Conseguiram manter excelentes relações com todos os lados. José Maria Neves resolveu bandear-se com um lado. No momento em que há um movimento global para acabar cm o mundo unipolar em que vivemos. Cabo Verde desatou a correr desabridamente para o abismo. O país ainda acaba espaço insular de Portugal que por sua vez é um protectorado do cartel falido chamado União Europeia. Tanto choro no muro das lágrimas!

Um dia estava a trabalhar com o comandante César Augusto (Kiluange) no seu livro “Angola-Argélia Solidariedade Traída”. O autor era o nosso embaixador em Cabo Verde. Anunciou que no dia seguinte chegava à cidade da Praia o nosso amigo Osvaldo Serra Van-Dúnem (Beto), meu amigo dos tempos da juventude. O trabalho tinha de abrandar. Vivemos dias agradáveis de amizade e camaradagem. Ontem citei o discurso notável do seu filho, o deputado Kilamba, do Grupo Parlamentar do MPLA. Apresentei-o como filho de Beto Van-Dúnem. Um erro porque a opinião pública associa este nome ao nacionalista do Processo dos 50 e não a Osvaldo Serra Van-Dúnem (Beto). Peço desculpa se induzi alguém em erro.

Hoje de manhã decorreu a terceira reunião ordinária do Bureau Político do MPLA. A bem informada TPA disse que a direcção do partido tomou uma decisão ousada. Os membros da JMPLA e da OMA não podem mais acumular com os cargos de deputados. Têm de trabalhar com as bases! Tanto choro no muro das lágrimas. Mas está certo. 

A juventude tem de prestar provas. E isso só é possível trabalhando com as massas. As Mamãs Angolanas têm tantos problemas que a direcção da OMA precisa de mobilizar todos os recursos humanos para minorar essas situações dramáticas. É a unidade na luta contra os sicários da UNITA e seus derivados. Adalberto, Chivukuvuku, Filomeno Vieira Lopes e Justino vão desfazer-se em lágrimas. Eu vou dar uma força à OMA. Só me falta ser mulher.

*Jornalista

Mais lidas da semana