Os chefes militares da África Ocidental estão reunidos em Acra, no Gana, para debater uma possível intervenção armada no Níger, na sequência do golpe de Estado de 26 de julho. Alemanha apela a aceitar contra rebeldes.
Alarmada por uma série de golpes militares na região, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) iniciou esta quinta-feira (17.08), em Acra, uma reunião de dois dias para discutir uma possível intervenção militar na sequência do golpe de Estado de 26 de julho no Níger.
A CEDEAO exige que os líderes golpistas do Níger libertem o Presidente Mohamed Bazoum e já avisaram que o bloco poderá enviar tropas como último recurso se fracassarem.
"A democracia é o que defendemos e encorajamos", disse o chefe do Estado-Maior nigeriano, general Christopher Gwabin Musa, na abertura dos trabalhos. "O objetivo da nossa reunião não é simplesmente reagir aos acontecimentos, mas traçar proativamente um caminho que conduza à paz e apoie a estabilidade", frisou.
"A junta [militar do Níger ] está a brincar ao gato e ao rato com a CEDEAO . Devem lembrar-se que desobedeceram à Constituição do seu país, bem como aos instrumentos da CEDEAO, especialmente o Protocolo sobre a Boa Governação, que fala de tolerância zero para golpes militares", afirmou o comissário para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança do bloco, Abdel-Fatau Musah.
Força de reserva ativada
A reunião em Acra surge depois de os chefes de Estado e de Governo do bloco de 15 nações da CEDEAO terem ordenado há uma semana a ativação da força de reserva da organização, embora também tenham garantido que continuariam a apoiar o diálogo para resolver a crise.
"A nossa sub-região enfrenta novamente crises que pensávamos terem desaparecido. A sub-região está a atravessar um dos seus piores momentos quando, recentemente, o flagelo dos grupos armados e dos grupos terroristas violentos atingiu a África Ocidental", referiu o ministro da Defesa do Gana, Dominic Nitiwul.
Os líderes militares da CEDEAO reuniram-se no início de agosto em Abuja, a capital nigeriana e sede do bloco regional, onde planejaram elaborar um plano para uma eventual intervenção para "restabelecer a ordem constitucional" no Níger.
Uma eventual ação militar está a dividir os países da região, com os governos da Nigéria, do Benim, da Costa do Marfim e do Senegal a confirmarem claramente a disponibilidade dos seus exércitos para intervir no Níger.
Em harmonia, o Mali e Burkina Faso - países também emocionados por juntas militares - opõem-se ao uso da força. Guiné-Conacri, Argélia, Chade e Cabo Verde manifestaram-se igualmente a sua preferência pelo diálogo.
Alemanha pede respaldo
A CEDEAO já aplicou apoio comercial e financeiro, enquanto França, Alemanha e EUA suspenderam os programas de ajuda. Esta quinta-feira (17.08), o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha também apelou à União Europeia (UE) para impor "sanções" aos autores do golpe de Estado no Níger.
Nos últimos dias, a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, manteve conversas com a sua homóloga francesa, Catherine Colonna, e com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, entre outros, sobre a questão do Níger.
Em visita à Nigéria, a ministra da Cooperação para o Desenvolvimento Alemão, Svenja Schulze, também manteve “conversações em Abuja para ver a melhor forma de apoiar os esforços da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental]”, acrescenta. "A Alemanha apoia os esforços africanos para resolver uma crise no Níger", acrescentou.
Deutsche Welle | AFP | EFE | Lusa
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