Este texto é certamente violento e indignado. Mas é inteiramente compreensível que assim seja. Quando se recorda a monstruosidade dos massacres e das políticas de exterminação dos nazi-fascistas dos anos 40 do século passado, e se assiste hoje a ações semelhantes em Gaza e na Cisjordânia, ainda por cima levadas a cabo nos mesmos moldes, que outras palavras poderiam ser usadas? Como sublinha o título do texto, se o executante desta barbárie é o Estado sionista, quem permite, apoia e dá inteira cobertura reside em Washington.
Nos arredores de Kiev, há uma ravina chamada Babyn Yar. Durante a maior parte da sua existência, não passava de um buraco no chão. Tudo isso mudou a 29 de Setembro de 1941, quando colaboracionistas ucranianos que trabalhavam ao lado da Einsatzgruppe C nazi, sob o comando de Otto Rasch, levaram a cabo um dos mais selvagens massacres da guerra.
Os colaboracionistas ucranianos foram de porta em porta à procura dos seus anteriores vizinhos, que foram carregados em camiões, levados para Babyn Yar, despidos, obrigados a ajoelhar-se à beira da ravina e abatidos. Os seus corpos eram atirados para o fosso e o grupo seguinte era trazido para lá. Foram tantas as pessoas executadas que os prisioneiros posteriores foram obrigados a ajoelhar-se sobre os corpos meio mortos dos que vieram antes.
Trabalhando em pequenos grupos, os Einsatzkommandos operavam com uma eficiência quase mecânica. Por esta altura, eram assassinos experientes e já tinham “limpado” dezenas de cidades e vilas de “indesejáveis”. Desta forma, mais de 100.000 pessoas, incluindo judeus, ciganos, prisioneiros de guerra do Exército Vermelho, comunistas e qualquer outra pessoa que se enquadrasse num dos muitos grupos que os nazis consideravam “comedores inúteis”, foram assassinadas nas 48 horas seguintes.
Depois de exterminados, os soldados das SS vasculharam os pertences dos mortos, à procura de troféus e de objectos de valor para serem enviados aos capitalistas de Berlim que pretendiam lucrar com o Generalplan Ost. Tudo o que tinha valor devia ser impiedosamente explorado para construir o Grande Reich Alemão à custa do povo da União Soviética.
A situação era tão generalizada que o comandante de Treblinka, Franz Stangl, escreveu no seu diário que estava a “mergulhar até aos joelhos em dinheiro” e “a perder-se em notas, moeda, pedras preciosas, joias, roupas”. Apesar desta confissão, Stangl escapou à justiça pelos seus crimes, tendo sido contrabandeado para fora da Alemanha pelo Vaticano e pelo representante da CIA, Reinhard Gehlen, o futuro chefe dos serviços secretos da Alemanha Ocidental. Stangl morreu antes de poder ser julgado.
É importante recordar que, apesar da atenção dada a sítios como Babyn Yar, este não foi um incidente isolado. Pelo contrário, este tipo de operação foi a razão da existência de grupos como os Einsatzgruppen. Babyn Yar não foi mais do que a culminação de uma política intencional, exaustivamente planeada e documentada até ao último cêntimo e à última bala. O despovoamento e a exploração económica da União Soviética foram sempre o objectivo da invasão. Embora os campos de concentração e de extermínio operados pelos nazis sejam bem conhecidos, nunca foram o principal método de extermínio.
Por todo o lado onde os fascistas passaram, encontramos massacres semelhantes a este. O território da Polónia, da Ucrânia, da Bielorrússia e da Rússia está repleto de locais de atrocidades que só diferem em tamanho e escala dos de Babyn Yar. Foi através deste “Holocausto de balas” que os nazis e os seus colaboradores exterminaram a maioria dos judeus soviéticos.
Em Gaza, não há ravinas fora de Beit Lahia. As forças sionistas tiveram de cavar a sua própria ravina com maquinaria pesada. A IOF mantém uma força de centenas de bulldozers norte-americanos blindados que utilizam para destruir fisicamente os palestinianos e os seus colonatos em toda a terra ocupada. Já destruíram tantos palestinianos com estas máquinas que os seus condutores deixaram simplesmente de contar, considerando-os simplesmente como mais trabalho a fazer, um refrão assustadoramente semelhante ao dos seus antepassados na década de 1940.
Para dizer a verdade,
habituámo-nos a isso… eles eram carga. Acho que começou no dia em que vi pela
primeira vez o Totenlager [zona de extermínio]
Agora, com um Babyn Yar próprio, as forças sionistas precisavam de alguns prisioneiros para o preencher. A solução para este problema era simples. Tal como os seus antepassados na década de 1940, os fascistas foram de porta em porta prender todos os que se atreviam a opor-se ao seu regime, mesmo que o seu único crime fosse ter nascido palestiniano. A IOF começou por afirmar que as vítimas eram “terroristas” capturados perto de Khan Younis, tal como os seus antepassados ideológicos. Os nazis usaram o eufemismo Bandenbekämpfung, que significa “guerra de segurança” ou “operações anti-partizans”, para justificar a detenção e execução de milhões de pessoas na URSS.
Infelizmente, a IOF nem sequer precisa disso, graças ao total apoio dos EUA, da NATO e dos seus colaboradores nos meios de comunicação ocidentais.
No final do dia, os seus próprios
aliados na Turquia já tinham desmentido as declarações do IOF. Em pouco tempo,
a IOF deixou cair a charada, admitindo abertamente que estava a prender civis
em massa
O mais preocupante é que as forças sionistas prenderam o pessoal da Administração Mundial de Refugiados da ONU que estava a trabalhar a partir de uma escola na vizinha Jabala. A ONU confirmou a detenção dos seus funcionários há quatro dias e desconhece-se o seu paradeiro actual. Tendo em conta o que aconteceu a seguir, não é difícil ligar os pontos.
Tal como da primeira vez, os fascistas planearam e documentaram exaustivamente os seus crimes. Tal como da primeira vez, estão orgulhosos do que fizeram e gastam muito tempo e esforço a gabarem-se dos seus massacres em benefício de um público que anseia por mais sangue. Por conseguinte, é muito fácil verificar o que aconteceu utilizando as suas próprias fotografias e declarações.
A IOF ainda mantém alguns aspectos de controlo de danos. Os seus propagandistas afirmam que os “homens em idade militar” de Gaza estão a ser detidos para verificar se são membros do Hamas, uma coisa interessante de se fazer no meio de um fosso acabado de cavar, em vez de numa prisão ou centro de processamento. Muito provavelmente, os “controlos” são efectuados com o mesmo rigor que nos anos 40 do século passado. As vítimas foram declaradas culpadas pelo Estado fascista no momento em que nasceram e pagarão com a vida o acidente do seu nascimento.
Tal como antes, o extermínio
sistemático dos povos é feito por razões económicas. O sionismo, tal como o
Plano Geral Ost, tem um carácter explicitamente colonial. Os sionistas não
estão a exterminar o povo palestiniano para sua satisfação pessoal, ou mesmo
como vingança por quaisquer ataques, mas sim porque é extremamente lucrativo
fazê-lo. O despovoamento de Gaza abrirá novas terras para a colonização
sionista, uma política tão lucrativa que, de
Estais a ser convidados a ajudar a fazer história. Não vos pode assustar, nem vos ireis rir disso. Não está na vossa linha habitual; não envolve África, mas um pedaço da Ásia Menor, não ingleses, mas judeus. Mas se isto estivesse no vosso caminho, já o terieis feito vós mesmos. Então, como é que me dirijo a vós, uma vez que se trata de um assunto que não vos diz respeito? De facto, como? Porque é algo colonial e porque pressupõe a compreensão de um desenvolvimento que levará vinte ou trinta anos.-Theodor Herzl, fundador do sionismo, numa carta a Cecil Rhodes
Evidentemente, não é apenas a entidade sionista que beneficia da guerra sem fim e do extermínio do povo palestiniano. Os seus patronos no Ocidente também se têm saído bem como os bandidos que são. A Lockheed-Martin inverteu uma queda de um mês das suas acções poucos dias depois do início da Operação Al-Aqsa Flood, a 7 de Outubro. De facto, a maior parte das armas da entidade sionista vem da América. Nomeadamente, toda a sua força aérea é fabricada nos EUA. Cada bomba lançada sobre Gaza é uma bomba americana, lançada de um avião americano e apontada por um satélite americano.
Agora, quando a guerra colonial sionista entra na fase de extermínio total, não podemos esquecer quem é que puxa os cordelinhos. O cão raivoso da Casa Branca propôs um pacote de ajuda sem precedentes de 14 mil milhões à entidade sionista, para além do seu já ilimitado acesso aos stocks de armas americanas, para a ajudar numa campanha que é tanto criação sua como deles próprios.
Mais uma vez, podemos usar as suas próprias palavras para descobrir a verdade. Num famoso discurso proferido em 1986, o então senador Joe Biden disse-nos sem rodeios por que razão Gaza sangra e por que razão os meios de comunicação social se mantêm em silêncio perante os crimes de Israel.
Se olharmos para o Médio Oriente, penso que já é tempo de deixarmos de pedir desculpa pelo nosso apoio a Israel, como a maioria de nós faz, neste órgão. Não há desculpas a pedir! Nenhuma! É o melhor investimento de 3 biliões de dólares que fazemos. Se não existisse Israel, os Estados Unidos da América teriam de inventar um Israel para proteger os seus interesses na região. Os Estados Unidos teriam de se mexer e inventar um Israel!-Joseph Robinette Biden Jr.
Mesmo com o sangue de mais de 4 milhões de pessoas inocentes no Médio Oriente já drenado para os cofres dos seus pagadores, o cão raivoso da Casa Branca exige mais. Os apetites vorazes deste sistema capitalista, seja ele americano, israelita ou alemão nazi, só podem ser saciados com a morte. A entidade sionista não é mais do que o detonador da política externa norte-americana, um elaborado sistema de alquimia que transforma o sangue dos pobres e dos oprimidos em ouro para os traficantes de armas e os seus lacaios em Washington.
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