sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

A GUERRA QUE A RÚSSIA PERDEU... EM MARÇO DE 2022

Daniel Vaz de Carvalho*

1 – A guerra psicológica

Em março de 2022, os “comentadores” de serviço explicavam que a Rússia havia perdido a guerra – iniciada um mês antes, além disso tinha ficado sem munições, os soldados sem vontade de lutar, até de falta de alimentos os militares russos padeciam. Estas afirmações foram repetidas mês após mês.

Quem parasse um minuto para pensar, chegaria à conclusão que aparentemente a Rússia era indestrutível e as suas munições inesgotáveis, tal como a vontade de combater dos seus soldados. A semelhança entre os “comentadores” de serviço e papagaios falantes é mera coincidência. Podemos daqui excluir alguns analistas militares que de uma forma geral procuram interpretar o que se passa no terreno.

Na revista Visão, de 20/junho o sr. Luís Delgado (eminente administrador e dono da sociedade Trust in News, 12 revistas compradas por 10,2 milhões de euros em 2018) assegurava que com as novas armas americanas – “a vitória da Ucrânia é inquestionável, unidades russas correm o risco real de ficarem isoladas, cercadas e rendidas”. Tratava-se então dos HIMAR que mudariam o curso da guerra. Afinal a Rússia ainda não tinha sido derrotada… Deviam ter tomado atenção às palavras dos responsáveis russos: a resposta seria proporcional às iniciativas da NATO e os ataques ganhariam profundidade.

Porém havia outras “visões”: o Der Spiegel de 17/agosto, explicava porque uma grande ofensiva de Kiev no sul da Ucrânia dificilmente era possível. Uma guerra subversiva e ataques terroristas da Ucrânia são prováveis. Às Forças Armadas da Ucrânia "faltam experiência ofensiva e preparação para manobras maiores". A Ucrânia carece de unidades bem treinadas e de armas.

As contradições da cobertura jornalística da guerra da NATO contra a Rússia na Ucrânia, assemelham-se – tal como a estratégia militar no terreno – às práticas nazis na fase em que a derrota se evidenciava, mas mostram também o baixo nível que a NATO atingiu, celebrando triunfante o assassinato de uma jornalista, Daria Dugina, de 29 anos – sujeita a sanções – cujo delito foi ter opiniões favoráveis ao seu país.

As centrais de desinformação alimentam os noticiários com narrativas, cujo objetivo é condicionar a capacidade de discernimento e interpretação dos factos, criando uma ambiente virtual, em que os desejos são tomados como realidades. Em “Lutando contra a Psyopcracy" é afirmado:   “O constante reforço dessas mentiras entrincheira-se na mente pública e, com o tempo, passa a ser aceite como verdade inquestionável”. “É difícil de combater porque não é um inimigo físico, mas sim mensagens que se alojam na mente das pessoas”. “Propositadamente não são informadas de que a guerra realmente começou em 2014, depois do golpe apoiado pelos EUA, que levou os falantes de russo no Donbass a declararem independência, após o que o governo golpista os atacou militarmente. Outros fatos são removidos da história, como os tratados propostos pela Rússia aos EUA e à NATO em dezembro de 2021, que teriam impedido a intervenção da Rússia na guerra civil ucraniana”.

As reportagens sobre a Ucrânia têm sido uma mistura de ilusões e propaganda, organizada por agências de notícias e serviços secretos ocidentais, omitindo a verdade, a lógica e a realidade. Reportagens essencialmente destinadas a manter os povos ocidentais sob controlo nas dificuldades que enfrentam em resultado das decisões suicidas das suas elites políticas controladas pelos EUA.

No entanto, não é difícil distinguir entre a propaganda e a realidade. Basta comparar o que foi sendo dito ao longo do tempo, as contradições, as inconsistências. Claro que é necessário ter memória, sem memória não há associação de ideias nem, portanto, raciocínio consistente.

Angola | AMOR ETERNO AOS CAPATAZES -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O António Kiangala era um grande capataz. Serviu na tropa, foi desmobilizado no início dos anos 50 e regressou ao Bindo. Como tinha sido militar, conseguiu trabalho na grande roça Pumbassai. O seu desempenho foi tão bom que o dono da Muzekano chamou-o para a sua fazenda. Ele aceitou porque ficou mais perto do Bindo, a sua terra. Ali começou um verdadeiro calvário. O patrão queria que castigasse os contratados com chicotadas e palmatoadas. Mas ele não era capaz de tais violências sobre os seus patrícios. Perdeu o emprego.

De volta ao Bindo ficou a trabalhar na sua tonga, poucos pés de café, domínios diminutos, pouca terra para tanta vontade de triunfar na vida, ele que até foi soldado no Regimento de Infantaria de Luanda e já tinha visto o mar, uma lagoa imensa com água margosa e que faz compressão na barriga. 

O senhor Moka estava a precisar de um capataz e deu-lhe trabalho. Este fazendeiro negro era familiar do senhor Teta, que tinha um turismo Chevrolet rabo de peixe e usava relógio de ouro no pulso. Ambos eram das elites negras do Congo Português que sobreviveram aos confiscos de governadores, administradores e chefes de posto.

O António Kiangala foi abordado pelo administrador de Camabatela para ser cabo dos sipaios. Recusou porque não podia dar chicotadas e palmatoadas aos seus irmãos. De vingança pela nega, o administrador pressionou o senhor Moka para despedir o recusador. O fazendeiro teve que ceder. Foi nesta fase que ficámos amigos de férias. Quando ia ao Bindo no final do ano escolar tornava-me companhia inseparável de António Miangala. Nesta altura ele vivia da caça com armadilhas e depois vendia a carne fresca ou seca. Com ele aprendi que a melhor carne seca do mundo é a de impala, porque não tem gordura e por isso não sabe a sebo.

Nas suas andanças de caçador muitas vezes matava as mães e ficava com as crias. Foi assim que ganhei uma onça bebé, um gato bravo que mal abria os olhos e um kipite mansinho que alimentei ao biberão com leite em pó Nutrícia, porque era mais barato do que o Nido. Para guardarmos as crias, fizemos um cercado com troncos de pau-ferro. Às tantas a onça começou a ameaçar a restante população e fomos largá-la numa baixa onde se espraiava a grande lagoa das cobras. Perdi o António Kiangala e toda a minha família em 15 de Março de 1961. Nunca mais voltei ao Bindo. Tudo perdido, até a minha cadelinha Negrita. Ninguém tenha a mínima dúvida, eu sou vítima do imperialismo.

Portugal | "Políticos são mal pagos, depois vem a corrupção. Fatal como o destino"

ENTREVISTA

Helena Roseta, arquiteta, especialista nas políticas de habitação e antiga autarca e deputada é a convidada desta sexta-feira do Vozes ao Minuto.

Helena Roseta estava na faculdade quando as cheias de 1967 mataram centenas de pessoas nos bairros clandestinos de Lisboa. Já nessa altura queria resolver o problema da habitação em Portugal e foi essa tragédia que definiu o seu percurso e atuação política.

Especialista nas políticas de habitação, antiga autarca e deputada pelo PSD e pelo PS, responsável pela criação da Lei de Bases da Habitação e das políticas dos Bairros Saudáveis, diz, em entrevista ao Notícias ao Minuto, que considera a criação do ministério da Habitação algo "simbólico", mas que é preciso mais, nomeadamente um Grupo de Trabalho da Habitação no Parlamento. 

Falou também na corrupção, nos casos que têm chocado o país e de como o poder local precisa de mais escrutínio. 

Teve desde sempre uma grande sensibilidade no que toca ao tema da habitação e aos bairros pobres. Quando é que soube que se dedicaria profissionalmente à causa?

Essa história é um bocado caricata - mas há uma parte que não é nada caricata e é até dramática. Eu era estudante de arquitetura em 1967 e tinha 19 anos quando se dão as cheias catastróficas de Lisboa, a 25 de novembro. Nessas cheias morreram mais de 500 pessoas e a partir dos 200 a censura proibiu de dizer quantos mortos havia. Então os estudantes organizaram-se, brigadas das várias universidades. Os de medicina iam ajudar as pessoas, os outros iam limpar e ajudar a lavar... Os do Técnico organizavam tudo e faziam boletins que punham cá fora a realidade. Era a imprensa estudantil, nessa altura, não havia os sistemas que há hoje: eram policopiados em stencil. Os alunos davam à manivela para saírem os comunicados e chegou-se à conclusão de que terão morrido mais de 500 pessoas. 

Isso foi um choque monumental em que eu percebi que ter uma casa decente e segura é a diferença entre a vida e a morte. Eu já tinha decidido ir para arquitetura e essa situação confirmou-me que era isso que eu queria fazer. Em arquitetura tinha como professor o Nuno Portas - que é uma pessoa que me ajudou a ser como eu sou - uma pessoa muito empenhada nas questões da habitação. Muito culto e um grande mestre. E no primeiro ano, antes ainda das cheias, ele perguntava aos alunos por que é que tinham escolhido arquitetura. Cada um dizia as suas coisas. Um dizia que gostava muito de desenhar, outro dizia que gostava de ser como o pai. E eu disse uma coisa absolutamente tonta e presunçosa: 'Eu vim para arquitetura porque eu quero resolver o problema da habitação em Portugal'. 

Claro que nunca resolvi problema nenhum da habitação em Portugal, mas na verdade defini a minha agenda nessa idade. 

Portugal | Fenprof diz que ministro da Educação "parece que anda a dormir"

O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) disse que o ministro da Educação "parece que anda a dormir" e manifestou-se "otimista com a luta dos professores" em greve por melhores salários e condições de trabalho.

Antes de entrar para a terceira ronda negocial com responsáveis do Ministério, Mário Nogueira criticou as propostas apresentadas na quarta-feira pela tutela, mas saudou "a força dos professores e a determinação em lutar pelos direitos".

Quanto ao ministro, disse que "parece que anda a dormir há muito tempo e não sabe o que se anda a passar", referindo-se ao facto de não estarem previstas na proposta apresentada esta semana respostas às reivindicações que têm levado os professores a fazer greve e protestos.

"Para haver um acordo é preciso o senhor ministro acordar e ele ainda não parou de dormir", disse Mário Nogueira à porta do Ministério, enquanto do outro lado da rua várias centenas de professores gritavam palavras de ordem como "Ministro Escuta, Professores estão em Luta" e "Respeito".

"O senhor ministro ainda nem sequer descobriu que há pontos que nem sequer escreveu" na proposta negocial, como a recuperação integral do tempo de serviço congelado, o fim das vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões ou a alteração do diploma sobre a mobilidade por doença, disse o secretário-geral da Fenprof.

Os professores iniciaram em dezembro uma greve, tendo como principal reivindicação o fim da ideia de serem os diretores a escolher e contratar os professores para as escolas, mas também outras medidas que se traduzem em acabar com a precariedade, aumentos salariais e melhores condições de trabalho.

As greves foram retomadas no inicio do segundo período, estando neste momento a decorrer três diferentes greves organizadas por vários sindicados sem data de termino.

"Dia 1 de fevereiro vai ser dado um passo gigante dos professores", acrescentou Mário Nogueira antes de entrar, referindo-se à manifestação nacional que está agendada para Lisboa.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Global Imagens

TAP VENDIDA POR 900 MILHÕES. QUANTOS MILHARES DE MILHÕES NOS ROUBAM?

Bom dia Portugal neste Curto do Expresso em que vai estampar-se a seguir, mais em baixo. Em baixo também está a TAP, mas isso já sabemos há décadas. O que a salvava era a esperança… dos portugueses que acreditam na narrativa da Fátima Luminosa a encandear os pastorinhos, as ovelhas e o gado que disse que viu os holofotes vindos do céu. Ou mentiram ou a Fátima era um ET vinda numa nave originária de outro planeta… Os entendidos talvez saibam explicar tim-tim, com verdade.

A esperança é uma empata-podas com a intenção de crescer, crescer, crescer desmesuradamente. Certo é que quase sempre nos trama. Temos esperança que os governos saibam governar em prol do melhor para Portugal e seu povinho… Afinal não. Ficamos sempre na mó de baixo, de rastos, indigentes e sem abrigos ou muito perto disso. Na realidade muitos de nós ficam cheios de fome e nas poupanças de desgastes do intestino grosso. Quem não come, às tantas, não precisa de obrar. E começa a ficar vazio, oco, até que três badaladas e um balde de cal lhe cai nas trombas e o corroí juntamente com os bichinhos subterrâneos que já moravam naquele local do subsolo em que lhe cavaram a campa cristã. Ámen, diria o Toninho da ONU, humano superior numa quantidade enorme. Tanta que nem sabemos e nem conseguimos fazer as contas.

Pois. O Expresso Curto está aqui, já a seguir. Afinal já escrevemos demais. Só queríamos dizer que a TAP vai ser vendida por uma tuta e meia. Que uma vez mais fomos enganados com essa tal de Esperança que sabemos de fonte segura que é uma cabra que roubou e corneou o marido à força toda. A TAP vai ser vendida por 900 milhões, nem chega a uma milena de milhão. Milenas de milhões entregamos nós, os otários portugueses esperançosos, enganados e roubados, à caterva de energúmenos que dizem que governam o país e os destinos dos portugueses…

Resumindo: somos umas grandes bestas e as culpas são dessa tal Esperança Cabra e Traidora a Tempo Inteiro que nos impinge os doutores e engenheiros das políticas que nos esfolam. Pois.

Bom dia… Mas como podemos ter um bom dia perante tais tristes realidades?

Bom fim de semana. Ora, ora. Bom fim, porque com tantos vigarista e ladrões estamos mais para lá que para cá a esticar o pernil e a sermos entregues aos bichinhos das campas cristãs ou dos fornos crematórios propriedade dos diabos das politicas do rapa, tira e mata que é povinho.

O Curto. Já! Vão lá.

MM | PG

Guiné-Bissau | “AMILCAR CABRAL NUNCA ACEITOU O RÓTULO DE HERÓI”

João Carlos, Lisboa | Deutsche Welle

Passam 50 anos desde o assassinato de Amílcar Cabral, líder da luta armada de libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. "É uma figura incontornável", lembra um historiador ouvido pela DW.

Amílcar Lopes Cabral foi morto a tiro, em Conacri, na noite de 20 de janeiro de 1973, poucos meses antes da proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau. Volvidos 50 anos, o então líder do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) continua a ser evocado em vários quadrantes como figura carismática, herói e mártir, mas também como um teórico de um pensamento político bastante complexo, que defendeu a educação como um importante fator de desenvolvimento. 

O historiador guineense Julião Soares Sousa diz que Amílcar Cabral tem sido uma figura transversal do século XX, que deixou ensinamentos valiosos não só no contexto da luta contra a ditadura e o fascismo. "Há publicações a saírem quase diariamente sobre essa figura incontornável do nacionalismo guineense e cabo-verdiano, mas também africano e mundial."

Amílcar Cabral "foi um homem real, que nunca aceitou o rótulo de herói, lembrou o historiador durante num colóquio em Lisboa. A tese de doutoramento de Julião Soares Sousa versou sobre a vida e morte de Amílcar Cabral. "Ele tinha uma aversão muito grande ao culto de personalidade", referiu na sua comunicação. "E era implacável contra aqueles que tinham medo de perder o poder". 

Assassinato por esclarecer

O jornalista português José Pedro Castanheira, que investigou e escreveu o livro "Quem Mandou Matar Amílcar Cabral?", questiona: "Meio século depois, ainda fará sentido manter esse ponto de interrogação?"

Castanheira elencou quatro hipóteses plausíveis na sua reportagem de 1993, mas, em declarações à DW, adianta existirem hoje novos dados resultantes de vários trabalhos de investigação que procuram esclarecer o mistério e "permitem ter, eventualmente, uma luz mais clara sobre os principais responsáveis pelo assassinato de Amílcar Cabral".

"Limitei-me a fazer o meu trabalho de investigação jornalística, mas outros, sobretudo na Guiné-Bissau, poderão eventualmente chegar mais longe e porventura tirar conclusões."

Angola | PIOR AFINAL AINDA É POSSÍVEL – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Angola tem um grande povo que ao longo de séculos lutou pela liberdade e nesse percurso aprendeu a fazer das fraquezas forças, das derrotas o ponto de partida para novas vitórias, do sofrimento a procura permanente da felicidade, das injustiças a disposição para novos combates pela dignidade.

Este povo escreveu a sua História com sangue e sacrifícios sem nome. Ao longo dos anos tem conseguido tudo o que se propõe conquistar. Para este percurso não ser interrompido, as novas gerações têm de ir mais além do que foram as anteriores gerações de mártires, heróis anónimos e grandes dirigentes. Nos nossos dias temos de ser protagonistas das mais saborosas vitórias e conquistas. 

Os angolanos deram exemplos ao mundo de coragem e abnegação. Derrotaram o colonialismo. Destroçaram o “apartheid”. Ajudaram a subir bem alto as bandeiras do Zimbabwe, da Namíbia e da África do Sul. Sabem o que são povos irmãos e conhecem como ninguém os valores da solidariedade e da fraternidade. 

 Os angolanos têm mostrado que apesar das insuficiências naturais de quem foi colonizado durante cinco séculos, jamais aceitaram a submissão. Grandes potências mundiais coligaram-se para nos submeter. Confiaram demasiado nas suas máquinas de guerra, nas suas armas sofisticadas, na sabotagem económica, na subversão interna, pagando a peso de ouro traições que eram apresentadas sob a bandeira da democracia. Até 2017 falharam estrondosamente. Porquê?

Os angolanos descobriram que contra milhões ninguém combate e se combate, perde.

Este povo grandioso e com uma História exemplar, que demonstrou ao longo dos séculos um amor acrisolado à liberdade e independência está entre os primeiros na galeria dos construtores da democracia. 

Por isso não merece que no seu seio cresçam seres híbridos, inqualificáveis, aos quais não assenta um só adjectivo, mesmo negativo. Falo dos que hipotecam os angolanos à causa da traição e da insídia. Dos que foram capazes de vender a terra que os viu nascer, os ventres que lhes deram o ser, os seios que os amamentaram. 

Angola | UNITA nega que a oposição angolana só quer saber de benesses


 Manuel Luamba | Deutsche Welle

Na última sessão do Parlamento angolano, o MPLA, no poder, acusou os deputados da oposição de apenas aprovarem orçamentos para receber casas e carros. Em reação, a UNITA diz que tudo não passa de uma grande mentira.

Continuam a gerar polémica os pronunciamentos do deputado Agostinho Van-Dúnem, do grupo parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que acusou a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) de estar apenas preocupada com as suas benesses.  

Esta semana, o maior partido da oposição votou contra o Orçamento Geral do Estado, na votação na generalidade. E, segundo Agostinho Van-Dúnem, a UNITA só aprova um tipo de orçamento.

"O único orçamento que vocês aprovam - é bom que se diga isso ao povo angolano – o único orçamento que a oposição aprova é o orçamento interno da Assembleia Nacional. E sabem porquê? É o orçamento que paga salários é o orçamento que dá carro, é o orçamento que dá casa. Este é o único orçamento. É o único orçamento", declarou.

O orçamento da Assembleia Nacional também integra o Orçamento Geral do Estado. Tanto para 2022 como para 2023 foram projetadas despesas correntes da Assembleia na ordem dos 39 mil milhões de kwanzas, o equivalente a mais de 71 milhões de euros.

Para este ano estão ainda previstas despesas para "investimentos": mais 11 mil milhões de kwanzas (cerca de 20 milhões de euros).

Moçambique | SURTO DE CÓLERA ALASTRA-SE A TETE

Jovenaldo Ngovene (Tete) | Deutsche Welle

A população na província moçambicana de Tete, centro de Moçambique, teme o alastramento rápido da doença depois do anúncio de 11 casos da doença na região.

Até ao momento, as autoridades de saúde na província registaram os casos de cólera apenas na cidade de Tete. O quadro clínico dos 11 pacientes é considerado razoável e não houve casos de morte devido à doença. Aguardam-se ainda os resultados de várias amostras de casos suspeitos.

O medo da população é que o vibrião colérico circule rapidamente aumentando os casos e consequentemente colocando a província ou até mesmo o país em situação similar à que se vive, por exemplo, no vizinho Malawi.

"Receio não falta, sempre temos medo", disse um residente de Tete em declarações à DW África.

"Se calhar, é melhor começar a trabalhar agora que os casos são poucos, para evitar que o número se alastre e a coisa chegue a escalar níveis de pandemia, o que nós não queremos. Se calhar, é preciso isolar e fazer um rastreamento para perceber exatamente qual é a zona afetada e ir atrás de mais casos", sugeriu outro habitante.

“Macau tem falta profissionais de enfermagem, mas a equipa de médicos é suficiente”

ENTREVISTA a Chan Iek Lap

O presidente da Federação de Médico e Saúde de Macau, Chan Iek Lap, admitiu que houve dificuldades na mobilização de profissionais médicos nos postos comunitários de consulta externa durante o mês passado devido à elevada procura de serviços, bem como à infecção do pessoal. Em entrevista ao PONTO FINAL, o médico e deputado enfatiza que as autoridades e o sector médico estavam a preparar-se bem para um surto após a reabertura da cidade, apesar do facto de a velocidade de contágio da Covid-19 ter sido bastante rápida e as mortes são difíceis de evitar neste contexto.

Catarina Chan | Ponto Final | Imagem: Gonçalo Lobo Pinheiro

Macau fechou a fronteira ao exterior há três anos e decidiu finalmente uma reabertura quando a China abandonou a sua política de zero caso. Em entrevista ao PONTO FINAL, o médico Chan Iek Lap fez um balanço positivo aos trabalhos antiepidémicos do Governo de Macau, que “fez o seu melhor” ao longo desse período, apontando, entretanto, que houve um grande desafio na organização dos postos de consulta externa comunitários devido à infecção do pessoal médico. O médico e presidente da Federação de Médico e Saúde de Macau entende que o surgimento de casos de doenças graves e mortes é “inevitável” com a abordagem pandémica actual, e não é a questão de recursos médicos que pode aliviar a situação. Chan Iek Lap sublinhou ainda que existe carência de profissionais de enfermagem em Macau e considera que o sector médico deve diversificar-se na área pública e privada. O deputado da Assembleia Legislativa, eleito por sufrágio indirecto, assinalou também que está confiante com o desenvolvimento com qualidade do Hospital das Ilhas.

Que comentário faz aos trabalhos antiepidémicos dos últimos três anos?

Antes de mais, temos de compreender que a política antiepidémica de Macau está sempre a seguir a do interior da China. A economia faz parte da questão principal, temos mais de 100 mil trabalhadores não-residentes, além das Filipinas, do Vietname, da Indonésia, e há mais de 50 mil trabalhadores não-residentes da China que estão a sustentar o funcionamento comercial em Macau. Portanto Macau tem de seguir o Governo Central, o que impossibilitou a abertura ao exterior. O fecho da fronteira com o Continente pode trazer vários problemas às nossas pequenas e médias empresas locais no seu funcionamento normal. Neste aspecto, é necessário manter a circulação entre as partes para assegurar os serviços sociais no território. E em Dezembro, a política da China mudou, Macau seguiu e abriu. A maior questão é a capacidade do sistema médico de Macau para lidar com a situação subsequente da abertura. Tenho de recordar que há cerca de um ano tive a oportunidade de falar com a secretária e os Serviços de Saúde, o Governo tem procurado aumentar a taxa de vacinação dos idosos e crianças. Os jovens e aqueles de meia idade são os mais vacinados. Mas para os idosos, não podemos forçá-los a tomar a vacina. Em Hong Kong, o Governo deu dinheiro para se vacinar, mas acho que não é uma forma adequada. O Governo e o sector médico têm andado a preparar-se para o surto e todas as situações possíveis, estamos a trabalhar muito. Ao longo dos três anos adoptámos a mesma política que a China. E estávamos sempre a preparar para uma eventual abertura, em termos das vacinas e medicamentos. As autoridades fizeram bem a distribuição dos kits antiepidémicos, sabemos que o volume de trabalho é muito e o Governo estava a fazer o seu melhor.

Finalmente! Eis o Diligente, o 1.º órgão de comunicação social timorense em português

Timor-Leste tem a partir desta sexta-feira a funcionar um novo órgão de comunicação social timorense online, o Diligente, o primeiro do país com produção exclusiva em português, uma das duas línguas oficiais do país.

"O Diligente quer ser ponte entre a sociedade e a informação, para formar cidadãos mais conscientes do que se passa ao seu redor. Informação livre e rigorosa, para ajudar na construção de uma consciência mais critica", explicou Eduardo Soares, diretor da publicação.

"Acreditamos que poderemos apoiar a transformação da realidade com comunicação construtiva, livre, contribuindo para uma democracia que respeite o direito de todos, as culturas, as religiões, a diversidade étnica, orientação sexual, com vista ao bem comum e à redução das desigualdades", vincou.

Apostando na "informação livre e rigorosa" e em jornalismo de investigação e reportagem, o Diligente (www.diligenteonline.com) pretende, segundo Eduardo Soares, "dar voz a quem não tem voz" e acompanhar os problemas mais prementes do país.

"Estamos conscientes de que a realidade social depois de 20 anos da restauração da independência ainda está muito aquém do que seria expectável. Timor-Leste ainda não conseguiu assegurar água, luz e esgotos a toda a população, há dificuldade no acesso a saúde e educação e a democracia privilegia alguns grupos em detrimento de outros", disse o jornalista na apresentação da nova publicação online.

"A educação sexual é tabu, as mulheres não são tratadas da mesma forma que os homens e a violação dos direitos humanos em nome de uma suposta cultura é o pão nosso de cada dia", vincou.

Eduardo Soares disse que apesar de Timor-Leste estar em primeiro lugar no ranking de liberdade de imprensa na região -- e em 17º a nível global -- a atividade jornalística em Timor-Leste "ainda enfrenta muitos problemas, incluindo a burocracia para obtenção de dados, autocensura e a desvalorização de trabalhos jornalísticos".

O projeto reúne sete jovens jornalistas timorenses que completaram a sua formação no Consultório de Jornalistas, um projeto apoiado pelo Instituto Camões de fortalecimento das capacidades em língua portuguesa no setor dos media.

No arranque da publicação, o Diligente inclui reportagens sobre os entraves à liberdade de imprensa no país e sobre abusos sexuais de crianças, entre outras.

O panorama dos media em Timor-Leste tem vindo a mudar nos últimos anos, com novos projetos e um crescente foco no espaço digital e nas redes sociais.

Destacam-se, entre outros, projetos como o portal informativo Hatutan, cuja cobertura tem vindo a conseguir um destaque cada vez maior apesar do reduzido número de jornalistas, e o projeto SMNews que usa diretos para o Facebook como principal forma de cobertura.

As mudanças afetam tanto o setor público como o privado, com a agência oficial timorense, a Tatoli, a expandir continuamente a cobertura em quatro línguas -- português, tétum, inglês e indonésio -- e a Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL) a avançar na sua digitalização.

Do lado do privado e na televisão destacam-se projetos com o da GMN, a principal televisão privada, e da TVE que se tornaram espaços crescentes de debate sobre os temas mais importantes do país.

Notícias ao Minuto | Lusa

LER O DILIGENTE em português

PR timorense critica "impunidade" da ação de alguns responsáveis da segurança

O Presidente de Timor-Leste chama à atenção aos responsáveis de instituições de segurança. José Ramos-Horta afirma que "atropelam todos os princípios e valores que norteiam sociedades democráticas".

O Presidente da República timorense, José Ramos-Horta, considerou esta quarta-feira que alguns responsáveis de instituições de segurança em Timor-Leste atuam sem respeitar as leis e valores democráticos e com “total impunidade”.

“Alguns senhores reclamam para si poderes que não têm, e atropelam todos os princípios e valores que norteiam sociedades democráticas. Já chamei a atenção dos responsáveis dessas instituições, mas continuam a agir com total impunidade”, disse José Ramos-Horta, numa mensagem enviada à Lusa.

“Sobre estas instituições não tenho nenhum poder. Se o tivesse eu sei o que faria”, acrescentou na mensagem, enviada a partir de Davos, na Suíça, onde se encontra para participar na edição deste ano do Fórum Económico Mundial.

Ramos-Horta reagia a um caso que envolveu esta semana um dos seus atuais assessores, o ex-ministro do Interior e ex-procurador-geral da República Longuinhos Monteiro, arguido por posse ilegal de armas.

Os comentários surgem depois de o Tribunal Distrital de Díli (TDD) ter determinado a libertação imediata de Monteiro, detido desde segunda-feira, 16 de janeiro, por considerar que se tratava de uma detenção ilegal, tal como a operação de busca a uma propriedade deste fora da capital.

“Determino a imediata restituição do arguido Longuinhos Monteiro à liberdade por se tratar de uma detenção ilegal”, refere-se no despacho, a que a Lusa teve acesso.

Horas depois de esse despacho ter sido notificado à defesa, e de Longuinhos Monteiro ter sido libertado, agentes da Polícia Científica de Investigação Criminal (PCIC) iniciaram uma busca, esta com mandado judicial, ao domicílio em Díli do ex-ministro timorense.

Fonte da defesa de Monteiro confirmou à Lusa que agentes da PCIC iniciaram as buscas cerca das 18h00 locais.

No local compareceram, além dos elementos da PCIC, agentes do Serviço Nacional de Inteligência (SNI) e das Forças Defesa de Timor-Leste (FDTL).

A polémica remonta a segunda-feira e a operação, de contornos ainda não totalmente esclarecidos, foi realizada sem mandado judicial e por elementos do SNI, que não têm competências para realizar buscas, a uma propriedade de Monteiro leste da capital.

Durante a rusga foram encontradas três armas de ar comprimido, duas das quais sem funcionar, um arco de flechas partido, uma pistola antiga — que o arguido terá confirmado serem suas —, e munições de vários tipos de armas que pertenciam aos membros da PNTL que lhe fizeram escolta, nas suas anteriores funções.

Informado da busca, Longuinhos Monteiro apresentou-se voluntariamente na Polícia Científica de Investigação Criminal (PCIC) para conhecer dados da operação e prestar declarações, tendo sido formalmente detido na segunda-feira.

No despacho, o juiz de Díli questiona igualmente o auto de “detenção em flagrante delito”, notando que “não se vislumbra, porém, quais os factos imputados ao arguido agora detido e as razões da sua detenção, uma vez que a autoridade policial se limitou a dizer que o arguido compareceu voluntariamente” nas instalações da PCIC.

“Dos autos não consta nenhum mandado judicial, elaborado pelo juiz, a autorizar a referida busca domiciliária, e nem auto de buscas foi elaborado nesse sentido, constando apenas um auto de apreensão dos objetos”, refere-se ainda no despacho.

“Assim sendo, dado que nas buscas efetuadas à residência do arguido não foram observadas as formalidades previstas [no código do processo penal], declaro a nulidade das mesmas, razão pela qual invalido as apreensões efetuadas”, continua.

O juiz confirma ainda no despacho que a operação de busca foi feita “por agentes do Serviço Nacional de Inteligência (SNI)” — estrutura que não tem competência legal para fazer buscas — que apreenderam as armas comunicando depois esse facto à PCIC.

Não é a primeira vez que Ramos-Horta critica a ação das forças de segurança e o setor da justiça, tendo referido várias situações de injustiça, considerando que os jornalistas estão a ser ‘alistados’ pelos agentes da justiça e da polícia para “colorir a perceção pública” sobre pessoas que ainda não foram condenadas.

Ramos-Horta disse que repetidamente se abusa ou não se utilizam as leis criadas para garantir a liberdade e o respeito pelos direitos humanos, com “leis aplicadas sem pensamento ou discrição, de uma forma que pode por si só resultar em injustiça”.

Observador / Lusa | Imagem: António Dasiparu / EPA

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DETIDO EX-MINISTRO TIMORENSE POR POSSE DE ARMAS PROIBIDAS

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Uma propriedade do ex-ministro do Interior e ex-procurador-geral da República foi alvo de rusgas na segunda-feira, tendo sido apreendidas três armas de ar comprimido e algumas munições.

O ex-ministro timorense Longuinhos Monteiro foi detido pela Polícia Científica de Investigação Criminal (PCIC) em Díli por posse de arma proibida e está a aguardar a definição das medidas de coação, disse esta terça-feira fonte judicial.

Uma propriedade do ex-ministro do Interior e ex-procurador-geral da República foi alvo de rusgas na segunda-feira, tendo sido apreendidas três armas de ar comprimido e algumas munições.

O ex-governante foi esta terça-feira sujeito a primeiro interrogatório da PCIC e ficará detido até que o Tribunal Distrital de Díli se pronuncie sobre as medidas de coação, que devem ser definidas até 72 horas após a detenção, segundo a legislação timorense.

Na segunda-feira, Longuinhos Monteiro disse à Lusa ter sido informado de que a sua propriedade na região de Loess, a oeste de Díli, fora alvo de uma rusga efetuada por membros do SNI.

“Fui informado de que alguns membros da SNI apareceram na minha quinta em Loess e, sem mandado, efetuaram uma busca. Encontraram três pressões de ar, uma avariada e algumas munições”, disse Monteiro à Lusa.

“Não estava lá e, por isso, vim aqui à Polícia Científica de Investigação Criminal (PCIC) prestar declarações e perceber o que se passa”, explicou.

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