quarta-feira, 12 de abril de 2023

SEMPRE PRONTOS, APESAR DE TANTOS ATAQUES E TANTAS GUERRAS


Paolo Lombardi | Cartoon Movement

ATAQUE INFORMÁTICO SUSPENDEU TEMPORÁRIAMENTE A PUBLICAÇÃO DO PG


Devido a ataque informático ao Página Global estivemos impossibilitados de publicar por cerca de 10 horas acrescentadas por consequentes horas extra para a resolução das anomalias e obtenção do nível de normalidade de funcionamento que nos permite cumprir com as capacidades para existirmos e partilharmos convosco alguns dos textos e outras publicações de interesse que são razão de nos visitarem e de existirmos.
 
Se a normalidade do serviço informático se mantiver regressaremos a partir de amanhã (13) a essa mesmo normalidade. Estaremos juntos e agradecendo as vossas presenças.

Os nossos agradecimentos pelas vossa elevada persistência em estarem connosco e tantas vezes deixarem que recebamos e compreendamos os vossos 'feedback'.

Cumprimentos dos da Redação do Página Global.

Bem Hajam.

AUTOMAÇÃO: ASSIM UM SETOR DA ESQUERDA SE ILUDE

Aconteceu nos Estados Unidos da América: como alguns sindicatos e intelectuais acreditaram que o avanço técnico eliminaria o trabalho penoso. E como os próprios operários perceberam que se tornavam cada vez mais explorados e submetidos

Jason Resnikoff, em tradução do IHU, em Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil

No mês passado, o executivo-chefe da IBM alertou que a inteligência artificial automatizará o trabalho de colarinho branco, apesar do fato de o Bureau of Labor Statistics (Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos) relatar que há poucas evidências para apoiar a alegação de que a tecnologia está acelerando a perda de empregos.

produtividade do trabalho, que deveria disparar se as máquinas realmente estivessem substituindo rapidamente os trabalhadores, tem sido exemplar para um crescimento abaixo da média. Essa incompatibilidade entre o exagero da automação e sua realidade tem uma história.

Na realidade, a automação sempre foi mais ideologia do que tecnologia. Cunhada na década de 1940, a ideia de automação foi articulada pela primeira vez pelos gerentes. Seu objetivo era fornecer cobertura retórica para a quebra de sindicatos, retratando o trabalho humano como tecnologicamente obsoleto, mesmo quando os trabalhadores continuavam a trabalhar em condições degradantes.

Em um passado não muito distante, alguns setores da esquerda americana pediram uma sociedade automatizada e sem trabalho, enquanto outros alertaram sobre a destruição iminente dos postos de trabalho e o risco de sua substituição por máquinas.

O que une os otimistas e distópicos perante a tecnologia no tema automação é que ambos analisam o local de trabalho sob uma perspectiva de gestão. Do escritório fechado na avenida, eles comparam os aumentos de produtividade possibilitados pela tecnologia com a mesma tecnologia que economiza a mão de obra, apesar de esses artefatos terem intensificado o ritmo e decaído, muitas vezes, a qualidade do trabalho em si.

No entanto, se a história do discurso da automação é uma indicação do futuro, a esquerda — sobretudo a americana — não se beneficiou ao abraçar acriticamente os conceitos da automação para compreender o investimento e as decisões gerenciais dos capitalistas. Uma visão clara da história do termo automação revela que, por trás de suas justificativas retóricas, a automação é simplesmente outra forma de explicar o controle que os capitalistas têm sobre as condições e remuneração dos trabalhadores.

Portugal | O CALDEIRÃO


Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | UM GOVERNO COM PRAZO DE VALIDADE?

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

1. Não parece, mas passou pouco mais de um ano desde as eleições que deram a maioria absoluta (apenas a quarta em 50 anos de democracia) a António Costa e ao PS. E não parece porque não há histórico de um Governo tão rápido a desagregar-se (seria preciso recuar aos anos 70).

Recordando apenas cinco episódios: o ministro Pedro Nuno Santos desautorizado e humilhado publicamente por causa do novo aeroporto de Lisboa; a ministra Marta Temido que passou de bestial a besta por causa de mais uma crise nas Urgências; um secretário de Estado Ajunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, com um cadastro político que não o recomendava para coisa nenhuma; o ministro Fernando Medina, que parece ter recebido a pasta das Finanças como "prémio" de consolação por ter perdido a Câmara de Lisboa, que não sabe nada (nem procura saber) sobre questões fundamentais da gestão política e pública; e de novo Pedro Nuno Santos, que se demitiu ainda antes de termos percebido que mentiu com todos os dentes que tem.

2. O que está a acontecer a Costa e a este Governo (não confundir com os dois anteriores) tem sido comparado ao caótico período de Pedro Santana Lopes. Não há dúvida que há várias semelhanças: a valorização desmedida da máquina de comunicação e propaganda; ministros incompetentes que originam múltiplos escândalos; governos em permanente estado de entropia e tolerados a contragosto pela Presidência da República. Sendo assim, porque não demitir o Governo, dissolver a Parlamento e convocar eleições? Porque, como explicou Marcelo Rebelo de Sousa, há diferenças fundamentais: Costa foi eleito com maioria absoluta (Santana herdou uma coligação formada por Durão Barroso); o país está a sair de uma pandemia, envolvido numa guerra e a sofrer uma crise profunda; há milhares de milhões de euros para gastar em pouco tempo; não se vislumbra alternativa política, apenas uma alternativa aritmética (o PSD ficaria dependente do Chega para governar). São argumentos sensatos. Mas, como também deixou claro o presidente, têm prazo de validade.

*Diretor-adjunto

Portugal | Denúncias de negligências no Hospital de Faro põem médica "na prateleira"

"Perda de confiança" afasta médica que denunciou negligências no Hospital de Faro

Diana de Carvalho Pereira, a médica interna que apresentou uma queixa na Polícia Judiciária sobre 11 casos de "erro/negligência" no serviço de cirurgia do hospital de Faro entre janeiro e março, está afastada de funções, depois de ter sido rejeitada pelo orientador e todos os chefes do serviço. A clínica pediu a suspensão do internato.

Numa carta enviada ao diretor clínico do Hospital de Faro, o diretor do serviço de cirurgia, Martins dos Santos, argumenta que houve uma perda de confiança geral na médica Diana Pereira que provoca, por consequência, a incapacidade de cumprir o seu trabalho.

"Um conjunto de atitudes desviantes e recorrentes, desenquadradas da prática clínica, desrespeitadoras da cadeia hierárquica e conflituosas para com os profissionais do serviço e do bloco operatório" levou a que a clínica "tivesse perdido a confiança da equipa a que pertence, do seu orientador de formação, que pediu escusa dessa função, e de todos os chefes do serviço", pode ler-se na missiva.

Ninguém quer orientar a formação

A médica em causa está em formação e necessita de supervisão de especialista, mas não há "disponibilidade dos cirurgiões do serviço para esse fim, nem para a função de orientador de formação", assinala Martins dos Santos, que, em declarações ao jornal "Público", já tinha dito que a médica interna não exerceria mais no serviço que chefia por nenhum dos cirurgiões a querer tutelar.

"Está, assim, posto em causa o respetivo desempenho de funções clínicas na área da especialidade, neste serviço", adianta a responsável, que solicita ao diretor clínico "uma avaliação urgente da situação", de forma a evitar "eventuais danos para os doentes, o serviço e a instituição", propondo formalmente a abertura de um processo de inquérito que averigue "as situações descritas e a eventual suspensão da atividade clínica".

Por estar sem orientador, Diana Pereira pediu, na sexta-feira, a suspensão do internato, disse hoje a médica ao JN. "A suspensão vigora até me nomearam novo orientador ou haver transferência", adiantou.

Na sequência de uma queixa efetuada na Polícia Judiciária pela médica interna Diana Pereira, relatada no Twitter, sobre "11 casos ocorridos entre janeiro e março" no hospital de Faro de "erro/negligência" no serviço de cirurgia, o Ministério Público instaurou um inquérito.

"Confirma-se a instauração de inquérito relacionado com a matéria em referência. O mesmo corre termos no DIAP de Faro", anunciou na segunda-feira a Procuradoria-Geral da República.

Rita Salcedas, Marisa Rodrigues | Jornal de Notícias

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Portugal | O CERCO À TAP

A reunião da CEO da TAP "com um ou mais deputados do PS" na véspera da ida de Christine Ourmières-Widener a uma audição parlamentar é o tema da crónica de Daniel Oliveira no seu espaço habitual de Opinião na TSF. "Mesmo que seja menos original do que se pensa, é perversa", considera.

Daniel Oliveira* | TSF | opinião

"A resposta do secretário de Estado a um estranho e-mail da CEO para saber o que fazer com o voo do Presidente da República é inaceitável. A participação do mesmo secretário de Estado na resposta da empresa a um pedido de esclarecimento do seu próprio Ministério sobre a indemnização a Alexandra Reis é inconcebível", defende o jornalista.

Para Daniel Oliveira, estes episódios têm a mesma origem: "Qualquer decisão da gestão na TAP foi transformada num caso político. Os que agora lamentam a promiscuidade entre política e gestão exigiram-na. Quem não se recorda da absurda polémica sobre a frota de carros da empresa e a exigência de esclarecimentos ao Governo. A culpa do Ministério foi não só ter cedido a esta tentação, como ter levado ainda mais longe a confusão de planos. A tragédia da TAP é ter-se transformado numa questão partidária para quem a privatizou e para quem, dentro do PS, está concentrado na sucessão de Costa, que vai fazendo condenações seletivas a pensar nos seus sucessores. Foi por isto que Medina decidiu despedir a CEO que conseguiu bons resultados na TAP. Queria livrar-se do rosto que sobrava de um processo difícil. Um despedimento que, ironicamente, pode vir a determinar o seu futuro político."

De acordo com o comentador, a TAP "foi totalmente renacionalizada, porque, com desastrosa gestão privada e as circunstâncias económicas, a alternativa era a falência".

O cronista explica que a gestão pública "não só salvou a TAP, como conseguiu fazê-lo antes do previsto e com números melhores do que muitas companhias em iguais circunstâncias e com o mesmo tipo de apoios".

"Podemos contestar os meios - e eu contesto-os -, mas a gestão da TAP fez o que lhe foi pedido com pleno sucesso. Foram as ambições políticas do protegido de Costa e não o interesse da companhia que determinaram a saída da CEO", atira Daniel Oliveira, sublinhando que "é aceitável debater a nacionalização da TAP".

"Há quem ache que podemos dispensar uma companhia de bandeira e um hub, apesar de dependermos do turismo. É coerente com tudo o que se fez nas últimas décadas", refere, dando vários exemplos: "Porque não podia ser do Estado, a PT deixou de ser a empresa que mais investia em investigação e tecnologia em Portugal, a Cimpor quase desapareceu, os CTT passaram de marca prestigiada que dava dividendos ao Estado para exemplo de incompetência, a ANA cobra mais por taxas aos operadores e a EDP e a REN estão nas mãos do regime chinês."

"Condenando o país a servir à mesa e a arrendar as suas casas a turistas, resta a denúncia dos escândalos aos defensores ideológicos deste rumo sem qualquer projeto económico, agora que já se vendeu tudo o que havia para vender", sustenta o jornalista.

A BORDO DA TAP, EM PLENA ZONA DE TURBULÊNCIA

Joana Pereira Bastos, jornalista | Expresso (curto)

Bom dia,

Antes do mais um convite: Junte-se à Conversa com a equipa do Expresso, desta vez com o tema "Trump continua a agitar a política americana. Até quando?". É já hoje, às 14h00. Inscreva-se aqui. E sexta-feira, às 12h00, irá realizar-se mais um “Visitas à Redação”, em exclusivo para assinantes. Inscreva-se através do email producaoclubeexpresso@expresso.impresa.pt e venha conhecer o seu jornal.

No mais recente episódio da já longa novela da TAP, o ainda presidente do Conselho de Administração quebrou o silêncio e “partiu a louça”, sem poupar ninguém. Perante a comissão parlamentar de inquérito, Manuel Beja considerou que a tutela política da transportadora “perdeu o norte”, acusou o Governo de ingerência e frisou que a saída de Alexandra Reis e a sua própria exoneração foram “injustificadas” e ditadas por “fatores de conveniência político-partidária”.

Determinado a “defender a honra”, o chairman da companhia, que se mantém em funções apesar de ter sido exonerado no mês passado, descreveu múltiplos problemas de governação da TAP e contou como o Executivo ignorou durante meses os seus pedidos de reunião e alertas de falta de transparência.

A CEO da transportadora também não escapou ilesa da audição de Manuel Beja, que acusou Christine Ourmières-Widener de uma “liderança pouco servidora” e de falta de razoabilidade, por permitir que o marido usasse o carro e o motorista da companhia para fins pessoais.

As polémicas em torno da gestão da TAP sucedem-se a uma velocidade de cruzeiro. E muitas das consequências ainda estão para vir. Ontem mesmo ficou a saber-se que a CMVM abriu um processo à companhia aérea por omissão de informação na saída de Alexandra Reis, que poderá resultar numa multa de milhões de euros.

Já as consequências políticas são, por agora, imprevisíveis. António Costa tem tentado manter-se à margem, remetendo qualquer decisão para depois de terminar a comissão de inquérito, mas o dossier é cada vez mais tóxico para o Governo. Já levou à saída de Pedro Nuno Santos, ameaça Fernando Medina e o cerco aperta-se para João Galamba. O ministro das Infraestruturas, que despediu Manuel Beja por telefone, é o mais recente alvo da oposição. O PSD quer ouvi-lo com caráter de urgência sobre a “reunião secreta” que ocorreu entre membros do Governo, um deputado do PS e a CEO da TAP na véspera da primeira audição da gestora no Parlamento.

O melhor é mesmo apertar o cinto. A turbulência não vai abrandar.

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