quarta-feira, 17 de maio de 2023

QUE PAPEL SEU PAÍS DESEMPENHARÁ NA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL?



Larry Romanoff, 27 de maio de 2021 | em Moon of Shanghai

As verdadeiras origens das duas Guerras Mundiais foram excluídas de todos os nossos livros de história e substituídas pela mitologia. Nenhuma das guerras foi iniciada (ou desejada) pela Alemanha, mas ambas por instigação de um grupo de judeus sionistas europeus com a intenção declarada de destruição total da Alemanha. A documentação é esmagadora e as evidências inegáveis (ver notas).

Essa história está sendo repetida hoje em uma preparação em massa de pessoas do mundo ocidental (especialmente americanos) em preparação para a Terceira Guerra Mundial – que acredito ser agora iminente. É evidente que as Nuvens de Guerra estão se reunindo. Os sinais estão por toda parte, com cobertura da mídia e conversas abertas sobre a guerra em muitos países. A RAND Corporation há anos prepara cenários militares para a Terceira Guerra Mundial, e a OTAN está fazendo isso atualmente. Vastos movimentos de tropas e equipamentos da OTAN estão em preparação ou em processo para cercar a Rússia. Os EUA estão cercando a China com bases militares, incluindo a maior do mundo em Guam. Tanto a China quanto a Rússia estão cercadas por cerca de 400 laboratórios de armas biológicas dos EUA. O Irã está totalmente vulnerável ao acúmulo militar americano no Oriente Médio.

Através de seu controle da mídia de massa, a Campanha da Raiva dos Judeus contra a China ( 12 ) ( ver nota 13) é implacável e bem-sucedido, pelo menos nos últimos dois anos, enchendo as páginas e as ondas do rádio com falsas histórias de atrocidades contra a China, enxurradas dessas mentiras ocorrendo quase diariamente. Estes seguem o mesmo modelo usado pelas mesmas pessoas contra a Alemanha para atiçar o ódio e preparar as populações para a Primeira e Segunda Guerras Mundiais. É o mesmo – e baseado nos mesmos tipos de mentiras – daqueles usados ​​para preparar as invasões do Iraque, Líbia e Síria. Essas pessoas estão utilizando todo tipo de provocação contra a China, incluindo desafios militares cada vez mais escandalosos e imprudentes no Mar da China Meridional e perto de Taiwan. O mundo inteiro está sendo ensinado a odiar a China, a Rússia e o Irã. As tentativas de converter a Índia em inimiga da China estão se tornando cada vez mais desesperadas.

A Terceira Guerra Mundial consistirá nas forças combinadas dos EUA, OTAN e Israel (que se considera uma potência militar mundial) provocando um conflito visando a destruição final da China, Rússia e Irã, os três países que devem ser destruídos para satisfazer o sonho de construir o Terceiro Templo de Satanás em Jerusalém e iniciar nossa Nova Ordem Mundial. Esse é o plano. Sua crença nele não é material para sua execução.

Apoio militar e adesão de Kiev à NATO. Tudo sobre a visita de Stoltenberg a Portugal

O dirigente norueguês tem prevista uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, seguida de conferência de imprensa.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, visita Portugal na quinta-feira (18.5), no âmbito de uma série de encontros que tem mantido com vários estados-membros da Aliança Atlântica, centrados no conflito na Ucrânia e antecedendo a cimeira da organização em julho.

Na sua deslocação a Lisboa, o dirigente norueguês tem prevista uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, seguida de conferência de imprensa, nas quais os dois líderes deverão abordar a invasão na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, o reforço do apoio militar às forças ucranianas e a intenção de Kiev em aderir à NATO.

Alguns pontos essenciais da visita de Stoltenberg a Portugal:

Nas últimas semanas, Jens Stoltenberg tem estado muito ativo na preparação da próxima cimeira da Aliança, a decorrer em Vílnius em 11 e 12 de julho, e no início de abril esteve na Finlândia para assistir à adesão deste país como 31.º Estado-membro da NATO, enquanto se aguarda a conclusão da integração da Suécia.

Na mesma altura, reuniu-se em Bruxelas com os ministros dos negócios estrangeiros da organização - e também com os chefes das diplomacias da Coreia do Sul, Japão, Austrália e Nova Zelândia -, tendo sustentado que o objetivo a "longo prazo é aproximar a Ucrânia da família transatlântica".

No dia 20 de abril, Stoltenberg visitou de surpresa Kiev e insistiu que a sua prioridade é uma vitória militar ucraniana sobre a Rússia.

Já em 27 de abril, o secretário-geral da Aliança Atlântica, recebeu o primeiro-ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel e depois reuniu-se com o Comité Militar da NATO, em Bruxelas.

Além destes encontros, o secretário-geral da NATO avistou-se nas últimas semanas com o primeiro-ministro da Estónia, o Presidente da República Checa e chefe de governo do Reino Unido, e interveio em Copenhaga na Cimeira Democracia.

Para 15 e 16 de junho está prevista uma reunião com os ministros da Defesa da Aliança. O ministro da Defesa ucraniano defendeu na terça-feira que "não há alternativa" à adesão da Ucrânia à NATO e insistiu na ideia de que a antiga república soviética é o "escudo da Europa" para fazer frente à ameaça russa.

Esta é uma ideia acompanhada por vários estados-membros da Aliança Atlântica, a começar pelos países nórdicos e pela Polónia, mas que ainda merece relutância de outros países da organização, incluindo Portugal, que receiam uma escalada do conflito, envolvendo os países de ocidente e Moscovo.

Stoltenberg já confirmou que a questão da adesão da Ucrânia à Aliança será debatida em julho na cimeira da organização

Na sua visita surpresa a Kiev, em 20 de abril, o líder da NATO ouviu do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que "chegou a hora" de a Aliança Atlântica convidar a Ucrânia para se juntar à organização.

Já na segunda-feira, o secretário-geral da NATO manifestou-se favorável à concertação na próxima cimeira de um programa plurianual de apoio à Ucrânia que permita Kiev avançar para os padrões da organização, tanto em equipamentos quanto em doutrina militar, e assim tornar-se totalmente operacional com a Aliança", disse Stoltenberg numa intervenção na Cimeira da Democracia de Copenhaga,

Em 04 de abril, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, afirmou que "não é no decurso de uma guerra que podemos falar de novas adesões", explicando que neste momento "a Ucrânia necessitará de ter garantias de segurança".

A mesma ideia foi repetida pelo presidente do parlamento português, Augusto Santos Silva, que, na sua visita a Kiev, em 02 de maio, reiterou o apoio de Portugal ao processo de adesão de Kiev à União Europeia mas foi mais cauteloso em relação à integração da Ucrânia na NATO, em período de guerra.

Portugal | O REITOR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA DEVERIA SER DEMITIDO?

Amílcar Falcão, o reitor antidemocrático e agente de inconstitucionalidades

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Leu-se no Diário de Notícias de 2 de setembro de 2016: "foi em Moçambique, em meados dos anos 80, que Vladimir Ivanovitch Pliassov percebeu que, além da pátria russa, "o único país da Europa onde poderia viver era Portugal"". Mais adiante, a reportagem cita uma frase deste professor russo que explica a afirmação anterior: "Lá, os portugueses viviam com as mesmas condições que nós. Partilhávamos carnes, cervejas, as coisas que tínhamos. Tínhamos uma relação aberta. Por exemplo, com os alemães, que moravam no nosso prédio, não era a mesma coisa".

Provavelmente a ideia que Vladimir Pliassov fazia da hospitalidade portuguesa, que o motivara a vir viver para Portugal em 1988, há 35 anos, ruiu a 10 de maio passado, quando recebeu um e-mail do reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, a informá-lo que estava afastado do Centro de Estudos Russos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Primeiro houve um artigo escrito por dois autoidentificados ativistas ucranianos, publicado no dia 8 de maio no Jornal de Proença. Esse artigo foi citado na noite do dia seguinte na SIC-Notícias pelo comentador José Milhazes. No início da madrugada, o mesmo artigo foi ainda republicado no jornal Observador.

Amílcar Falcão, na manhã subsequente, demitiu o professor de russo, que desde que se reformara trabalhava gratuitamente na instituição.

Amílcar Falcão demitiu o professor de russo sem o ouvir, sem falar com ele, sem lhe dar qualquer hipótese de argumentação.

Amílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra, recusou o mais básico direito à defesa de alguém, volto a recordar, que trabalhou para aquela instituição 35 anos e que ajudou a fundar o Centro de Estudos que aquela mesma universidade decidiu criar em 2012, era Falcão vice-reitor.

Amílcar Falcão tratou, isso sim, de escrever um comunicado para a imprensa a anunciar o afastamento do professor de russo denunciado na TV.

Amílcar Falcão decidiu, ainda, nessa mesma manhã de 10 de maio, prestar declarações a alguns órgãos de comunicação social para espalhar a novidade.

No dia seguinte, Amílcar Falcão recusou dizer a um jornalista da agência Lusa quais os factos em que se suportou para ter tomado tal decisão. Também recusou dizer quando soube de tais alegações. E disse achar adequado não ter aberto um processo disciplinar ou de averiguações que permitisse uma investigação séria às suspeitas levantadas.

As acusações feitas por Viacheslav Medvediev e Olga Filipova, os autores do artigo inicial, secundadas depois por José Milhazes, são, em resumo, estas: Vladimir Pliassov (que nega tudo) fazia propaganda pro-Putin no Centro de Estudos Russos e tinha uma ligação aos serviços secretos russos através da Fundação Russkyi Mir, uma espécie de Instituto Camões russo com quem a Universidade de Coimbra teve um protocolo de financiamento, cancelado em dezembro de 2021.

Para sustentar essas acusações são apresentadas estas hipotéticas provas: uma foto de um quadro do centro com as caras de 66 escritores, entre os quais estão dois autores extremistas que defendem que a Ucrânia é russa; a exposição e utilização no interior do edifício ou em iniciativas do Centro de símbolos nacionais russos proibidos em países inimigos da Rússia ou com referências à igreja russa; a existência de fotografias de jovens, supostamente lá estudantes, que dizem que são naturais de regiões independentistas, como Donetsck, em vez de se dizerem nascidos na Ucrânia; duas fotografias de 2017 do professor russo sentado num jantar no Kremlin com centenas de pessoas (suponho que da tal Fundação Russkyi Mir, eles não explicam) e onde aparece Vladimir Putin a discursar.

Mesmo se verdadeiras - nem vou discutir isso - as provas apresentadas parecem-me demasiado fracas, quer para demonstrar a propaganda e a espionagem, quer para suscitarem uma decisão tão draconiana e intempestiva como a que Amílcar Falcão tomou, sem direito a defesa, sem direito a um procedimento justo, como todas as nossas leis e a Constituição determinam.

Amílcar Falcão não usou práticas decorrentes de uma cultura democrática para resolver o problema que defrontou; não usou sequer o bom senso; usou um expedito processo ditatorial.

Dado o que se passou, não se deve agora discutir se Amílcar Falcão pode continuar a ser reitor de uma Universidade pública, de uma instituição do Estado português, que é um país de direito democrático?

Eu acho que sim, acho que se deve debater o emprego de Amílcar Falcão - dando-lhe, porém, o direito, não só democrático, mas de decência humana mínima, de ele poder defender-se em condições, coisa que ele negou a Vladimir Pliassov, o professor de russo que adorava a hospitalidade dos portugueses.

*Jornalista

Portugal | FREDERICO VAI À AUDIÇÃO E NÃO LEVA O COMPUTADOR

Vítor Matos, jornalista | Expresso (curto)

Bom dia!

Antes de mais um convite: hoje, 17 de maio, às 14h00, Junte-se à Conversa com David Dinis, Vítor Matos e Hugo Franco. Desta vez sobre "Para que servem as secretas?". Inscreva-se aqui.

Tudo começou numa bela manhã de dezembro, em que o “Correio da Manhã” noticiou a indemnização recebida pela nova secretária de Estado do Tesouro para sair de administradora da TAP. Eram €500 mil, uma soma considerável, mas por isto apenas, coisa que já lá vai, ninguém podia adivinhar os furacões e os vendavais que se iam pôr, mais a Comissão de Inquérito que a história ia levantar: os últimos seis meses foram passados em permanente sobressalto político e mediático, com o dito dossiê a fazer vítimas diretas e colaterais - pelo menos dois secretários de Estado e um ministro mais a reputação de outros tantos -, tendo atingido o pináculo com o Governo a tremer em Belém, depois de uma cena de faroeste no Ministério das Infraestruturas comandado pelo dr. Galamba, a quem o “atento” Presidente da República tirou o tapete, a confiança e a mão por baixo.

Hoje é dia de mais um episódio da série TAP, temporada Galamba, com a audição do ex-adjunto Frederico Pinheiro ouvido esta tarde às 14h na respetiva Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Irá acompanhado do seu advogado, João Nabais. Polémicas aparte, há muito assunto para esclarecer. A seguir, às 17h, é a vez de ser ouvida Eugénia Correia, a mais famosa chefe de gabinete da política portuguesa, e amanhã será o próprio João Galamba, o ministro “extremamente motivado” que em causa própria entende ter “todas as condições” para continuar, abençoado pelo primeiro-ministro depois de rejeitada a demissão. Hoje é o dia de Frederico - mais o seu obscuro computador -, recheado de segredos de Estado e sabe-se lá de que outros mistérios, que tão diligentemente o Serviço de Informações de Segurança (SIS) recolheu em nome da nação, não fosse o diabo tecê-las depois de o homem ter disputado o aparelho quase com a própria vida, mais a das quatro assessoras que se barricaram nos asseios ministeriais após as alegadas agressões “bárbaras” do ex-adjunto.

Frederico Pinheiro disse que ia contar tudo na CPI, mas mesmo tudo, veremos o que vai parir a montanha esta tarde.

As principais perguntas “contradições e dúvidas” são aqui explicadas pelo Diogo Cavaleiro e pela Rita Dinis, que fazem uma antevisão do que esperar das audições de João Galamba e do ex-adjunto. Pinheiro vai conseguir provar que o ministro não queria enviar as “notas informais” da reunião “secreta” com a ex-CEO da TAP, a sra. Christine Ourmières-Widener, para a CPI? Ou dará razão a Galamba que o acusa diz ter sido ele, Frederico, a negar a existência notas?

O Expresso da Manhã desta quarta-feira também se debruça sobre o acontecimento da tarde: Paulo Baldaia entrevista o jornalista Diogo Cavaleiro, que tem acompanhado a CPI crítica para o Governo: A acareação (Galamba vs Frederico) que a CPI não vai fazer.

Viagem do Maoismo ao Populismo – Artur Queiroz

Durão Barroso

Artur Queiroz*, Luanda

O maoismo nasceu na China e espalhou-se na minha escola como os dez mandamentos galoparam do Monte Sinai até Roma e outros sítios bem frequentados. Quem aderiu às teses do Camarada Mao é muito mais volátil do que os seguidores da Santa Madre Igreja que podem pecar mas não mudam de deus na hora de distribuir dividendos. Lá em Vincennes tínhamos os maoistas de cátedra (professores e assistentes) e os maoistas de faca na boca que eram quase todas e todos os alunos. Os libertários eram mal vistos. Os agnósticos tinham de mudar para outra escola. Os de direita nem se atreviam a passear no bosque de Vincennes. Uma festa.

Um maoista de cátedra em Vincennes chegou a ministro da Educação num governo de direita em Portugal. Quando o vi na televisão nem acreditei. Só podia ser um irmão gémeo. Nada disso. Era mesmo o professor maoista que dominava o Departamento de Português no qual Mário Soares dava um seminário intitulado “O Portugal Hoje” e que contava como “unidade de valor” para a licenciatura noutros departamentos.

O Durão Barroso era grande educador da classe operária, maoista de faca na boca e agora é criado de banqueiros (Banco Goldman Sachs International) que dominam o ocidente alargado. Em Portugal, os maoistas que antes do 25 de Abril arriscavam a vida e a liberdade para escreverem nas paredes Viva o Camarada Mao, hoje estão todas e todos na direita hienizada. Às vezes enganam-se na kibanga e vão parar ao Chega.  Entre hienas e porcos venha o diabo escolher. Eu gosto mais de bagre fumado e salalé assada na chapa.

Pelo menos metade dos meus cabelos brancos nasceu por acção directa dos maoistas. O pessoal que trabalhava comigo no Jornal das 13 da Emissora Oficial de Angola (hoje RNA) pertencia à turma dos maoistas. Só a Maria Dinah e o Vítor Mendanha não andavam de faca na boca. Tudo quanto era comunicado das organizações maoistas, fossem ou não do MPLA, tinha que ser convertido em notícia e ir para o ar. E eu atirava com aquilo para o lixo sem mais explicações. 

A Tatão (leoa de Benguela baptizada Conceição Branco) chamava-me ditador. A Graça D’Orey ameaçava demitir-se. Pena Pires, Quinta da Cunha e Paulo Pinha diziam mesmo que eu era um repugnante social-fascista. Revisionista de merda. O Mena Abrantes ficava com pena de mim e dizia baixinho não lhes ligues. O João Melo ficava calado porque ainda não sabia se havia de alinhar ou dar corda aos sapatos. Ficava em cima do muro e como se sentava em frente a mim, olhava-me com comiseração. A Catarina Gago da Silva e a Isabel Colaço piscavam-me olho. O Anapaz gozava o espectáculo do chefe acossado.

O Filomeno Vieira Lopes tirava a faca da boca e negociava notícias das Comissões Populares de Bairro e outras estruturas do Poder Popular. Era o grande chefe dos maoistas, mais tarde ultrapassado pelo revisor Rui Ramos que tirou a faca da boca, engoliu uma catana e fundou a Organização Comunista de Angola (OCA). Deste safei-me porque os camaradas do MPLA prenderam-no. Foi deportado para Cabinda. Depois, de castigo, ficou a trabalhar com o Pinto Balsemão, chefe do banditismo mediático em Portugal, até se reformar. Agora recebe como antigo combatente.

Uma coisa é certa. Os maoistas angolanos vivem todos em grande estilo. E eu fico feliz porque o meu sonho dourado é que todos os seres humanos, próximos e longínquos, vivam pelo menos tão bem como eles. Por mim, se não me faltar o tanino do tinto velho já faço uma festa das antigas.

Um dos grandes amigos da minha vida chama-se Carlos Simeão mais conhecido por Manolo. Era um técnico imbatível nas observações meteorológicas de altitude. Tinha uma paixão assolapada pelo “modo de vida americano”. Adorava o Sinatra. E eu dizia-lhe que o gajo era da Mafia. O modelo de vida dos EUA deixava rastos der morte e destruição em todo o mundo. E mostrava-lhe o meu relógio: Sabes que horas são aqui? A hora do Vietname! 

O meu amigo ria-se e não compreendia tanta animosidade porque minha Mamã biológica era dos EUA, nasceu numa buala do estado do Massachusetts. Queres saber que horas são em Hanói? Mais risos do Manolo.

Manolo e a esposa Anália Vitória Pereira embarcaram como retornados para Portugal, em 1975. Como ela e ele, muitos outros partiram porque não queriam nada com os comunistas do MPLA que estavam a chegar das matas. Felizmente, voltaram em 1991 à frente do Partido Liberal Democrático. Nas primeiras eleições conseguiram três mandatos. E por isso participaram no Governo de Marcolino Moco. Mais tarde no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN) onde a filha do casal, Alexandra Simeão, era vice-ministra da Educação. O partido foi extinto por falta de votos.

Os maoistas emigraram todos para a extrema-direita com ou sem faca na boca. Os populistas e demagogos vão todos para a UNITA aberta ou envergonhadamente. Esta Alexandra Simeão diz que esteve 17 anos exilada em Portugal para onde partiu em 1975. Mentira. Os pais foram para Portugal porque quiseram. O governo era de “transição” e comandado perlo almirante Leonel Cardoso. Tinha ministros portugueses, A ordem pública era garantida pelo coronel paraquedista Heitor Almendra. Nem esperaram pela proclamação da Independência Nacional para poderem considerar-se exilados ou adversários do MPLA. 

A antiga vice-ministra da Educação do GURN hoje escreve no jornal de Sobrinhos e Madalenos. Come galináceos da UNITA depois de empanturrar a pança com os manjares do MPLA. Como todos os populistas e demagogos, vive da mentira, da manipulação e da falsificação. Hoje disse no jornal de Sobrinhos e Madalenos que os problemas das enxurradas der Luanda só existem porque “lixaram  os esgotos”. Tudo lhes serve para mentir e falsificar.

As tempestades tropicais em Luanda e toda a região equatorial de Angola são muito antigas. A Ilha de Luanda já foi dez vezes maior do que hoje. Quase desapareceu devido a sucessivas tempestades. Até a Fortaleza de Nossa Senhora da Flor da Rosa foi lambida pelas calemas. Em 1963, a Luanda de asfalto ficou esventrada, porque uma tempestade tropical rebentou com o sistema de escoamento das águas pluviais ao qual estavam ligados os efluentes domésticos. Os musseques ficaram submersos. Centenas de vítimas mortais e milhares de desalojados.

A rede dos esgotos domésticos nunca existiu. Quando a cidade de asfalto ficou esventrada, em vez de criarem uma rede doméstica e estações de tratamento dos efluentes, aumentaram o diâmetro da rede das águas pluviais e continuaram a ligar-lhe os esgotos das casas. Era tudo despejado na Baía, sem qualquer tratamento. Quando a maré baixava, a Baixa da cidade era inundada por um cheiro imparável a merda. Hoje é impossível resolver o problema do saneamento básico. Porque a cidade urbanizada do passado quase não existe e está sobrecarregada com milhões de habitantes a mais. Luanda Sul e as Centralidades estão bem. Mas é pouco.

Os portugueses protagonizaram em Angola o esclavagismo, um crime hediondo e imperdoável. Continuaram o seu desempenho criminoso com o colonialismo, um crime sem perdão. Esta foi a herança mais terrível que Portugal deixou ao Povo Angolano. Mas não é menos grave terem criado todas as condições para existirem figuras como Adalberto da Costa Júnior e seus seguidores, adeptos do banditismo político que não cessa de erguer obstáculos à paz e reconciliação nacional. 

Os portugueses do meu tempo usaram e abusaram do roubo no peso e na medida. O racismo como política de estado e virtude social. Sou testemunha. Vivi esses anos no Negage, Uíge, Bungo, Mucaba, Damba, Camabatela ou Bindo. Em Luanda a bestialidade era mais comedida. O racismo era mais contido. Tudo mais engravato mas igualmente criminoso. Aí está o resultado: UNITA e seus seguidores. Os mais repugnantes são os que já comeram no prato do MPLA. Um deles, Justino Pinto de Andrade, até chegou a deputado do Galo Negro!

Precisamos de mais paciência para os populistas e demagogos do que com os maoistas. Até porque os faquistas já não existem. Os outros são extremistas de direita muito mais perigosos do que os derrotados racistas de Pretória.

* Jornalista

Derrotas dos Vitoriosos e os Cereais Mágicos – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os partidos que apoiam o Presidente Erdogan continuam a dominar a Grande Assembleia Nacional da Turquia. Os Media do ocidente alargado dizem que foi uma derrota. O MPLA também teve maioria absoluta, derrotando todos e mais alguns mas a Redacção Única diz que perdeu e está de rastos. A lógica é ditada pelo intestino grosso da frente patriótica unida e consiste na seguinte diarreia mental: O MPLA teve mais de 80 por cento dos votos nas eleições de 2008. Como nunca mais conseguiu esse feito está sempre a perder. Olhemos para esses resultados modelo: MPLA 81,64 por cento (5.266.216 votos). UNITA 10,39 por cento (670.363 votos). Abstenção 13 por cento.

O Presidente Erdogan ficou a poucas décimas da eleição à primeira vota. Grande derrota! Vai perder o poder na segunda volta. O ocidente alargado já faz a festa. Em Angola o Presidente João Lourenço é credor de  51,17 por cento dos votos expressos num cenário de todos contra o MPLA. A coligação que juntou os sicários da UNITA, terroristas do Chivukuvuku, trânsfugas do MPLA, restos da Revolta Activa, chupistas do 27 de Maio e maoistas arrependidos do Bloco Democrático só conseguiu  43,95 por cento dos  votos.  A direcção da UNITA diz que o vencedor absoluto está a preparar um golpe de estado!

Todos fogem do MPLA-B inclusive os mais interessados em ler essa realidade eleitoral. A abstenção nas eleições de 2022 foi de 54 por cento. Ninguém duvida que desse total, pelo menos 30 por cento são eleitores do MPLA descontentes com a direcção do partido e com as políticas do Executivo após 2017. Se somarmos os votos expressos aos faltosos dá pelo menos 81 por cento. A diferença em relação a 2008 está na bipolarização. Enquanto em 2008 participaram muitos partidos, nas eleições do ano passado a UNITA atraiu quase todos e até as bases da CASA-CE, que desapareceu do mapa eleitoral. Enquanto existir a UNITA a democracia fica bloqueada. É um golpe permanente contra a democracia representativa.

O Presidente Zelensky anda a passear pela Europa enquanto a guerra por procuração contra a Federação Russa continua até tombar o último ucraniano. Para não parecer mal, o Borrel, chefe da diplomacia da União Europeia, só fala em armas e munições. Com um bafo etílico estonteante disse com aquele sorriso alarve de bêbado da valeta: “ A Rússia já perdeu a guerra”. Macron, cercado na sua minoria social e política, diz o mesmo: “A Rússia sofreu uma derrota geopolítica”. Bebe menos kaporroto do que o outro. O chefe dos nazis de Kiev exige entrar na OTAN (ou NATO) até Julho! No dia do nunca à tardinha.

Neste engano de alma vai correndo a guerra. A propaganda mostra um prédio em escombros na cidade de Kerson. Mas não mostra a cratera onde antes existia um gigantesco paiol de armas e munições para a “contra ofensiva”. Os ucranianos ganham terreno em Bakmut enquanto o país é destruído todos os dias. Os milhares de milhões que são despachados dos EUA e da União Europeia esvaem-se nos bolsos dos nazis de Kiev mas também dos “doadores”. Este ano de guerra na Ucrânia já deve ter feito mais milionários do que o petróleo desde que ganhou fama de ouro negro, há 100 anos.

Guterres com os olhos erguidos ao céu e húmido de água benta diz que os cereais da Ucrânia são importantíssimos para matar a fome em África. Segundo Tomás de Aquino, é mais fácil um boi gorducho voar do que um bom cristão mentir. O secretário-geral da ONU mente deliberadamente em nome das negociatas dos cereais. Desde que foi assinado o acordo para exportação dos grãos ucranianos, mais de 60 por cento ficaram na Europa em países como Espanha, Itália ou Holanda que agora voa baixinho. Mais de 20 por cento foram para Japão e Coreia do Sul. Somália, Etiópia, Eritreia e Sudão nem dez por cento receberam. São uma espécie de isco na ponta do anzol da negociata.

Uma pergunta que, espero, não ofenda ninguém: Onde são cultivados os cereais? Milhões de ucranianos estão refugiados ou deslocados. Os bombardeamentos são diários. As terras férteis ficam nas zonas onde o conflito é mais intenso. Os “jornalistas” não mostram as plantações verdejantes. Não mostram os camponeses trabalhando a terra. Não entrevistam um só produtor de milho, trigo, cevada, aveia, centeio, seja o que for. Já saíram do teatro de guerra milhões de toneladas. Ainda há mais? Makutu! 

A guerra só tem perdedores. A Vitória de Pirro não é literatura nem retórica balofa. Existe mesmo. E Pirro até introduziu nas suas guerras combatentes temíveis: Os elefantes que levavam tudo à frente! Os racistas da África do Sul usaram os seus tanques de guerra chamados elefantes mas perderam em Angola. Os nazis da Ucrânia têm elefantes, leopardos, mácrons, úrsulas, bidens, sunakis eu sei lá. Já ganharam um país destruído. Um povo em sofrimento extremo. Milhares de mortos. Para o ocidente alargado está muito bom assim. Amanhã implantam as suas bandeiras na Ucrânia e está feito.

Desta vez não vai ser bem assim. O capitalismo vermelho avança imparável na demolição do capitalismo que mata. Dessa refrega espero que saia um mundo sem a maquineta que se alimenta da exploração de quem trabalha, da exploração e do roubo que se for preciso assume a dimensão do latrocínio. E depois? Nem Deus, nem Estado, nem Família. Depois de milhões de milénios de sofrimento, os seres humanos já merecem descanso e o seu pedaço de pão. A Humanidade Libertária vem a caminho. Se não acreditar nisto vou acreditar em quê? Na Carta da ONU, nem pensar. Na democracia deles, jamais. 

Em 17 de Dezembro de 2012, a ONU declarou a designação de Estado da Palestina em todos os documentos oficiais. Em 27 de Setembro de 2013, 137 dos 193 estados-membros da ONU   reconheceram a existência do Estado da Palestina. Os Media do Ocidente alargado nunca se referem à Palestina, chamam-lhe Gaza ou Cisjordânia. A Carta da ONU não existe na Palestina. Os israelitas podem ocupar o território todo. Os bombardeamentos a prédios e as mortes de crianças, mulheres e velhos não são crimes de guerra como na Ucrânia. 

O Tribunal Penal Internacional não manda prender o chefe de turno dos criminosos de guerra. A União Europeia não manda milhares de milhões para os palestinos. Não mandam mísseis de longo alcance para eles se defenderem do genocídio que dura desde 1948. Sabem quem decidiu criar o Estado de Israel na Palestina? Os grandes defensores da democracia e da Carta da ONU na Ucrânia: EUA, Reino Unido (na época a potência colonialista ocupante) e França. Desde a fundação até hoje, os sucessivos governos de Telavive vão ocupando mais e mais território da Palestina. O ocidente alargado aplaude com entusiasmo!

* Jornalista

Mais lidas da semana