quinta-feira, 18 de maio de 2023

Entrevista do Washington Post com o chefe da OTAN fede. Veja porquê

A entrevista roteirizada cometeu alguns erros cômicos por parte de Stoltenberg, que ele poderia não ter cometido se fosse real, escreve Martin Jay.

Martin Jay* | Strategic Culture Foundation | Traduzido em português do Brasil

Pode haver algo na rede agora, sobre a guerra da Ucrânia, mais hilário, dissimulado e maldito do que a "entrevista" entre o Washington Post e o secretário da Otan, Jens Stoltenberg?

Como um evento de mídia, ele pode não ter aparecido em sua linha do tempo, dado que nenhum meio de comunicação ocidental optou por escrevê-lo como uma verdadeira notícia em si. A razão para isso é que a maioria dos editores cheirou um rato e optou por ignorá-lo.

O rato era simplesmente que a entrevista não era realmente genuína e poderia ser considerada por alguns como "fake news", já que a entrevista em si não foi conduzida no sentido clássico de uma entrevista. Stoltenberg não se sentou em frente ao Post, cara a cara, e conduziu a entrevista ao vivo. O que foi quase certo foi que os assessores de imprensa da OTAN combinaram com WaPo que as perguntas fossem acordadas previamente; eles podem muito bem ter escrito as próprias perguntas.

Uma pista disso é o quão limitada e estéril é a entrevista quando ela fica na página. Quando não há perguntas de acompanhamento – e houve grandes oportunidades para elas – isso normalmente é um brinde de que foi um exercício de relações públicas e o mais distante possível de uma "entrevista" e de tudo o que ela implica.

Os que se opõem ao governo atual da Ucrânia estão presos ou mortos

Maxim Goldarb [*]

A Ucrânia foi por muito tempo considerado o país mais livre do espaço ex-soviético. Até há dez anos, partidos políticos e organizações públicas de todas as cores e uma variedade de meios de comunicação operavam livremente na Ucrânia e opositores políticos, jornalistas e ativistas podiam criticar abertamente e sem medo das autoridades. Qualquer tentativa de evitar críticas às atividades das autoridades convertia-se num grande escândalo, de modo que eram poucas essas tentativas.

Mas tudo mudou espetacularmente desde o [golpe do] Euromaidan 2014. O regime oligárquico de extrema-direita que assumiu o poder com uma ideologia nacionalista começou a perseguir aos seus opositores utilizando métodos terroristas.

O exemplo mais trágico não de perseguição, mas de assassinatos do regime no poder em Kiev contra opositores ideológicos ocorreu em Odessa em 2 de maio de 2014, quando militantes nacionalistas com total conivência e assistência das autoridades impediram as atividades antifascistas que ocorriam na Casa dos Sindicatos incendiando o prédio, o que fez com que muitas pessoas se atirassem pelas janelas para fugir das chamas e acabar com a vida quando caíssem no chão. Mais de 40 pessoas foram mortas então, incluindo Vadim Papura, membro do Komsomol (união de jovens comunistas), bem como Andrei Brazhevsky, membro da organização de esquerda Borotba.

Ninguém foi punido por este crime, embora os que participaram no ataque estejam registados em muitas fotografias e vídeos. Como se isto fosse pouco, um dos organizadores do massacre tornou-se mais tarde presidente do Parlamento ucraniano e outro entrou no Parlamento nas listas do partido do ex-presidente Poroshenko.

O mesmo aconteceu com os assassinatos de vários políticos e jornalistas conhecidos da oposição mortos depois de 2014: a ex-deputada do Partido Socialista Ucraniano, Valentina Semenyuk-Samsonenko, (assassinato disfarçado de suicídio em 27 de agosto de 2014); o ex-deputado, organizador de ações da oposição Oleg Kalashnikov (morto a 15 abril de 2015); o popular escritor e publicitário antifascista Oles Buzina (morto em 16 de abril de 2015) e muitos outros. Do mesmo modo as atividades do maior partido de esquerda do país naquela época, o Partido Comunista da Ucrânia foram proibidas.

Soltenberg quer mais fome em Portugal e que se gaste mais com a guerra e a NATO

Stoltenberg quer que os países da NATO gastem “pelo menos 2% do PIB” em defesa

Secretário-geral da Aliança Atlântica congratulou-se com o aumento do orçamento de defesa português, mas espera que os Estados-membros se “comprometam mais”.

António Rodrigues | Público

Portugal fez muito, mas precisa de fazer mais. Foi isso o que o secretário-geral da NATO deixou entendido esta quinta-feira, em Lisboa, numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro António Costa, em relação aos gastos portugueses com a defesa. Jens Stoltenberg, que se encontrou também com a ministra da Defesa, Helena Carreiras, e com o ministro de Negócios estrangeiros, João Gomes Cravinho, sublinhou que é preciso que Portugal e outros membros da Aliança Atlântica se “comprometam mais”.

“Em Vílnius, espero que os aliados cheguem a acordo quanto a um novo compromisso de investimento na defesa, no sentido de gastar pelo menos 2% do PIB na área da defesa. Congratulo-me com o recente aumento dos gastos em defesa de Portugal, mas todos os aliados precisam de fazer mais”, disse Stoltenberg.

Stoltenberg, que se referia à próxima cimeira da NATO, a realizar na capital da Lituânia a 11 e 12 de Julho, tem insistido no ponto de os países da Aliança precisarem de ajustar as suas despesas militares ao mundo que “se tornou mais perigoso” desde que a Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de Fevereiro de 2022.

Portugal, apesar de ter aumentado as suas despesas militares, ficou ainda muito aquém dos 2%, tendo gasto 1,38% do PIB em defesa em 2022, de acordo com o relatório anual da NATO, divulgado em Março. De acordo com o relatório, só sete dos 30 países da Aliança Atlântica (a Finlândia, o 31.º, só entrou em Abril) cumpriam o objectivo de gastar 2% do PIB – um menos que em 2021, antes da guerra, sublinha a Reuters.

Reiterando a disposição da Aliança Atlântica de ajuda a Ucrânia “enquanto for preciso” – e o secretário-geral da Aliança Atlântica está convencido que a cimeira de Vílnius “enviará um forte de sinal de apoio” –, Stoltenberg afirmou que espera agora que os aliados acordem na capital lituana um “programa de assistência estratégica plurianual que permita à Ucrânia fazer a transição da era soviética para a doutrina, equipamento e treino da NATO”. Tudo isto de modo a permitir-lhe a interoperacionalidade com os aliados da Aliança Atlântica.

António Costa, por seu lado, não falou de orçamentos nem do PIB, mas reiterou que "Portugal é um país fundador da NATO e mantém-se fiel aos compromissos que assumiu", acrescentando que na cimeira de Julho os aliados irão "seguramente" poder "reforçar aquilo que é a unidade da nossa aliança transatlântica, na defesa dos valores da paz, da liberdade, da democracia".

Imagem: O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, com o primeiro-ministro António Costa, no final da conferência de imprensa em Lisboa MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Texto publicado com a especial colaboração de Walter Org

CELEBRAR O DIA DA VITÓRIA NÃO É ESTAR AO LADO DOS INVASORES

Paula Ferreira* | Jornal de Notícias | opinião

Um professor foi despedido na sequência de uma denúncia feita num artigo de opinião, replicado na voz de um comentador de um canal televisivo. Não houve lugar ao contraditório, ninguém ouviu o visado, acusado de difundir propaganda russa numa universidade.

Sensível à opinião pública, o reitor não perdeu tempo a fazer o que devia ser feito: ouvir o visado, apurar a verdade dos factos. Optou pelo mais fácil. Ao proceder assim, o dano causado cai diretamente sobre a instituição que o elegeu para a representar.

O caso do professor de cultura russa despedido da Universidade de Coimbra porque dois ativistas ucranianos o acusaram de difundir propaganda da Rússia seria grave em qualquer circunstância. Remete-nos para tempos que julgávamos irrepetíveis, porque as pessoas voltam a ser avaliadas e reprimidas pelas suas opiniões como se o pensamento não fosse livre. Como se não houvesse espaço para a divergência. E torna-se mais inaceitável ainda por ter ocorrido no seio da universidade, o local por excelência de debate, de confronto de ideias sem constrangimentos.

Amílcar Falcão, o reitor da mais antiga universidade portuguesa, não está à altura do cargo. Ao não admitir a diversidade de opiniões, age movido pela delação, um procedimento a lembrar tempos negros da nossa História. Não fez o elementar: ouvir os alunos do professor em causa. Se o tivesse feito, talvez não declarasse: "assim que tomei conta do que se estava a passar, dei indicações para a rescisão do contrato". Se os tivesse ouvido, respeitando as mais basilares regras do contraditório, teria ouvido o seguinte: o professor da Universidade de Coimbra havia pedido aos alunos, no início do ano letivo, para evitarem falar da guerra, por as guerras serem temas demasiado complexos.

Nem para todos. Para muitos, cada vez mais, para a maioria, a guerra nada apresenta de complexo - é apenas uma contenda em que de um lado estão os bons e do outro lado os maus.

Sem esquecer que há um invasor, a Rússia, e um invadido, a Ucrânia, sem nunca perdermos esta realidade de vista, devemos combater a crescente russofobia. O povo russo não é o Estado russo, o professor Pliassov é só Vladimir, não é Putin.

Chegamos a um ponto em que festejar o Dia da Vitória, dos Aliados sobre os nazis, é apontado como estar ao lado da invasão da Ucrânia. E não é. E é bom que nunca nos esqueçamos de comemorar o Dia da Vitória, para que esses tempos obscuros, em que russos e ucranianos combateram ao lado dos Aliados, jamais regressem. Só depende de nós, da nossa capacidade de combater a indiferença.

*Editora-executiva-adjunta

Texto publicado com a especial colaboração de Walter Org

Aí estão "eles"! | Encontro exclusivo de Bilderberg começa hoje em Lisboa...

O secretário-geral da NATO, a presidente do Parlamento Europeu e os chefes da diplomacia ucraniana e europeia estão entre os participantes do encontro anual promovido pelo exclusivo grupo Bilderberg que começa nesta quinta-feira em Lisboa, divulgou a organização.

Jens Stoltenberg, Roberta Metsola, Dmytro Kuleba e Josep Borrell, respetivamente, constam da lista de participantes do encontro, que decorre até domingo em Lisboa, à porta fechada e sem cobertura jornalística, num local não especificado pelos organizadores.

Alguns meios têm referido, no entanto, que os trabalhos da reunião irão decorrer num hotel na zona do Alto de Santo Amaro.

Num comunicado disponível na página na Internet do restrito grupo, cuja existência está envolta num ambiente de secretismo, os organizadores apontam que a 69.ª edição deste encontro anual conta com cerca de 130 participantes de 23 países, incluindo de Portugal.

“Como sempre, um grupo diversificado de líderes políticos e especialistas dos setores da indústria, finanças, académico, trabalho e dos media foi convidado”, referem os organizadores, avançando ainda os 13 tópicos que vão marcar as discussões este ano

Entre os temas em debate constam as ameaças transnacionais, a Ucrânia, a Rússia, a China, a Europa, a Índia e a liderança dos Estados Unidos.

A Inteligência Artificial, a transição energética, a política industrial e comércio, os desafios fiscais e o sistema bancário são outros dos tópicos da agenda do encontro.

Na lista de participantes divulgada pelo clube Bilderberg constam alguns nomes portugueses, incluindo o do ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso, e o do empresário e político Francisco Pinto Balsemão, dois representantes que pertencem ou já pertenceram ao comité de direção do Clube de Bilderberg. Mas existem mais participantes nacionais, como é o caso do advogado José Luís Arnaut e de vários diretores executivos de empresas (Feedzai, Galp, EDP). Ainda na lista de participantes constam os nomes do primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, do ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, e da primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen.

O grupo ou clube Bilderberg foi fundado em 1954 com o intuito de “promover o diálogo entre a Europa e a América do Norte” e tem o nome do hotel (nos Países Baixos) onde decorreu a primeira reunião.

Todas as reuniões Bilderberg seguem a chamada ‘Chatham House Rule’, ou seja, uma regra segundo a qual quem assistir aos encontros pode falar das ideias partilhadas nos encontros, desde que não identifique quem é que as expressou.

Os organizadores apontam que cerca de dois terços dos participantes são oriundos da Europa e os restantes da América do Norte.

Ao longo dos anos, vários portugueses passaram por estes encontros: Francisco Pinto Balsemão (que deixou o conselho diretor do grupo em 2015 passando a sua pasta a Durão Barroso), António Costa, Jorge Sampaio, Vítor Constâncio, António Guterres, Pedro Santana Lopes, José Sócrates, António José Seguro, Paulo Portas, Fernando Medina ou Maria Luís Albuquerque.

Em junho de 1999, a vila de Sintra recebeu uma reunião do Grupo Bilderberg.

A última edição desta reunião decorreu em Washington em junho passado.

ECO | Lusa

Texto publicado com a especial colaboração de Walter Org

Aos que nos atacam e criam dificuldades eis a resposta: DESISTIR NUNCA!

Ataque informático que se tem revelado complicado e nos está a criar sérias dificuldades para procedermos às publicações de textos que habitualmente partilhamos no dia-a-dia com os milhares de leitores que nos acompanham têm tido por consequência a nossa ausência na atualização de notícias e outras vertentes que fazem parte das características do Página Global.

Há cerca de 24 horas que envidamos esforços para resolver as acima referidas dificuldades, o que ainda não conseguimos de modo satisfatório e sem que novos impedimentos continuem a surgir e a dificultar atingirmos  a normalização pretendida.

Devido à situação anómala estimamos que levemos mais algumas horas para encontrar solução que permita agilidade e ritmo de publicações a partilhar como habitualmente. Pelo facto apresentamos as nossas desculpas. 

Aos amigos, autores e outros que connosco colaboram, assim como aos que nos visitam e acompanham,  deixamos aqui a garantia e nosso propósito de continuar. É nosso objetivo voltar a normalizar a presença assídua e praticamente sempre diária do PG.

Aos que nos atacam e criam dificuldades lembramos o nosso lema e certeza: desistir nunca!

Redação PG

Texto publicado com a especial colaboração de Walter Org

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