terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Angola | O Preço da Democracia e o Frango Maoista -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Sábado, 10 horas e 29 minutos. A TPA Notícias tem uma paralisia e a imagem não se mexe. A legenda diz que “Angola defende soberania da Palestrina e pede passos concretos da ONU”. Escrevo às 13 horas e 49 minutos. A imagem continua parada. A legenda é a mesma. Isto dá que pensar muitas coisas. O inspector-geral da Administração do Estado tem um trabalho urgente a fazer. Consultar todos os documentos da reconversão tecnológica da TPA. Porque a imagem paralítica e outros prolemas técnicos são permanentes. O som e a imagem estão cada vez mais desfasados. O som acaba e as bocas continuam a cuspir palavras. 

Corrupção? Sem dúvida. Compraram nos saldos material com defeito grave. Ou então esqueceram-se de incluir no pacote da compra, formação técnica aos nossos operadores. Ficou mais barato, a empresa pagou mais caro e o excedente no bolso. A imagem paralítica também me permitiu pensar, coisa que já não faço há muitos anos. O assassino Blinken fez muito bem tratar-nos como homúnculos que saltam de galho em galho e de vez em quando param para comer funje com conduto imaginário, à moda do Centro de Ciência de Luanda, receita criada pelo sábio director. Tal como Blinken ele sabe tudo de funje.

Disse o Blinken: Pretinhos oiçam! Vi os Palancas Negras jogar contra a Mauritânia. Como eles jogam! Acreditem, eu sou perito na matéria. Os EUA são a maior potência futebolística do mundo. Os nossos futebolistas jogam de bengala. Pretinhos! A minha Africell faz fogo-de- artifício com drones. Somos a maior potência do mundo. Os portugueses traziam espelhos e missangas. Eu trago drones pacíficos. Somos bons brancos. Mas portem-se bem. Nós também sabemos matar-vos. Nunca se esqueçam disso. (Atenção! 14 horas e dois minutos. A emissão da TPA Notícias regressou, mais de quatro horas depois. Estavam a limpar os fios).

“Angola defende a soberania da Palestina e pede passos concretos da ONU”. Se Angoa pediu mesmo foi pela voz do Titular do Poder Executivo, Presidente da República, Comandante em Chefe das Forças Armadas e promotor de vendas da Casa Branca. Ou pela voz do senhor ministro Tete António que é tu cá tu lá com o Antony. Seja qual deles for, enganou-se no alvo. Não é à ONU que têm de pedir passos concretos. É ao trio assassino Biden, Blinken e Austin.

Esses assassinos têm de dar passos concretos para preservar a soberania da Palestina. Basta ordenarem aos nazis de Telavive que abandonem imediatamente o território que ocupam ilegalmente na Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Depois cortam o financiamento e o fornecimento de material bélico. Num instante acaba o genocídio na Faixa de Gaza. 

A ONU não pode fazer nada. Mesmo que o Conselho de Segurança queira fazer, os amigos de Tete António e sócios de João Lourenço vetam imediatamente. Antony Blinken disse aos Media mundiais que os EUA são contra o cessar-fogo na Faixa de Gaza “porque isso só beneficia o HAMAS”. O que prejudica o HAMAS é matar crianças e Mamãs. O HAMAS até se borrou todo quando viu os tanques dos nazis de Telavive dispararem sobre um grupo de palestinos em Khan Younis. Estavam a receber comida. Morreram todos, até os distribuidores de alimentos. O HAMAS está perdido.

O estado terrorista mais perigoso do mundo odeia concorrência. Biden, Blinken e Austin não querem concorrência. Só aceitam as actividades do Estado Islâmico na Síria e as dos nazis de Telavive onde for preciso, no Médio Oriente. 

O Tribunal Internacional de Justiça está a fugir ao controlo dos senhores de Washington. A decisão preliminar sobre a queixa contra Israel por genocídio na Palestina segue seus trâmites. Espantosamente ninguém fala disso. Os censores não brincam em serviço. Nem sequer falam de uma decisão que o mundo inteiro devia aplaudir. 

O Tribunal exige a libertação imediata e incondicional de todos os reféns nas mãos do HAMAS. Eu suplico aos dirigentes da organização que libertem toda a gente imediatamente. Por favor, não sejam iguais aos nazis de Telavive. Aceitem a ordem do Tribunal Internacional de Justiça. Deem aos nazis de Washington e Telavive uma lição de humanidade. Quem luta pela liberdade não molesta civis inocentes. A libertação da Palestina merece que sejam imediatamente libertados todos os reféns.

Mais logo vou ver a Selecção Nacional jogar contra a Namíbia. O Antony também vai ver o jogo para depois escrever uma crónica nos jornais controlados pela CIA. Eu estou de folga. Durante a partida bebo uns copos e no final nem sei o resultado. Quando fico toldado perco a memória dos números. Angola Avante!

Filomeno Vieira Lopes, líder do Bloco Democrático que virou a fossa da UNITA, deu uma entrevista. Diz que “temos um regime à moda de partido único e um governo intriguista”. Logo, é preciso mudar tudo! Este artista em 1974 era maoista de faca na boca. Queria derrubar a “ala social-fascista” do MPLA, que era constituída pelos dirigentes pró soviéticos. Exibia o livro vermelho do “camarada Mao Tse Tung”. Lutava pela ditadura do proletariado. Dizia que o imperialismo era um tigre de papel ainda que Lin Piao dissesse que o bicho tem garras atómicas. Parece que agora nem isso é tudo quinquilharia.

Hoje Filomeno Vieira Lopes é uma flatulência da UNITA. Uma espécie de frango que envelheceu sem chegar a galo, sem forças para cócórócócó. Não canta, só arrota. Quando era maoista, quem não lesse pela cartilha do livro vermelho do camarada Mao era burguês desprezível. Traidor da classe operária e da revolução angolana. Hoje ele é criado para todo o serviço dos matadores da Jamba, os sócios do defunto regime racista de Pretória. Dos que combateram ao lado dos colonialistas portugueses contra a Independência Nacional.

Estão a ver meus amigos e minhas amigas por que razão continuo a ser do MPLA? O banditismo político não me dá alternativa. O máximo que consigo é ficar zangado com a direcção do partido por não criticar e corrigir os erros do Executivo e seu titular. Uma democracia onde não há alternativa ao MPLA está doente. E vai piorar.

A UNITA queria que o orçamento da Assembleia Nacional fosse discutido de porta aberta. Com a presença dos jornalistas! Porquê? Para quê? Já todos sabem que a democracia é caríssima. Custa-nos os olhos da cara e ainda bem. Baratuchas são as ditaduras. Eu quero pagar o que for preciso (dentro do meu orçamento famélico, bem entendido) para ter direito à democracia. Mesmo com os problemas que temos em Angola. Confiemos no Poder Legislativo. Apoio total ao Parlamento!

* Jornalista

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