terça-feira, 26 de março de 2024

Portugal | O chumbo de Aguiar-Branco, a queda da ponte e os fundos do Maestro

Henrique Monteiro | HenriCartoon -- O Primeiro Dia

Pedro Candeias, editor-executivo | Expresso Diário - newsletter

Cara leitora, caro leitor:

Tinha chegado o tempo dos formalismos e mandavam os procedimentos que as coisas se processassem assim: os deputados eleitos começavam a ocupar os respectivos lugares no Parlamento e eleger-se-iam o presidente e os vice-presidentes da Assembleia da República; os partidos escolheriam também os seus líderes da bancada.

Mas havia circunstâncias que tornavam curioso este momento solene: a presença de um partido populista da direita radical (Chega) com mais de um milhão de votos; uma coligação vencedora (PSD + CDS) escolhida pela margem mais curta da história da democracia; e um partido do arco da governação (PS) que dera um trambolhão assinalável nas urnas. Mais do que isso, era visível que PSD e PS ensaiavam argumentos semelhantes: o de que um e outro andam amigados com os populistas.

Portanto, condicionantes suficientes para acontecerem surpresas e inesperados, caso as coisas estivessem para aí viradas. E estavam: José Pedro Aguiar-Branco, antigo ministro da defesa e escolha única do PSD para presidir à Assembleia da República, tinha um novo cargo aparentemente garantido com o apoio do Chega, até ver a sua candidatura chumbada. 230 votantes, 80 votos a favor, 134 votos em branco e sete votos nulos.

Consequências: o PSD retirou a candidatura de Aguiar-Branco, colou o PS ao Chega, o Chega colou o PS ao PSD e a esta hora os grupos parlamentares estão reunidos para tentar encontrar uma solução ainda hoje.

O que aconteceu? Bom, é preciso um largo contexto que tentarei resumir.

Bom, Pedro Nuno Santos avisara antes da votação que o PSD não falara com o PS e que isso prenunciava uma ‘coligação’ com André Ventura para eleger Aguiar-Branco e que por isso que não contassem com os socialistas para eleger Aguiar-Branco. Isto explica uma parte dos votos em branco. E a segunda parte? Ora, o deputado do Chega Pedro Frazão escreveu o seguinte no “X” logo a seguir à votação: “Não é não. Então?”

As conclusões são facílimas de retirar do ponto de vista aritmético: PS e Chega vetaram Aguiar-Branco. O PS assume-o; o Chega, nem por isso.

André Ventura recordou que, na segunda-feira, tinha anunciado um acordo com a AD para viabilizar Aguiar-Branco, acordo esse que “foi desmentido por Nuno Melo” durante a manhã desta terça-feira, “espezinhando o Chega”. Ainda assim, e apesar “da humilhação”, André Ventura disse ter repisado as indicações aos seus deputados para viabilizar Aguiar-Branco. O que aconteceu então? Roeram a corda? Desobedeceram ao chefe? “O voto é secreto” e ele “respeita a democracia”, disse ele, singelamente.

O circo tinha data marcada para entrar na cidade. Mas chegou mais cedo do que o previsto.

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Excedente. A margem excedentária permite grandes gastos ao próximo Governo? Os especialistas duvidam.

Fora. A Iniciativa Liberal não vai entrar no Governo liderado por Luís Montenegro. Os dois partidos emitiram um comunicado conjunto, confessando “contactos” entre as partes que não terminaram com um “acordo”. O João Diogo Correia e a Liliana Coelho contam-lhe uma história de cargos prometidos e propostas não ouvidas;

Ponte. Nos EUA, um cargueiro pesadíssimo embateu num dos suportes da ponte e esta ruiu. O que sabemos, até agora? E como cai uma obra desta magnitude?

Maestro. Fizemos outra pergunta: o alegado esquema de Manuel Serrão pode resultar numa suspensão da atribuição de fundos? Mais ou menos.

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