Henrique Monteiro | HenriCartoon -- O Primeiro Dia
Pedro Candeias, editor-executivo | Expresso Diário - newsletter
Cara leitora, caro leitor:
Tinha chegado o tempo dos formalismos e mandavam os procedimentos que as coisas
se processassem assim: os deputados eleitos começavam a ocupar os respectivos lugares no Parlamento e
eleger-se-iam o presidente e os vice-presidentes da Assembleia da República; os
partidos escolheriam também os seus líderes da bancada.
Mas havia circunstâncias que tornavam curioso este momento solene: a presença
de um partido populista da direita radical (Chega) com mais de um milhão de
votos; uma coligação vencedora (PSD + CDS) escolhida pela margem mais curta da
história da democracia; e um partido do arco da governação (PS) que dera um
trambolhão assinalável nas urnas. Mais do que isso, era visível que PSD e PS
ensaiavam argumentos semelhantes: o de que um e outro andam amigados com os
populistas.
Portanto, condicionantes suficientes para acontecerem surpresas e inesperados,
caso as coisas estivessem para aí viradas. E estavam: José Pedro Aguiar-Branco,
antigo ministro da defesa e escolha única do PSD para presidir à Assembleia da
República, tinha um novo cargo aparentemente garantido com o apoio do
Chega, até ver a sua candidatura chumbada. 230 votantes, 80 votos a favor,
134 votos em branco e sete votos nulos.
Consequências: o PSD retirou a candidatura de Aguiar-Branco, colou o PS ao
Chega, o Chega colou o PS ao PSD e a esta hora os grupos parlamentares estão
reunidos para tentar encontrar uma solução ainda hoje.
O que aconteceu? Bom, é preciso um largo contexto que tentarei resumir.
Bom, Pedro Nuno Santos avisara antes da votação que o PSD não falara com o PS e
que isso prenunciava uma ‘coligação’ com André Ventura para eleger
Aguiar-Branco e que por isso que não contassem com os socialistas para eleger
Aguiar-Branco. Isto explica uma parte dos votos
As conclusões são facílimas de retirar do ponto de vista aritmético: PS e Chega
vetaram Aguiar-Branco. O PS assume-o; o Chega, nem por isso.
André Ventura recordou que, na segunda-feira, tinha anunciado um acordo com a
AD para viabilizar Aguiar-Branco, acordo esse que “foi desmentido por Nuno
Melo” durante a manhã desta terça-feira, “espezinhando o Chega”. Ainda assim, e
apesar “da humilhação”, André Ventura disse ter repisado as indicações aos seus
deputados para viabilizar Aguiar-Branco. O que aconteceu então? Roeram a corda?
Desobedeceram ao chefe? “O voto é secreto” e ele “respeita a democracia”, disse
ele, singelamente.
O circo tinha data marcada para entrar na cidade. Mas chegou mais cedo do que o
previsto.
Argumento. O PSD acusa o PS de fazer “propaganda” e acender um “foguetório” com a
narrativa do “excedente de Medina”.
Excedente. A margem excedentária permite grandes gastos ao próximo
Governo? Os especialistas duvidam.
Fora. A Iniciativa Liberal não vai entrar no Governo liderado
por Luís Montenegro. Os dois partidos emitiram um comunicado conjunto,
confessando “contactos” entre as partes que não terminaram com um “acordo”. O
João Diogo Correia e a Liliana Coelho contam-lhe uma história de cargos prometidos e propostas não ouvidas;
Ponte. Nos EUA, um cargueiro pesadíssimo embateu num dos suportes da ponte e
esta ruiu. O que sabemos, até agora? E como cai uma obra desta magnitude?
Maestro. Fizemos outra pergunta: o alegado esquema de Manuel Serrão pode
resultar numa suspensão da atribuição de fundos? Mais ou menos.
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