segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Angola | Homenagem aos Heróis do Ebo -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

No dia 13 de Novembro de 1975, apenas dois dias depois da Independência Nacional, as FAPLA atacaram a tropa sul-africana no rio Lunga, entre o Wako Kungo (Cela) e a zona sul do Ebo. Os combates travaram-se na região de Kaluanda entre o rio Mabasa e a Pedra Matato. Os combatentes angolanos e cubanos bateram-se com tal bravura que os invasores abandonaram oito blindados. Um avião com três tripulantes, matrícula 128 CHISNA, de fabrico norte-americano, foi abatido. Civis que apoiavam as FAPLA foram a correr para o local da queda e retiraram os tripulantes dos destroços. Um era negro e os outros dois brancos loiros. 

Luís Faceira, hoje General, recorda os dias em que a Independência Nacional esteve em grande perigo: “Face ao avanço do inimigo resolvemos sabotar várias pontes, criámos um autêntico funil que havia de conduzir as tropas invasoras para o Ebo. E foi lá que montámos a defesa. O Comandante Argüelles esteve sempre ao nosso lado”. Quem era este militar cubano? 

Raúl Díaz-Argüelles comandava as tropas cubanas em Angola. Chegou em Outubro de 1975, para criar centros de instrução militar das FAPLA. Face ao avanço das tropas de Pretória pela via Lubango-Catenge-Benguela-Lobito-Sumbe, deslocou-se para o Cuanza Sul, à frente de uma força de militares cubanos. Depois de protagonizar muitos combates, ficou gravemente ferido quando o blindado em que seguia accionou uma mina, perto do rio Mabassa, no dia 11 de Dezembro de 1975, precisamente um mês após a Independência Nacional. O General Luís Faceira foi seu companheiro de armas e define-o assim: “Argüelles era um homem vertical e muito corajoso. Deu a vida por Angola”. 

Em Outubro de 1975, Luís Alberto Ferreira, Ryszard Kapushinski e este vosso criado, estivemos com ele em Porto Amboim. Sobre a situação no Cuanza Sul, o Comandante Argüelles disse: “Os karkamanos podem chegar aqui, mas daqui nunca passarão!” Depois ele partiu para o interior da província. O seu corpo está sepultado em Luanda, no Cemitério do Alto das Cruzes.

O General Luís Faceira conta o porquê da sua presença no Cuanza Sul: “Argüelles era o comandante das forças cubanas em Angola e estava comigo em Porto Amboim, porque aguardávamos um navio que ia desembarcar material de guerra. Mas como a coluna invasora avançava rapidamente, ele ficou connosco até ao dia em que morreu em combate”. O General Luís Faceira fazia parte do comando da Frente Centro, nomeado pelo Comandante Xyetu, cumprindo uma ordem do Presidente Agostinho Neto.

No Sumbe, o Comandante Argüelles mostrou a sua coragem. A situação militar estava muito complicada e ele disse que o Sumbe era a linha final. Se os sul-africanos obrigassem as FAPLA a recuar, entravam imediatamente na táctica de guerrilha até derrotar o inimigo. Face ao poderio das forças invasoras, era preciso muita coragem para tomar a decisão de não recuar e criar unidades de guerrilheiras.

Na Batalha do Ebo, as FAPLA e os combatentes cubanos esmagaram os invasores. O general António “Defunto” Faceira descreve esse acontecimento como “combates bota contra bota”. O confronto quase físico com as tropas invasoras teve como consequência a captura de soldados inimigos, que mais tarde foram mostrados em Adis Abeba, na sede da Organização de Unidade Africana (hoje União Africana), como provas da invasão da África do Sul a Angola.

No dia 11 de Dezembro de 1975, um mês depois da proclamação da Independência Nacional, o comando das FAPLA decidiu enviar duas colunas para enfrentarem os invasores sul-africanos: “O Comandante Argüelles ia à frente de uma coluna, na direcção do Morro do Tongo, Hengue e Fábrica do Leite. Eu avancei com outra coluna em direcção à Cela, via Quissobe. O que aconteceu nesse dia foi a lógica da guerra. Argüelles ficou gravemente ferido”, recordou o General Luís Faceira. 

Eram 14h00 do dia 11 de Dezembro quando as colunas saíram do Ebo. Os combatentes das FAPLA e os internacionalistas cubanos estavam animados com os sucessos militares no terreno. Antes do Hengue, à vista do Morro do Tongo, o Comandante Argüelles foi gravemente ferido. A coluna tinha progredido uns 12 quilómetros em direcção a Hengue. O Comandante Argüelles  ia num BRDM (veículo blindado de transporte de tropas). Cerca das 16h00 accionou uma mina antitanque. A explosão feriu-o gravemente. Foi imediatamente transferido, depois de receber os primeiros socorros.

O General Luís Faceira chegou ao Ebo cerca das 18h00 e soube do sucedido com a coluna que seguiu na direcção da Fábrica do Leite. E recorda: “O Comandante Argüelles ainda estava vivo, mas muito ferido. Dei-lhe coragem, mas percebi que estava a morrer”. Antes das 20h00 do dia 11 de Dezembro de 1975, o grande Comandante, Herói do Ebo, morreu. As FAPLA não baixaram os braços nem desmoralizaram. Pelo contrário, redobraram os combates até o inimigo entrar em debandada.

Na Batalha do Ebo, além do Comandante Raul Argüelles, também participaram os comandantes Leopoldo Cintra Frias e Pascoal Martinez. Os irmãos Faceira (“Defunto” e Luís) e o General Mbeto Traça pertenciam ao comando da Frente. A estes Heróis do Ebo também se deve a Angola livre e democrática que hoje vivemos.

O Hospital Geral do Cuanza Sul, no Sumbe, foi baptizado com o nome do Comandante Argüelles. E inaugurado hoje na presença do Presidente João Lourenço. Uma homenagem merecida e que honra todos os Heróis da Grande Batalha do Ebo.

Hoje o Nhuca Júnior ameaça-me com o tribunal do Sequele e já deve ter seleccionado os torcionários que me vão prender e torturar. Estou cheio de medo. O polícia de giro, depois de me pedir gasosa (ajuda no fecho das suas páginas) porque tinha problemas em casa, estava atrasado para ir trabalhar no jornal da polícia, tinha a mulher doente, estava sem água e tal e tal, fez dele, os insultos e calúnias que o farrapo apodrecido André dos Anjos bolsou sobre mim. Encomendas do pioneiro analfabeto Pereira Santana. Agora mesmo, o chui afirma que sou simpatizante do Goebbels nazi. Os vossos donos não têm mais onde gastar o dinheiro que roubam? Querem mesmo desacreditar-me! Impossível.

Uma tal Hilariante Vaiheke escreveu no boletim da Irmandade Africâner que “ Venâncio Mondlane é a esperança de Moçambique.” Isso queria ela e querem os sicários ao serviço do estado terrorista mais perigoso do mundo. Um político que acusa os adversários da FRELIMO de ladrões, corruptos, burladores e assassinos não tem futuro, nem na Jamba! 

* Jornalista

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