Artur Queiroz*, Luanda
Eles não querem que se fale do passado. Só conta o presente e o futuro. De preferência vistos com óculos cor-de-rosa e decorados com fotos de João Lourenço. O resto só atrapalha. E isso da História é truque de branco ou mesmo de marimbondo. O passado é hoje, que agora mesmo passou. O futuro não existe, nem chega a passar. Convém saber o mais possível sobre quem somos e donde viemos. Com esse saber fica tudo mais fácil.
Para os esclavagistas e seus herdeiros, a escravatura nunca aconteceu. Mas aconteceu, acontece e depende de todos nós que deixe de acontecer. Não há vitórias sem luta, temos de lutar contra os esclavagistas de hoje. Para os colonialistas e seus beneficiários, o colonialismo nunca existiu. Mas em Angola foi uma realidade dolorosa que passou por trabalhos forçados, destruição dos valores culturais, ocupações violentas e uma longa guerra que começou em 1842 (Guerra dos Dembos) e acabou em 2002, mais de 180 anos de alta ou baixa intensidade de massacres e ocupações.
Pelo meio tivemos a Guerra Colonial, entre 4 de Fevereiro de 1961 e 25 de Abril de 1974. Massacres e prisões arbitrárias. Deslocados e refugiados aos milhares. Sanzalas incendiadas. Campos de cultivo arrasados com bombas químicas (desfolhantes). Campos de concentração. Abusos de toda a espécie. Tudo aconteceu com o apoio directo e entusiasmado das grandes potências ocidentais e a OTAN (ou NATO). Os EUA, Reino Unido, França e Alemanha votavam sempre ao lado dos colonialistas portugueses na ONU.
Ninguém conhece a história de amor entre o Dembo Kazuangongo e a menina Maria Teresa Archer, que ele fez sua esposa quando ela atingiu a idade núbil. Ninguém sabe do Ninho da Águia, lá nas alturas da Pedra Verde. Os guerreiros mubiris derrotaram os ocupantes. O líder do golpe fascista em 28 de Maio de 1926, Gomes da Costa, foi estrondosamente derrotado nos Dembos alguns anos antes. Chegou a Luanda roto e descalço, com meia dúzia de sobreviventes. Vitórias sobre vitórias, até que intrigas e traições levaram à ocupação. Só terminou em 11 de Novembro de 1975. Sempre a traição e a intriga fazendo fraca a forte gente.
Angola já foi uma imensa Faixa de Gaza. Poucos se colocaram ao nosso lado contra os agressores. Os eurocentristas decidiram que os colonialistas tinham razão. O estado terrorista mais perigoso do mundo forneceu aos colonialistas e fascistas de Lisboa apoio político e militar a troco de petróleo. O ditador Mobutu anulou a FNLA. A PIDE/DGS e os generais colonialistas recrutaram a UNITA para a independência branca em conluio com a Rodésia (Zimbabwe) de Ian Smith e a África do Sul do regime der apartheid. A Lura Armada de Libertação Nacional sobrou para o MPLA e seus heroicos combatentes.
Tantos anos depois estamos na
mesma, mas agora até o líder do MPLA se colocou ao lado do estado terrorista
mais perigoso do mundo, para garantir a sua vitória na dominação de Angola.
Ontem os guerrilheiros do MPLA eram poucos mas conseguiram vencer em toda a
linha. Hoje ninguém sabe quantos são. Nem sabemos quem está disponível pada
lutar pela Soberania Nacional, novamente
Israel mata deliberadamente mulheres e crianças na Palestina, no Líbano e na Síria. Carta-branca para matar. Às vezes surgem umas vozes implorando aos nazis de Telavive que matem mais devagarinho E eles não ouvem ninguém. Israel impede a entrada de comida e água potável na Faixa de Gaza. Surgem umas vozes implorando aos nazis de Telavive para deixarem entrar a ajuda humanitária. Os EUA até enviaram uma carta implorando de joelhos. A coisa fica em privado.
Israel destruiu a Faixa de Gaza e está a destruir Beirute. Os EUA dizem que não estão de acordo. Mas continuam a mandar armas para Israel. E anunciaram que estão a combinar com os nazis de Telavive um ataque ao Irão!
A União Europeia também discorda dos massacres das tropas israelitas contra palestinos, libaneses e sírios. Os nazis de Telavive continuam a matar. Bruxelas resolveu agir e impôs mais sanções ao Irão.
Zelensky tem um plano para a vitória sobre a Federação Russa. O primeiro ponto é a adesão da Ucrânia à OTAN (ou NATO). Do Kremlin vem um pedido pungente: Quando estiverem sóbrios falem de paz! A Federação Russa desencadeou a operação militar na antiga “república soviética” para desarmar e desnazificar o país. Uma forma de Zelensky vencer a guerra, é armar e nazificar ao máximo. Estes bebem mais do que o André dos Anjos e são mais tortuosos do que o Pereira Santana1. Vão todos ter o mesmo fim.
Circula um papel onde se “explica” por que razão Biden não vem a Luanda. Quem escreveu aquilo vê tudo pelo lado do olho do meio. O esquerdo e o direito estão cegos. Joe Biden cancelou a viagem a Angola porque percebeu que não era possível levar com ele os norte-americanos implicados no golpe de estado na República Democrática do Congo e condenados à morte. Apenas isso.
Todos sabiam desde o primeiro instante em que foi anunciada a visita de Estado, que João Lourenço ia capitalizar politicamente com o acontecimento. O seu capital político ia aumentar. Portanto não foi por isso que a viagem foi cancelada. Em rigor, Biden é que ia servir-se de João Lourenço para sair bem na fotografia e ajudar Kamala Harris a ganhar as eleições. Se chegasse a Washington com os golpistas norte-americanos condenados à morte em Kinshasa, os democratas iam ganhar e muito.
Atenção Palácio da Cidade Alta. Pereira Santana anda a usar o bom nome da Primeira- Dama para dar uma de machista desbragado e atacar jornalistas só porque são mulheres e melhores profissionais do que ele. Ponham na ordem o vilão!
* Jornalista
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