<> Artur Queiroz*, Luanda
Os rústicos nados e criados no mato têm um defeito de fabrico, não conseguem viver sem amigos e nunca se separam da honra e da dignidade. Mesmo que sejam transplantados para as cidades, nunca serão citadinos. Cheiram a pakaça, comem com as mãos e riem descaradamente. Quando põem perfume ficam enjoados e se usam desodorizante nascem borbulhas nos sovacos. Eu vim desse mundo e estou cada vez mais orgulhoso das minhas origens. Um dia li uma declaração do guru da política externa de Washington Dici: “Os EUA não têm amigos, só têm interesses”. Confirmado. Estou sempre contra a Casa dos Brancos seja qual for o seu morador.
Os admiradores e seguidores dos ditames da Casa do Brancos garantem que os EUA são a maior democracia do mundo. O meu avô Domingos foi emigrante naquele país. Andou a rasgar estradas em macadame, à força de pá e picareta. Ensinou-me que a “América é terra do diabo”. Porquê avô? Resposta do velho: “As Leis Jim Crow legalizaram o racismo e a segregação racial nos EUA, em 1877. Odiavam os negros mas também portugueses e italianos sindicalistas. Democracia com racismo não existe. Eles são uns salafrários”. Fui saber e descobri horrores.
Os negros norte-americanos eram sujeitos a humilhações, torturas e linchamentos. Morriam à porta de hospitais que eram só para brancos. Tornei-me apoiante do Black Power. Ângela Davis e Malcolm X passaram a ser os meus heróis. O Presidente Lyndon Johnson assinou a lei que acabou com a segregação racial, no dia 2 de julho de 1964.
No dia 7 de Fevereiro de 1965, há 60 anos, a aviação da Casa dos Brancos onde residia o mesmo Lyndon Johnson, iniciou bombardeamentos contínuos contra o Vietname do Norte. A guerra desencadeada pelos EUA só acabou em 1975, ano da Independência Nacional. A Casa dos Brancos entrou directamente na Guerra da Transição, com a CIA e mercenários, no Norte de Angola. Foram derrotados. Um país com democracia anda a matar civis indefesos, da Indochina até Angola? Impossível. Todas as guerras dos nossos dias têm a marca Made in USA. Democratas que matam, destroem, subjugam.
As ditaduras mais sangrentas do mundo foram instaladas e apoiadas pela Casa do Brancos. Pinochet no Chile foi a coroa de glória. Mas também as ditaduras militares no Brasil, Argentina, Nicarágua, El Salvador, Bolívia. Os ditadores ibéricos, Salazar e Franco, eram mafukas dos EUA. Mobutu não ia urinar sem pedir autorização à Casa dos Brancos. Jonas Savimbi era mascote de Ronald Reagan. As fogueiras da Jamba, onde foram queimadas vivas mulheres e crianças angolanas, têm o dedo dos racistas de Washington Dici e Pretória.
Hoje, dia 1 de Fevereiro de 2025, Israel libertou 80 crianças que estavam presas nos seus campos de concentração. Há milhares de outras crianças presas nas masmorras dos nazis de Telavive em condições sub-humanas. O mundo assiste a este crime contra a Humanidade com total indiferença. Porque o governo de Israel está às ordens da Casa do Brancos. Os militares israelitas são sargentos da internacional fascista com sede na Casa dos Brancos.
A comunidade internacional baniu da ONU a África do Sul racista. De todas as instituições ligadas à cultura, à economia, ao mundo financeiro. Banidos do desporto mundial. Clubes, selecções e atletas individuais sul-africanos não podiam competir fora do país.
O FC Porto, de Miguel Arcanjo, Seninho e Chico Gordo, jogou há poucos dias contra uma equipa de Telavive para a Liga Europa. O governo de um país que tem milhares de crianças palestinas presas, faz tudo o que lhe apetece e não há sanções. Não há censura. Não há castigo. O sionismo é pior que o nazismo. As primeiras vítimas são os palestinos. Mas os judeus também. Os piores antissemitas são os nazis de Telavive e da Casa dos Brancos. Querem acabar com judeus e palestinos.
Nós por cá continuamos a mentir alegremente. É a marca da casa. Como diz José Luís Mendonça, até a verdade deles cheira a mentira.
Um serviço essencial tutelado pelo Ministério das Finanças, a Autoridade Tributária, está a cair de podre. Altos funcionários são suspeitos de crimes graves. Os contribuintes começam a duvidar se o dinheiro dos seus impostos serve para financiar o Estado ou é o mealheiro de uns quantos colaboradores da senhora ministra Vera Daves. O circo está a arder e a ministra ignora olimpicamente a opinião pública. Não dá uma satisfação. Não esclarece. É a dona daquilo tudo. João Lourenço é cúmplice. Pior do que isto só se cirurgiões robóticos morrerem com cólera.
Os Media públicos embandeiraram em arco com a visita de um vendedor de espaço na CNN. Dizem que Angola vai ficar no radar do canal televisivo norte-americano durante as comemorações dos 50 anos da Independência Nacional e a presidência rotativa da União Europeia. O mais honesto foi o Jornal de Angola porque disse tudo, quando noticiou a visita de uma comitiva da CNN ao Palácio da Cidade Alta que foi “encabeçada pelo vice-presidente executivo da CNN para as operações de negócios internacionais junto de parceiros comerciais fora dos EUA, Phil Nelson”.
Aí está, a “comitiva” foi fazer negócios com o Presidente João Lourenço. Foi vender espaço publicitário. Tudo pago ao segundo. Se a CNN quisesse noticiar a realidade angolana mandava a Luanda o director editotrial e o administrador para eta área. Repórteres de imagem e jornalistas.
O negócio que o senhor Phil Nelson veio fazer a Angola é vender. Vender muita hora de emissão. Por muitíssimo dinheiro. Ninguém imagina quanto custa uma “boa história sobre Angola para contar” na antena da CNN. Mas eu digo-vos que ao fim de um ano, esse dinheiro dava para construir, equipar, dotar com equipas de médicos e enfermeiros uns milhares de centros e postos de saúde.
O espaço num canal de trazer por casa custa milhões. Na CNN custa biliões. Torrar por torrar dinheiro, então que vá parar os bolsos dos funcionários da dona Vera Daves. Sempre fica em casa e circula. Mas se for o Presidente João Lourenço a pagar a factura, só lhe fica bem.
* Jornalista
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